<!DOCTYPE HTML PUBLIC "-//W3C//DTD HTML 4.0 Transitional//EN">
<HTML><HEAD>
<META http-equiv=Content-Type content="text/html; charset=iso-8859-1">
<META content="MSHTML 6.00.2900.2523" name=GENERATOR>
<STYLE></STYLE>
</HEAD>
<BODY bgColor=#ffffff background=""><FONT face=Arial size=2>
<DIV align=justify>
<HR>
</DIV>
<DIV align=center><STRONG><FONT size=4><FONT color=#800000><EM><U><FONT 
size=5>correspondencia de prensa - boletín solidario</FONT></U></EM>&nbsp; 
<BR><FONT color=#ff0000 size=6>Agenda Radical</FONT><BR>Edición internacional 
del Colectivo Militante<BR><U>8 de junio 2008</U><BR>Redacción y 
suscripciones:</FONT> </FONT></STRONG><A 
href="mailto:germain5@chasque.net"><STRONG><FONT 
size=4>germain5@chasque.net</FONT></STRONG></A><BR></DIV>
<DIV align=justify>
<HR>
</DIV>
<DIV align=justify>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><STRONG><FONT size=3>Capitalismo<BR>&nbsp;<BR>Fome mundial, 
fartura do capital<BR>&nbsp;<BR>Ana Rajado (jornalista, geógrafa) e Renato 
Guedes (físico)</FONT></STRONG></FONT></DIV>
<DIV><FONT face=Arial size=2></FONT>&nbsp;</DIV>
<DIV><FONT face=Arial size=2></FONT>&nbsp;</DIV>
<DIV><FONT face=Arial size=2><STRONG>Revista Rubra, Nº 2, junho 
2008</STRONG></FONT></DIV>
<DIV><FONT face=Arial size=2><STRONG>Coletivo Rubra, Portugal</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>&nbsp;<BR>A agricultura de subsistência mundial foi 
pilhada pelos países centrais. A fome no mundo não é um problema conjuntural 
passível de ser curado pela intervenção caridosa do ocidente no controle de 
preços e /ou aumento da produção, embalada ao som de Bob Geldof. Só se resolverá 
com uma reforma agrária que devolva aos países neocolonizados a soberania 
alimentar.<BR>&nbsp;<BR>A subida, forte e rápida, do preço dos alimentos básicos 
tem originado revoltas por todo o Mundo: México, Indonésia, Iémen, Filipinas, 
Camboja, Marrocos, Senegal, Uzbequistão, Guiné, Mauritânia, Egipto, Camarões, 
Bangladesh, Burkina-Faso, Costa do Marfim, Peru, Bolívia e Haiti.<BR></DIV>
<DIV align=justify>Pela forma como este problema tem sido tratado pela imprensa, 
fica-se com a sensação de que a fome seria uma coisa do passado, agora de volta 
devido a factores conjunturais, como a especulação, a entrada no mercado de 
países como a China e a Índia e o tão falado aumento da produção de 
biocombustíveis.&nbsp;<BR></DIV>
<DIV align=justify>A especulação, aliada a alguns elementos conjunturais, são 
factores que explicam significativamente a inflação do preço dos alimentos mas 
não explicam a fome, ou melhor, a explicar esta seria apenas um fenómeno 
passageiro, e não estrutural. A fuga de capitais de títulos pôdres para 
investimentos mais seguros como as matérias-primas, alimentos, não é um fenómeno 
novo. Este tipo de movimentos é frequentemente observado nas crises cíclicas do 
capital. No entanto, ainda que se resolvesse esta crise financeira, o problema 
da fome não estaria resolvido, antes pelo contrário.<BR>&nbsp;<BR><STRONG>Lenine 
passeia entre nós</STRONG><BR>&nbsp;<BR>Há cerca de 160 anos Marx e Engels 
explicavam-nos no Manifesto do Partido Comunista (e não só) a tendência 
anti-diluviana do capital à concentração e centralização. Esta tendencia estaria 
ligada à luta frequente do capital para contrariar a queda tendêncial da taxa de 
lucro que se expressa periodicamente nas suas crises de superprodução. Para 
resolvê-las o capital tem duas alternativas: aumentar a extracção de mais-valia, 
ou seja, aumentar a taxa de exploração dos trabalhadores, e encontrar novas 
áreas de realização de capital. Em última análise, seria esta a verdadeira face 
do capitalismo e, portanto, a verdadeira razão da fome.<BR></DIV>
<DIV align=justify>Posteriormente, Lenine viria a demonstrar no seu livro 
Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo, como esta tendência apontada por 
Marx se materializava no capitalismo na sua fase decadente, ou seja, 
imperialista. Ele demonstraria uma vez mais que a fome, as guerras, não são 
expressões conjunturais do capitalismo mas o seu modus operandi. Esta tendência 
do capital a se centralizar e concentrar tanto a nível do capital particular 
como a nível das nações - reproduzindo a nível dos países o ciclo de exploração 
a que submete os trabalhadores - não poderia significar outra coisa senão 
guerra, fome, e outras pragas. A verdade é que esta crise alimentar é a 
ilustração prática desta lição e infelizmente vale por mil 
palavras.<BR>&nbsp;<BR><STRONG>A Santíssima Trindade da fome: imperialismo, 
governos fantoches e latifundiários</STRONG><BR>&nbsp;<BR>A marcha da 
concentração da produção mundial de mercadorias nas mãos de um punhado de 
multinacionais que por sua vez estão concentradas num núcleo restrito de nações 
(EUA, Europa e Japão) é uma realidade. Assim, enquanto milhares de pessoas 
morrem à fome, devido à escassez de alimentos básicos como o trigo, o arroz e o 
milho, os grandes grupos agro-alimentares têm lucros escandalosos. Segundo a 
revista Visão, “os lucros da Monsanto, uma das maiores empresas de produtos 
agrícolas do mundo, no primeiro trimestre de 2008 dobraram, em relação ao mesmo 
período de 2007, passando de 339 milhões para 700 milhões de euros. A Cargill, 
viu os seus lucros subirem 86%, nos mesmos três meses, enquanto a Archer Daniels 
Midland, um dos maiores transformadores mundiais de soja, trigo e milho viu 
crescer os seus lucros em 42%, no primeiro trimestre. Os resultados da Mosaic, 
um dos maiores produtores de fertilizantes, aumentaram doze vezes, nos primeiros 
três meses do ano”.<BR></DIV>
<DIV align=justify>A questão que importa é como chegamos a este grau de 
concentração? E a resposta chama-se monoculturas e latifúndios. Para esta 
fórmula resultar é necessário, em primeiro lugar, expulsar das terras aquela 
espécie de agricultores que insistem em produzir alimentos para si e para a sua 
família e, em seguida, expulsar os que produzem para o mercado interno de cada 
nação. Este processo pode acontecer das mais diversas formas mas sempre com o 
mesmo resultado: expulsão dos agricultores das suas terras seguido do domínio 
das monoculturas e, fechando o círculo, dependência do fornecimento de 
matérias-primas tais como sementes, fertilizantes, etc., pelas grandes 
multinacionais e controlo pelas mesmas do circuito internacional de 
distribuição.</DIV>
<DIV align=justify><BR>Aqueles que hoje descobrem que há fome no mundo 
provavelmente estavam a dormir quando foram feitos os ajustes dos FMI para a 
África na década de 90 do último século que levaram à destruição da sua 
agricultura, como a do Ruanda (que à data era quase autosuficiente na produção 
de alimentos) convertendo-se num grande campo de cacau primeiro e, depois, num 
grande campo de extermínio. Ou estavam a dormir ou a garantir, em nome do 
combate à fome na África, que os EUA e a Europa possam escoar o seu excedente 
naquilo que eles chamam, descaradamente, de ajudas humanitárias. <BR>Assim, 
surge a guerra como irmã gémea da fome. Quem disser que há fome porque a China 
está a comer mais, devia olhar os números para ver que a produção de arroz 
chinesa vêm caindo consistentemente ao longo dos últimos 25 anos e hoje está 
abaixo da produção de 1990. Isto não tem nada a ver com comer mais. Tem a ver 
com expulsar camponeses do campo para alimentar as máquinas do admirável mundo 
novo industrial – ou mais exactamente plataformas de montagem para exportação - 
chinês com o seu sangue.<BR>&nbsp;<BR><STRONG>Ao que 
chegámos!</STRONG><BR>&nbsp;<BR>A inflação no sector alimentar aumentou 83 por 
cento nos últimos três anos. Segundo a revista alemã Der Spiegel, o preço do 
arroz, milho e trigo, base da alimentação da maioria da população, subiu mais de 
180 por cento durante esse período. De acordo com a Organização das Nações 
Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) trinta e sete países estão em 
risco de instabilidade social devido à escassez de alimentos. O Banco Mundial 
afirma que a crise dos alimentos afecta já 100 milhões de pessoas.<BR></DIV>
<DIV align=justify>Tudo isto se agrava imenso com a opção norte-americana pela 
produção do etanol a partir do milho e pela opção dos países da União Europeia 
pela produção a partir dos grãos. É claro que essa escolha dos EUA, hoje o maior 
produtor mundial de etanol, fez com que a maior parte do milho, normalmente 
destinado à alimentação humana e animal, fosse para a produção de etanol. Para 
além dos terrenos aráveis convertidos em produtores de combustível, parte dos 
excedentes da produção de cereais, em particular da americana, têm sido usados 
para combustíveis, e os EUA são os maiores exportadores de milho do 
Mundo.<BR>&nbsp;<BR><STRONG>Que fazer?</STRONG><BR>&nbsp;<BR>Estes 
acontecimentos, infelizmente mostram da forma mais didáctica possível a 
verdadeira face do capitalismo/imperialismo. Infelizmente também, são nesses 
momentos que aparecem todos os tipos de salvadores que, assustados com o monstro 
que os sustenta, disparam a gritar por regulações, capitalismos de rosto humano 
(que alguns até insistem em identificar com a Europa), “ajudas humanitárias” 
para os povos pobres, Live Aid, etc. A verdade mais crua é que foi através das 
chamadas ajudas, dos nefastos planos de ajustes estruturais, que se destruiu a 
agricultura alimentar de base de países como o Ruanda e o Zimbabué. Até a 
insuspeita Care International[1] já veio denunciar como a ajuda alimentar é 
usada para possibilitar o escoamente do excedente americano e europeu e, desta 
forma, destruir os pequenos agricultores em África, que não conseguem competir 
com o preço dos alimentos vindos através da ajuda porque estes são alimentos 
subsidiados pelos governos ocidentais. Tudo embalado ao som de Bob 
Geldof.<BR></DIV>
<DIV align=justify>Os trabalhadores devem-se mobilizar para garantir que a 
inflação nos preços não seja a sua ruína e exigir que os seus salários sejam 
reajustados para fazer face aos preços. Devem, portanto, recusar a retórica da 
escalada da inflação provocada pelo salário porque quem defende esta tese (os 
capitalistas) sabe que fome na barriga alheia (dos trabalhadores) é refresco. A 
alimentação é um direito inalienável que se sobrepõe a qualquer outro direito, 
em particular, ao pérfido direito de explorar.<BR></DIV>
<DIV align=justify>Por fim, o campo não pode ficar à mercê dos grandes 
conglomerados e latifundiários. A segurança alimentar deve ser garantida pela 
expropriação desses parasitas e pela implementação de uma reforma agrária 
radical que devolva as terras a quem queira alimentar o povo: os camponeses. É 
precisamente esta a lição que nos ensina o Movimento Sem-Terra brasileiro de 
cada vez que ocupa um latifúndio e é por isso que os trabalhadores da cidade não 
podem ter dúvida em se pôr do lado destas ocupações. Elas são, em última 
análise, a garantia da sua própria 
sobrevivência.<BR>&nbsp;<BR>&nbsp;<BR><STRONG>Caixa: Camponeses a caminho das 
cidades</STRONG><BR>&nbsp;<BR>Segundo Eric de Ruest “as políticas neoliberais de 
privatização e os planos de ajuste estrutural (PAE), impostos desde há trinta 
anos pelas instituições financeiras internacionais e os governos do Norte ao 
resto do mundo, levam ao êxodo para as cidades de muitos agricultores arruinados 
e à impossibilidade de reacção do mercado local perante a forte subida dos 
preços no mercado internacional”.</DIV>
<DIV align=justify><BR>Países como o Brasil usaram largamente a expulsão de 
camponeses do campo para prover o capitalista do seu exército industrial de 
reserva durante a década de 60 e 70, sobretudo. Processo semelhante começou na 
China nos anos 80 para ganhar um grande impulso nos anos 90, até os nossos dias. 
Neste movimento, jogaram um papel determinante os planos de reajuste e 
liberalização do FMI aplicados durante os anos 80 e 90. Mesmo nos EUA, segundo 
Gore Vidal, a chamada “guerra contra as drogas” serviu para expropriar milhares 
de pequenos agricultores por alegadamente ser tráfico ou plantação de canabis, 
independentemente de ser um pé ou um milhão. Também aqui, a política draconiana 
de impostos jogou um papel relevante. Na Europa, as sucessivas mudanças nos 
critérios da PAC que beneficia os grandes produtores em detrimento dos pequenos, 
aliado à política de quotas, tem feito este papel. Isto, sem falar no caso 
particular de Portugal onde a conquista da reforma agrária de 74 foi, na 
primeira oportunidade, destruída.</DIV>
<DIV align=justify>
<HR>
</DIV>
<DIV align=center><STRONG><FONT size=3><FONT color=#800000><FONT 
size=4>Correspondencia de Prensa - Agenda Radical - Boletín 
Solidario</FONT><BR>Ernesto Herrera (editor): </FONT></FONT></STRONG><A 
href="mailto:germain5@chasque.net"><STRONG><FONT 
size=3>germain5@chasque.net</FONT></STRONG></A><BR><STRONG><FONT size=3><FONT 
color=#800000>Edición internacional del Colectivo Militante - Por la Unidad de 
los Revolucionarios<BR>Gaboto 1305 - Teléfono (5982) 4003298 - Montevideo - 
Uruguay</FONT><BR></FONT></STRONG><A 
href="mailto:Agendaradical@egrupos.net"><STRONG><FONT 
size=3>Agendaradical@egrupos.net</FONT></STRONG></A></DIV>
<DIV align=justify>
<HR>
</DIV>
<DIV 
align=justify><BR>&nbsp;<BR><BR><BR><BR><BR>&nbsp;</FONT></DIV></BODY></HTML>