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<HR>

<DIV align=center><STRONG><EM><FONT color=#800000 size=4>Boletín informativo - 
Red solidaria de la izquierda radical</FONT></EM></STRONG></DIV>
<DIV align=center><IMG alt="" hspace=0 
src="C:\Documents and Settings\EH\Mis documentos\germain 1.JPG" align=baseline 
border=0><BR><STRONG><EM><FONT color=#000080 size=4>Año III - Nº&nbsp;9214 - 
Enero&nbsp;7 - 2006 - Redacción: </FONT></EM></STRONG><A 
href="mailto:germain@chasque.net"><STRONG><EM><FONT color=#000080 
size=4>germain@chasque.net</FONT></EM></STRONG></A></DIV>
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<HR>
</DIV>
<DIV align=justify>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><STRONG><FONT size=3>Brasil </FONT></STRONG></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial><STRONG></STRONG></FONT>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial><STRONG>Começa 2006 sem quebrar ciclo da 
pobreza </STRONG></FONT></DIV><FONT face=Arial size=2>
<DIV align=justify><BR><STRONG><FONT size=3><FONT size=2>Especialistas alertam 
que país ainda enfrenta pobreza de forma focalizada, sem criar mecanismos que 
acabem com o que a perpetua: a desigualdade social. Para Márcio Pochmann, Lena 
Lavinas e Jorge Romano, falta combater o processo do empobrecimento.</FONT> 
</FONT></STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR><STRONG><FONT size=3>Bia Barbosa</FONT></STRONG></DIV>
<DIV align=justify><STRONG><FONT size=3>Carta Maior, 2-1- 
06</FONT></STRONG></DIV>
<DIV align=justify><A href="http://agenciacartamaior.uol.com.br/"><FONT 
size=3><STRONG>http://agenciacartamaior.uol.com.br/</STRONG></FONT></A><BR><BR><BR>Os 
números a seguir não são novidade para ninguém, mas nunca é demais repeti-los. 
No Brasil, os 10% mais ricos da população são donos de 46% do total da renda 
nacional, enquanto os 50% mais pobres – ou seja, 87 milhões de pessoas – ficam 
com apenas 13,3%. Somos 14,6 milhões de analfabetos, e pelo menos 30 milhões de 
analfabetos funcionais. Da população de 7 a 14 anos que freqüenta a escola, 
menos de 70% concluem o ensino fundamental. Na faixa de 18 a 25 anos, apenas 22% 
terminam o ensino médio. Os negros são 47,3% da população brasileira, mas 
correspondem a 66% do total de pobres. O rendimento das mulheres é 60% do 
rendimento dos homens no mesmo posto de trabalho. No Brasil, segundo dados do 
IBGE, enquanto o Distrito Federal apresentou um PIB per capita de R$ 16.920 em 
2003, o Estado do Maranhão ficou com apenas R$ 2.354 anuais por pessoa. 
<BR><BR>Também não é novidade para ninguém que a pobreza no Brasil é causada 
pela desigualdade social, fruto de um processo de concentração de poder, de 
negação de direitos à população e de péssima distribuição de recursos. Países 
com renda per capita similar à brasileira têm 10% de pobres em sua população. 
Nós temos 30%. É essa desigualdade que faz com que 55 milhões de brasileiros e 
brasileiras vivam na pobreza – 22 milhões deles na indigência. <BR><BR>Quebrar 
essa espiral de empobrecimento e exclusão passa por ações que enfrentem e mudem 
as atuais relações de poder que, historicamente, produziram e perpetuaram a 
desigualdade social no Brasil. Algo que, na opinião de especialistas, o Brasil 
continua longe de fazer. Reunidos recentemente num seminário promovido no Rio de 
Janeiro pela ActionAid, uma das principais organizações não governamentais no 
debate sobre pobreza e desigualdade, eles reafirmaram que o país ainda não 
encontrou o caminho para solucionar o problema da exclusão social. <BR><BR>“O 
Brasil está jogando fora oportunidades. Enquanto usamos 0,3% do nosso PIB para o 
Bolsa Família, gastamos 150 bilhões de reais com o pagamento da dívida. Se 
compararmos com a área econômica, nosso governo não tem coordenação na área 
social. Não sabemos quais as metas para o setor, quantos brasileiro queremos 
retirar da pobreza... não há organização para isso”, acredita o economista 
Marcio Pochmann, do Instituto de Economia da Unicamp. <BR><BR>“Precisamos de 
ações integradas porque, se continuarmos tratando a pobreza de forma 
setorializada, essa questão vai estar sempre subordinada à economia. E a 
identidade da dívida social brasileira é outra. Por exemplo: no Chile, 80% dos 
estudantes de 15 a 17 anos estão no ensino médio. Se quisermos chegar lá, temos 
que incluir 5 milhões de jovens, formar 510 mil professores e construir 47 mil 
salas”, explica. <BR><BR>“Com os recursos que tem, o Brasil deveria ter três 
vezes menos pobres. Mas a pobreza aqui é resultado histórico do controle das 
políticas beneficiados pelo neoliberalismo. Por isso, as políticas de superação 
da pobreza têm que enfrentar a redistribuição dos recursos disponíveis à 
sociedade. E pra isso é preciso vontade política”, afirma Jorge Romano, 
antropólogo argentino e coordenador executivo da ActionAid Brasil desde 2003. 
<BR><BR>Um dos primeiros passos para se combater de forma efetiva as causas que 
geram a pobreza no Brasil é mudar o próprio entendimento do que é pobreza e 
compreender seu caráter multidimensional. Enquanto a pobreza for encarada apenas 
como falta de recursos e deficiência de renda, bastará o argumento de que o 
desenvolvimento econômico, com aumento progressivo da riqueza social, é 
suficiente para combatê-la. No entanto, na perspectiva do paradigma do 
desenvolvimento humano – portanto, não apenas o econômico – a pobreza é um 
estado de “desempoderamento”, de privação de capacidades de acesso e de 
oportunidades, um estado de restrição às disponibilidades de recursos e à 
cidadania. <BR><BR>O inverso dessa moeda, ou seja, um cenário de pleno 
desenvolvimento humano, pressupõe o um aumento de oportunidades para as pessoas, 
com capacidade e poder de escolha, e com os resultados desse crescimento sendo 
apropriados equitativamente pela população, que passa a ter capacidade de 
influenciar nas decisões que afetam a sua vida. <BR><BR>“A forma como se calcula 
pobreza no debate nacional é essencialmente com base em metodologias como a que 
o Banco Mundial utilizou, que é a pobreza extrema – e onde o que está em causa é 
o nível de sobrevivência mínimo das pessoas. A idéia da pobreza é vista como um 
déficit crônico que você tem que suprir e depois tudo é responsabilidade dos 
indivíduos”, critica a professora Lena Lavinas, do Instituto de Economia e do 
Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal 
do Rio de Janeiro. <BR><BR>“Mas o nível de destituição das pessoas não pode ser 
apenas medido se elas conseguem ingerir 2.200 calorias por dia. O bem estar das 
pessoas tem que acompanhar o grau de bem estar agregado de uma sociedade. Na 
medida em que a gente está falando de pobreza como insuficiência de renda e 
insuficiência de recursos, de capital humano, estamos nos restringindo a uma 
visão muito pequena do que seria a idéia do bem-estar”, acredita. <BR><BR>Num 
quadro em que a divergência do tratamento para enfrentar a pobreza continua 
grande, o Brasil tem, historicamente, centrado esforços em programas 
focalizados. Da década de 70 pra cá, a situação se agrava quando a visão da 
diminuição do papel do Estado no provimento do bem-estar da população ganha 
força num período de baixo crescimento econômico e grande estagnação da renda. 
Neste cenário, nem a lógica de que o crescimento econômico seria o caminho para 
o combate a pobreza se mostra suficiente. Junto a esta onda, o Brasil sofre uma 
regressão na qualidade da saúde e da educação e a desigualdade social atinge 
índices alarmantes. <BR><BR>“E aí nos faltou algo que aconteceu em países que 
tiveram sucesso no enfrentamento da pobreza: processos de revolução, de ruptura 
na propriedade. Aqui, o capitalismo selvagem não fez as reformas civilizadoras, 
como a reforma agrária, a reforma tributária, a reforma social. Não 
universalizamos os bens públicos para oferecer igualdade de oportunidades na 
educação, saúde, moradia e transporte para a população”, explica Pochmann. “Aqui 
o padrão de políticas públicas foi e é rudimentar; são políticas setoriais, em 
que predomina a competição. Cada uma tem os “seus pobres”. E temos que fazer 
escolhas porque não há políticas universais”, critica. <BR><BR>Na opinião dos 
especialistas, combate a pobreza com políticas focalizadas quando se trata de 55 
milhões de pessoas. Programas focalizados só trariam resultados em grupos muito 
marginais e minorizados, ao mesmo tempo em que se garantisse acesso universal a 
um conjunto de serviços universais a toda a sociedade. O que existe hoje no 
Brasil, no entanto, é o contrário. Daí a urgência em se redesenhar os programas 
de combate à pobreza no país. Antes de buscar algumas melhorias pontuais, seria 
necessário ter padrões equânimes de qualidade para todos, o que não se dá sem 
políticas universais sob a responsabilidade do Estado. <BR><BR>“Mas, em vez 
disso, continuamos discutindo essencialmente políticas de transferência de 
renda. Elas são necessárias, mas têm um lugar muito determinado num sistema de 
proteção social. Podem reduzir pobreza, mas jamais serão suficientes para 
oferecer às pessoas o que elas precisam. São muito pouco”, acredita Lena 
Lavinas. <BR><BR>Para a economista carioca, a urgência é inverter os fluxos que 
geram pobreza e consolidar mecanismos de redistribuição permanente, já que a 
economia de mercado trabalha para criar desigualdade. Para ela, se não fizermos 
um esforço neste sentido – ou seja, se não enfrentarmos a pobreza de forma a 
combater a desigualdade que a causa –, seremos ineficientes. <BR><BR>“Os 
porta-vozes do neoliberalismo dizem que não há alternativas, que a pobreza é 
resultado da aplicação inadequada dos recursos por parte dos países em 
desenvolvimento. Em suma, que é culpa dos pobres. Mas existem processos sociais, 
econômicos e políticos que agem como processos de empobrecimento. Se não 
olharmos pras coisas assim, vamos simplesmente fazer com que as pessoas saiam da 
linha de pobreza passando a ganhar 101 dólares em vez de 99”, explica o 
argentino Jorge Romano. <BR><BR>“Para tanto é preciso mudar relações de poder 
que fortalecem o autoritarismo, o clientelismo, o patrimonialismo, a corrupção e 
novas formas neoliberais de apropriação privada dos recursos públicos. O 
contrário disso é um novo modelo de desenvolvimento com ênfase na proposperidade 
(e não no crescimento), na qualidade de vida, na justiça social, nos modos de 
produção e consumo solidários e num Estado forte, que garanta universalidade nos 
direitos e formas cidadãs de acesso aos serviços”, aponta. Um desafio que 
certamente vai requerer do Brasil mais do que o ano de 2006. </DIV>
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<HR>
</DIV>
<DIV align=justify><STRONG><FONT color=#000080>La información contenida en el 
boletín es de fuentes propias, sitios web, medios periodísticos, redes 
alternativas, movimientos sociales y organizaciones políticas de izquierda. Los 
artículos firmados no comprometen la posición editorial de Correspondencia de 
Prensa. Suscripciones, Ernesto Herrera: </FONT></STRONG><A 
href="mailto:germain@chasque.net"><STRONG><FONT 
color=#000080>germain@chasque.net</FONT></STRONG></A> </DIV>
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