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<HR>
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<DIV align=center><STRONG><FONT size=4><FONT color=#800000><EM><U><FONT 
size=5>correspondencia de prensa - boletín solidario</FONT></U></EM>&nbsp; 
<BR><FONT color=#ff0000 size=6>Agenda Radical</FONT><BR>Edición internacional 
del Colectivo Militante<BR><U>4 de febrero 2008</U><BR>Redacción y 
suscripciones:</FONT> </FONT></STRONG><A 
href="mailto:germain5@chasque.net"><STRONG><FONT 
size=4>germain5@chasque.net</FONT></STRONG></A><BR></DIV>
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<HR>
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<DIV align=justify>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><STRONG><FONT size=3>Brasil</FONT></STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial><STRONG></STRONG></FONT>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial><STRONG>Aliança do governo com o agronegócio 
impulsiona desmatamento&nbsp;&nbsp;&nbsp; <BR></STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial><STRONG></STRONG></FONT>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><STRONG><FONT face=Arial size=2><FONT size=3>Joao Alfredo 
Telles Melo *</FONT><BR><BR><BR></FONT><FONT face=Arial size=2>Correio da 
Cidadania, 31-1-2008</FONT></STRONG></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2><A 
href="http://www.correiocidadania.com.br/"><STRONG>http://www.correiocidadania.com.br/</STRONG></A></FONT></DIV><FONT 
face=Arial size=2>
<DIV align=justify><BR>&nbsp;<BR>A notícia do recrudescimento do desmate na 
Amazônia vem em pior hora para o governo federal, que vinha comemorando, desde o 
ano passado, a redução, pelo terceiro ano seguido, do índice de desmatamento, 
pois este havia chegado a um dos menores números – embora ainda extremamente 
elevado – desde que se começou a medição por satélite: 11.224 km², para o 
período 2006/2007. <BR>&nbsp; <BR>O alerta dessa retomada já vinha sendo feito 
desde meados do segundo semestre de 2007. No dia 23 de setembro, o jornal “O 
Globo” estampava: “Devastação da Amazônia volta a crescer: queimadas em áreas de 
floresta sobem 30% este ano em relação a 2006 e serrarias operam a todo vapor” 
(Rodrigo Taves). Em 16 de outubro, era a vez do “Estado de São Paulo” denunciar, 
a partir de dados do Sistema de Alerta do Desmatamento (SAD), operado pelas Ongs 
Imazon e ICV: “Desmatamento volta a crescer e faz governo rever plano para 
Amazônia”. Ali, informa-se que a devastação no estado de Mato Grosso (ao lado do 
Pará e de Rondônia, os campeões de desflorestamento) “saltou 107% na comparação 
de junho/setembro com o mesmo período de 2006” (Cristina Amorim). <BR>&nbsp; 
<BR>A própria ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, reconheceu, agora,&nbsp; 
que “já é possível dizer que o aumento do preço da soja, o avanço do gado na 
Amazônia e a derrubada de árvores para as siderúrgicas de ferro-gusa são as 
causas principais do desmatamento. Seus assessores lembraram que a derrubada da 
floresta aconteceu principalmente em Mato Grosso, Rondônia e no Pará, estados 
onde esses setores da economia têm avançado muito nos últimos anos” (O Estado de 
São Paulo, 24.01.2008). <BR>&nbsp; <BR><STRONG>O que evitou o desmatamento de 
2004 a 2007?</STRONG> <BR>&nbsp; <BR>A questão da variação do preço das 
commodities agrícolas já vinha sendo apontada pelas Ongs como uma das causas – 
embora o governo à época não quisesse admitir – da queda do desmatamento a 
partir de agosto de 2004 (após o pico de 26.130 km2, verificado entre agosto de 
2003 e agosto de 2004). Na publicação “Faltou Ação ao Plano de Ação”, o 
Greenpeace apontava, dentre os fatores que tinham contribuído para a queda dos 
índices, o “momento desfavorável para as commodities agrícolas brasileiras no 
mercado internacional. O otimismo dos produtores que estimulou o forte 
desmatamento do período 2003/2204 foi abalado pela redução dos preços da soja e 
pela sobrevalorização do Real em relação ao dólar. O faturamento do setor de 
grãos em geral no país – US$ 47 bilhões na safra 2004/2005 – caiu US$ 13 bilhões 
em relação à safra anterior” (Greenpeace,&nbsp; 2005, pág. 7). <BR>&nbsp; 
<BR>Evidentemente, não se pode desconhecer que ações do governo contribuíram, 
também, para a queda que se verificou de 2004 a 2007. Assim, a criação de 
grandes áreas protegidas; a realização de grandes operações conjuntas do Ibama 
com a Polícia Federal, que levaram à apreensão de madeira ilegal e à prisão de 
servidores públicos corruptos, além de madeireiros e lobistas; dentre outras 
medidas impactantes – algumas delas desencadeadas após o assassinato da Irmã 
Dorothy, em fevereiro de 2005 -, devem ser reconhecidas como medidas importantes 
no combate ao desmate, à grilagem e à violência na região amazônica. <BR>&nbsp; 
<BR>No entanto, a retomada vigorosa do desflorestamento mostra que nem a 
presença de Marina Silva no comando da pasta do Meio Ambiente do governo 
brasileiro é suficiente para dar conta do desafio que é uma política efetiva 
para a questão do combate ao aquecimento global. Símbolo da luta ambiental, a 
ponto de, recentemente, ter sido citada pelo jornal britânico “The Guardian” 
como uma das 50 personalidades que podem ajudar a salvar o planeta, Marina – que 
tem uma histórica política e pessoal de superação emblemática – é herdeira de 
outro ícone da luta sócio-ambiental brasileira, o seringueiro, como ela, Chico 
Mendes, assassinado, no século passado, por sua luta em defesa da floresta. 
<BR>&nbsp; <BR>A questão é outra. Ou, para usar um conceito que a própria 
ministra gosta de utilizar, falta “transversalidade ambiental” nas ações do 
governo, como um todo, voltadas para o binômio meio ambiente/desenvolvimento, 
vis a vis a questão das mudanças climáticas. Basta que se diga que enquanto 
Marina responsabilizava o gado e a soja pela devastação, outro ministro do 
governo Lula, Reinold Stephanes, da Agricultura, fazia a defesa enfática do 
agronegócio. Abra-se, aqui, parêntesis para aludir que esse integrante do 
governo defende o plantio de cana para o etanol na Amazônia e sua pasta é 
responsável por todas as políticas do setor que tem sido responsabilizado pela 
degradação da floresta (em outro enfrentamento com o titular anterior da mesma 
pasta de agricultura, Roberto Rodrigues, Marina foi derrotada com a introdução 
das plantas transgênicas no país). <BR>&nbsp; <BR><STRONG>A aliança do governo 
com o agronegócio</STRONG> <BR>&nbsp; <BR>A aliança social e política celebrada 
pelo governo com o agronegócio, que tem, no parlamento brasileiro, como seu 
representante, a bancada ruralista, é fundamental para o modelo econômico 
adotado e para a chamada “governabilidade”. Na economia, a exportação de 
produtos oriundos da agricultura e da pecuária tem um peso importante para o 
equilíbrio da balança comercial.&nbsp; No Congresso, a presença na base de 
sustentação do governo confere à bancada ruralista posição privilegiada na 
concessão de favores e privilégios – quase sempre traduzidos, além de cargos na 
estrutura de governo, em generosos abatimentos em suas dívidas agrícolas junto 
às instituições financeiras oficiais – para garantir a aprovação de matérias 
legislativa de interesse do Executivo. <BR>&nbsp; <BR>É essa aliança que, com um 
falso discurso “verde”, incentiva a monocultura da cana-de-açúcar para a 
produção do etanol combustível, que tem se mostrado insustentável, tanto do 
ponto de vista social – pela superexploração dos cortadores de cana e pela 
substituição de culturas de subsistência –, como ambiental, já que sua expansão, 
além de empurrar a soja e o gado ainda mais para dentro da floresta, é 
responsável pela degradação de outro grande bioma brasileiro, o Cerrado, que é a 
savana com maior biodiversidade do planeta. <BR>&nbsp; <BR>Estudo do Instituto 
Sociedade, População e Natureza (ISPN) concluiu que “importantes áreas para a 
conservação e uso sustentável da biodiversidade do Cerrado que deveriam ser 
protegidas estão sendo tomadas pelas lavouras de cana-de-açúcar para produção de 
etanol. Isso significa que pode haver comprometimento dos recursos naturais, das 
populações rurais e da segurança alimentar na região”. Ali se denuncia que o 
Cerrado, que abrange cerca de dois milhões de quilômetros quadrados, já perdeu 
metade de sua cobertura vegetal, estando as causas do desmatamento “relacionadas 
à agricultura e pecuária praticadas inclusive sobre áreas que deveriam estar sob 
proteção e que são a base do estudo do ISPN”. Segundo Nilo Dávila, assessor de 
políticas públicas da entidade, “apesar de não haver monitoramento oficial, 
estima-se que o desmatamento na região gire em torno de 1,1% ao ano, o que 
equivale à destruição de cerca de 22 mil Km2 por ano, sendo maior que o desmate 
na Amazônia” (<A 
href="http://www.ispn.org.br"><STRONG>www.ispn.org.br</STRONG></A>). <BR>&nbsp; 
<BR>É essa sólida aliança governo Lula com o capital agropastoril que explica o 
fato de que um dos maiores beneficiários do chamado Plano de Aceleração do 
Crescimento (conjunto de ações, políticas, empreendimentos, que formam o 
carro-chefe da política desenvolvimentista do governo brasileiro), na atilada 
análise de Gerson Teixeira, seja “o agronegócio exportador, em particular, na 
sua trajetória expansiva na fronteira Norte” (“O Programa de Aceleração do 
Crescimento e o Meio Ambiente”, mimeo, 2007, pág. 7). Ali, Teixeira constata 
que, para “pavimentar, de vez, a expansão do agronegócio na Amazônia, o PAC 
prevê investimentos de peso no binômio ‘energia e asfalto’, afora em hidrovias, 
que, entre outros efeitos, romperão as principais barreiras para essa atividade 
naquela região e da sua transformação em via de acesso a mercados internacionais 
de produtos de outras regiões” (idem, ibidem). <BR>&nbsp; <BR><STRONG>Uma no 
cravo outra na ferradura</STRONG> <BR>&nbsp; <BR>Ou seja, o mesmo governo que 
anuncia medidas duras de combate ao desflorestamento, como o recente Decreto 
6321/2007 – que “dispõe sobre ações relativas à prevenção, monitoramento e 
controle do desmatamento no Bioma Amazônia” –, realiza pesados investimentos 
públicos em infra-estrutura (rodovias, hidrovias, energia) que poderão fazer da 
Amazônia, segundo ainda a percuciente análise de Teixeira, não apenas a grande 
fronteira da energia elétrica, mas, também, “a última fronteira do agronegócio 
brasileiro” (idem, pág. 8). <BR>&nbsp; <BR>Isso para não falar nas linhas de 
financiamento, a juros subsidiados, do Banco da Amazônia, do PRONAF e do FNO, 
para a pecuária, conforme já noticiado pela imprensa, a partir do estudo 
realizado pelos Amigos da Terra – Amazônia, onde se constatou que é, naquela 
região, que se encontra, hoje, 94% do crescimento do número de cabeças 
registrado no país entre 2003 e 2006. Das 10.334.668 novas cabeças de gado 
registradas no Brasil pelo IBGE, no período considerado, 9.680.511 estavam na 
Amazônia Legal (<A 
href="http://www.amazonia.org.br"><STRONG>www.amazonia.org.br</STRONG></A>: “O 
Reino do Gado. Uma nova fase na pecuarização da Amazônia”). <BR>&nbsp; <BR>Além 
desses impactos sobre a fauna e a flora, o próprio governo reconhece, segundo 
informações do Conselho Indigenista Missionário, que 201 empreendimentos do PAC 
interferem em terras indígenas, dessas, 21 com povos isolados. Dentre essas 
obras, encontram-se as barragens de Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira (RO), 
que vai impactar grupos de índios isolados que vivem na região; a hidrelétrica 
de Belo Monte, no rio Xingu (PA), que atinge terras dos povos Arara, Xincrin e 
Juruna; a hidrelétrica de Estreito, no rio Tocantins, que traz impactos sobre as 
terras indígenas Avá Canoeiro, Kraolândia, Filni-ô, Xerente, Apinayé, Krikati e 
Mãe Maria; a finalização da BR-156 no Amapá, que corta 40 km de terra dos povos 
Galibi-Marworno, Palikur e Karipuna; a finalização da BR – 242, no Tocantins, 
que atinge os povos da Ilha do Bananal: Avá Canoeiro, Javaé, Karajá e Cara 
Preta. Em nenhum momento, até agora, houve qualquer consulta prévia a esses 
povos, o que denota o profundo desrespeito com o direito dos povos indígenas. 
<BR>&nbsp; <BR><STRONG>A insustentabilidade da ‘política de desenvolvimento’ do 
governo</STRONG> <BR>&nbsp; <BR>A comprovação maior de que não há política 
ambiental integrada transversalmente com os outros setores do governo é, 
exatamente, esse Plano de Aceleração de Crescimento, que, efetivamente, é o nome 
do projeto de desenvolvimento para o segundo mandato do presidente Lula. Ali, 
estão previstas, além do que acima foi listado, outras ações que atentam contra 
o meio ambiente e o clima do planeta, tais como a construção de 77 usinas 
termoelétricas (a maioria a carvão e a óleo), a retomada do programa nuclear 
brasileiro, a transposição do rio São Francisco, a construção das já referidas 
usinas hidrelétricas do Rio Madeira (cujo parecer inicial do órgão de meio 
ambiente era contrário, pelos impactos sócio-ambientais causados), o incentivo à 
siderurgia (com a desoneração do Impostos sobre Produtos Industrializados – IPI 
- para o aço) etc. <BR>&nbsp; <BR>Portanto, a insustentabilidade da política de 
desenvolvimento do governo brasileiro não se encontra somente na Amazônia – onde 
o PAC incentiva a continuidade do desmate da floresta –, mas, também, nos outros 
setores – energia, indústria, transportes - causadores da emissão de gases do 
efeito-estufa. De nada adianta a elaboração, por um ou dois ministérios, apenas, 
de um plano de enfrentamento às mudanças climáticas – em seus aspectos de 
prevenção, mitigação e adaptação –, se, no centro das políticas públicas levadas 
a cabo ou estimuladas pelo governo - com investimentos, créditos, incentivos 
fiscais e subsídios -, se encontra a ideologia do crescimento a qualquer custo, 
onde a economia se sobrepõe ao social e ao ecológico, onde o governo se rende à 
lógica do mercado, onde as políticas ambientais ainda estão – e como estão! – à 
margem dos grandes processos decisórios.&nbsp;<BR>&nbsp;<BR></DIV>
<DIV align=justify>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify>* João Alfredo Telles Melo é advogado, professor de Direito 
Ambiental, ex-deputado federal e consultor de políticas públicas do Greenpeace. 
</DIV>
<DIV align=justify>
<HR>
</DIV>
<DIV align=center><STRONG><FONT size=3><FONT color=#800000><FONT 
size=4>Correspondencia de Prensa - Agenda Radical - Boletín 
Solidario</FONT><BR>Ernesto Herrera (editor): </FONT></FONT></STRONG><A 
href="mailto:germain5@chasque.net"><STRONG><FONT color=#0000ff 
size=3>germain5@chasque.net</FONT></STRONG></A><BR><STRONG><FONT size=3><FONT 
color=#800000>Edición internacional del Colectivo Militante - Por la Unidad de 
los Revolucionarios<BR>Gaboto 1305 - Teléfono (5982) 4003298 - Montevideo - 
Uruguay</FONT><BR></FONT></STRONG><A 
href="mailto:Agendaradical@egrupos.net"><STRONG><FONT 
size=3>Agendaradical@egrupos.net</FONT></STRONG></A></DIV>
<DIV align=justify>
<HR>
</DIV></FONT></BODY></HTML>