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<BODY bgColor=#ffffff background=""><FONT face=Arial size=2>
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<DIV align=center><STRONG><EM><FONT color=#800000 size=4>Boletín informativo -
Red solidaria de la izquierda radical</FONT></EM></STRONG></DIV>
<DIV align=center><STRONG><EM><FONT size=4><IMG alt="" hspace=0
src="C:\Documents and Settings\EH\Mis documentos\germain 1.JPG" align=baseline
border=0><BR><FONT color=#000080>Año III - 9 de abril 2006 - Redacción:
</FONT></FONT></EM></STRONG><A
href="mailto:germain@chasque.net"><STRONG><EM><FONT color=#000080
size=4>germain@chasque.net</FONT></EM></STRONG></A></DIV>
<DIV align=center>
<HR>
</DIV>
<DIV align=justify> </DIV>
<DIV align=justify><STRONG><FONT size=3>Organización Mundial del
Comercio<BR><BR>Entrevista a Walden Bello<BR><BR>A traição brasileira na
retomada da OMC</FONT></STRONG><BR><BR></DIV>
<DIV align=justify><STRONG></STRONG> </DIV>
<DIV align=justify><STRONG>João Alexandre Peschanski<BR>Brasil de Fato,
Redação</STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2><A
href="http://www.brasildefato.com.br/"><STRONG>http://www.brasildefato.com.br/</STRONG></A></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2><BR><BR>De líder dos países
subdesenvolvidos e pobres a representante do status quo. Essa foi a trajetória
da atuação da diplomacia brasileira que se consolidou na 6ª Reunião Ministerial
da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Hong Kong, entre 13 e 18 de
dezembro de 2005. "O ministro Celso Amorim (Relações Exteriores)
operacionalizou, juntamente com o ministro do Comércio e da Indústria da Índia,
Kamal Nath, a sobrevida da OMC", analisa o sociólogo filipino Walden Bello, da
ONG Foco no Sul Global (tradução livre de Focus on the Global South). Na
avaliação do pesquisador, os governos de Brasil e Índia usaram a sua reputação
para convencer nações subdesenvolvidas a aceitarem um acordo na organização.
Bello avalia que os movimentos sociais e as ONGs brasileiras devem reforçar a
luta contra a OMC para "impedir que o Brasil se alinhe aos interesses das
grandes potências". O pesquisador participou dos protestos realizados durante o
encontro da OMC em Hong Kong e presenciou a ação arbitrária da polícia chinesa
que deteve centenas de ativistas - 14 deles ainda estão presos em Hong
Kong.<BR><BR><STRONG>Brasil de Fato - Qual foi o desfecho do encontro da OMC, em
Hong Kong?</STRONG> </FONT></DIV><FONT face=Arial size=2>
<DIV align=justify><BR>Walden Bello - Houve concessões substanciais dos países
subdesenvolvidos, nas negociações. Tanto no que diz respeito aos serviços quanto
ao Acesso aos Mercados para os Produtos Não-Agrícolas (da sigla em inglês, Nama)
e à agricultura. Os países desenvolvidos saíram beneficiados das
negociações.<BR><BR><STRONG>BF - Que concessões foram feitas?</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>Bello - De líder dos países subdesenvolvidos e pobres a
representante do status quo. Essa foi a trajetória da atuação da diplomacia
brasileira que se consolidou na 6ª Reunião Ministerial da Organização Mundial do
Comércio (OMC), em Hong Kong, entre 13 e 18 de dezembro de 2005. "O ministro
Celso Amorim (Relações Exteriores) operacionalizou, juntamente com o ministro do
Comércio e da Indústria da Índia, Kamal Nath, a sobrevida da OMC", analisa o
sociólogo filipino Walden Bello, da ONG Foco no Sul Global (tradução livre de
Focus on the Global South). Na avaliação do pesquisador, os governos de Brasil e
Índia usaram a sua reputação para convencer nações subdesenvolvidas a aceitarem
um acordo na organização. Bello avalia que os movimentos sociais e as ONGs
brasileiras devem reforçar a luta contra a OMC para "impedir que o Brasil se
alinhe aos interesses das grandes potências". O pesquisador participou dos
protestos realizados durante o encontro da OMC em Hong Kong e presenciou a ação
arbitrária da polícia chinesa que deteve centenas de ativistas - 14 deles ainda
estão presos em Hong Kong.<BR><BR><STRONG>BF - Por que os países
subdesenvolvidos fizeram concessões que vão contra seus interesses?</STRONG>
</DIV>
<DIV align=justify> </DIV>
<DIV align=justify>Bello - Os países desenvolvidos não se mostraram dispostos a
fazer concessões, especialmente em relação à agricultura. Os Estados Unidos e a
União Européia não pretendem acabar com seus subsídios agrícolas - e isso
poderia ter emperrado o encontro de Hong Kong. A tarefa de ressuscitar a OMC
ficou para os países subdesenvolvidos. E isso só era possível se esses países
expusessem sua vontade de negociar acordos comerciais. Os Estados Unidos e a
União Européia pressionaram para que os países subdesenvolvidos adotassem essa
linha de ação. Concessões foram feitas, principalmente para a expansão da
privatização de serviços e a estipulação de regras mais definidas para o Nama.
<BR><BR><STRONG>Brasil de Fato - Qual foi o desfecho do encontro da OMC, em Hong
Kong?</STRONG> </DIV>
<DIV align=justify><BR>Walden Bello - Houve concessões substanciais dos países
subdesenvolvidos, nas negociações. Tanto no que diz respeito aos serviços quanto
ao Acesso aos Mercados para os Produtos Não-Agrícolas (da sigla em inglês, Nama)
e à agricultura. Os países desenvolvidos saíram beneficiados das negociações.
<BR><BR><STRONG>BF - Que concessões foram feitas?</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>Bello - O objetivo das grandes potências foi criar
mecanismos para manter a OMC viva. Estruturou- se o terreno institucional para
negociações futuras. Um terceiro colapso, após os das reuniões em Seattle, em
1999, e Cancún, em 2003, seria o fim da OMC. Em Hong Kong, os resultados não
foram modestos, as análises brasileiras têm dito, por exemplo. O principal
acordo, que prejudica os países subdesenvolvidos, é a OMC continuar viva e
disposta a seguir a agenda da Rodada de Doha. <BR><BR><STRONG>BF - Por que os
países subdesenvolvidos fizeram concessões que vão contra seus
interesses?</STRONG> </DIV>
<DIV align=justify><BR>Bello - Os países desenvolvidos não se mostraram
dispostos a fazer concessões, especialmente em relação à agricultura. Os Estados
Unidos e a União Européia não pretendem acabar com seus subsídios agrícolas - e
isso poderia ter emperrado o encontro de Hong Kong. A tarefa de ressuscitar a
OMC ficou para os países subdesenvolvidos. E isso só era possível se esses
países expusessem sua vontade de negociar acordos comerciais. Os Estados Unidos
e a União Européia pressionaram para que os países subdesenvolvidos adotassem
essa linha de ação. Concessões foram feitas, principalmente para a expansão da
privatização de serviços e a estipulação de regras mais definidas para o Nama.
<BR><BR><STRONG>BF - Os grupos dos países subdesenvolvidos, como o G-20, não
agiram para barrar as negociações?</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>Bello - Pelo contrário. As duas principais lideranças do
G-20, Brasil e Índia, pressionaram os países subdesenvolvidos para aceitar os
termos das negociações. Usaram de sua influência para convencer os outros
países. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, teve um papel decisivo
para garantir o desfecho do encontro. O nome dele está na maioria das listas de
presença das principais reuniões e dos documentos fundamentais divulgados em
Hong Kong. Ele operacionalizou, juntamente com o ministro do Comércio e da
Indústria da Índia, Kamal Nath, a sobrevida da OMC. O Brasil e a Índia chegaram
a Hong Kong preparados para fazer um acordo, e conseguiram pressionar os países
subdesenvolvidos para o seu lado. É ainda preciso analisar o que os dois países
ganharam com essa estratégia. Não houve ganhos substanciais, a não ser o
reconhecimento - por parte das grandes potências - de que ambos se tornaram
decisivos no jogo de poder dentro da OMC.<BR><BR><STRONG>BF - Os líderes
políticos brasileiros e indianos ganharam pontos. E o que ganhou a população
desses países? </STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>Bello - Ganhou pouco. Pode-se até questionar se, de fato,
ganhou algo. No caso do Brasil, o agronegócio se beneficiou, mas não se pode
dizer que isso seja bom para a população brasileira. No entanto, em relação ao
Nama e às negociações sobre os serviços, o impacto para o Brasil é muito ruim.
Fazendo um balanço, o Brasil sai pior do que entrou na OMC. Ganhou força na
estrutura de poder, participando de um grupo que pretende determinar a agenda de
negociações da OMC: o Novo Quadrado. Integram o grupo, além do Brasil, Índia,
Estados Unidos e União Européia.<BR><BR><STRONG>BF - Como Amorim e Nath
conseguiram convencer os países subdesenvolvidos a aceitar negociações que os
prejudicaram?</STRONG> </DIV>
<DIV align=justify><BR>Bello - Convenceram os países menos desenvolvidos a
aceitar uma série de acordos comerciais. Chamaram-na pacote de desenvolvimento,
dizendo que estimularia o crescimento econômico. No entanto, é um mecanismo para
aumentar o endividamento dos países pobres, ou seja, aumentar sua dependência em
relação aos países ricos. Brasil e Índia fizeram uso de seu prestígio para
pressionar os países subdesenvolvidos a aceitarem os termos das negociações e
silenciarem os descontentes, como Indonésia, África do Sul e
Venezuela.<BR><BR><STRONG>BF - Soa como se os governos brasileiro e indiano
tivessem traído os países pobres, que contavam com eles.</STRONG> </DIV>
<DIV align=justify><BR>Bello - Isso é muito claro. Brasil e Índia neutralizaram
grupos de insatisfeitos com os rumos das negociações, como o chamado Nama 11 que
exigia, em contrapartida de uma expansão da liberalização da indústria e da
pesca, concessões em agricultura por parte dos países desenvolvidos. Em relação
aos serviços, a África do Sul e a Indonésia, que estavam relutantes em negociar,
foram pressionados para aceitar acordos. O Brasil e a Índia traíram os
interesses do G-20. Também isolaram Cuba e Venezuela de tal modo que a posição
desses países - contrária às concessões desequilibradas - não surtissem
impactos.<BR><BR><STRONG>BF - Quais os próximos passos das negociações
realizadas em Hong Kong?</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>Bello - Em 2006, querem consolidar o aparato
institucional para permitir o avanço das negociações da Rodada de Doha. Vai
haver pressão para que os países em desenvolvimento façam mais concessões. Vai
haver realinhamentos na estrutura de poder da OMC, e até da política
internacional, com o que houve em Hong Kong. Agora que Brasil e Índia decidiram
participar do status quo, outros países vão tomar a liderança dos grupos de
países subdesenvolvidos.<BR><BR><STRONG>BF - Qual o papel do Novo Quadrado,
nessa conjuntura?</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>Bello - Vão determinar a agenda de negociações e
pressionar para que seja aceita. Vão expor os limites da política comercial
internacional.<BR><BR><STRONG>BF - A nova estrutura de poder dentro da OMC e da
política global muda a estratégia dos movimentos sociais?</STRONG> </DIV>
<DIV align=justify><BR>Bello - Mostra aos movimentos sociais, especialmente na
Índia e no Brasil, que têm de aperfeiçoar seus métodos de oposição à OMC. Têm
que avaliar a linha de ação de seus políticos na organização. Os movimentos
sociais brasileiros têm dado grande atenção à luta contra a Área de Livre
Comércio das Américas (Alca), mas não têm dado grande importância às negociações
na OMC. O resultado, em parte, é a linha adotada por Amorim em Hong Kong. O
governo brasileiro teria agido de modo diferente, mais defensivo, se estivesse
sendo pressionado por movimentos sociais e ONGs. Mais do que nunca a sociedade
brasileira precisa se preparar para resistir às negociações na OMC, pois é a
única capaz de impedir que o Brasil se alinhe aos interesses das grandes
potências.
<HR>
<STRONG><EM><FONT color=#000080>La información contenida en el boletín es de
fuentes propias, sitios web, medios periodísticos, redes alternativas,
movimientos sociales y organizaciones políticas de izquierda. Los artículos
firmados no comprometen la posición editorial de Correspondencia de Prensa.
Suscripciones, Ernesto Herrera: </FONT></EM></STRONG><A
href="mailto:germain@chasque.net"><STRONG><EM><FONT
color=#000080>germain@chasque.net</FONT></EM></STRONG></A>
<HR>
</FONT></DIV></BODY></HTML>