<!DOCTYPE HTML PUBLIC "-//W3C//DTD HTML 4.0 Transitional//EN">
<HTML><HEAD>
<META http-equiv=Content-Type content="text/html; charset=iso-8859-1">
<META content="MSHTML 6.00.2900.2523" name=GENERATOR>
<STYLE></STYLE>
</HEAD>
<BODY bgColor=#ffffff background=""><FONT face=Arial size=2>
<DIV align=justify>
<HR>
</DIV>
<DIV align=center><STRONG><FONT size=4><U><FONT color=#000080 size=5>boletín
informativo - red solidaria</FONT></U><BR><FONT color=#800000
size=6><EM>Correspondencia de Prensa</EM></FONT><BR>Año IV - 14 de junio
2007<BR>Redacción y suscripciones: </FONT></STRONG><A
href="mailto:germain5@chasque.net"><STRONG><FONT
size=4>germain5@chasque.net</FONT></STRONG></A></DIV>
<DIV align=justify>
<HR>
</DIV>
<DIV align=justify> </DIV>
<DIV align=justify><STRONG><FONT size=3>Brasil</FONT></STRONG></DIV>
<DIV align=justify><STRONG><FONT size=3></FONT></STRONG> </DIV>
<DIV align=justify><STRONG><FONT size=3>Os novos desafios do
MST<BR> <BR>Entrevista a Marina dos Santos, da direção nacional de
MST</FONT></STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2><STRONG></STRONG></FONT> </DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2><FONT face=Arial
size=2><STRONG>Brasil de Fato</STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2><A
href="http://www.brasildefato.com.br/"><STRONG>http://www.brasildefato.com.br/</STRONG></A></FONT></DIV>
<DIV align=justify><BR> </DIV>
<DIV align=justify>Em 1985, eram pouco mais de mil militantes. Reunidos em
Curitiba, no Paraná, aqueles sem-terra se colocaram o desafio de construir um
movimento social pela reforma agrária, no final do 1º Congresso Nacional do MST.
Vinte e três anos se passaram, a realidade agrária permanece reproduzindo a
injustiça. O Brasil é segundo país do planeta com maior concentração fundiária.
Cerca de 1,6% dos imóveis responde por 43,7% do território de todas as
propriedades rurais do Brasil.</FONT></DIV><FONT face=Arial size=2>
<DIV align=justify><BR>Mas se os trabalhadores seguem sem o direito de ter
acesso à terra, a organização para reverter esse quadro avançou. Neste 5º
Congresso, o MST reunirá 18 mil sem-terra, em Brasília, para discutir os novos
desafios do movimento, entre 11 e 15 de junho. Um rumo que dialogue tanto com
esse patamar de mobilização – será o maior congresso camponês da história da
América Latina – quanto com as mudanças ocorridas na realidade agrária. </DIV>
<DIV align=justify><BR>Em entrevista, Marina dos Santos, dirigente nacional,
avalia que o MST precisa buscar novas formas de lutas para denunciar a atual
realidade agrária, marcada pelo avanço do agronegócio e pelo controle dos
territórios exercido pelas transnacionais. “No 8 de março deste ano, foram
várias ações importantes e simbólicas, por exemplo, nas regiões de usinas
canavieiras. Imagino que isso seja um exemplo de mobilizações e de luta que nós
vamos ter que travar pela frente”, exemplifica, citando as ocupações realizadas
pelas mulheres sem-terra nessas usinas para denunciar as condições de trabalho
desumanas da indústria do etanol.<BR><BR><STRONG>Brasil de Fato – Esse 5º
Congresso do MST será o maior da história do movimento, com a participação de 17
mil pessoas. O primeiro, em 1984, reuniu pouco mais de mil militantes. O que
esse crescimento reflete? </STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>Marina dos Santos – Eu acho que vários fatores devem ser
levados em consideração. Esse considerável aumento do número de participantes é
uma ampliação da base do movimento tanto do ponto de vista de famílias
assentadas e, principalmente, acampadas nos últimos anos. Isso é fruto da
expectativa de realização da reforma agrária que se gerou em torno da própria
eleição do presidente Lula, embora essa expectativa não tenha sido
correspondida. </DIV>
<DIV align=justify><BR>Outro elemento que devemos considerar é a maior
organicidade interna do movimento. Analisando com o nosso pessoal, isso nos dá
uma emoção. Antes pagávamos gente de fora até para escrever o nome MST nas
faixas. Agora, com o acúmulo, nós aumentando nossas habilidades. O nosso pessoal
é que esta pintando o painel do Congresso. Um gigantesco painel com todos os
elementos do momento. Além disso, o MST deu um salto de qualidade muito grande
nos últimos tempos, principalmente pelo investimento em educação e na formação
de nossa militância. Esse é o primeiro Congresso que nós temos os nossos
engenheiros agrônomos, os nossos médicos, os nossos pedagogos, nós temos, ainda
não formados, os nossos advogados, os nossos administradores, os nossos
projetistas e uma militância com consciência de casse e uma firmeza de
ideológica muito grande. Um outro exemplo disso é a campanha “todos e todas
sem-terra estudando”. Toda a coordenação, todos os dirigentes, toda a base,
assentado, assentada têm que estudar. O resultado é a elevação do nível de
consciência do nosso povo e uma capacidade maior de articulação, organização e
intervenção da sociedade. </DIV>
<DIV align=justify><BR>Outro elemento importante neste crescimento é a
disposição de nossa base da necessidade da realização da reforma agrária no
País. Mesmo os assentados, que já conquistaram a terra, sabem que logo
enfrentarão limites institucionais, que tem a ver com a parte estrutural do
Estado no sentido de avançar principalmente nas questões sociais. Mas, se de um
lado, há todo este esforço do MST em investir na educação, por outro não existe
escolas de segundo grau e universidades no meio rural. Há essa necessidade de
reafirmar que a reforma agrária não pode ser vista de forma paliativa. Os
próprios assentados colocam esta necessidade de se pensar políticas de reforma
agrária como formas de distribuir a terra, a riqueza, mas garantir programas que
resolvam as questões sociais do povo do campo na questão da educação, da saúde,
da própria comercialização dos produtos das agroindústrias, da assistência
técnica, ou seja, de investir de ter uma nova matriz tecnológica de produção de
desenvolvimento do meio rural. <BR><BR><STRONG>BF – Em 1984, o MST buscava
consolidar-se como um movimento nacional pela reforma agrária. Hoje, o cenário é
outro. Esse novo patamar de organicidade interna coloca que desafios para o
movimento?</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>Marina – Uma questão importante é que o MST tem o desafio
de buscar novas formas de luta e de enfrentamento com o latifúndio no campo que
não seja somente a ocupação da terra. É necessário um novo tipo de ação que
responda a esta nova onda do capitalismo no campo, por meio do agronegócio e das
transnacionais. Precisamos denunciar que esse modelo não responde à necessidade
da maioria das pessoas. Há o desafio de fazer com que a sociedade tome
conhecimento do papel que essas empresas estão tendo. E isso não vai ocorrer
apenas com a ocupação de terra. São necessários outros métodos que propiciem
esse diálogo e esta conscientização da sociedade. </DIV>
<DIV align=justify><BR>Outro desafio é que o movimento amplie o processo de
democracia e participação interna, principalmente na questão das mulheres e dos
jovens. O movimento já cresceu muito neste sentido. Os jovens são a maior parte
dos que assumem as tarefas na parte de articulação e organização do movimento.
Mas é necessário aprofundar este método. </DIV>
<DIV align=justify><BR>Outro desafio é como fazer esta luta do ponto de vista
institucional para que a gente garanta condições de toda a nossa base estar num
processo de educação, formação e capacitação permanentes. Por último, seria o
MST estar cada vez mais próximo dos agricultores, dos setores da sociedade, dos
trabalhadores que fazem a luta pela soberania popular enquanto nação, na defesa
da nossa terra, da água da biodiversidade, neste projeto de convivência com o
Semi-Árido, na defesa de nossas sementes. Temos também que continuar nesta
construção de um projeto e de um instrumento político para viabilizarmos com a
sociedade brasileira um projeto nacional de desenvolvimento. E, nesse projeto, a
questão principal deve ser resolver os problemas internos do povo brasileiro, e
não a reprodução desse modelo que prioriza o lucro das empresas.
<BR><BR><STRONG>BF - Que exemplos podemos citar dessas outras formas de
luta?</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>Marina - Neste sentido, podemos citar principalmente as
experiências das mulheres a partir do 8 de março. Em 2006, no horto da Aracruz,
os movimentos sociais do campo foram fortemente criminalizados, mas por outro
lado foi muito simbólico porque a sociedade brasileira começou a ver o que as
transnacionais estão fazendo no campo por meio do agronegócio. No 8 de março
deste ano, foram várias ações importantes e simbólicas, por exemplo, nas regiões
de usinas canavieiras. Imagino que são exemplos de mobilizações e de luta que
nós vamos ter que travar pela frente.<BR><BR><STRONG>BF - Uma crítica que se faz
ao movimento é que o Congresso é pouco democrático, por não ter eleições, por
exemplo, ou uma disputa de teses. Como funciona o Congresso?</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>Marina - O nosso método interno eletivo de nossas
coordenações e direções das instâncias nacionais ocorre nos espaços dos
Encontros Nacionais, que são feitos de dois em dois anos. É um espaço
completamente democrático porque a representação das direções se dá através da
indicação da região que as pessoas fazem parte. O Encontro tem a tarefa de
ratificar as indicações. Se alguém tem alguma discordância, é discutido ali e
volta para o seu coletivo para definir. Por isso que, para nós, é um processo
amplamente democrático. As nossas teses de construção do projeto de Reforma
Agrária que vai ser debatido e refletido aqui no Congresso Nacional é um
processo de construção nas bases. O Congresso é um encontro com os
representantes da nossa base que já fizeram todo o processo de avaliação a
partir de sua realidade. É a maior instância de decisão do movimento para os
próximos cinco anos. <BR><BR><STRONG>BF - E por que o lema deste quinto
Congresso é “reforma agrária, por justiça social e soberania
popular"?</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>Marina – Em cada congresso, o nosso povo aponta o rumo
norteador de nossas ações a partir da definição da palavra de ordem. Desta vez,
o debate nas bases aponta para a existência de dois projetos que estão em
disputa no campo: o projeto do agronegócio, com a interferência das
transnacionais que traz uma perda de soberania enquanto nação e, por outro lado,
da necessidade da realização da reforma agrária como forma de se fazer justiça
social neste País; como forma de distribuição de terra, gerar empregos saudáveis
e garantir a soberania alimentar dos brasileiros.
<HR>
<STRONG><EM><FONT color=#000080 size=3>Correspondencia de Prensa, difundido por
la red solidaria de información. Los artículos firmados no comprometen la
opinión editorial del boletín. Redacción (Ernesto Herrera). Suscripciones:
</FONT></EM></STRONG><A href="mailto:germain5@chasque.net"><STRONG><EM><FONT
color=#000080 size=3>germain5@chasque.net</FONT></EM></STRONG></A>
<HR>
</FONT></DIV></BODY></HTML>