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<HR>
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<DIV align=center><STRONG><EM><FONT color=#800000 size=5>Boletín informativo - 
Red solidaria de la izquierda radical</FONT></EM></STRONG></DIV>
<DIV align=center><STRONG><EM><FONT size=4><IMG alt="" hspace=0 
src="C:\Documents and Settings\EH\Mis documentos\germain 1.JPG" align=baseline 
border=0><BR>Año IV - 6 de octubre 2006 - Redacción: </FONT></EM></STRONG><A 
href="mailto:germain5@chasque.net"><STRONG><EM><FONT 
size=4>germain5@chasque.net</FONT></EM></STRONG></A></DIV>
<DIV align=justify>
<HR>
</DIV>
<DIV align=justify><BR><STRONG><FONT size=3>Brasil</FONT></STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial><STRONG></STRONG></FONT>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial><STRONG>Entrevista a Joao Pedro 
Stédile</STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify><STRONG></STRONG>&nbsp;</DIV><FONT face=Arial size=2>
<DIV align=justify><STRONG><FONT size=3>"A burguesia forçou o 2º turno; agora, o 
povo precisa se unificar em torno de Lula"</FONT></STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR><STRONG></STRONG>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><STRONG>Apesar de ser um crítico ácido do que grande parte da 
esquerda brasileira tem considerado desvios programáticos do governo Lula, o 
economista João Pedro Stedile, membro da coordenação nacional do MST, alerta: o 
que está em jogo agora é o projeto político para o país.</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR><STRONG>Verena Glass - Carta Maior</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><A 
href="http://agenciacartamaior.uol.com.br/"><STRONG>http://agenciacartamaior.uol.com.br/</STRONG></A></DIV>
<DIV align=justify>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><BR>O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e, 
especialmente, João Pedro Stedile, membro da sua coordenação nacional, não podem 
ser acusados de condescendência com o governo Lula, apesar de suas ligações 
históricas com o PT. Nos quatro últimos anos, as ocupações de terra e ações do 
MST se intensificaram, partiram do movimento algumas das críticas mais ácidas à 
política econômica do ministro Palocci e, enquanto parte dos companheiros de 
luta, como os movimentos sindical e estudantil, saíram em defesa incondicional 
da reeleição do presidente, o MST se calou. Até agora.<BR><BR>Diante deste 
segundo turno - depois de quase ganhas as eleições no primeiro -, mais do que os 
nomes de Lula e Alckmin, avalia Stédile, o que está em jogo são dois diferentes 
projetos para o país. E o representado pelo candidato tucano definitivamente não 
agrada aos movimentos sociais, o que automaticamente leva à convocação das 
forças populares para a luta pela reeleição de Lula. <BR><BR><STRONG>Carta Maior 
- Com o segundo turno, são duas as opções que se colocam para o país: Lula ou 
Alckmin. O que, em sua opinião, está em jogo agora? Duas visões diferentes de 
política, dois projetos distintos para o país, uma perspectiva distinta, 
dependendo do vencedor, para o avanço das lutas sociais?</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>João Pedro Stedile – Avalio que não se trata, neste 
momento, de julgar quem é o melhor nome. Trata-se de julgar que projeto 
interessa ao povo brasileiro. O que está em jogo agora é se as forças do capital 
financeiro, aliado ao capital internacional e às elites brasileiras, vão 
consolidar seu projeto ou não. Alckmin representa a retomada do poder pelas 
classes dominantes, para implementar de forma hegemônica o modelo neoliberal. 
Seria uma grande derrota para a classe trabalhadora e para o povo brasileiro. 
Lula representa uma composição de forças sociais, onde há também setores das 
oligarquias e da burguesia brasileira. Mas representa a possibilidade de 
transição para um projeto de desenvolvimento nacional. Por isso não tenho 
dúvidas. Precisamos derrotar a candidatura Alckmin. Em relação às lutas sociais, 
todos conhecem a postura das elites brasileiras: sempre trataram o povo, desde o 
colonialismo, com o capitão do mato, na base da repressão. <BR><BR><STRONG>CM – 
Na campanha deste primeiro turno, houve uma retomada do discurso conservador, 
que, por vezes, se caracterizou nitidamente como luta de classe. Ao mesmo tempo, 
pouco se debateu os projetos concretos das diversas candidaturas, para que as 
diferenças ficassem mais claras. Como você avalia esse fenômeno?</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>JPS - A disputa real dos projetos políticos se dá na 
sociedade, e como somos uma sociedade de classes e extremamente desigual e 
injusta, evidentemente que os projetos precisam representar interesses de 
classe. Quando eles não representam ou se confundem, o processo eleitoral vira 
uma disputa apenas de cargos ou de grupos. Veja a situação que vivemos. No 
primeiro turno não houve debate, e, na prática, as candidaturas não defenderam 
projetos. Mas a burguesia brasileira não nos faltou, e agiu. Foi a classe 
dominante que, na reta final, deu um caráter de classe para a campanha, e se 
unificou em torno da candidatura Alckmin, quando percebeu que poderiam derrotar 
o Lula. Foi essa mudança e consciência de classe da burguesia que forçou o 
segundo turno, e ao mesmo tempo transformou a campanha do segundo turno numa 
campanha totalmente diferente do primeiro: agora, as candidaturas vão 
representar projetos de classe, ainda que difusos. A burguesia vai se unificar 
em torno Alckmin, e a classe trabalhadora, o povo, precisa se unificar em torno 
de Lula, independe de suas propostas.<BR><BR><STRONG>CM - O MST, ao contrário de 
outras entidades, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a União 
Nacional dos Estudantes (UNE), não se pronunciou publicamente em defesa da 
candidatura de Lula no primeiro turno...</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>JPS - O MST tem como princípio manter a autonomia em 
relação a partidos, governo, Estado, igrejas. Isso significa que, enquanto 
organização, não tomamos decisões partidárias ou eleitorais. Mas como militantes 
sociais, temos a obrigação de participar ativamente da política brasileira, 
agirmos na política. A imensa maioria de nossa base e militância participou e 
optou individualmente pela candidatura Lula no primeiro turno. A marca dessas 
eleições, pelo menos no primeiro turno, no entanto, foi uma pasmaceira geral em 
função da falta de debate de projetos. E uma das causas desta imobilidade foi a 
forma como foi feita a campanha Lula: ainda privilegiou os marketeiros, a 
televisão, e não estimulou a participação da militância social. Por isso, 
pouquíssimos militantes dos movimentos sociais, e mesmo dos partidos, tiveram 
uma atuação ativa nessa campanha.<BR><BR><STRONG>CM - Qual seria a relação do 
MST com um possível segundo mandato de Lula? O movimento apresentará propostas 
ou demandas de cunho programático? Por outro Lado, qual seria a estratégia do 
movimento caso Alckmin seja eleito? Como avalia essa 
possibilidade?</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>JPS - Não trabalho com a possibilidade da vitória de 
Alckmin, embora ele tenha chances reais. Mas acredito que as forças populares da 
sociedade brasileira, que são amplamente majoritárias, não querem a volta do 
neoliberalismo puro. Portanto, acho que a correlação de forças na sociedade nos 
favorece, apesar dos erros da campanha de Lula e dos poucos avanços que tivemos 
no primeiro mandato. Em relação a mais quatro anos de governo Lula, o MST 
manterá sua autonomia, como mantivemos ao longo do primeiro mandato. A opinião 
publica e a imprensa são testemunhas que aumentamos muito as mobilizações no 
campo, são testemunhas de nossas críticas à política econômica do governo, à 
timidez do processo de reforma agrária. A própria direita fustigou o governo 
porque não reprimia as nossas lutas. O nosso papel é seguir organizando o povo, 
para ter consciência, se mobilizar e lutar. E evidentemente que vamos apresentar 
nossas propostas de reforma agrária e de mudança de modelo econômico. Faremos 
nosso congresso nacional logo no inicio do ano de 2007, e nesta oportunidade 
apresentaremos as nossas demandas. Nós estamos debatendo essas propostas em 
nossa base desde meados do ano.<BR><BR><STRONG>CM – Com o advento dos governos 
progressistas na América Latina, os movimentos sociais - e em especial a Via 
Campesina, da qual o MST faz parte -, tem aprofundado o debate sobre as relações 
internacionais e a integração da região, do ponto de vista da sociedade civil. 
Como vê as duas opções de governo nesta área?</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>JPS - Alckmin seria o retorno da hegemonia do governo dos 
Estados Unidos sobre a América Latina. Agora, o continente está num processo de 
transição, e em praticamente todas as eleições o povo tem votado em candidatos 
antineoliberais. Isso gerou três grupos de governos: um grupo de esquerda - 
Venezuela, Bolívia e Cuba -, um grupo de governos de caráter moderado mas em 
transição do neoliberalismo, e que enfrenta pontualmente a política americana - 
Brasil, Argentina, Uruguai, Peru e Equador -, e o grupo dos países que se 
colocam como fieis aliados dos americanos - Chile, Paraguai e Colômbia. Uma 
vitória do Alckmin seria o desequilíbrio pró-EUA, com a ida do Brasil para o 
grupo dos aliados servis.<BR><BR><STRONG>CM - Como avalia a esquerda brasileira 
hoje, e quais, na sua opinião, seriam as suas perspectivas? Existe algum 
"culpado" pela situação em que se encontra? O que seria preciso para que se 
fortalecesse, principalmente frente ao ascenso do conservadorismo do cenário 
político desenhado nestas eleições?</STRONG> </DIV>
<DIV align=justify><BR>JPS - Primeiro, nossa avaliação é que não houve grandes 
alterações na correlação de forças políticas a partir das eleições. Acho que 
mantivemos o mesmo quadro. Os conservadores avançaram com a eleição de alguns 
governadores e senadores, mas as forças populares tiveram vitórias importantes 
na Bahia, e poderão ainda ter no Paraná, Rio Grande do sul, Pernambuco e Pará. 
Na Câmara se manteve a mesma correlação de forças.</DIV>
<DIV align=justify><BR>Segundo: Há um contexto histórico que é muito adverso 
para a classe trabalhadora e para a esquerda em geral no atual período,. 
Sucintamente, os 15 anos de neoliberalismo representaram uma derrota muito 
grande pros interesses do povo. E alteraram as classes, e a economia nacional. 
Tanto é que elegemos Lula para derrotar o neoliberalismo, e isso ainda foi 
insuficiente. Os movimentos de massa estão em refluxo. E a esquerda em geral 
está numa crise ideológica, de valores, de pratica política. E há uma correlação 
de forças extremamente adversa no uso dos meios de comunicação, nas 
universidades e no poder do Estado, que sempre operam contra o povo, contra os 
trabalhadores. Como superar esse quadro histórico adverso? Não será uma eleição, 
nem uma formula milagrosa; será um longo trabalho, que exige paciência 
histórica, que poderá aglutinar as forças populares em torno de um novo projeto 
para o país. E para isso precisamos retomar o trabalho de base, formar 
militantes, ter nossos próprios meios de comunicação e estimular todo tipo de 
lutas sociais, em especial com a juventude urbana. Para que de tudo isso resulte 
um novo período histórico de reascenso do movimento de massas, como foram nos 
anos de 1945 a 1964, de 1978 a 1989, e assim se altera a correlação de forças e 
a esquerda poderá avançar. Por isso, para que seja possível superar esses 
desafios, a tarefa principal é derrotar a direita, derrotar a candidatura 
Alckmin, pois sua vitória representaria um alongamento desse período adverso. 
<HR>
<STRONG><EM><FONT color=#000080 size=3>La información contenida en el boletín es 
de fuentes propias, sitios web, medios periodísticos, redes alternativas, 
movimientos sociales y organizaciones políticas de izquierda. Los artículos 
firmados no comprometen la posición editorial de Correspondencia de Prensa. 
Suscripciones, Ernesto Herrera: </FONT></EM></STRONG><A 
href="mailto:germain5@chasque.net"><STRONG><EM><FONT color=#000080 
size=3>germain5@chasque.net</FONT></EM></STRONG></A> 
<HR>
</FONT></DIV></BODY></HTML>