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<DIV align=center><STRONG><FONT size=4><FONT color=#800000><EM><U><FONT
size=5>correspondencia de prensa - boletín solidario</FONT></U></EM>
<BR><FONT color=#ff0000 size=6><U>Agenda Radical</U></FONT><BR>Edición
internacional del Colectivo Militante<BR><U>26 de enero 2008</U><BR>Redacción y
suscripciones:</FONT> </FONT></STRONG><A
href="mailto:germain5@chasque.net"><STRONG><FONT
size=4>germain5@chasque.net</FONT></STRONG></A><BR></DIV>
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<HR>
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<DIV align=justify><STRONG><FONT size=3>Brasil</FONT></STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial><STRONG></STRONG></FONT> </DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial><STRONG>Entrevista a Joao Batista de
Oliveira</STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial><STRONG></STRONG></FONT> </DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial><STRONG>Segundo dirigente do MST, objetivo
das empresas é produzir commodities valorizadas no mercado
internacional</STRONG></FONT></DIV>
<DIV><FONT face=Arial><STRONG></STRONG></FONT> </DIV>
<DIV><FONT face=Arial size=2><STRONG><FONT size=3>A política de reforma agrária
do governo Lula foi insignificante em comparação à ofensiva do capital na compra
de terras e sobre o controle da produção agrícola no país</FONT></STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR><STRONG>Brasil de Fato</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><A
href="http://www.brasildefato.com.br/"><STRONG>http://www.brasildefato.com.br/</STRONG></A></DIV>
<DIV align=justify><BR><BR></FONT><FONT face=Arial size=2>“As grandes empresas
não querem produzir alimentos, querem produzir lucro. Apenas 50 transnacionais
controlam toda a produção agrícola no mundo”. A afirmação é de José Batista de
Oliveira, integrante da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra (MST). De acordo com Oliveira, o problema dos preços dos
alimentos, em alta no mundo inteiro, está ligado à especulação e à utilização de
parte da terra para produzir etanol: “Por isso, essas grandes empresas, em sua
maioria multinacionais, não têm como objetivo alimentar o mundo, mas produzir
commodities valorizadas no mercado internacional”, afirma o dirigente do
MST.<BR><BR>O movimento critica também o modelo agroexportador, implantado no
Brasil pelos últimos governos: “O agronegócio é a parceria entre latifúndio,
empresas transnacionais da agricultura e o mercado financeiro, que subordina o
uso das terras e os recursos naturais brasileiros às necessidades das grandes
empresas e à especulação. Se a demanda se mantiver alta, as empresas e os
investidores estrangeiros vão seguir comprando fazendas no país, comprometendo a
capacidade de produção das nossas terras, exaurindo nossos recursos naturais com
práticas técnicas que comprometem o futuro da natureza com a imposição da
monocultura, que destrói a biodiversidade e expulsa mão-de-obra do
campo”.<BR><BR><STRONG>Os preços dos alimentos estão subindo apenas pelo aumento
da demanda?</STRONG><BR><BR>José Batista de Oliveira – Não tem nada a ver com a
demanda. O preço dos alimentos está subindo por causa do aumento da taxa de
lucro média na agricultura na venda de produtos específicos valori-zados no
mercado internacional, como o etanol. Ao subir o lucro médio, todos os
produtores agrícolas têm três opções: migrar para a produção de cana e óleo
vegetal, aumentar o preço da sua produção ou desaparece. Por isso, Fidel Castro
(presidente de Cuba) denunciou, com razão, que o estímulo da produção de etanol
no Terceiro Mundo aumentaria o preço dos alimentos, não apenas pela diminuição
de área plantada ou pela concorrência. Na agricultura, a taxa média de lucro
vale para todos os produtos, diferentemente da indústria, na qual a taxa média é
dada por ramo de produção.<BR><BR>As multinacionais podem estar especulando com
o preço dos alimentos ou usando o argumento da inflação com outros objetivos
para forçarem os países em desenvolvimento a adotarem políticas econômicas
exclusivamente de combate à inflação, em detrimento do crescimento da
economia?<BR><BR>As empresas transnacionais controlam toda a produção das
principais commodities e controlam o comércio mundial. Em cada ramo, temos, no
máximo, dez empresas que controlam produção, processamento e comércio. Portanto,
hoje o preço de cada mercadoria internacionalizada é objeto de especulação. Não
tem mais uma relação direta do preço com o custo de produção, que é apenas uma
referência. A manipulação maior dessas empresas sobre a produção nacional e
comércio internacional é um instrumento para alcançar seus lucros. A influência
desse setor sobre a política econômica do governo Lula é por meio do Banco
Central, que monitora as taxas de juros e câmbio.<BR><BR><STRONG>Que empresas
controlam o comércio de commodities da alimentação?</STRONG><BR><BR>O preço e o
comércio de soja e das commodities agrícolas em geral são manipulados por
conglomerados estrangeiros, como a estadunidense Cargill, a holandesa Bunge, a
americana-canadense ADM, a suíça Syngenta, a estadunidense Monsanto, e a
francesa Dryfuss. Na área de laticínios, o mercado é manipulado por apenas três:
a suíça Nestlé, a italiana Parmalat e a francesa Danone. Na área de venenos e
remédios, também são poucas empresas, como a alemã Bayer, a suíça Syngenta, a
alemã Basf e a suíça Norvar-tis.<BR><BR><STRONG>Qual a relação destas últimas
com o comércio de alimentos geneticamente modificados (AGM), conhecidos como
transgênicos?</STRONG><BR><BR>Essas empresas querem impor os transgênicos, por
meio do qual passam a ter controle absoluto dos agricultores e da taxa de lucro
do comércio internacional. Imagine que essas empresas têm a petulância de impor
sementes transgênicas modificadas geneticamente para que o agricultor compre um
específico produto agrotóxico que vendem. E, além disso, cobram royalties dos
agricultores por apenas usarem as sementes deles, que registraram como
propriedade privada intelectual.<BR><BR><STRONG>Como assim?</STRONG><BR><BR>São
os próprios agricultores que produzem as sementes, mas por reproduzirem a soja
transgênica da Monsanto, que nem produz tanta semente, precisam pagar royalties
todos os anos.<BR><BR><STRONG>Até que ponto a produção convencional pode ser
aumentada para fazer frente à demanda crescente por alimentos no
mundo?</STRONG><BR><BR>As grandes empresas não querem produzir alimentos, querem
produzir lucro. Cerca de 50 empresas transnacionais controlam toda a produção
agrícola no mundo. Aqui no Brasil, cerca de 50 empresas controlam quase todo o
comércio agrícola nacional, sendo 30 transnacionais e 20 brasileiras. Por isso,
elas não têm como objetivo alimentar o mundo, mas produzir commodities
valorizadas no mercado internacional.<BR><BR><STRONG>O Brasil lucra com o
agronegócio?</STRONG><BR><BR>O agronegócio é a parceria entre o latifúndio, as
empresas transnacionais da agricultura e o mercado financeiro, que subordina o
uso das terras e os recursos naturais brasileiros às necessidades das grandes
empresas e à especulação. Se a demanda se mantiver alta, as empresas e
investidores estrangeiros vão seguir comprando fazendas no país, comprometendo a
capacidade de produção das nossas terras, exaurindo nossos recursos naturais com
práticas técnicas que comprometem o futuro da natureza, com a imposi-ção da
monocultura, que destrói a biodiversidade e expulsa mão-de-obra do campo. Isso é
um perigo para nossa soberania nacional, pois os estrangeiros obedecem a
interesses de fora e não têm qualquer compromisso com a preservação do meio
ambiente, nos explorando ao máximo para depois irem embora com seus
lucros.<BR><BR><STRONG>Qual o papel da agricultura familiar nesse
contexto?</STRONG><BR><BR>Os agricultores familiares passam por uma crise de
falta de mercado e de contenção de preços. A população não tem renda para
aumentar o consumo de queijo, pão, leite, iogurte, carnes e embutidos produzidos
por essa faixa. A pequena agricultura não consegue avançar sem um projeto de
desenvolvimento nacional que tenha como centro o fortalecimento do mercado
interno, a distribuição de renda, a indústria nacional para sustentar a geração
de emprego e a renda para o povo. Precisamos de um novo modelo agrícola baseado
na pequena e na média propriedade, na prioridade à produção de alimentos para o
mercado interno, na criação de uma nova matriz produtiva no campo, na adoção de
técnicas de produção que respeitem o ambiente, sem
agrotóxicos.<BR><BR><STRONG>Se realmente a demanda está crescendo mais que a
produção, os transgênicos passam a ser uma boa opção?</STRONG><BR><BR>Não. Os
transgênicos não são simplesmente organismos geneticamente modificados, mas
produtos criados em laboratórios que colocam a agricultura nas mãos do mundo
financeiro e industrial. Não estamos mais diante da agricultura tradicional, mas
de grupos que lançam mãos de transgênicos para controlar as sementes e impor o
uso de insumos e venenos que produzem. Os transgênicos passam para as
transnacionais o papel dos camponeses e povos originários de fazer o
melhoramento das sementes e cultiva-res. Além disso, não existem estudos que
comprovem que esses produtos não causam problemas à saúde.<BR><BR><STRONG>Como o
movimento avalia a política do governo com relação à reforma agrária em
2007?</STRONG><BR><BR>A política de reforma agrária do governo Lula foi
insignificante em comparação à ofensiva do capital na compra de terras e sobre o
controle da produção agrícola no país. Os número divulgados neste ano confirmam
a nossa avaliação de que a Reforma Agrária deixou de ser uma prioridade do
governo Lula, que fez uma opção pela monocultura para exportação do agronegócio,
que concentra terra e destrói o ambiente, beneficiando somente empresas
estrangeiras e latifundiários. O governo está em dívida com os 150 mil
trabalhadores rurais do movimento acampados em todo o país e precisa honrar os
seus compromissos históricos com a Reforma Agrária e com o combate à pobreza no
campo.<BR><BR><STRONG>Se por um lado os números mostram 2007 como o pior ano da
gestão Lula, de outro, o MDA afirma que 2007 foi o ano que mais se investiu em
qualidade da reforma agrária nos últimos 10 anos. O argumento do MDA
procede?</STRONG><BR><BR>O aumento dos investimentos do ministério é importante,
mas a Reforma Agrária depende antes de tudo de vontade política e coragem para
enfrentar o agronegócio e mudar a política econômica, que beneficia por meio de
empréstimos do Banco do Brasil e do BNDES as empresas transnacionais. O governo
precisa criar coragem e cumprir a Constituição, que determina que áreas que
desrespeitam a legislação trabalhista e ambiental, como fazem os produtores de
cana, seja desapropriada e destinada para a Reforma Agrária. A compra e retomada
de áreas públicas griladas deve continuar, mas o eixo de uma política fundiária
que reverta a concentração de terras no páis é a
desapropriação.<BR><BR><STRONG>Esses recursos do MDA foram aplicados num modelo
de reforma agrária que agrada ao movimento? Se não, quais são as principais
críticas ao modelo?</STRONG><BR><BR>O problema não é a forma como o ministério
está investindo seus recursos, mas o papel que o governo reserva para o campo e
para a agricultura. Em 2007, o governo federal pagou R$ 160,3 bilhões em juros,
quatro vezes mais de tudo o que gastou no social e correspondente a 6,3% do PIB
(Produto Interno Bruto), passando o dinheiro pago em impostos por toda a
sociedade para o mercado financeiro e para especuladores, que investem
justamente nas empresas transnacionais da agricultura. O ministro Cassel ignora
essa brutal transferência de renda para as empresas do agronegócio quando
comemora o investimento realizado no ano passado.<BR><BR><STRONG>Qual deve ser a
postura do MST frente à lentidão do governo na reforma
agrária?</STRONG><BR><BR>O MST e todos os movimentos da Via Campesina do Brasil,
vão seguir fazendo luta, com ocupações de terras e protestos para denunciar a
destruição ambiental e a concentração de terra pelo avanço do agronegócio. Em
2007, fizemos grandes mobilizações. Vamos seguir no trabalho de conscientização
da população e alertar para esse perigo de desnacionalização de nossa
agricultura. Infelizmente, nós não conseguimos avançar na resolução dos
problemas concretos da classe trabalhadora. Nós esperamos que as mobilizações
para o ano que vem aumentem e que essas mobilizações conscientizem o próprio
governo Lula.</DIV>
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<HR>
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<DIV align=center><STRONG><FONT color=#800000 size=3><FONT
size=4>Correspondencia de Prensa - Agenda Radical - Boletín
Solidario</FONT><BR>Ernesto Herrera (editor): </FONT></STRONG><A
href="mailto:germain5@chasque.net"><STRONG><FONT color=#0000ff
size=3>germain5@chasque.net</FONT></STRONG></A><BR><STRONG><FONT size=3><FONT
color=#800000>Edición internacional del Colectivo Militante - Por la Unidad de
los Revolucionarios<BR>Gaboto 1305 - Teléfono (5982) 4003298 - Montevideo -
Uruguay</FONT><BR></FONT></STRONG><A
href="mailto:Agendaradical@egrupos.net"><STRONG><FONT
size=3>Agendaradical@egrupos.net</FONT></STRONG></A></DIV>
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