Brasil/el gobierno Lula y la crisis mundial: desafíos de la izquierda [Valerio Arcary - portugués]

Ernesto Herrera germain5 en chasque.net
Mie Jul 8 12:40:04 UYT 2009


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8 de julio 2009
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Brasil
 
O governo Lula e a crise mundial: os desafios da esquerda  brasileira
 
Valerio Arcary *



No Brasil, apesar de uma longa estagnação econômica de vinte e cinco anos e de uma crise social crônica, as duas grandes crises políticas dos últimos trinta anos, em 1984 e 1992, quando alguns milhões foram às ruas para derrubar os governos de plantão, foram superadas sem rupturas. A solução da crise de 1984 deu origem ao regime democrático-liberal, em formato presidencialista, absolvendo o aparato repressivo da ditadura militar; e a solução da crise de 1992 que levou à derrubada de Collor de Melo, o primeiro presidente eleito desde 1961, se fechou com a posse do vice-presidente, com a colaboração de Lula e do PT. Não obstante, nenhuma destas duas crises do regime teriam sido possíveis sem o mal estar social gerado pelas crises econômicas. 

Quando aconteceu o terceiro choque recessivo da economia internacional, em 2000, o país não foi atingido pela onda de mobilizações revolucionárias que sacudiu a Argentina, Equador, Bolívia e Venezuela. O descontentamento foi canalizado para as eleições de 2002 e garantiu a eleição de Lula. Desde 1985, a democracia-liberal tem demonstrado uma capacidade elástica de absorver o mal estar político no limite das instituições. Mas, a democracia liberal na periferia, mesmo em um país com uma inserção privilegiada como o Brasil, que cumpre um papel de submetrópole, tem limites mais estreitos que nos países centrais. O tema parece significativo, se considerarmos a gravidade desta última crise mundial, e a realização das primeiras eleições presidenciais - em que Lula não será candidato - em 2010. As oportunidades para a esquerda revolucionária aumentarão no mesmo compasso em que a gravidade da crise se manifestar. O processo de reorganização da esquerda nos movimentos sindical, estudantil, popular, negro, e de mulheres, assim como suas expressões mais estratégico-programáticaa viverá desafios decisivos. 

Não podemos antecipar em que medida o impacto da crise será mais imediato ou mais lento, nem em que proporção será a capacidade de resposta dos trabalhadores e da juventude. A reação das massas trabalhadoras e jovens no terreno da luta de classes são imprevisíveis. Mas, não é difícl prever que a reação virá. Por outro lado, já sabemos que a orientação do governo Lula será a administração da crise descarregando sobre o povo o custo dos ajustes: o socorro dos Bancos estatais às grandes corporações, como o grupo Votorantim, isenção de impostos para a indústria automobilística, e a defesa de acordos sindicais com redução salarial. 

Quem não sabe contra quem luta não pode vencer, diz a sabedoria popular. O desafio estratégico da esquerda marxista revolucionária será ajudar os trabalhadores a confiar nas suas próprias forças, na sua independência, na sua luta. O PSTU esteve engajado nos últimos sete anos de mandato de Lula na construção de novos instrumentos de luta: a Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas) e a Assembléia Nacional do estudantes-livre (Anel), organismos de frente única que surgiram da ruptura de centenas de sindicatos com a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e dos Diretórios Centrais de Estudantes (DCE's) das mais importantes universidades com a União Nacional dos Estudantes (UNE), porque ambas passaram a ser braços do governo Lula contra o movimento operário, popular e estudantil. Impulsionou a formação do movimento Raça e Classe, e o movimento Mulheres em Luta, quando a maioria esmagadora do movimento negro e feminista perdeu a independência em relação ao governo e aceitou a subordinação política e até financeira diante do governo Lula. Sem novas organizações, sem pontos de apoio para resistir ao isolamento, todas as lutas do futuro serão asfixiadas ao nascer.

Esta perspectiva de impulsionar a auto-organização independente do governo respondeu, portanto, à necessidade de unificar as lutas. Foi assim, também, há trinta anos atrás, quando a CUT, a UNE e o MST se construíram. Os instrumentos de luta construídos na luta contra a ditadura no final dos anos setenta e início dos anos oitenta - como a CUT e a UNE, entre outros - sucumbiram, irremediavelmente, diante do governo Lula. Foram absorvidos pela pressão do Estado. Demonstrou-se, infelizmente, que são hoje irrecuperáveis. O papel da Conlutas em greves como a dos trabalhadores da Previdência social em curso, ou na resistência às demissões na Embraer em março, e da Anel na greve da Universidade de São Paulo atual, são exemplos de que a vocação da oposição de esquerda é ser um instrumento para a luta.  Uma estratégia revolucionária deve ter no seu centro a construção da resistência da classe operária e dos seus aliados sociais contra o governo Lula no terreno da ação direta. 
            
A crise econômica abrirá uma etapa de desgaste do govern

O desgaste de Lula já começou: o endividamento das famílias não para de aumentar, e pela primeira vez desde que este indicador começou a ser calculado já supera 30% dos lares; o desemprego voltou a subir pela primeira vez desde 2004 e já está superior a 10% da população economicamente ativa (PEA) nas dez maiores cidades do país; o salário médio inverteu a tendência de recuperação entre 2004 e 2008 e voltou a cair; e a inadimplência - a proporção de pessoas que não são capazes de pagar suas dívidas - aumentou. Estas quatro variáveis econômicas sinalizam fragilização do governo e aceleração da experiência com o governo Lula.  

Entretanto, é preciso saber que a campanha "o pior já passou" do Governo Lula teve reflexos políticos na consciência das massas. Chegamos ao mês de junho de 2009 com a maior recessão desde o início dos anos 80, porém, muitos trabalhadores se iludem com a propaganda oficial. Na verdade, o pior ainda está por vir. A compreensão dos trabalhadores sobre a crise econômica retrocedeu, e isso se expressa nos índices de popularidade do governo que voltaram  a crescer. Estas oscilações das pesquisas são transitórias, e não devem nos enganar. Lembremos que o início do desgaste do governo coincidiu com as notícias da gravidade da crise, acompanhando o aumento do desemprego do final de 2008. Agora, a campanha "o pior já passou" vem associada à divulgação de alguns índices parciais de estabilização econômica. O que estamos vendo é, todavia, só uma conjuntura menor. Não terá fôlego e será curta. O que a sustentou, no Brasil, foi um fluxo especulativo de dólares nas Bolsas nos últimos dois meses. 

As ilusões em Lula podem atrasar a percepção da crise por algum tempo, mas não  indefinidamente. Estamos perante a maior crise internacional desde os anos trinta do século XX. Os anos de auge da globalização (da década de 90 e início deste século)  já se foram. Entramos em um novo período da economia, que pode desembocar em uma depressão igual ou até pior que em 1929. Isto não exclui a possibilidade de conjunturas de estabilizações momentâneas, períodos de recuperação relativa. 

O regime como um todo - executivo, legislativo e judiciário - segue a tônica de escândalos atrás de escândalos, agora no Senado com os mais de seiscentos atos secretos, que "contornaram" a exigência de publicação no Diário Oficial. Sarney, representante das velhas oligarquias se equilibra na presidência do Senado somente com o apoio de Lula. Os escândalos geram uma indignação passiva das massas populares. Além disso, está colocada a data de 14 de agosto, definida pelas Centrais sindicais (incluindo a CUT, Força Sindical e Conlutas) como um dia de lutas, que inclui um ato central em São Paulo e paralisações. Esta data ainda é uma incógnita, e pode significar um ponto de apoio para as campanhas salariais como para as lutas contra o desemprego. Mas, serão, também, uma batalha contra as direções das Centrais burocráticas e governistas. Uma luta tanto para que o dia de luta aconteça, efetivamente, como para que se enfrente com o governo. 
            
Unir a Conlutas e a Intersindical, preparar uma Frente de Esquerda 

Em contra-partida, a maioria da esquerda brasileira que não aderiu ao governo Lula passou os últimos sete anos hesitando. Uns, como o Movimento Sem Terra (MST) e a Consulta Popular, hesitando entre romper ou não com o governo, defendendo que o inimigo principal seria a burguesia, abstraindo da realidade o fato, grande do tamanho do Pão de Açúcar, que os grandes capitalistas apoiaram, incondicionalmente, o governo Lula, e não se pode lutar contra o latifúndio e as grandes corporações sem denunciar o governo que os defende. Outros, como o PSOL e o PCB hesitando entre a permanência ou na CUT e na UNE. Felizmente, a maioria dos setores do PSOL e do PCB terminou por romper com a CUT, ao final do primeiro mandato, quando a CUT, em 2005, cumpriu o triste papel de chamar as massas à rua para defender Lula - com o apoio do MST e da UNE - quando do escândalo do mensalão. Formaram a Intersindical, mas depois romperam entre si diante da perspectiva de unificação da Intersindical e a Conlutas. Este permanece o primeiro grande desafio da esquerda: unificar o movimento sindical e popular, os movimento de mulheres e os movimentos negros,  e o movimento estudantil em um terreno independente do governo.

Há que evitar, também, que nas eleições do próximo ano só existam dois campos burgueses, o dos defensores de Lula e sua candidata, Dilma Roussef, e o da oposição de direita burguesa, com José Serra do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), o mesmo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Precisa ser construída, como nas eleições de 2006, uma oposição de esquerda, que resultou da aliança do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), da candidata Heloísa Helena, com o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), e o Partido Comunista Brasileiro (PCB). Mas, uma perspectiva eleitoralista seria fatal. Uma esquerda acomodada ao calendário eleitoral favorecerá o direcionamento do desgaste do governo Lula para as eleições, ou seja, para um terreno desfavorável. È preciso retirar lições de 2006: a gravidade da crise capitalista exige uma candidatura que seja porta-voz das lutas e de um programa anti-imperialista e anti-capitalista. 
 
* Militante do PSTU, é professor do IF/SP (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia.

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