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<DIV align=center><STRONG><FONT size=4><U><FONT size=5>boletín informativo - red
solidaria de revistas</FONT></U><BR><FONT color=#800000
size=6><EM>Correspondencia de Prensa</EM></FONT><BR>Año IV - 12 de mayo 2007 -
Redacción: </FONT></STRONG><A href="mailto:germain5@chasque.net"><STRONG><FONT
size=4>germain5@chasque.net</FONT></STRONG></A></DIV>
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<DIV align=justify><STRONG><FONT size=3>Brasil</FONT></STRONG></FONT></DIV>
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<DIV align=justify><FONT face=Arial><STRONG>As razões de fundo da visita do
Papa </STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2></FONT><BR><FONT
face=Arial><STRONG>Altamiro Borges *</STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2><STRONG></STRONG></FONT> </DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2><STRONG>Correio da
Cidadania</STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2><A
href="http://www.correiocidadania.com.br/"><STRONG>http://www.correiocidadania.com.br/</STRONG></A></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2> <BR> <BR>O
cardeal Joseph Ratzinger já esteve no Brasil por duas vezes (em 1985, logo após
ter punido o teólogo Leonardo Boff, e em 1990, para ministrar um curso na
tradicional diocese do Rio de Janeiro), mas esta é a primeira visita que faz
como Papa Bento XVI, Sumo Pontífice da Igreja Católica. Pela generosa e peculiar
religiosidade do povo brasileiro, que torna este país a maior nação católica do
mundo, a visita tem grande significado e merece todo o respeito - inclusive dos
não-católicos. Mas é preciso ir além das aparências para entender as razões de
fundo da viagem. Ela não se dá apenas pelo nobre objetivo de canonizar Frei
Galvão ou para participar da quinta conferência episcopal latino-americana
(Celam), em Aparecida (SP).<BR><BR>A visita tem motivos bem mais complexos e
controversos. Expressa a preocupação da igreja com a perda de fiéis. Segundo
pesquisa do Datafolha, nos últimos dez anos houve uma redução de 75% para 64% da
população católica e hoje a maioria dos brasileiros, incluindo os católicos, não
segue vários preceitos do Vaticano, como o da virgindade, da proibição do
segundo casamento e do uso da camisinha. Tem ainda o nítido intento de enquadrar
os setores progressistas da igreja brasileira, respeitados mundialmente por sua
“opção pelos pobres” e pela inovadora “teologia da libertação”. Além disso, como
o próprio papa revelou na sua primeira fala em solo nacional, ela visa ditar
“normas morais” ao povo e ao governo brasileiros. <BR><BR><STRONG>Temores diante
do “êxodo católico”</STRONG><BR><BR>Diante do chamado “êxodo católico” e do
crescimento acelerado das seitas neopentecostais, o Vaticano prega hoje uma
igreja mais confessional e voltada para os rígidos dogmas católicos e menos
envolvida nas questões sociais. A própria canonização de Frei Galvão, o primeiro
santo genuinamente brasileiro (contra 626 italianos, 576 franceses e 102
alemães), serviria a este intento. Mas para o teólogo Leonardo Boff, essa
guinada conservadora não “sustará a sangria no corpo católico... A causa
principal da saída dos católicos é a falta de inovação no seio da igreja, é a
rigidez dogmática de seus ensinamentos, é a falta de bom senso nas questões da
moral e da sexualidade, onde ela mostra um rosto cruel e sem
piedade”.<BR><BR>Dom Demétrio Valentini, bispo de Jales (SP), reforça ainda mais
as críticas. “A Igreja Católica está sendo posta à prova. Ela demorou muito a se
dar conta dos problemas a sua volta, porque era o único referencial que existia
no plano religioso no país. Agora o contexto mudou muito”. Para ele, a igreja
padece de dois graves problemas, que explicam a perda de fiéis. “Ela é pesada,
não tem agilidade para se sintonizar com os contextos novos, e continua com uma
estrutura ultrapassada, como se o Brasil fosse um país rural. Ela precisa
admitir a diversidade em um mundo plural... Mas a Igreja tem medo de admitir a
diversidade”. <BR><BR><STRONG>Cruzada contra a teologia da
libertação</STRONG><BR><BR>Essa opção explica o segundo motivo da viagem: o
enquadramento dos setores progressistas. As posições ultraconservadoras de
Joseph Ratzinger já são bem conhecidas. Antes de se tornar papa, como prefeito
da Congregação para a Doutrina da Fé, o outrora temido Tribunal da Inquisição,
ele comandou a cruzada contra a teologia da libertação na América Latina, que
nasceu na conferência de Medelin (Colômbia), em 1968, e floresceu na conferência
de Puebla (México), em 1979. Em setembro de 1984, o então chefe do Santo Ofício
dirigiu o interrogatório que resultou na condenação de Leonardo Boff a um ano de
“silêncio obsequioso”, sendo proibido de dar entrevistas, proferir aulas,
publicar livros e dirigir a Editora Vozes. <BR><BR>Naquela ocasião, sentado na
mesma cadeira em que Galileu Galilei foi punido 400 anos antes, o brasileiro
ouviu do cardeal alemão a dura sentença: “Eu conheço o Brasil, aquilo que vocês
fazem nas Comunidades Eclesiais de Base não é verdade, o Brasil não tem a
pobreza que vocês imaginam, isso é a construção da leitura sociológica e
ideológica que a vertente marxista faz. Vocês estão transformando as Comunidades
Eclesiais de Base em células marxistas”. Com a sua conhecida coragem, Dom Paulo
Evaristo Arns, que acompanhou Boff ao tribunal, retrucou as críticas de
Ratzinger. Com mão-de-ferro, o Vaticano promoveu um baita retrocesso na igreja
latino-americana, desmontando dioceses e isolando religiosos progressistas.
<BR><BR><STRONG>“Gosto amargo às boas-vindas”</STRONG><BR><BR>Pouco antes da
viagem ao Brasil, o papa condenou outro teólogo ligado à teologia da libertação,
Jon Sobrino, de El Salvador, num explícito recado à igreja progressista. O
dominicano Frei Betto lamentou a decisão num incisivo texto, intitulado “Sombras
da inquisição”. “Hoje é um dia triste para mim. Dói no fundo do meu coração, no
âmago de minha fé cristã. O papa Bento XVI, às vésperas de sua primeira viagem à
América Latina, faz um gesto que imprime um gosto amargo às boas-vindas: condena
o jesuíta Jon Sobrino... Ele fica proibido de dar aulas de teologia e todos os
seus escritos devem ser submetidos à censura vaticana”.<BR><BR>“Sobrino mora em
San Salvador, na mesma casa na qual, em 1989, quatro padres jesuítas, mais uma
cozinheira e sua filha de 15 anos foram assassinados pelo Esquadrão da Morte. O
que está por trás da censura a Sobrino é a visão latino-americana de um Jesus
que não é branco e nem tem olhos azuis. Um Jesus indígena, negro, moreno,
migrante; Jesus mulher, marginalizado, excluído. Aquele Jesus descrito no
capítulo 25 de Mateus: faminto, sedento, maltrapilho, enfermo, peregrino. Jesus
que se identifica com os condenados da Terra e dirá a todos que, frente a tanta
miséria, se portam como bom samaritano. ‘O que vocês fizeram a um dos menores de
meus irmãos, a mim o fizeram’ (Mateus)”, escreveu Frei
Betto.<BR><BR><STRONG>“Normas morais” e as “concordatas”</STRONG><BR><BR>Já no
que se refere às “normas morais” que seriam ditadas ao governo brasileiro, é
sabido que o Vaticano sempre propõe “acordos” aos países visitados, que são
tecnicamente chamados de “concordatas”. Pela via diplomática, o Itamaraty soube
que a “concordata” incluiria o compromisso de tornar obrigatório o ensino
religioso nas escolas públicas - num desrespeito à Constituição, que define o
Brasil como país laico - e a proibição do aborto, das pesquisas com células
troncos provenientes de embriões, da descriminalização de drogas leves, da união
civil homossexual, dos métodos contraceptivos, das campanhas contra a AIDS, do
divórcio, do sexo antes e após o casamento que não seja para a reprodução, da
eutanásia e outros dogmas. <BR><BR>A prática das “concordatas” é antiga e é
utilizada com relativa freqüência. Vários países, como Portugal e a Espanha, já
assinaram “acordos” deste tipo. A “Concordata de Latrão”, firmada com o ditador
fascista Benito Mussolini em 1929, é a mais famosa e garantiu o status de Estado
ao Vaticano. A concordata é uma convenção que fixa os compromissos entre o
Estado e a Igreja Católica sobre assuntos religiosos. Ela serve ainda para
preservar antigos “privilégios”, com as isenções concedidas às paróquias,
seminários e a outras instituições católicas. Devido à delicadeza do tema, que
inclusive despreza a existência de outras filiações religiosas, geralmente é
negociada nos bastidores, sem transparência e à revelia da sociedade. Os seus
eixos centrais, entretanto, são amplificados nos grandes eventos, entrevistas e
sermões.<BR><BR><STRONG>Estado laico e religiosidade popular</STRONG>
<BR><BR>Durante sua viagem, ainda no avião, Bento XVI chegou a defender a
excomunhão dos parlamentares que defendem o aborto, numa reprimenda aos
deputados mexicanos que aprovaram a medida recentemente e numa tentativa de
castrar a proposta do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, da promoção de um
amplo debate público sobre a interrupção da gravidez como mecanismo de defesa da
saúde da mulher. Já durante o “encontro com a juventude”, que lotou o estádio do
Pacaembu (SP), ele conclamou os jovens a “manterem a castidade, dentro e fora do
matrimônio”, e voltou a defender o ensino religioso.<BR><BR>Apesar de toda a
pressão, ao final da reunião com o Sumo Pontífice, o presidente Lula anunciou
que não assinou qualquer “acordo” e que o Brasil continuará a “preservar e
consolidar o Estado laico”. De forma diplomática, ele se comprometeu a visitar o
Vaticano em breve. O papa foi recebido com toda a pompa e estrutura do Estado, a
religiosidade popular teve seu momento de comoção espiritual, mas a soberania do
país e as peculiaridades da fé dos brasileiros foram aparentemente
preservadas.<BR><BR></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2>* Altamiro Borges é jornalista,
membro do Comitê Central do PCdoB, editor da revista Debate Sindical e autor do
livro “As encruzilhadas do sindicalismo” (Editora Anita Garibaldi, 2ª edição).
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<HR>
</DIV>
<DIV align=justify><STRONG><EM><FONT color=#000080 size=3>La información
difundida por Correspondencia de Prensa es de fuentes propias y de otros medios,
redes alternativas, movimientos sociales y organizaciones de izquierda.
Suscripciones, Ernesto Herrera: </FONT></EM></STRONG><A
href="mailto:germain5@chasque.net"><STRONG><EM><FONT color=#000080
size=3>germain5@chasque.net</FONT></EM></STRONG></A></DIV>
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