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<BODY bgColor=#ffffff background=""><FONT face=Arial size=2>
<DIV align=justify>
<HR>
</DIV>
<DIV align=center><STRONG><FONT size=4><FONT size=5><U>boletín informativo - red 
solidaria</U></FONT><BR><FONT color=#800000 size=6><EM>Correspondencia de 
Prensa</EM></FONT><BR>Año V - 23 de octubre 2007<BR>Redacción y suscripciones: 
</FONT></STRONG><A href="mailto:germain5@chasque.net"><STRONG><FONT 
size=4>germain5@chasque.net</FONT></STRONG></A></DIV>
<DIV align=justify>
<HR>
</DIV>
<DIV align=justify>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><STRONG><FONT size=3>Brasil</FONT></STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial><STRONG></STRONG></FONT>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial><STRONG>Apartheid 
Social</STRONG></FONT></DIV>
<DIV><FONT face=Arial><STRONG></STRONG></FONT>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial><FONT size=2><STRONG>O modelo de 
“democracia” atual que vem acoplado com o modelo desenvolvimentista da economia 
imposta pelo neoliberalismo vem agravando a violência e a discriminação aos 
diretamente atingidos por esses modelos. Os grandes projetos de desenvolvimento 
para “acelerar” o crescimento do país são criados sem levar em consideração as 
etnias que já estão consolidadas nos locais e os demais grupos de trabalhadores 
que acabam ficando sem seu ganha-pão.</STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify><BR><STRONG>Adriana Cristal</STRONG></FONT></DIV>
<DIV><FONT face=Arial size=2><STRONG></STRONG></FONT>&nbsp;</DIV>
<DIV><FONT face=Arial size=2><STRONG>Revista Desacato</STRONG></FONT></DIV>
<DIV><FONT face=Arial size=2><A 
href="http://www.alquimidia.org/desacato/"><STRONG>http://www.alquimidia.org/desacato/</STRONG></A></DIV>
<DIV align=justify><BR><BR>É rotineiro o descaso das autoridades com esses 
grupos, desalojando e os expulsando de suas terras, respaldadas na “lei”. Sempre 
conseguem transformar as leis de proteção ambiental a favor das grandes 
empresas, tornando os grupos étnicos nos transgressores. Além de gritante a 
promiscuidade de interesses entre o Estado e capital privado. A farsa de 
“desenvolvimento sustentável” é nítida nas publicações e debates publicados, 
inclusive propagandas da Aracruz Celulose em horário nobre da Rede Globo, 
declarando a sociedade que “preserva” o meio ambiente. Vê-se também esse falso 
discurso nas linhas dos artigos de projetos de Leis criados pelos parlamentares 
“defensores do meio ambiente”. Projetos tendenciosos que no fim só ajudam ainda 
mais a consolidação dessas empresas.</DIV>
<DIV align=justify><BR>O governador Sérgio Cabral enviou para a Assembléia 
Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, em regime de urgência, um projeto de 
lei (PL) n° 383/2007 alterando a Lei Es&shy;tadual 4063/2003. Esta Lei 
determinava a realização de zoneamento ecológico-econômico no estado, com a 
partici&shy;pação da sociedade civil, e condicionava a introdução de 
monoculturas em larga escala à elaboração prévia do mesmo, sendo que os 
proponentes dos projetos de monocultura deveriam dividir com o poder público os 
custos de ela&shy;boração do zoneamento nas regiões onde ob jet iv a s s 
em&nbsp; se&nbsp; instalar.</DIV>
<DIV align=justify><BR>Condicionava ainda a liberação do plantio das 
monoculturas ao licen&shy;ciamento ambiental e ao plantio de espécies nativas em 
30% da área plantada ou 10% se já houves&shy;se 20% de reserva legal na 
propriedade. A lei estabelecia também regras para a proteção de nascentes e 
rios, proibindo o plantio em suas margens. A lei, de autoria do então deputado 
Carlos Minc, atual secretário de Meio Ambiente, visava proteger a soci&shy;edade 
fluminense dos impac&shy;tos ambientais negativos da monocultura, comprovados 
mundialmente através de inúmeros estudos ci&shy;entíficos que apontam a 
destruição causada pelas grandes monoculturas sobre a biodiversidade.</DIV>
<DIV align=justify><BR>A lei representava um gran&shy;de avanço em termos de 
preserva&shy;ção ambiental e qualidade de vida para a população. No entanto, o 
projeto de Lei enviado pelo governador altera os procedimentos relati&shy;vos à 
implementação do zoneamento ecológico-econômico, eliminando a obrigatoriedade 
dos proponentes dos projetos de monocultura de dividir os custos da realização 
do mesmo com o poder público, passando todo o ônus para o Estado.</DIV>
<DIV align=justify><BR>Talvez o fato do atual projeto do governador introduzir 
uma referência exclusiva a sil&shy;vicultura, como se essa mono&shy;cultura 
fosse menos danosa que outras, possa esclarecer os verdadeiros motivos do pedido 
de urgên&shy;cia na sua tramitação. E mais, por que o PL 383/2007 elimina 
somen&shy;te para a silvicultura a con&shy;trapartida prevista na Lei 4063/2003 
que obriga empre&shy;endimentos de monocultura a plantar ou manter o equivalente 
a 30% da área cultivada com mata nativa?</DIV>
<DIV align=justify><BR>Com isso evidencia-se a verdadeira intenção do projeto, 
qual seja, a liberação acelerada dos grandes projetos de silvi&shy;cultura no 
estado, observa-se a in&shy;congruência entre o Parágrafo Único do Artigo 7° e 
seu caput, pois, enquanto o caput estabelece a obrigatoriedade do zoneamento da 
região para a liberação da monocultura em larga escala, o Pa&shy;rágrafo Único 
diz que enquanto o zoneamento não for realizado valem as regras contidas no PL 
383/2007. Ou seja, na prática elimina-se a necessidade do zoneamento para os 
projetos de silvicultura. Mas por que todas essas benesses para o setor da 
silvicultura? A resposta para isso talvez possa ser encontrada nas negociações 
em cur&shy;so, coordenadas pelo Secretário Júlio Bueno, cuja trajetória política 
e empresarial se fez no vizi&shy;nho estado do Espírito Santo, e que busca 
viabilizar a entrada da empresa Aracruz Celulose no Rio de Janeiro.</DIV>
<DIV align=justify><BR>Antecipando-se ao zoneamento ecológico-econômico, o PL 
divide o estado em 10 regiões hidrográficas, para as quais, em alguns casos, 
eli&shy;mina a necessidade de licenciamento ambiental, mantendo a necessidade de 
EIA-RIMA (Estudo e Relatório de Impacto Ambiental) apenas para as áreas 
superiores a 250 ha.</DIV>
<DIV align=justify><BR>Desta forma, o PL, 383/2007 ao contrário do que está 
escrito na mensagem de envio do mesmo, não representará qualquer melhoria para a 
população do estado "preservando a Mata Atlântica, a agricultura familiar, 
garantindo o supri&shy;mento de madeira, o desenvolvimento regional, 
com&shy;batendo a desertificação e a degradação ambiental".</DIV>
<DIV align=justify><BR>Pelo contrário, o que o PL 383/2007 proporciona são 
facilidades para a im&shy;plantação da silvicultura em larga esca&shy;la, em 
consonância com os interesses das grandes empresas de papel e celulose.</DIV>
<DIV align=justify><BR>As comunidades negras rurais e remanescentes de quilombos 
do Norte do Espírito Santo, região denominada Sapê do Norte, (Conceição da Barra 
e São Mateus), vêm sofrendo com o impacto causado pela monocultura do eucalipto 
desde que, há cerca de 40 anos, a Aracruz Celulose se estabeleceu na 
região.</DIV>
<DIV align=justify><BR>Antes da chegada da empresa, havia 2 mil comunidades, com 
10 mil famílias. Hoje restaram 35 comunidades, com cerca de 1.300 
famílias.</DIV>
<DIV align=justify><BR>Isso significa que, em 40 anos de presença da Aracruz, no 
norte do espírito santo, 1.965 comunidades desapareceram, 8.700 famílias.</DIV>
<DIV align=justify><BR>Alguém calculou este prejuízo e o massacre desses 
povos?</DIV>
<DIV align=justify><BR>Indígenas e quilombolas do norte do estado do ES venderam 
suas terras diante da promessa da empresa de oferecer trabalho e renda para 
todos, sem saber que isso não seria possível, já que a indústria é altamente 
mecanizada e necessitava, portanto, de mão-de-obra qualificada, o que 
praticamente inexiste nessa região onde a escolaridade da população é 
baixa.</DIV>
<DIV align=justify><BR>O despojo de seus territórios tradicionais também 
inviabilizou a agricultura de subsistência e a criação de animais. Os poucos que 
resistiram permaneceram ilhados pelos eucaliptos da empresa e hoje sobrevivem do 
plantio de mandioca para fazer farinha e da cana para produzir melado. Utilizam 
os restos de madeira do eucalipto para produzir carvão vegetal, além de outras 
pequenas produções, como frutas e verduras produzidos no próprio quintal de 
casa, onde resta o mínimo de terra produtiva que puderam conservar.</DIV>
<DIV align=justify><BR>Restaram-lhes os ofícios mais degradantes: carregar 
tonéis de herbicidas e agrotóxicos para serem aplicados nos cultivos de 
eucalipto, de modo a facilitar a colheita - já que essas substâncias extinguem 
qualquer outra forma de vida que não o eucalipto. Em média, são jogados cerca de 
250 mil litros de herbicidas por dia nas plantações de eucalipto.</DIV>
<DIV align=justify><BR>O problema se tornou tão grave que não há mais um córrego 
que não esteja contaminado nos municípios de Conceição da Barra e de São Mateus. 
Foram destruídas todas as formas de subsistência das populações locais: destruiu 
os rios, destruiu a mata atlântica, invadiu as terras produzindo o caos social e 
ambiental.</DIV>
<DIV align=justify><BR>Os pescadores não têm mais o que pescar; a água de uso 
doméstico está contaminada, adoecendo crianças e adultos, forçando uma população 
desempregada a comprar água mineral ou a se deslocar quilômetros de distância 
para buscar água potável. Tudo isso porque a Aracruz Celulose, na sua produção, 
consome uma quantidade diária de água que corresponde à mesma quantidade que uma 
cidade de dois e meio milhões de habitantes gasta por dia, e não paga nada por 
isso. E mais, para atender ao seu interesse econômico não respeita qualquer 
princípio ético, ambiental e social: represa rios, faz transposição da bacia do 
Rio Doce (Canal Caboclo Bernardo), inunda propriedades, inverte cursos de rios 
(Rio Gimuna). Assim produz um desastre ambiental incalculável e 
irreversível.</DIV>
<DIV align=justify><BR>Outro indício da devastação e do desequilíbrio ambiental 
causados pelo plantio de eucalipto é o assoreamento dos rios, hoje praticamente 
secos, uma vez que a espécie consome muita água. A falta d'água não aflinge só 
os animais, como também impede a produção de qualquer tipo de alimento. O 
amendoim cresce raquítico, o feijão não se desenvolve, o milho não nasce, 
deixando claro que a improdutividade da terra generalizou-se.</DIV>
<DIV align=justify><BR>Os quilombolas, portanto, não têm perspectiva de trabalho 
e nem de qualquer forma de rendimento ou sustento. Muitos migraram para os 
grandes centros, contribuindo para o agravamento do processo de favelização das 
cidades.</DIV>
<DIV align=justify><BR>Os moradores que ficam, sem encontrar saída para 
sobreviver vão até o lixo da Aracruz Celulose recolher as sobras de madeira que 
não têm nenhuma serventia para a empresa (a ponta das árvores), para fazer 
carvão vegetal. Algumas comunidades têm seus próprios fornos, outras pagam uma 
espécie de aluguel.</DIV>
<DIV align=justify><BR>Toda a degradação dos solos e rios, o que alegam 
estudiosos e os próprios quilombolas, principalmente os mais antigos, que 
acompanharam durante décadas todo o processo de mudanças sofridas na região, é 
que a culpa recai sobre a instalação da Aracruz Celulose, que levou à devastação 
de milhares de alqueires de Mata Atlântica. Com base em denúncias feitas por 
diversos grupos de ambientalistas, pesquisadores e do movimento rural, indígena 
e quilombola, foi aprovada a Lei nº 252/01, do Espírito Santo, que proíbe por 
tempo indeterminado o plantio de eucalipto em novas áreas até que seja feito um 
zoneamento agro-ecológico em todo o estado.</DIV>
<DIV align=justify><BR>Em função disso, a Aracruz desenvolveu novas estratégias 
para prosseguir com sua expansão, entre elas a implantação do Programa Produtor 
Florestal, em 1990, que consiste no arrendamento de terras de pequenos 
agricultores para que estes introduzam o eucalipto em suas propriedades.</DIV>
<DIV align=justify><BR>Neste Programa, o pequeno produtor recebe da Aracruz as 
mudas e tem a compra da madeira assegurada a um preço muito menor (25 vezes 
menor) que o de mercado. Dessa forma, a empresa, que confirma ter eucaliptos 
plantados em 3571 mil hectares por meio do Programa, se exime de 
responsabilidades pela agressão ao meio ambiente, que recaem sobre o pequeno 
produtor.</DIV>
<DIV align=justify><BR><BR><STRONG><U>Sugestões 
Bibliográficas</U></STRONG></DIV>
<DIV align=justify>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify>Etnoconservação, Antonio Carlos Diegues, Editora 
Hucitec,2001<BR>Racismo Ambiental – I Seminário Brasileiro contra o Racismo 
Ambiental – RJ: FASE,&nbsp; 2006 - (Organizadoras: Selene Herculano e Tânia 
Pacheco)<BR><BR><STRONG><U>Videoteca</U></STRONG><BR><BR>Luta Quilombola <BR>9 
min. | PAL | Little Sister Productions <BR>Nossa Terra, Nossa Luta <BR>33 min. | 
PAL | Little Sister Productions <BR>A Ligação do Carbono <BR>34 min. | PAL | 
Fenceline Films <BR>ROMPENDO O SILÊNCIO - (Brasil, 2006) <BR>FASE/ES, MMC e VIA 
CAMPESINA</DIV>
<DIV align=justify>
<HR>
</DIV>
<DIV align=center><FONT color=#000080 size=4><STRONG><EM>Correspondencia de 
Prensa - boletín informativo - red solidaria<BR>Ernesto Herrera (editor): 
</EM></STRONG></FONT><A href="mailto:germain5@chasque.net"><FONT color=#000080 
size=4><STRONG><EM>germain5@chasque.net</EM></STRONG></FONT></A></DIV>
<DIV align=justify>
<HR>
</DIV></FONT></BODY></HTML>