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<HR>
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<DIV align=center><STRONG><FONT size=4><EM>boletín solidario de información -
edición internacional</EM><BR><FONT color=#800000 size=5><U>Correspondencia de
Prensa</U><BR>Agenda Radical - Colectivo Militante</FONT><BR><U>11 de abril
2009</U><BR>suscripciones y redacción: </FONT></STRONG><A
href="mailto:germain5@chasque.net"><STRONG><FONT
size=4>germain5@chasque.net</FONT></STRONG></A><BR></DIV>
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<HR>
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<DIV align=justify><STRONG><FONT size=3>Brasil</FONT></STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial><STRONG></STRONG></FONT> </DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2><STRONG><FONT size=3>Stedile diz que
governo tem medo de entrar de cabeça no debate sobre crise</FONT></STRONG>
<BR><BR></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2><STRONG></STRONG></FONT> </DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2><STRONG>Luciana Lima <BR>Repórter da
Agência Brasil, Brasilia, 8-4-09</STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2><A
href="http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/"><STRONG>http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/</STRONG></A></FONT></DIV><FONT
face=Arial size=2>
<DIV align=justify><BR><BR>A falta de debate e de novas idéias para combater a
crise financeira mundial levam o governo e a classe empresarial a não conseguir
resolver as questões econômicas atuais. A opinião é do líder do Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) João Pedro Stedile, que, em entrevista à
Agência Brasil, disse que o governo tem medo da discussão sobre a crise.
“O governo tem medo de entrar de cabeça no debate sobre a crise, temendo
repercussões eleitorais”, disse.<BR><BR>O líder do MST defendeu a estatização
dos bancos, o fim do superávit primário e a garantia de emprego como formas de
construir um “novo modelo econômico” para o Brasil. Ele elogiou o programa
habitacional lançado pelo governo, mas se disse preocupado com a execução da
construção de 1 milhão de casas. “ Nunca vi construtora ganhar dinheiro
construindo casa para pobre”, criticou.<BR><BR>Para Stedile, o Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC), apontado pelo próprio governo como alternativa
para enfrentar a crise, não cumpre a função anticíclica. “O PAC é um projeto
antigo, de antes da crise. É necessário pensar outra matriz industrial para
resolver problemas do povo, não da exportação”, destacou.<BR><BR><STRONG>Agência
Brasil – Como os movimentos sociais, em especial o MST, têm encarado a questão
da crise financeira mundial?</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>João Pedro Stedile – Hoje, há um consenso nos movimentos
sociais, desde as centrais sindicais até as pastorais, de que a crise que está
instalada na economia capitalista é internacional e vai pegar todo mundo, ela é
profunda, não é apenas da produção. Vai abarcar aspectos sociais, ambientais,
políticos e, inclusive, os paradigmas do capitalismo. Nós estamos muito
preocupados porque está faltando na sociedade brasileira um processo de debate
sobre a natureza da crise, para que o povo brasileiro tenha conhecimento dela,
participe e construa alternativas populares para resistir. O pior dos cenários é
simplesmente ficar assistindo, na televisão, à interpretação que o governo ou os
capitalistas vão dar.<BR><BR><STRONG>ABr – A interpretação atual da crise, em
sua opinião, é equivocada?</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>Stedile – Evidentemente os capitalistas vão querer sair
da crise o mais rápido possível e mais ricos. Para isso, vão pressionar o
Estado, como sempre fizeram, para que o Estado transfira a eles dinheiro
público. Com isso, vão aumentar a exploração sobre os trabalhadores e o
desemprego. Vão diminuir as condições de vida da população. E o governo, com
medo da crise, vai ficar todo o tempo dizendo: calma que o leão é manso. É
preciso que a população tenha espaço para debater e, sobretudo, que os meios de
comunicação que não são dos capitalistas ajudem.<BR><BR><STRONG>ABr – Por que o
senhor acha que o governo tem medo da crise?</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>Stedile – O governo tem medo de entrar de cabeça no
debate sobre a crise temendo repercussões eleitorais. Só há uma forma de ampliar
o debate. Se os movimentos sociais e as igrejas pegarem esse debate como peça
prioritária, utilizando os meios alternativos que nós temos. O governo tem que
sair do casulo. O governo parece que está com medo de sair do debate. Ele
precisa se abrir e dizer que não sabe o que fazer, mas chamar para
debater.<BR><BR><STRONG>ABr – Como a agricultura brasileira vem sentindo os
efeitos da crise?</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>Stedile – Essa crise tem atingindo mais em cheio o
agronegócio, que é, no fundo, o modo de os capitalistas organizarem a produção
agrícola no Brasil. Para isso, eles impuseram um modelo, que nós chamamos de
agricultura industrial, totalmente dependente dos insumos, dos agrotóxicos e do
mercado internacional. O mercado internacional vai diminuir, a renda dos
europeus, americanos e chineses vai diminuir, portanto, vai diminuir o preço das
commodities e vai diminuir o mercado. Evidentemente que, de novo, os
capitalistas do agronegócio vão querer jogar sobre as costas dos trabalhadores o
peso da crise. Já estão jogando. De dezembro pra cá, segundo dados do próprio
governo, mais de 300 mil trabalhadores rurais assalariados perderam o
emprego.<BR><BR><STRONG>ABr – E nos assentamentos do MST, como a crise está
impactando?</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>Stedile – Na agricultura familiar e camponesa, em que
estão inseridos os assentados, como o próprio modo de produção não é
capitalista, o que a gente tem debatido é que temos condições de resistir mais à
perversidade da crise. Nós não dependemos de emprego, nós achamos que vai haver
uma revalorização dos alimentos, ou seja, na crise o único dinheiro que os
trabalhadores reservam é para comida. Pode cortar a luz, telefone, mas a comida
não. Temos uma avaliação de que o povo camponês sofrerá menos os efeitos da
crise.<BR><BR><STRONG>ABr – Sofrerá?</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>Stedile – Sofrerá, talvez mais pela redução no ritmo das
políticas públicas agrícolas. Isso é que nos preocupa. Estamos pressionando para
que o governo transforme a crise em uma oportunidade. Para proteger a população,
essa era a hora de aumentar a reforma agrária, de aumentar os investimentos
públicos na agricultura e deixar de lado o agronegócio, deixar de lado os
grandes projetos do BNDES [o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social] para a expansão do plantio de eucalipto, para expansão do etanol. Isso
não desenvolve o país e só gera desemprego. Esse é o debate que estamos fazendo
entre nós.<BR><BR><STRONG>ABr – Como o senhor avalia as medidas tomadas pelo
governo até então para conter os efeitos da crise no Brasil?</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>Stedile – O governo, na boa intenção, diminuiu o
percentual do depósito compulsório que os bancos precisam fazer para o Banco
Central. Isso representou R$ 180 bilhões que os bancos privados, que recebem o
nosso depósito à vista, deixaram de recolher ao BC. A intenção do governo era
que esses bancos aplicassem na indústria e na produção para reativar a economia.
Mas eles recompraram títulos da dívida pública interna. Ou seja, emprestaram
novamente para o governo, a 12 % de juros. Ou seja, os bancos enriqueceram ainda
mais. É fácil até fazer a conta. Significa que o governo ajudou os bancos a se
apropriarem de R$ 20 bilhões em uma tacada só. Além disso, muitas empresas
aproveitam a notícia da crise para reorganizar o seu processo produtivo. Há
empresas que estão tendo lucro, como a Vale do Rio Doce, que anunciou R$ 20
bilhões de lucro e colocou na rua 2 mil operários. É um caso de se aproveitar da
crise para aumentar a exploração sobre os trabalhadores<BR><BR><STRONG>ABr – O
senhor acha que as medidas então não surtiram efeito?</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>Stedile – As propostas dos governo e das classes
dominantes são as propostas clássicas do capitalismo. A saída que está sendo
pensada é mais liberalismo, mais dependência do capital internacional. E também
dá para perceber que a classe dominante brasileira não tem um projeto de
desenvolvimento do Brasil, ao contrário do que aconteceu na crise de 1929,
quando a burguesia brasileira estava articulada ao redor do governo Getúlio
Vargas. Agora, a burguesia brasileira não tem um projeto para o país. Ela só
quer ter lucro e isso é uma tragédia, para ela, inclusive.<BR><BR><STRONG>ABr –
E o que o senhor acha e o que os movimentos sociais acham que precisa ser
feito?</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>Stedile – Reduzir juros é insuficiente. O que nós
precisamos é de uma terceira alternativa, que é uma alternativa popular.
Precisamos discutir com as forças organizadas da sociedade um novo projeto de
país, um novo modelo econômico para o Brasil.<BR><BR><STRONG>ABr – O que esse
novo modelo incluiria?</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>Stedile – Algumas medidas prioritárias. A primeira seria
a estatização de todo o sistema financeiro. Se não se controla a circulação do
dinheiro, nunca vai reativar a produção. Segundo ponto: é necessário acabar com
o superávit primário. O governo recolhe os impostos de todos nós e aí separa R$
200 bilhões para pagar em juros. Isso tem que acabar. Tem que pegar esse
dinheiro que está sobrando do orçamento e investir na produção. Mas não é em
qualquer produção. Não é em automóveis. Tem que aplicar no que a população
brasileira está precisando. Moradia popular, transporte de massa, trem, metrô,
navio. Aplicar em escolas. Temos um déficit educacional enorme. Como é que se
faz para pular dos 10% de jovens na universidade, que nós temos, para os 80% que
tem a Bolívia? Construindo universidade, contratando professor, comprando livro,
isso tudo é indústria. Só no investimento na educação, que é a grande tese do
Cristovam Buarque, já se poderia incentivar a economia. E o dinheiro tem que vir
do superávit primário, que tem que acabar. Pedi para que os economistas amigos
do MST pesquisem o seguinte: estou desconfiado de que o Brasil é o único país do
mundo a manter o superávit primário. Na Europa, todos os países são
deficitários.<BR><BR><STRONG>ABr – O que mais é necessário?</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>Stedile – Aplicar recursos e garantir emprego para todo
mundo. Todo brasileiro adulto tem que ter direito a emprego. Foi o que Roosevelt
fez para tirar os Estados Unidos da crise e transformar em potência mundial.
Isso não é novidade. Isso tudo que estou dizendo não é
radicalismo.<BR><BR><STRONG>ABr – Como fica a defesa da reforma agrária em meio
a um contexto de crise financeira?</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>Stedile – A reforma agrária fixa o homem no campo e
desfaveliza o país. Além disso, contribui para a produção de alimentos. Os
únicos que produzem alimentos são camponeses. O agronegócio produz celulose,
etanol, algodão, soja, mas comida não. Quem produz leite, arroz e feijão é o
camponês. Essa seria a maneira de ativarmos a produção agrícola. Mas não é
voltar àquela reforma agrária antiga.<BR><BR><STRONG>ABr – E como é a reforma
agrária Popular?</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>Stedile – Agora, queremos outro tipo de reforma agrária.
Trata-se de uma reforma agrária que combine o camponês com as agroindústrias
cooperativadas. Em vez de o BNDES dar R$ 1 bilhão para a Nestlé, por exemplo,
deveria dar o mesmo valor para 100 cooperativas de camponeses que vão
pasteurizar o leite, fazer iogurte e vender em sua região. Não precisa mais ter
Nestlé. Tem que ter cooperativa de pequenos agricultores. Agora, sem dinheiro
público não tem cooperativa que funcione, assim como não tem Nestlè que funcione
sem dinheiro do BNDES. Em vez de o BNDES dar R$ 1 bilhão para que a Aracruz saia
do prejuízo que ela teve, ele deveria pegar esse dinheiro e emprestar para os
camponeses reflorestarem as margens dos rios. Teríamos outra paisagem no país,
um reequilíbrio ambiental . Não teria essa loucura do monocultivo do eucalipto
que desequilibra toda nossa natureza.<BR><BR><STRONG>ABr – O senhor falou da
necessidade de um programa de construção de casas. Como o senhor avalia o
programa Minha Casa, Minha Vida, lançado pelo governo, que visa à construção de
1 milhão de casas populares?</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>Stedile – O programa de habitação é bom. Espero que o
governo tenha capacidade de operação para que de fato 1 milhão de casas sejam
financiadas. O meu medo é que o governo deixe isso para o mercado. O governo
cria as condições, libera recursos e aí diz que o mercado vai construir 1 milhão
de casas. Nunca vi construtora ganhar dinheiro fazendo casa para pobre. Será que
não seria melhor voltar a estimular as cooperativas, os mutirões que, de
qualquer maneira, vão comprar cimento, vidro, luz elétrica. Mas deixar para
empresas construir é um perigo. Seria melhor então deixar para uma empresa
estatal como o Chávez [Hugo Chávez, presidente da Venezuela]
faz.<BR><BR><STRONG>ABr – E quanto ao PAC? O governo tem enfatizado que o
programa vai ajudar a enfrentar os efeitos da crise. O que o senhor
acha?</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>Stedile – O PAC é um projeto antigo, de antes da crise e
tem o objetivo de financiar hidrelétricas, portos e caminhos para que as
multinacionais exportem mais barato. Mas agora, com a crise, é necessário pensar
outra matriz industrial para resolver problemas do povo, não da
exportação.</DIV>
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Uruguay</FONT></STRONG><BR></DIV>
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