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<DIV align=center><FONT size=5><STRONG><U>boletín informativo - red solidaria de
revistas</U><BR><FONT color=#800000 size=6><EM>Correspondencia de
Prensa</EM></FONT><BR>Año IV - 28 de octubre 2006 - Redacción:
</STRONG></FONT><A href="mailto:germain5@chasque.net"><FONT
size=5><STRONG>germain5@chasque.net</STRONG></FONT></A></DIV>
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<HR>
</DIV>
<DIV align=justify> </DIV>
<DIV align=justify><STRONG><FONT size=3>Brasil </FONT></STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial><STRONG></STRONG></FONT> </DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial><STRONG>Entrevista a Plínio de Arruda
Sampaio</STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify><STRONG><FONT face=Arial></FONT></STRONG> </DIV>
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<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2><STRONG><FONT size=3>“Lula tem uma
possibilidade longínqua de topar um confronto com a direita; Alckmin,
não"</FONT></STRONG></DIV></DIV>
<DIV align=justify><STRONG></STRONG> </DIV>
<DIV align=justify><STRONG><FONT size=3>A direção do PSOL cometeu um erro
político</FONT></STRONG></DIV>
<DIV align=justify><STRONG><FONT size=3></FONT></STRONG> </DIV>
<DIV align=justify>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=3><STRONG>Essa reorganização da
esquerda ainda está em aberto</STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial></FONT> </DIV>
<DIV align=justify><STRONG><FONT size=3>O ex-candidato a governador de SP pelo
PSOL analisa quadro eleitoral e julga precipitada a posição de seu partido pelo
voto nulo. “A esquerda tem de se reunir e fazer um programa compreensível pelo
povo, para pressionar Lula a confrontar-se com a
direita”.</FONT></STRONG></DIV></DIV>
<DIV align=justify><BR><STRONG><FONT size=3></FONT></STRONG> </DIV>
<DIV align=justify><STRONG><FONT size=3>Flávio Aguiar e Gilberto
Maringoni</FONT></STRONG></DIV>
<DIV align=justify><STRONG><FONT size=3>Carta Maior</FONT></STRONG></DIV>
<DIV align=justify><A href="http://agenciacartamaior.uol.com.br/"><STRONG><FONT
size=3>http://agenciacartamaior.uol.com.br/</FONT></STRONG></A></DIV>
<DIV align=justify> </DIV>
<DIV align=justify><BR>Ele já foi chamado de “radical tranqüilo”, pela
serenidade e objetividade com que expões suas idéias. Plínio de Arruda Sampaio,
76 anos, acaba de sair de um duro embate nessas eleições. Candidato ao governo
de São Paulo, pelo PSOL, teve 532 mil votos. “Um resultado excepcional”, diz
ele, que contou com uma estrutura precária e quase nenhum dinheiro.
“Tínhamos cerca de R$ 30 mil, o que faz de minha campanha a melhor relação
dinheiro/voto: R$ 0,10 cada um, enquanto os marqueteiros orçam as campanhas em
proporções até 100 vezes maiores”. Ex-exilado político, fundador do PT,
ex-deputado federal, e especialista em reforma agrária e em plena atividade
Plínio deu a seguinte entrevista à Carta Maior. <BR><BR><STRONG>Carta Maior – O
que está em jogo nesta disputa eleitoral?</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>Plínio de Arruda Sampaio - Está em jogo completar ou não
a nova estruturação da economia brasileira com vistas à globalização. A
economia, nos últimos 15 anos, seguiu um longo caminho regressivo, mas ainda não
chegamos a um estágio de subordinação neocolonial. O estado brasileiro ainda
retém a energia, com a Petrobrás, os instrumentos de financiamento, com o Banco
do Brasil, o BNDES e a Caixa Econômico, uma certa autonomia sindical importante
e uma legislação trabalhista ainda em vigor. Avançar sobre isso é o desejo da
direita mundial e dec seus aliados internos, depois de tomar conta das empresas
de energia elétrica e de mineração. <BR><BR><STRONG>CM – Por que a entrega do
país não se completou?</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>PAS - Porque a construção do projeto nacional no Brasil
avançou mais do que a direita e a própria esquerda pensam. O projeto de país
iniciado por Getúlio Vargas se desenvolveu enormemente na base produtiva e nas
relações de produção. Temos uma classe operária que, com todos os ataques que
sofreu, não cede fácil suas conquistas. Por que razão isso se deu? Porque temos
uma economia extremamente complexa. Não é algo como a economia chilena, que você
mexe no cobre e em outras variáveis, e você comanda tudo. Aqui não, é muito mais
complicado. Na Argentina e mesmo na Itália, a entrega foi total. Aqui
não.<BR><BR><STRONG>CM – Como o senhor vê a realização deste segundo turno
eleitoral?</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>PAS – Acho que se esgotou o debate centrado unicamente na
ética e na moralidade. Até mesmo os marqueteiros perceberam ser necessário
colocar algo de mais substantivo na disputa. Isso obrigou os candidatos, para
não perderem votos, a falar de temas como as privatizações. Assim, o debate do
segundo turno representa um avanço em relação ao do primeiro. Há um apelo
popular nessa questão, que pega também o empresariado da Fiesp e a classe média.
A privatização se traduziu em pedágios e aumentos de preços em vários setores.
Por isso a questão é tão sensível num período eleitoral<BR><BR><STRONG>CM – O
sr. saiu do PT, partido que ajudou a fundar, e transferiu-se para o PSOL há
cerca de um ano. Como foi esta passagem?</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>PAS - Quando saímos do PT pensávamos o seguinte: nós
estamos na proa de um Titanic, afundando. Olhamos em volta em busca de algum
bote de salvação. Como o PSOL nos ofereceu filiação democrática e legenda, fomos
para lá. Eu estou decidido a contribuir para a formação de um novo partido de
esquerda. Acho que há espaço. Existem as esquerdas e não a esquerda, incluindo
setores ainda internos ao PT, que vêem seu espaço se reduzir. Agora, depois da
campanha, não tenho certeza se essa jangada que conseguimos nos deixou em alto
mar ou se paramos numa ilha deserta. Essa reorganização da esquerda ainda está
em aberto.<BR><BR><STRONG>CM – A executiva nacional do PSOL tomou uma posição,
para o segundo turno, que causou um certo estremecimento interno, pelo caráter
proibitivo da resolução aprovada. Qual sua opinião?</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>PAS – A posição da executiva nacional, que aprovou uma
nota indicando “nem Lula e nem Alckmin” foi uma precipitação e um erro. Na
prática se indica um voto nulo tout court. Externei minha crítica à Heloísa
Helena. Mal acabaram as eleições, sem qualquer reunião que contasse com uma
maior participação dos estados, onde vários companheiros passaram por
experiências importantes, a direção aprovou uma proposta fechada. Se o jogo tem
dois tempos e se você anuncia que sai no segundo tempo, você está fora do jogo.
<BR><BR><STRONG>CM – Qual foi sua sugestão?</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>PAS - Antes seria necessário fazer uma tentativa de
mostrar ao povo a razão de um possível voto nulo, como eu propus. Seria
verificar se Lula atenderia ou não a algumas reivindicações mínimas. Poderíamos,
por exemplo, propor que ele atendesse a cinco questões muito objetivas. Um deles
seria uma proposta sobre a questão da terra. Que ele, através de uma portaria
determinasse a atualização dos índices de produtividade da terra. Eles são
estratégicos para a realização da reforma agrária. Os índices em vigor são de
1970, reajustados em 1975. A produtividade média da agricultura mudou muito
desde então e a alteração desses parâmetros abre caminho para a realização de
mais desapropriações. Isso depende de um telefonema de Lula para os ministros da
Agricultura e da Reforma Agrária. Os estudos para esta modificação foram
concluídos em 2000. Se ele dá este passo, abre caminho para outras mudanças e
justifica o voto. Se ele não dá, também justifica o porquê de não se votar nele,
pois se uma coisa simples não se realiza, como acreditar em promessas mais
complexas? Os outros pontos sugeridos à direção nacional eram impedir a
licitação dos campos de petróleo pela Petrobrás e não aceitar mudanças na
legislação trabalhista, sindical e previdenciária. Se ele fizesse isso, eu
estaria com a camiseta do Lula. Mas a executiva não fez isso e cortou a
conversa. Acabou, não há o que dizer. A direção do PSOL cometeu um erro
político.<BR><BR><STRONG>CM – Este segundo turno exibe uma polarização que há
muito não se via. Os movimentos sociais, em sua maioria, apóiam a reeleição do
presidente. Seu partido não se isolará nesse contexto?</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>PAS - Entendo e estou de acordo com o voto dos movimentos
populares. Na base há uma diferença enorme entre o governo Lula e um governo
Alckmin. Para quem lida com jagunço, há uma grande diferença entre os dois. Para
o movimento social que luta por creches e outras melhorias, há diferença. Agora,
lá em cima, no plano geral do país, não há diferença, porque ambos fazem
movimentos destinados a reestruturar a economia brasileira para que ela cumpra
seu papel no novo capitalismo globalizado. O drama é que não posso desconhecer
que o povo tem razão. Mas também não posso desconhecer que se ele votar iludido,
achando que o Lula representa mudança, a esquerda sai do horizonte político do
país. Hoje podemos não ser entendidos ao dizer isso. Mas a realidade se impõe
mais cedo ou mais tarde, se houver uma reversão de expectativas. O caso do
(Raúl) Alfonsin é clássico. Em 1982, no auge da guerra das Malvinas, ele se
colocou contra o conflito, em meio a uma onda nacionalista bélica. Não podia
sair á rua. Quando a Argentina foi derrotada e ficou evidenciada a
inconseqüência do ato, ele elegeu-se presidente da República. <BR><BR><STRONG>CM
- Há um componente nas pesquisas, que é novo, dos pobres em sua maioria votarem
em Lula e os ricos em Alckmin. Isso é inédito no país?</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>PAS – Não, a eleição do Getúlio, em 1950, foi de rico
contra pobre. Um negócio muito mais agressivo do que agora. Eu me lembro, pois
participei da apuração. Havia tropas policiais em toda parte. Os fiscais do
Getulio e os do brigadeiro Eduardo Gomes, da UDN, entraram quase em guerra. O
que eu queria com os cinco pontos é que Lula desatasse um processo que o levaria
a um confronto com a direita, como Getúlio. <BR><BR><STRONG>CM – Qual sua
expectativa para um segundo governo?</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>PAS - Acho que a esquerda agora tem de reunir-se e fazer
um programa compreensível pelo povo, para pressionar Lula a confrontar-se com a
direita. Se formos nesse fogo brando, solidifica-se uma situação ruim. Se não
houver um aumento da temperatura política, com pressão popular, os quatro anos a
mais do Lula podem solidificar o fim da era Vargas, como era o projeto de
Fernando Henrique Cardoso. Lula tem uma possibilidade longínqua de topar um
confronto com a direita e Alckmin não.
<HR>
<STRONG><EM><FONT color=#000080 size=3>La información difundida por
Correspondencia de Prensa es de fuentes propias y de otros medios, redes
alternativas, movimientos sociales y organizaciones de izquierda. Suscripciones,
Ernesto Herrera: </FONT></EM></STRONG><A
href="mailto:germain5@chasque.net"><STRONG><EM><FONT color=#000080
size=3>germain5@chasque.net</FONT></EM></STRONG></A>
<HR>
</FONT></DIV></BODY></HTML>