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<DIV align=center><STRONG><FONT size=4><FONT color=#800000><EM><U><FONT
size=5>correspondencia de prensa - boletín solidario</FONT></U></EM>
<BR><FONT color=#ff0000 size=6>Agenda Radical</FONT><BR>Edición internacional
del Colectivo Militante<BR><U>1º de marzo 2008</U><BR>Redacción y
suscripciones:</FONT> </FONT></STRONG><A
href="mailto:germain5@chasque.net"><STRONG><FONT
size=4>germain5@chasque.net</FONT></STRONG></A></DIV>
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<HR>
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<DIV align=justify><STRONG><FONT size=3>Brasil</FONT></STRONG></DIV>
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<DIV align=justify><STRONG><FONT size=3>Entrevista a Reinaldo
Gonçalves</FONT></STRONG></DIV>
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<DIV align=justify><STRONG><FONT size=3>Reservas externas são mito face à
liberalização cambial e financeira</FONT></STRONG> <BR></DIV>
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<DIV align=justify><STRONG>Gabriel Brito </STRONG></DIV>
<DIV align=justify><STRONG>Correio da Cidadania</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><STRONG><A
href="http://www.correiocidadania.com.br/">http://www.correiocidadania.com.br/</A></STRONG></DIV>
<DIV align=justify><STRONG></STRONG><BR><BR>Em entrevista ao Correio da
Cidadania, o economista e professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de
Janeiro) Reinaldo Gonçalves criticou abertamente as posturas do governo
brasileiro diante da crise, rebateu a tese de não existir mais dívida externa e
mostrou-se preocupado com o futuro do país a curto prazo. <BR> <BR>Também
professor da UFRJ, Reinaldo explicou por que o Brasil deverá estar sob forte
dependência dos EUA, ainda que indireta, o que já deixaria o país atado às
conseqüências da crise internacional da mesma forma que os demais.
<BR> <BR>De acordo com ele, as atuais política e estratégia econômicas do
governo Lula favorecem ao mesmo grupo de sempre, enquanto que a classe
trabalhadora sofreria as conseqüências mais dolorosas dessa nova recessão que se
avizinha. "Os banqueiros, os exportadores e o agronegócio continuarão se
beneficiando desse governo retrógrado", afirmou, não sem antes desqualificar os
argumentos de segurança financeira, supostamente garantida por nossas reservas
internacionais. <BR> <BR>Sem ser apocalíptico, mas sem se distanciar da
realidade das decisões governamentais, Reinaldo acredita e enumera soluções que
poderiam desvincular o Brasil da recessão mundial, porém não as vê palpáveis no
cenário atual. Algo compreensível em quem enxerga no presidente Lula alguém que
apenas dá prosseguimento às mesmas políticas econômicas da gestão anterior.
<BR> <BR><STRONG>Correio da Cidadania: O Brasil diz agora que não existe
dívida externa. Porém, temos a interna. Como o senhor vê isso?</STRONG>
<BR> <BR>Reinaldo Gonçalves: Primeiro lugar: o Brasil tem um alto grau de
vulnerabilidade externa, sua capacidade de resistir a pressões, fatores de
desestabilização, continua muito limitada. O país tem um dos maiores riscos do
mundo. Os indicadores disso, o chamado ‘spread’, aumentaram muito nos últimos
meses. Esse é um aspecto importante. Segundo aspecto importante é que o Brasil
do ano passado teve uma regressão das contas externas, dos fluxos; nós tínhamos
um superávit e nesse ano vamos ter um déficit, ou seja, estamos dependendo cada
vez mais dos fundos de capitais internacionais. Terceiro lugar: nossa balança
comercial apresentou um resultado de 40 bilhões de reais no ano passado. Para
esse ano há uma projeção de queda. A tendência é que ao longo dos próximos anos
a situação se fragilize. Todo mundo sabe disso. Quando nós olhamos pelo ponto de
vista dos capitais, o Brasil, com a taxa de juros muito alta, é cada vez mais o
foco para o capital especulativo de curto prazo. Isso faz com que o Brasil fique
muito sujeito a ataques não só no mercado de capitais, na bolsa de valores, mas
também nas aplicações. <BR> <BR>O que o governo tem defendido são dois
argumentos equivocados. O primeiro tem a ver com a questão das exportações para
os Estados Unidos. O argumento é que dependemos menos do mercado americano do
que em anos atrás. Na verdade, caiu de cerca de 22% a participação dos EUA em
nossas exportações para cerca de 17%. Esse argumento é equivocado por uma razão
muito óbvia, muito banal: há outros países mais importantes para a gente, que é
o caso do México, do Chile, da China. Qual é o problema? Esses países são
altamente dependentes dos EUA, em alguns inclusive a dependência aumentou .
Então, indiretamente, nós continuamos muito dependentes dos Estados Unidos. Nós
exportamos menos para eles, mas exportamos mais para a China, que exporta para
os EUA. Na verdade, a China depende dos EUA, e aí, como nós dependemos demais da
China, passamos também a depender mais dos EUA. Então o Brasil, que era um vagão
de segunda classe, virou um vagão de terceira classe. Outro aspecto importante,
ainda nessa dependência aos EUA: o grau de abertura da economia aumentou. Para
girarmos 100 reais da renda, dependemos mais do mundo que cinco anos atrás. Por
causa disso, coisas que acontecem no mundo acabam afetando mais a renda, o
emprego, o investimento no país. O argumento dessa blindagem brasileira, olhando
nossa relação com os EUA, não é, portanto, verdadeiro, é equivocado por uma
questão simplesmente de olhar os efeitos diretos e indiretos com relação aos
Estados Unidos. <BR> <BR>Segundo argumento que tem sido usado é o de que
nossas reservas internacionais são equivalentes à dívida externa. Isso é um erro
grosseiro, por uma razão muito simples: o que é nossa dívida externa? É toda a
renda que nós temos, os brasileiros, e que está denominada em dólar. O Banco
Central argumenta que temos reservas hoje de 190 bilhões de dólares e uma dívida
externa de 190 bilhões de dólares. E com isso você paga a dívida externa e ela
fica zerada. Só que esse é um erro muito grosseiro, porque na realidade qualquer
pessoa no Brasil, seja brasileiro ou estrangeiro, que não tem nenhuma dívida
externa, pode ganhar na mega-sena, pegar seu dinheiro, vender o apartamento,
carro, sua empresa, pode tirar dinheiro do seu fundo de renda fixa, vender
ações... Pode pegar esse dinheiro, converter, comprar dólar e mandar para fora.
Isso significa o seguinte: num país que tem a liberalização cambial e financeira
que o Brasil tem, as reservas internacionais não significam necessariamente uma
blindagem para esse sistema, porque qualquer residente no país pode converter
real, ação monetária, em dólar e mandar para fora. Ou seja, a dívida vai ficar
exatamente a mesma coisa e as reservas internacionais, em poucas semanas, vão a
zero, simplesmente porque pessoas que têm aplicação no fundo de renda fixa,
ações, vendem, convertem isso em dólar e mandam para fora. É simples assim.
Então, esse argumento é tecnicamente tolo, nenhum economista não adestrado diria
que essa proteção elimina o problema da dívida externa. Pelo contrário, a dívida
externa continua como um problema gravíssimo para o Brasil.
<BR> <BR><STRONG>CC: E qual a profundidade e durabilidade da crise
internacional em sua opinião?</STRONG> <BR> <BR>RG: O consenso é de que há
uma incerteza muito grande. Ela pode constituir um cenário com ‘cheiro de 29 no
ar’, ou seja, uma recessão muito profunda; ou, numa visão mais otimista, uma
crise profunda, onde as políticas monetária e fiscal do governo americano serão
suficientemente eficientes a ponto de frearem a recessão dos EUA; ou mesmo não
haver uma depressão e sim uma recessão moderada. Independentemente de uma ação
mais realista, pessimista ou otimista, o fato é que há um consenso de que o
mundo em 2008 não será tão favorável ao Brasil quanto foi em 2007, 2006, 2005,
2004. Ou seja, o futuro previsível desse 2008-09 será bem menos favorável, na
melhor das hipóteses, havendo a possibilidade de ser um quadro muito
desfavorável. <BR> <BR><STRONG>CC: E o Brasil não está mesmo preparado para
essa crise, a blindagem parece ser frágil.</STRONG> <BR> <BR>RG: Eu vejo
que a blindagem do Brasil é de papel crepom, ou seja, é uma blindagem muito
frágil, porque o Brasil tem uma abertura financeira e uma liberalização cambial
que deixam o país extraordinariamente vulnerável frente à conjuntura
internacional. Então, como uma crise hoje pode ser muito mais profunda do que a
crise de 2002, 2001, o Brasil de fato tem uma blindagem de papel crepom. Eu acho
que o fato de não terem se alterado os pilares da economia brasileira deixa o
país muito vulnerável. O argumento tolo que o Brasil fundamenta hoje é o mesmo
de 2002, 2001, 1999, 1998, 1997, 1995... Os fundamentos estavam corretos, mas o
Brasil entrou em crise cambial. Portanto, os fundamentos não estão corretos; o
Brasil continua com problemas fiscais, monetários, problemas do lado real
gravíssimos. E a vulnerabilidade continua. Ou seja, o Brasil não está blindado.
Se vier uma tempestade séria, uma crise internacional mais forte, o Brasil vai
ficar nu, vai ter uma crise econômica grave. <BR> <BR><STRONG>CC: E,
levando-se em conta esse cenário, o discurso do governo em relação ao tema
parece ser um falso discurso.</STRONG> <BR> <BR>RG: O governo Lula está
fazendo o mesmo discurso que o Fernando Henrique fez ao longo do outro governo.
E sempre que mudou a conjuntura internacional houve uma crise. Como as políticas
econômicas do Lula são exatamente as mesmas do Fernando Henrique, a única
diferença é que mudou a conjuntura e melhorou a situação do ponto de vista,
digamos, dos indicadores de vulnerabilidade externa conjuntural. Mas é só mudar
a conjuntura que a situação retorna com aquela mescla de tragédia e farsa que
nós observamos no governo FH. Reproduzir-se-á o mesmo no governo Lula, porque os
pilares da estratégia, da política econômica, são exatamente os mesmos e a
liberalização cambial e financeira no governo Lula é até maior.
<BR> <BR><STRONG>CC: Quais serão algumas das conseqüências mais imediatas
da crise no Brasil?</STRONG> <BR> <BR>RG: Se vier uma crise profunda, o
governo volta a aumentar as taxas de juros. Na realidade, já houve aumento, pois
os americanos baixaram as taxas de juros internacionais e o Brasil não alterou
sua taxa de juros; portanto, o cupom cambial aumentou, a margem de arbitragem
aumentou. O que vai acontecer é que o governo vai usar o instrumento ortodoxo
dos juros altos, arrocho fiscal, segurar salário. E isso tem efeitos negativos
sobre investimentos, economias, contratos, e já aparece hoje. Tudo que foi
divulgado pelo Banco Central, um relatório atual, nessa última semana de
fevereiro, mostra claramente que, para 2008-09, as previsões são de uma
desaceleração da economia. <BR> <BR><STRONG>CC: Em sua opinião, quais serão
os países mais afetados pela crise?</STRONG> <BR> <BR>RG: Certamente o
Brasil, alguns países da Europa Central que abriram muito suas economias e
outros países da América Latina que não fizeram as proteções necessárias. O
México é um candidato natural, o Brasil é outro; Ucrânia, Turquia também estão
na lista. São países que, de uma forma ou de outra, continuam com uma
liberalização financeira e cambial forte, o que os torna muito vulneráveis.
<BR><STRONG> <BR>CC: E dentro do Brasil, quem serão os maiores afetados?
<BR></STRONG> <BR>RG: Com os juros altos, arrocho fiscal, restrição de
crédito, certamente a classe trabalhadora. Os banqueiros, os exportadores e o
agronegócio continuarão se beneficiando desse governo retrógrado.
<BR> <BR><STRONG>CC: Como o Brasil poderia se proteger dessa
crise?</STRONG> <BR> <BR>RG: Basicamente mudando os pilares da política
macroeconômica. Essa política de meta inflacionária é muito rígida. É uma
orientação do Lula que torna muito rígida a política monetária. Então, em
primeiro lugar, é preciso eliminar a meta inflacionária rígida. Em segundo
lugar, eliminar o mega-superávit fiscal. Em terceiro lugar, acabar com o regime
de câmbios flutuantes. E, por último, o fundamental é acabar com essa
liberalização financeira e cambial, incompatível com a fragilidade da economia
brasileira. <BR> <BR><STRONG>CC: Então o senhor, apesar de tudo, enxerga
saídas e recursos para o país superar a crise. Há alguma possibilidade de o
governo adotá-los?</STRONG> <BR> <BR>RG: Há sempre alternativas. O que
existe é uma escolha do governo Lula de manter a estratégia do governo Fernando
Henrique e, portanto, manter o Brasil com uma vulnerabilidade externa estrutural
muito elevada. Eu diria até que a vulnerabilidade externa estrutural do Brasil
de hoje é maior que a do Brasil de cinco anos atrás. <BR> <BR><STRONG>CC: E
não há mesmo chance alguma de existir um descolamento em favor do
Brasil?</STRONG> <BR> <BR>RG: Não, pelo contrário, não há descolamento
nenhum. A crise vai pegar o Brasil pela proa. Vai pegar o Brasil porque o país
continua com elevado grau de vulnerabilidade externa, ou seja, uma baixa
capacidade de resistir a pressões e fatores desestabilizadores que vierem de
fora. Não tenho a menor dúvida. A própria interrupção do processo de queda das
taxas de juros do governo Lula e a própria idéia de aumentar impostos têm a ver
com essa preocupação com a conjuntura internacional. <BR></DIV>
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<HR>
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<DIV align=center><STRONG><FONT color=#800000 size=3><FONT
size=4>Correspondencia de Prensa - Agenda Radical - Boletín
Solidario</FONT><BR>Ernesto Herrera (editor): </FONT></STRONG><A
href="mailto:germain5@chasque.net"><STRONG><FONT
size=3>germain5@chasque.net</FONT></STRONG></A></DIV>
<DIV align=center><STRONG><FONT size=3><FONT color=#800000>Edición internacional
del Colectivo Militante - Por la Unidad de los Revolucionarios<BR>Gaboto 1305 -
Teléfono (5982) 4003298 - Montevideo - Uruguay</FONT><BR></FONT></STRONG><A
href="mailto:Agendaradical@egrupos.net"><STRONG><FONT
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