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<DIV align=center><STRONG><EM><FONT color=#800000 size=4>Boletín informativo -
Red solidaria de la izquierda radical</FONT></EM></STRONG></DIV>
<DIV align=center><STRONG><EM><FONT size=4><IMG alt="" hspace=0
src="C:\Documents and Settings\EH\Mis documentos\germain 1.JPG" align=baseline
border=0><BR><FONT color=#000080>Año III - 11 de mayo 2006 - Redacción:
</FONT></FONT></EM></STRONG><A
href="mailto:germain@chasque.net"><STRONG><EM><FONT color=#000080
size=4>germain@chasque.net</FONT></EM></STRONG></A></DIV>
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<HR>
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<DIV align=justify><FONT size=3><STRONG>Brasil </STRONG></FONT></FONT></DIV>
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<DIV align=justify><FONT face=Arial><STRONG>Entrevista Armando Boito Jr
*</STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial><STRONG></STRONG></FONT> </DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial><STRONG>Lula manteve a ortodoxia financista
e neoliberal e tratou de combinar isso com uma ênfase maior nas exportações e
nas políticas sociais compensatórias</STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial><STRONG></STRONG></FONT> </DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2><FONT size=3><STRONG>Que rumo para o
Brasil?</STRONG></FONT> <BR><BR><STRONG></STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2><STRONG>Entrevistado por João Valente
Aguiar (estudante de Sociologia na Faculdade de Letras do Porto)<BR>Resistir.
info</STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2><A
href="http://resistir.info/"><STRONG>http://resistir.info/</STRONG></A>
<BR></DIV></FONT>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2></FONT> </DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2>Num ano marcado pelas eleições
presidenciais no Brasil, é de todo pertinente fazer-se um balanço do que foi o
governo Lula, qual o avanço do neoliberalismo e a necessária resposta das massas
populares. Assim, procurou-se perceber que perspectivas se desenham no horizonte
político e social brasileiro no momento actual. <BR><BR><STRONG>- Que balanço
geral fazes das políticas levadas a cabo pelo governo Lula? Tanto a nível
interno como externo.</STRONG> <BR><BR>No plano interno, Lula manteve a
ortodoxia financista e neoliberal e tratou de combinar isso com uma ênfase maior
nas exportações e nas políticas sociais compensatórias. Isso lhe valeu a
manutenção de um apoio forte e explícito dos grandes bancos nacionais e do
capital financeiro internacional, ao mesmo tempo que aplacou a insatisfação e a
crítica da grande burguesia interna industrial e agrária, principalmente das
grandes empresas exportadoras, e lhe valeu uma simpatia maior dos sectores
extremamente pobres e política e socialmente desorganizados. Esses sectores
tinham votado massivamente em Fernando Henrique Cardoso pelo fato de o antigo
presidente ter, quando fora ministro da Economia do Governo Itamar Franco,
aplicado o Plano Real, derrubando a inflação e permitindo um pequeno aumento na
renda da população mais pauperizada. Agora, votam com Lula, porque ele unificou
as várias "bolsas" de ajuda aos pauperizados, criadas pelos governos anteriores
(Sarney, Collor, FHC), em uma única ajuda (o Bolsa família), o que deu mais
visibilidade ao programa de ajuda, e aumentou em cerca de três vezes o número de
assistidos. Com Lula, portanto, o modelo económico foi mantido e ampliou a sua
base social entre os de cima e os de baixo. <BR><BR>Na comparação com outros
países da América Latina, Lula é a retaguarda dos novos governos reformistas.
Nestor Kirschner, na Argentina, investiga as torturas do período da ditadura
militar, prende torturadores e mandantes, reestatizou o serviço de água,
renegociou a dívida externa, reduzindo-a a 25% do que era antes, e faz o país
crescer em média 8% ao ano. Evo Morales iniciou um processo de nacionalização
dos recursos naturais e está iniciando o processo de convocação de uma
Assembleia Constituinte com participação popular. Hugo Chavez enfrenta o
imperialismo estadunidense. Lula, sem hostilizar esses governos, procura manter
distância e se nega a implementar políticas semelhantes no Brasil. O que ele faz
é procurar abrir mercado para o agro-negócio brasileiro para aumentar as
exportações. Tal qual FHC, insiste na necessidade de os países centrais
suspenderem o proteccionismo dos seus produtos agrícolas e procura abrir
mercados novos para a produção agrícola, de recursos naturais e da indústria de
baixa densidade tecnológica brasileira. A sua política externa está
indissoluvelmente vinculada à sua política interna – não é melhor, nem pior.
<BR><BR><STRONG>- Tens desenvolvido nalguns trabalhos teus a tese do
neoliberalismo como uma hegemonia regressiva. Em linhas gerais, em que consiste
esse teu conceito? De que forma achas que este conceito pode ajudar a explicar:
a) o comprometimento do governo Lula com o ideário neoliberal apesar do seu
grande apoio popular, aquando da sua eleição em 2002; b) a inércia de grande
parte das massas populares brasileiras – fruto da penetração da ideologia
política neoliberal no seu seio – mais despolitizadas e desorganizadas face aos
ataques que têm sido alvo por este governo.</STRONG> <BR><BR>O impacto popular
do neoliberalismo no Brasil é real, antecede de muito o Governo Lula e é um fato
que a esquerda sempre evitou encarar. Fernando Collor de Mello, um presidente
ultra-conservador, venceu Lula, em 1989, agitando um programa explicitamente
neoliberal numa campanha em que o discurso e o programa de Lula defendiam a
implantação de um Estado de bem-estar no Brasil. Lula foi batido porque no
eleitorado com renda inferior a cinco salários mínimos (o salário mínimo
brasileiro equivale à insignificante quantia de 115 euros). Essa população
extremamente pobre, que representa a imensa maioria dos brasileiros, votou
maioritariamente em Collor, como indicaram todas as pesquisas de intenção de
voto da época. O discurso neoliberal, de algum modo, encontrou receptividade
nessa parte da população. Depois, veio Fernando Henrique, que também venceu Lula
entre a população de baixa renda nas eleições presidenciais de 1994 e 1998. Em
2002, deu Lula. FHC estava muito desgastado e Lula havia abandonado a crítica ao
neoliberalismo e o projecto de implantação de um Estado de bem-estar no Brasil.
<BR><BR><STRONG>- É esse impacto popular do neoliberalismo, patente na história
recente das eleições brasileiras, que eu tenho denominado hegemonia regressiva.
Hegemonia, porque neutraliza ou atrai sectores populares que são prejudicados
pelo próprio neoliberalismo; regressiva, porque mantém a pobreza e a
concentração da propriedade e da renda. Mas, como explicar esse impacto
popular?</STRONG> <BR><BR>Penso que a explicação encontra-se no carácter
excludente e desigual dos direitos sociais no Brasil. Grande parte da população
é mantida fora dos direitos sociais. Por exemplo, o desempregado, o subempregado
ou que trabalha regularmente mas sem contrato de emprego formal, está excluído
do sistema de aposentadoria. E, entre os que têm acesso a esses direitos, há
muita desigualdade no seu usufruto. Tudo isso fez com que as camadas mais
pauperizadas passassem a desconfiar da solução pela via da ampliação dos
direitos sociais. Essa população tornou-se disponível para o discurso das
políticas compensatórias, idealizadas pelo Banco Mundial. Trata-se de uma
situação muito complexa: a política para os milionários, rentistas, enfim, para
os mais ricos, é implementada contando com um apoio eleitoral difuso dos mais
pobres. <BR><BR><STRONG>- Apesar de ainda faltarem alguns meses, que
perspectivas globais podes dar relativamente às próximas eleições presidenciais
de Outubro? Que papel podem ter os movimentos sociais e partidos políticos à
esquerda de Lula na conjuntura actual?</STRONG> <BR><BR>A situação é muito
complexa e difícil. O lulismo, que é algo muito mais amplo que o Partido dos
Trabalhadores (PT), não é uma corrente de esquerda. Representa a integração de
antigas lideranças políticas e sindicais dos assalariados de classe média e
operários ao modelo neoliberal e, em geral, ao capitalismo dependente. Se
eleito, Lula dá todos os indícios que manterá o modelo atual e acena ainda com a
necessidade de novas reformas neoliberais – nova reforma da previdência, reforma
sindical e trabalhista e outras que foram suspensas devido aos escândalos de
corrupção no qual o seu governo se envolveu. Quem se opõe ao lulismo? De um
lado, a direita liberal tradicional representada pelo PSDB e pelo PFL. Se esse
setor vencer, poderá ocorrer uma redução dos gastos com políticas compensatórias
– talvez seja essa a única diferença. Mas, de outro lado, a esquerda procura se
organizar. Teremos a candidatura do PSOL – Heloísa Helena secundada, ao que tudo
indica, por Cesar Benjamin. O PSOL tenta colocar em pé um programa democrático e
popular, mas o partido é muito dividido e também muito marcado pelo
parlamentarismo e pelo personalismo. Apesar disso, na minha opinião, os
socialistas e anti-imperialistas no Brasil devem, no que diz respeito ao
processo eleitoral deste ano, lutar por uma campanha eleitoral avançada do PSOL
e, obtido isso, apoiar essa candidatura. <BR><BR><STRONG>- Na tua opinião,
pensas que o neoliberalismo está a mostrar sinais de esgotamento no Brasil ou
ainda existe espaço para um maior aprofundamento das políticas de contenção
[arrocho] salarial, privatização de serviços públicos (saúde, educação,
segurança [previdência] social), limitação de direitos sindicais, etc?</STRONG>
<BR><BR>Esse modelo é a contra-revolução permanente e no Brasil há espaço para
aprofundá-lo ainda mais. Lula criou as Parcerias Público-Privado, que inicia o
processo de privatização de inúmeros serviços e dos equipamentos de
infra-estrutura; criou também uma nova lei de falência que prioriza os
interesses dos credores da empresa falida em detrimento das dívidas
trabalhistas, alterando o que estabelecia a antiga lei; iniciou uma reforma
trabalhista que preconiza o fim de direitos e que só não foi à frente devido aos
escândalos de corrupção envolvendo o seu governo, ele e a sua família. Quanto ao
Geraldo Alckimin, que é o candidato à presidência pelo PSDB, ele já fala em uma
nova reforma da previdência. Para as grandes empresas não existe isso de
esgotamento do modelo não. O único obstáculo real é a luta dos trabalhadores,
como pudemos ver recentemente na França. <BR></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2></FONT> </DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2>* Professor de Ciência Política na
Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Brasil. </DIV>
<DIV align=justify>
<HR>
</DIV>
<DIV align=justify><STRONG><EM><FONT color=#000080>La información contenida en
el boletín es de fuentes propias, sitios web, medios periodísticos, redes
alternativas, movimientos sociales y organizaciones políticas de izquierda. Los
artículos firmados no comprometen la posición editorial de Correspondencia de
Prensa. Suscripciones, Ernesto Herrera: </FONT></EM></STRONG><A
href="mailto:germain@chasque.net"><STRONG><EM><FONT
color=#000080>germain@chasque.net</FONT></EM></STRONG></A> </DIV>
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<HR>
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