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<DIV align=center><STRONG><FONT size=4><U><FONT size=5>boletín informativo - red
solidaria de revistas</FONT></U><BR><FONT color=#800000><FONT
size=6><EM>Correspondencia de Prensa</EM></FONT><BR></FONT>Año IV - 15 de
febrero 2007 - Redacción: </FONT></STRONG><A
href="mailto:germain5@chasque.net"><STRONG><FONT
size=4>germain5@chasque.net</FONT></STRONG></A></DIV>
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<DIV align=justify><STRONG><FONT size=3>Brasil</FONT></STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial><STRONG></STRONG></FONT> </DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial><STRONG>Um "genocídio intelectual" nas
escolas</STRONG></FONT></DIV><FONT face=Arial size=2>
<DIV align=justify><BR><STRONG><FONT size=3>Para o pedagogo Roberto Leher,
Brasil vive um "apartheid" educadional que opõe ricos e pobres; governo investe
pouco em educação e mais de 85% dos estudantes brasileiros estão na escola
pública</FONT></STRONG></DIV>
<DIV align=justify><STRONG><FONT size=3></FONT></STRONG> </DIV>
<DIV align=justify><STRONG><FONT size=3>Eduardo Sales de
Lima</FONT></STRONG></DIV>
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<DIV align=justify><STRONG></STRONG> </DIV>
<DIV align=justify><STRONG>Brasil de Fato</STRONG></DIV>
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href="http://www.brasildefato.com.br/"><STRONG>http://www.brasildefato.com.br/</STRONG></A></DIV>
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<DIV align=justify>Os últimos resultados das avaliações do ensino básico
brasileiro (educação infantil, fundamental e ensino médio) divulgados pelo
Ministério da Educação (MEC) mostram, além do baixo rendimento do ensino
fundamental e do ensino médio, o crescente abismo entre a educação pública a
particular. Essa realidade traz graves consequências para a formação ética,
política e cultural da sociedade brasileira. Hoje, das 55,9 milhões matrículas
no ensino da educação básica, 86,5% são feitas pela rede pública; no ensino
médio, 85,15% estudam na rede estadual de ensino. </DIV>
<DIV align=justify><BR>Os resultados do último Exame Nacional do Ensino Médio
(ENEM) revelam, juntamente com a queda do desempenho dos estudantes do ensino
médio, a disparidade entre os alunos da escola pública e privada. Aqueles que
estudaram somente em escola pública obtiveram média 34,94 na prova objetiva e
51,23 na redação, enquanto o grupo que declarou ter estudado somente em escola
particular teve média de 50,57 na parte objetiva e de 59,77 na redação. Além
disso, dados do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb),
aplicado em 2005, revelaram que estudantes da 8ª série do ensino fundamental e
do 3º ano do ensino médio do país têm o pior resultado em português e matemática
dos últimos dez anos.</DIV>
<DIV align=justify><BR>O reflexo de uma educação pública que não decola está
exposto aos olhos e na própria sociedade. Para o professor Roberto Leher, da
Faculdade de Educação da UFRJ e membro do Conselho Latino-Americano de Ciências
Sociais (Clacso) está em curso um "apartheid" educacional e
científico-tecnológico que opõem países centrais e periféricos e, dentro de cada
país, ricos e pobres. " Vistos de perto, é possível concluir que os indicadores
educacionais escondem um verdadeiro genocídio intelectual em curso no país. Os
resultados do teste aplicado na pesquisa do Indicador Nacional de Alfabetismo
Funcional (INAF-2004) revelam que apenas 23% da população jovem e adulta
brasileira é capaz de adotar e controlar uma estratégia na resolução de um
problema que envolva a execução de uma série de operações. É ainda mais
preocupante a revelação de que apenas nesse grupo encontram-se os sujeitos que
demonstram certa familiaridade com representações gráficas como mapas, tabelas e
gráficos", completa Leher. </DIV>
<DIV align=justify><BR>De acordo com dados da professor, metade dos jovens de
15-17 anos está cursando o ensino médio e, dentre os jovens de 18-24 anos,
somente 11% estão matriculados na educação superior, 75% dos quais em
instituições privadas, predominantemente de baixa qualidade. Outro problema da
educação brasileira trata-se de instrumentalização, que atinge também, segundo
Leher, escolas particulares. "O ensino privado em geral também vai mal, pois o
drama é que a baixa escolaridade da juventude brasileira é operacional para o
padrão de acumulação em curso. Não devemos nos esquecer que quase 90% dos novos
empregos são de cerca de 2 salários mínimos. São empregos pouco sofisticados em
termos de conhecimento científico", aponta docente.</DIV>
<DIV align=justify><BR><STRONG>Elitismo</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>O pedagogo e filósofo da Universidade Estadual do Rio de
Janeiro (UERJ), Gaudêncio Frigotto, destaca que há duas consequências para baixa
qualidade da educação básica no Brasil: a falta de cidadania real e o a
permanência do ideal elitista de uma minoria. "O resultado é político, cultural
e ético. Ninguém senta para analisar quem produziu esses seres humanos tão
monstruosamente frios na bárbarie do carro que o arrastou uma criança no Rio de
Janeiro. Eles não são naturais, são historicamente produzidos", diz o professor
da UERJ. </DIV>
<DIV align=justify><BR>Para Leher, a degradação da qualidade do ensino público
vem desde o momento em que a pressão social por seu acesso impôs a sua
ampliação, em especial no governo empresarial-militar. "Quando a expansão foi
inevitável, os setores dominantes nada fizeram para garantir uma escola de
qualidade, ao contrário, operaram no sentido de manter uma escola minimalista
para o povo", afirma o sociólogo.</DIV>
<DIV align=justify><BR>A autonomia organizativa na própria escola pode ser um
dos fatores para melhorar a qualidade do ensino público. "Com escolas em ruínas,
professores mal pagos e quase nula assistência estudantil não é possível
reverter esse quadro. Junto com a mudança no padrão de financiamento, é preciso
estimular as escolas a se auto-organizarem, efetivando com autonomia o seu
projeto político- pedagógico em interação com os pais e com os estudantes, com
os sindicatos e movimentos sociais", afirma Leher.</DIV>
<DIV align=justify><BR><STRONG>Expansão sem qualidade</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><FONT color=#000080></FONT><FONT color=#000080></FONT><BR>A
falta de investimento na educação básica na década passada de maneira mais ampla
é apontada como crucial para compreender a atual situação do ensino básico. Os
Censos Escolares vêm demonstrando a expansão das vagas do ensino médio, mas sem
a qualidade necessária. Em 1996, o número de matrículas feitas no Ensino Médio
da Rede Estadual era de 4.137.324. No ano passado, foi de 9.575.538 matrículas.
"Com o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de
Valorização do Magistério (Fundef), a política que o ex-presidente Fernando
Henrique promoveu foi de retração, de garantir apenas o que estava dentro da
faixa etária da Constituição, que era dos 7 aos 14 anos. Não houve a preocupação
com o conjunto da educação básica", diz Juçara Maria Dutra Vieira, presidente da
Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), que aponta o
investimento mais amplo, como o Fundo de Manutençaõ e Desenvolvimento da
Educação Básica (Fundeb), como um sinalizador importante no governo Lula. "Mas
continua sendo uma política insuficiente porque o percentual do PIB está se
mantendo em aplicação na educação desde o começo do governo de FHC, que girava
em torno de 3,5%. Hoje está em 4,3% do PIB, mas o próprio CDES recomenda os 6%
que a Unesco requer do produto interno bruto (PIB)", explica Vieira.</DIV>
<DIV align=justify><BR>O tratamento dado à educação nos anos 1990 é o que
Roberto Leher denomina de mais um fracesso neoliberal. "O Banco Mundial, a
Unesco, a Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (CEPAL) e os
governos neoliberais, escudados por seus intelectuais, diagnosticaram que, na
América Latina, somente teria sentido o Estado investir na educação fundamental.
Ao examinarem a situação da educação fundamental concluíram que não havia mais
problema de acesso e, ainda, que os Estados já gastavam bastante com a
educação", indigna-se Leher.</DIV>
<DIV align=justify><BR>A retomada de uma guinada educacional é vislumbrada, como
sempre, no âmago da correlação de forças políticas. Segundo Frigotto, para mudar
a situação vigente, as prioridades econômicas devem ser repensadas. "Pagando o
superávit primário que pagamos não haverá dinheiro para estruturar as escolas. O
que está faltando é um salto de qualidade que pressupõe mexer na política
econômica", ressalta o pedagogo. </DIV>
<DIV align=justify><BR>Para Leher, os movimentos sociais e sindicais, junto com
entidades acadêmicas e estudantis, lograram uma importante vitória no Plano
Nacional de Educação, "talvez o único ponto exitoso nessa luta: a definição de
7% do PIB para a educação pública brasileira", lembra o sociólogo. Mas conta que
o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso vetou esse dispositivo e que o atual,
apesar das promessas de que derrubaria o veto, o manteve, "tudo em nome do
sacrossanto superávit primário que carrega o grosso do excedente econômico para
as 7 mil famílias de rentistas", conclui.
<HR>
<STRONG><EM><FONT color=#000080 size=3>La información difundida por
Correspondencia de Prensa es de fuentes propias y de otros medios, redes
alternativas, movimientos sociales y organizaciones de izquierda. Suscripciones,
Ernesto Herrera: </FONT></EM></STRONG><A
href="mailto:germain5@chasque.net"><STRONG><EM><FONT color=#000080
size=3>germain5@chasque.net</FONT></EM></STRONG></A>
<HR>
<BR></FONT></DIV></BODY></HTML>