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<HR>
</DIV>
<DIV align=center><EM><STRONG><FONT color=#800000 size=4>Boletín informativo - 
Red solidaria de la izquierda radical</FONT></STRONG></EM></DIV>
<DIV align=center><IMG alt="" hspace=0 
src="C:\Documents and Settings\EH\Mis documentos\germain 1.JPG" align=baseline 
border=0></DIV>
<DIV align=center><STRONG><EM><FONT color=#000080 size=4>Año III - Nº 9220 - 
Enero&nbsp;8 - 2006 - Redacción: </FONT></EM></STRONG><A 
href="mailto:germain@chasque.net"><STRONG><EM><FONT color=#000080 
size=4>germain@chasque.net</FONT></EM></STRONG></A></DIV>
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<HR>
</DIV>
<DIV align=justify>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><STRONG><FONT size=3>Brasil</FONT></STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial><STRONG></STRONG></FONT>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial><STRONG>Qual progresso? 
</STRONG></FONT></DIV><FONT face=Arial size=2>
<DIV align=justify><BR><STRONG><FONT size=3>Expansão do agronegócio oculta 
pesado custo ambiental para o país</FONT></STRONG> </DIV>
<DIV align=justify><BR><STRONG>Responsável por 37% das vendas brasileiras, 
agronegócio bateu novo recorde de exportações em 2005. Impacto ambiental dessa 
expansão é altíssimo e avança sobre regiões como o Pantanal e a Amazônia. Cerca 
de 70% dos cursos de água entre o Rio Grande do Sul e a Bahia estão 
contaminados.</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR><STRONG>Marco Aurélio Weissheimer</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><STRONG>Agencia Carta Maior, Porto Alegre, 
6-1-06</STRONG><BR><BR><BR>O agronegócio brasileiro bateu novo recorde de 
exportações em 2005, totalizando US$ 43,6 bilhões. O resultado foi 11% superior 
ao de 2004, quando a balança registrou US$ 39,016 bilhões, segundo dados 
divulgados dia 6 de janeiro pela Secretaria de Relações Internacionais do 
Agronegócio, do Ministério da Agricultura. Os produtos que mais contribuíram com 
o aumento das exportações foram açúcar e álcool (49%), café (42%), carnes (31%) 
e papel e celulose (17%). As vendas externas da cadeia produtiva do agronegócio 
representaram 37% das exportações totais brasileiras. Segundo o Ministério da 
Agricultura, a principal causa do novo recorde foi o elevado crescimento da 
economia mundial, que teria provocado maior demanda por bens e aumento nos 
preços dos produtos. Esse desempenho poderia ter sido ainda melhor se não fossem 
os problemas de preço, da seca que atingiu o sul do país e da febre aftosa que 
afetou as exportações de carne. O novo recorde é uma ótima notícia para o 
Brasil, dizem todas as vozes. Sobre o custo dessa marca, reina o silêncio.</DIV>
<DIV align=justify><BR>O impacto ambiental da expansão desenfreada do 
agronegócio no país não é tratado como uma variável economicamente relevante. Os 
desequilíbrios climáticos, que acabam por afetar esse mesmo agronegócio, são 
tratados como fenômenos descolados da implementação de um modelo produtivo que 
destrói progressivamente a natureza, solapando suas próprias condições de 
sobrevivência no médio e longo prazo. Mas o que importa a esse modelo é apenas o 
curto prazo, a máxima obtenção de lucro no menor tempo possível. Só assim, o 
país poderá gerar empregos e desenvolver-se, dizem seus defensores. O caráter 
falacioso do argumento anda de mãos dadas com a cegueira de seus locutores. A 
destruição de rios, banhados, solos, matas e florestas, a degradação da 
qualidade do ar e da água, a contaminação química no ambiente e nos próprios 
alimentos, são fatores lançados, mais ou menos explicitamente, na agenda dos 
“obscurantistas inimigos do progresso”. Mas qual é mesmo o custo “oculto” 
(ocultado seria melhor dizer) da expansão do agronegócio para o Brasil e sua 
população? <BR><BR><STRONG>Pantanal ameaçado</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>A expansão do agronegócio ameaça destruir a vegetação do 
Pantanal em um prazo de 45 anos. O alerta consta do estudo intitulado Estimativa 
de Perda de Área Natural da Bacia do Alto Paraguai e Pantanal Brasileiro, 
elaborado pela organização não-governamental Conservação Internacional 
(CI-Brasil). Com uma devastação média anual de 2,3%, em 45 anos, a maior 
planície alagada do mundo poderá desaparecer. Pesquisadores da entidade 
analisaram imagens de satélite e compararam a proporção da área que ainda tem 
vegetação nativa em relação àquela que já perdeu a cobertura vegetal original. O 
relatório aponta que, até 2004, cerca de 44% da região analisada teve a 
vegetação original descaracterizada. Dos 87 municípios brasileiros incluídos na 
Bacia do Alto Paraguai, 59 tiveram mais da metade de seus territórios devastados 
e 28 apresentaram entre 12% e 49% de desmatamento.</DIV>
<DIV align=justify><BR>A situação é considerada crítica para 22 municípios que 
desmataram mais de 80% de suas áreas. Destes, 19 tiveram mais de 90% da 
vegetação original destruída. A pesquisa também mostra que cerca de 17% da 
cobertura vegetal original do Pantanal já foi destruída. O Estado do Mato Grosso 
do Sul é responsável por cerca de dois terços deste índice. O Mato Grosso 
responde pelo restante. Ainda segundo a pesquisa, o desmatamento chega a atingir 
45% da área total da Bacia do Alto Paraguai. Com cerca de 250 mil quilômetros 
quadrados, a região do Pantanal é um grande delta interno irrigado por vários 
rios. A transformação deste território em zona de pecuária e de plantação de 
soja é o principal fator responsável pela destruição de 17% de cobertura 
vegetal. Segundo o estudo da Conservação Internacional, a devastação destas 
áreas e a degradação do solo estão comprometendo os ciclos hidrológicos que 
determinam os processos de inundação e seca dos terrenos, responsáveis pela 
riqueza biológica da região, onde vivem cerca de 4.800 espécies de flora e 
fauna.</DIV>
<DIV align=justify><BR><STRONG>Desmatamento de Norte a Sul</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>O coordenador-geral do Programa Pantanal do Ministério do 
Meio Ambiente, Paulo Guilherme Cabral, admitiu que a expansão da pecuária e do 
cultivo de soja é responsável pelo maior ritmo de desmatamento no Pantanal. Com 
a perda de rentabilidade da pecuária de um modo geral, os proprietários tendem a 
aumentar a área útil de pastagem para aumentar o rebanho, observou o coordenador 
do programa. Diferentemente do que ocorre na Amazônia, agricultores e 
pecuaristas no Pantanal podem devastar até 80% de suas propriedades, exceto 
quando suas terras ficam em áreas de preservação permanente. Na Amazônia, só 
podem ser desmatados 20% das áreas totais das propriedades. Isso não livra, 
porém, a região amazônica da destruição ambiental. Segundo estimativas do 
Instituto de Pesquisas da Amazônia (Inpa), mais de 12% da floresta já foi 
derrubada nas últimas décadas.</DIV>
<DIV align=justify><BR>Os pesquisadores do Inpa avaliam que o desmatamento na 
região causa prejuízos irreversíveis para a biodiversidade e já podem ser 
apontados como responsáveis diretos por mudanças climáticas, com alterações 
inclusive no regime de chuvas da Amazônia. Tudo isso não representa obstáculo 
para agricultores, pecuaristas, madeireiros, industriais e mineradores continuar 
a exploração econômica dos recursos da região, sem qualquer preocupação efetiva 
com o impacto ambiental. Problemas similares são enfrentados no outro extremo do 
país, na região Sul, que vem sofrendo sucessivas secas no início de cada ano. O 
fenômeno ocorreu pesadamente no ano passado, causando pesadas perdas econômicas, 
especialmente no Rio Grande do Sul, e já começa a se repetir em 2006. O avanço 
da monocultura da soja no Estado causou uma grande destruição de vegetação 
nativa e hoje é possível andar quilômetros pelo interior tendo fundamentalmente 
lavouras como cenário.</DIV>
<DIV align=justify><BR><STRONG>Cerrado e Mata Atlântica ameaçados</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>O Brasil possui hoje 2 dos 34 ecossistemas mundiais mais 
ameaçados. A Mata Atlântica e o Cerrado estão progressivamente desaparecendo, 
segundo dados da Conservação Internacional, divulgados no início de 2005. Desde 
o descobrimento do Brasil, cerca de 92% da vegetação da Mata Atlântica foi 
destruída. No caso do Cerrado, que começou a ser ocupado nas últimas décadas, a 
destruição é ainda mais rápida, restando hoje apenas 22% da cobertura original. 
A monocultura da soja, as plantações de algodão e milho e a agricultura 
mecanizada como um todo são os principais fatores responsáveis pela destruição 
ambiental da região. As áreas mais ameaçadas, segundo estudo da mesma entidade, 
estão no sul do Maranhão e do Piauí e no oeste da Bahia. A situação da Mata 
Atlântica apresentou uma pequena melhora nos últimos anos, com a redução da 
pressão de atividades econômicas sobre territórios preservados. Mas se, por um 
lado, a pressão diminuiu aí, por outro, ela se deslocou para outras regiões, 
como é o caso do Cerrado e da Amazônia.</DIV>
<DIV align=justify><BR>Números como estes são divulgados todas as semanas pela 
mídia. Há um reconhecimento da gravidade da situação ambiental, mas ela ainda é 
largamente subordinada a exigências econômicas de curto prazo. No caso do 
agronegócio, essa subordinação é exemplar. Permanece o forte o consenso em torno 
de uma mesma receita para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de um 
país: aumento das exportações, abertura do mercado de capitais, moedas 
conversíveis, privatização, desregulamentação da economia e livre comércio. Esse 
modelo é sugerido a praticamente todos os países, independentemente de 
particularidades locais e regionais. Os indicadores sociais, ambientais e 
econômicos da economia global mostram, porém, que a receita não oferece o que 
promete. No período em que esse modelo foi aplicado em larga escala – entre 1988 
e 1993 – o mundo tornou-se mais desigual e aumentou a destruição ambiental, 
apontam dados do próprio Banco Mundial.</DIV>
<DIV align=justify><BR><STRONG>Uma contabilidade suicida</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>Neste período, os níveis médios da sociedade ganharam 10% 
de riqueza em relação aos pobres, enquanto que os mais ricos ganharam 23% em 
relação aos setores médios. A situação ambiental também se deteriorou. No último 
quarto de século, surgiram 13 novas doenças infecciosas, decorrentes de 
desequilíbrios ambientais, com um custo estimado de 550 bilhões de dólares para 
a saúde pública. No Brasil, segundo avaliação da Agência Nacional de Águas 
(ANA), cerca de 70% dos cursos de água, entre o Rio Grande do Sul e a Bahia – 
região que concentra a maior parte da produção agrícola do país – estão 
contaminados por agrotóxicos e outros produtos químicos. Esses números tornam 
mais atual do que nunca uma velha questão: em que consiste mesmo o progresso de 
um país? Vale a pena tornar-se um dos maiores produtores agrícolas do mundo, 
como é o caso do Brasil, pagando o preço de ser também um dos maiores 
consumidores de agrotóxicos e um dos maiores destruidores do meio 
ambiente?<BR></DIV>
<DIV align=justify>Vale a pena tomar a economia dos EUA como um modelo a ser 
seguido, quando ela, para fabricar o seu PIB, gasta o dobro de energia que o 
Japão e a União Européia juntos? Que tipo de desenvolvimento e de futuro esses 
indicadores estão mostrando exatamente? A manifestação mais evidente dos efeitos 
do desequilíbrio climático ao longo de 2005 aumentou, junto à população, a 
percepção de que algo vai muito mal. Mas a ideologia do progresso a qualquer 
custo ainda é hegemônica. Mais ainda no caso do agronegócio, cantado em prosa e 
verso como um dos carros-chefe da economia brasileira. De fato é, do ponto de 
vista estritamente econômico (dentro daquilo que a concepção atual de economia 
aceita). Mas essa economia está gerando que tipo de sociedade? Uma das 
recomendações aprovadas por 170 chefes de Estado, durante a Conferência da ONU 
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92), defendeu a necessidade de adoção 
de sistemas de contabilidade nacional mais abrangentes, incluindo critérios 
sociais e ambientais, e não apenas monetários. Permanece no papel. A 
contabilidade suicida dos economistas segue dando às cartas, enquanto assistimos 
todos os dias na televisão, meio atordoados, a contínua destruição das 
principais riquezas naturais do país e do planeta. 
<HR>
<STRONG><FONT color=#000080>La información contenida en el boletín es de fuentes 
propias, sitios web, medios periodísticos, redes alternativas, movimientos 
sociales y organizaciones políticas de izquierda. Los artículos firmados no 
comprometen la posición editorial de Correspondencia de Prensa. Suscripciones, 
Ernesto Herrera: </FONT></STRONG><A 
href="mailto:germain@chasque.net"><STRONG><FONT 
color=#000080>germain@chasque.net</FONT></STRONG></A> 
<HR>
</FONT></DIV></BODY></HTML>