Mercosur: una integración anti-pueblos y pro-mercados [Roberta Traspadini - portugués]

Ernesto Herrera germain5 en chasque.net
Sab Jul 26 13:22:30 GMT+3 2008


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correspondencia de prensa - boletín solidario  
Agenda Radical
Edición internacional del Colectivo Militante
26 de julio 2008
Redacción y suscripciones: germain5 en chasque.net


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Mercosur

Uma integração latina anti-povos e pró mercados

Essa é a histórica realidade da integração latino-americana, de integrar para extorquir, que foi consolidada pelo poder do capital
latino e internacional 
 
Roberta Traspadini *


Brasil de Fato
http://www.brasildefato.com.br/


O Mercado comum do sul, Mercosul, cujas atividades de relações comerciais efetivadas para diminuição de tarifas e livre acesso de bens, serviços e mão-de-obra, começou na década de 80 (Brasil-Argentina), se aperfeiçoou em 90 (Brasil-Argentina-Paraguai-Uruguai) e culminou no século 21 em uma escalada gigantesca rumo às políticas neoliberais no continente (Brasil-Argentina-Paraguai-Uruguai-Chile-Venezuela). 

Essa é a histórica realidade da integração latino-americana. Uma história de integrar para extorquir, que foi consolidada pelo poder do capital - latino e internacional - em franca e aberta opressão e superexploração do trabalho. 

Curioso notar que o Mercosul nasce em pleno período de democratização no continente, logo ao final das ditaduras militares da maior parte de nossos países. O que implica dizer que a democratização referida pelos povos não tem relação direta com a protagonizada pelo capital e pelos Estados Nações. O fim da ditadura militar, com a entrada em cena do novo projeto neoliberal do capital, reitera a permanente ditadura do mercado no nosso continente. Uma ditadura que mantém encarcerados milhares de sujeitos latino-americanos. 

Essa dinâmica de integrar para o roubo está centrada em uma perspectiva geopolítica de dominação interna, executada pelo capital externo. O objetivo é a consolidação de um espaço acessível para livre trânsito de mercadorias. Para isto, necessita promover acordos comerciais, protocolados pelos Estados nacionais em suas alianças com o grande capital. 

Estes acordos são a nova cartilha política da livre fronteira. Eles viabilizam uma maior lucratividade do capital que atua globalmente, mas que consolida seus lucros em territórios férteis, tanto em termos de trabalho, quanto de recursos naturais, energéticos. 

Quebra de contratos público-estatais, democratização do acesso ao consumo para os que podem consumir, fim das garantias trabalhistas, facilidade de crédito-financiamento para as reestruturações produtivas protagonizadas pelo grande capital - latino e internacional, são alguns dos elementos constitutivos dessa atualizada política de acumulação no continente.

A integração latino-americana do sul é um retrato do que significa o capitalismo do século 21, em que o mapa mundi é reconfigurado a partir do poder global do capital sem pátria. Este capital dita as regras e manipula o jogo do tabuleiro econômico a partir de estratégias políticas consolidadas desde o Estado nação. A parceria público-privada é a nova faceta do moderno Estado de direito para ressignificar ações e projeções, cujo elemento democrático segue sendo o de livre acesso da produção de bens-serviços. 

Ao analisarmos a situação dos países de industrialização tardia e de ingresso no novo modelo neoliberal com perspectivas mais avançadas do capitalismo selvagem - produtivo e financeiro - , verificamos a política de integração do capital e de reestruturação do trabalho, a partir de uma nova matriz: a supremacia da empregabilidade no setor serviços. 

Empregabilidade que tem como novos conceitos-práticas: o empreendedorismo; a autonomia; o homem que se auto-serve e que auto-atende. O self service do mundo do trabalho, cuja responsabilidade pelo êxito, ou fracasso, recai nas costas do próprio sujeito.

América do Sul, parte constitutiva da América Latina, com a integração dos mercados, reitera a dispersão, exclusão e exploração de grande parte de sua gente. Com uma média de taxa de desemprego de 9%, e de indigência-pobreza que extrapola a casa dos 25%, os países, supostamente mais ricos, no que diz respeito à industrialização, reiteram a condição desumana que vive grande parte de nossos povos. 

Essa condição formal, do self service dos seres latinos, na era global da integração dos mercados, evidencia a problemática situação tanto do campo, quanto da cidade em nossos países. 

Os sujeitos que não conseguem criar-vender algo "inovador", formalmente integrado na cadeia mercadológica liberada pelos governos, amplia as fileiras dos indigentes-pobres do continente. E, aquele que, ao tentar sobreviver, entra na informalidade e constitui seu ganha pão nas ruas (vendendo comidas, roupas, discos, etc.), recebe ultimatos dos governos para saírem das vias públicas.

O urbano se transforma, assim, nas vias de rápido acesso para a produção e o consumo. E os trabalhadores informais, na perspectiva dos governos integradores do mercado, viram os criminosos do século 21. 

No campo, a situação não é diferente. Aquele que não se integra às condições de exploração e opressão do grande capital do agronegócio, ou opta por sobreviver nessa ante-vida brutal; ou opta por vir para as cidades e lutar, junto aos demais sujeitos da periferia, por um lugar ao sol, inicialmente fora das cadeias produtivas, mantidas e ampliadas pelos dois grandes parceiros do negócio no século 21: o Estado "nação" e o grande capital - nacional e internacional.

Com uma população total de mais de 400 milhões de latinos e uma população economicamente ativa acima de 190 milhões, esses países têm seus homens e mulheres distribuídos em setores produtivos que integram a lógica geral de funcionamento do capital.

Entre a população economicamente ativa do sul, e a realmente ocupada, há uma distância que, em números, e em realidade, representa os que estão fora do sistema formal de produção. Mas nem por isso deixam de estar dentro do sistema formal de consumo e de deveres obrigatórios instituídos pelo Estado de direito. Ou seja, mesmo não tendo trabalho formal, têm despesas-custos formais e contribui, com isso, na lógica de arrecadação interna dos Estados nações. 

Esse retrato latino, desde o sul, reitera o compromisso dos nossos povos na luta anti-imperialista e anti-capitalista protagonizada em nosso continente, pelos principais governos latinos, subservientes à lógica do mando do norte sobre o sul. 

O paradoxo continua o mesmo: América latina para os latinos ou para os forâneos e as elites latinas. Se, por um lado, os socialistas defenderam e defendem uma integração latina, onde os povos e os Estados sejam autônomos e soberanos, por outro lado, a integração dos mercados, protagonizada pelas grandes corporações, evidencia a fragilidade de uma América Latina para os latinos.

Em 70, os socialistas acreditavam que a vanguarda faria a diferença no continente. Em pleno século 21, ainda que essa vanguarda tenha um papel a executar na histórica luta de classes dos movimentos latinos, cabe aos movimentos sociais, do campo e da cidade, protagonizar, revolucionar a ordem vigente. 

Vale aqui, mais uma vez ressaltar as sábias palavras de um mestre latinoamericanista Marini: "La visión del Che de una revolución continental, que exprese en los hechos el internacionalismo proletario, se está pues haciendo realidad en América Latina. La polarización política, que la dinámica del subimperialismo brasileño no puede sino agravar, determina el marco en el que el proceso va a desarrollarse. Herederas legítimas del Che, las vanguardias latinoamericas, tienen allí un solo papel a cumplir: tomar la dirección de la lucha, conscientes de que su desenlace puede significar que para todos los pueblos haya finalmente sonado la hora de los expropriadores". 

 
* Roberta Traspadini é economista, educadora popular e integrante do Movimento Consulta Popular/ES

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