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<DIV align=center><STRONG><FONT size=4><EM>boletín solidario de información - 
edición internacional</EM><BR><FONT color=#800000 size=5><U>Correspondencia de 
Prensa</U><BR>Agenda Radical - Colectivo Militante</FONT><BR><U>29 de abril 
2009</U><BR>suscripciones y redacción: </FONT></STRONG><A 
href="mailto:germain5@chasque.net"><STRONG><FONT 
size=4>germain5@chasque.net</FONT></STRONG></A><BR></DIV>
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<HR>
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<DIV align=justify><STRONG><FONT size=3>Brasil</FONT></STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial><STRONG></STRONG></FONT>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial><STRONG>Entrevista a Vera 
Malaguti</STRONG></FONT></DIV>
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<DIV align=justify><FONT face=Arial><STRONG>"Pobres en Río viven días de 
horror"</STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2></FONT>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2>&nbsp;</DIV></FONT>
<DIV align=justify><STRONG><FONT face=Arial size=2>Gabriel Brito e Valéria 
Nader&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;<BR></FONT><FONT face=Arial size=2>Correio da 
Cidadania</FONT></STRONG></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2><A 
href="http://www.correiocidadania.com.br/"><STRONG>http://www.correiocidadania.com.br/</STRONG></A></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2></FONT>&nbsp;</DIV><FONT face=Arial 
size=2>
<DIV align=justify><BR>Estamos na porta de entrada de tempos (ainda mais) 
difíceis no país. Com crise, desemprego e muita violência nas grandes cidades, 
os políticos, sem romper seus pactos, precisam apresentar soluções para combater 
tal quadro. Dessa forma, é produzida uma série de medidas que mais combatem os 
pobres do que a pobreza. Pintam as paredes, mas não mexem na estrutura interna 
do ‘prédio’.&nbsp; Por conta disso, o Rio de Janeiro vem sendo palco de seguidas 
políticas de limpeza e segregação social, como mostram os choques de ordem e 
agora o levantamento de muros no entorno de favelas, levados a cabo por 
prefeitura e governo do estado, respectivamente. <BR>&nbsp;<BR>Para a socióloga 
Vera Malaguti, do Instituto de Criminologia Carioca, o que vemos é a expressão 
de um fascismo estatal mancomunado com grandes interesses econômicos. O governo 
pretende levantar 11 mil metros de muros, com 3m de altura, começando pela zona 
sul, cuja expansão de favelas não chegou à metade do aferido na zona oeste, de 
11,5% - dados do Instituto Pereira Passos.&nbsp; Malaguti aponta que os pobres 
no Rio de Janeiro são vítimas de crescente truculência oficial e vistos como 
‘lixo humano’ que precisa ser removido da cidade, uma vez que a presença dessa 
parcela da população é prejudicial aos grandes negócios e à especulação 
imobiliária. <BR>&nbsp;<BR><STRONG>Correio da Cidadania: Como você vê a idéia do 
governo local de construir muros no entorno de favelas, sob a alegação de 
preservar algumas áreas verdes da cidade?</STRONG> <BR>&nbsp;<BR>Vera Malaguti: 
É um absurdo e vem junto do circo de horrores do qual vem sendo palco o Rio de 
Janeiro, através de extermínios da polícia (a que mais mata no mundo), das 
remoções dos pobres, demolição de casas em áreas populares ilegais... 
<BR>&nbsp;<BR>Enfim, é todo um festival de truculência, em articulação da 
prefeitura com o governo do estado, completamente ligados aos grandes negócios 
privados, como os esportivos, e impondo um cerco fascista sobre os pobres. E, 
além do muro, que é uma vergonha, as remoções voltaram à pauta. 
<BR>&nbsp;<BR>Todo o processo é capitaneado pelas Organizações Globo, com 
campanha diária no RJTV, no jornal O Globo, sempre focalizando a pobreza como 
detrito, como algo que conspurca o ambiente. E tudo em nome dos grandes negócios 
privados, uma vergonha. <BR>&nbsp;<BR>O Rio de Janeiro talvez esteja passando 
pelo seu pior momento desde Lacerda. Parece uma volta com força total da UDN, 
terrível. <BR>&nbsp;<BR><STRONG>CC: O que pensa do fato de as favelas escolhidas 
para receberem os primeiros muros se localizarem em bairros mais nobres ou de 
classe média, mesmo com a expansão recente de tais favelas estando abaixo de 
índices considerados preocupantes, inclusive em comparação com outras?</STRONG> 
<BR>&nbsp;<BR>VM: Aí fica clara a parceria do governo com a especulação 
imobiliária, afinal, são áreas nobres, e ter os pobres ali não lhes interessa. 
<BR>&nbsp;<BR>É tão chocante, tão óbvia, essa mistura de truculência fascista 
com Parcerias Público-Privadas sinistras! Estou sendo enfática, mas é que 
chegamos num ponto... Ontem mesmo houve o assassinato pela polícia de um menino 
da Maré, a população tentava protestar e era reprimida da pior forma possível 
pela mesma polícia. E tudo sempre sob a desculpa do tráfico. <BR>&nbsp;<BR>Acho 
que o fim do brizolismo no Rio foi muito ruim. Para exemplificar, uma das coisas 
que O Globo fez para comemorar os 45 anos do golpe militar foram acusações 
levianas sobre o Brizola, ao mesmo tempo em que o associava ao crescimento das 
favelas. O vazio criado por sua morte, junto ao estraçalhamento das forças de 
esquerda, deixou o fascismo ocupar a cidade. <BR>&nbsp;<BR><STRONG>CC: Ao se 
juntar tal ação com a também recente medida dos choques de ordem, vemos que as 
políticas de higienização nas grandes cidades têm sido levadas ao paroxismo, 
não?</STRONG> <BR>&nbsp;<BR>VM: Exatamente. O velho projeto fascista, com essa 
maneira de olhar os pobres como lixo humano na cidade, se consolidou, sendo 
orquestrada também pela grande imprensa tal proposta de apartheid. 
<BR>&nbsp;<BR>Os pobres no Rio de Janeiro vivem dias de horror. Acho que as 
forças de esquerda, libertárias, precisam se organizar contra isso. Tudo começou 
pela questão criminal, o que é um problema, pois até a esquerda embarca no 
discurso de luta contra o tráfico, sempre localizada nas favelas. 
<BR>&nbsp;<BR>Daí para choques de ordem, remoções, muros, é um passo. É um 
projeto higienista reciclado, em nome da ordem na cidade, dos grandes negócios 
de Copa, Olimpíadas, dos grandes capitais que circulam no Rio. Tais negócios são 
uma obsessão para o governo e a prefeitura, que sempre estão em viagem buscando 
grandes investimentos. <BR>&nbsp;<BR>Enquanto isso, pau nos pobres aqui. É um 
projeto sinistro. <BR>&nbsp;<BR><STRONG>CC: Essas medidas não podem 
potencializar o ódio entre classes, na medida em que reforçam uma idéia 
segregacionista?</STRONG> <BR>&nbsp;<BR>VM: Claro, isso não vai dar certo. 
Durante um tempo, algumas forças progressistas do Rio aceitaram a pauta criminal 
da direita, e assim o fascismo encontrou sua brecha, sendo que acaba se 
alastrando para a questão habitacional, ambiental, onde muitas vezes se refugia, 
como neste caso dos muros, aliás. <BR>&nbsp;<BR>Uma vereadora do PT foi uma das 
que mais defenderam os muros, sempre fala em remoções nas favelas da zona sul, 
como a dos Tabajaras, uma vez que as áreas verdes na cidade se concentram mais 
na zona sul e posto 9. <BR>&nbsp;<BR>Tais equívocos abrem o caminho para o 
fascismo mais explícito, que vemos nessa mistura de truculência contra os pobres 
e grandes negócios (com ilegalidades) particulares. <BR>&nbsp;<BR><STRONG>CC: 
Você acredita que o levantamento dos muros vai impactar de alguma maneira, ainda 
que a curto prazo, nos índices de criminalidade?</STRONG> <BR>&nbsp;<BR>VM: Acho 
que vai emparedar os pobres e produzir outros efeitos, intra e extramuros. É 
mais uma grande violência, portanto, entrará nesse moinho gerador de ódios. 
<BR>&nbsp;<BR>Espero que isso possa ser barrado, apesar de todo o esforço da 
grande imprensa. Fazem pesquisas dizendo que os favelados são favoráveis à 
remoção, pesquisas para legitimar tais ações... Não deve faltar sociólogo para 
fazer esse tipo de trabalho e dizer que os pobres estão doidos para serem 
emparedados e removidos da cidade. <BR>&nbsp;<BR>No Rio de Janeiro, neste 
momento, essas forças, que envolvem institutos de opinião, empresas de 
publicidade, grande imprensa, setor imobiliário, estão totalmente articuladas na 
varredura da pobreza da cidade. E da pobreza rebelde, que é uma marca do Rio de 
Janeiro há muito tempo, pois foi uma cidade quilombola, depois janguista, 
brizolista... <BR>&nbsp;<BR>Estamos diante de um conjunto de interesses escusos, 
mais uma ‘blitzkrieg’. <BR><STRONG>&nbsp;<BR>CC: Diante do quadro atual, quais 
medidas seriam efetivas a seu ver, tanto a curto como a longo prazos?</STRONG> 
<BR>&nbsp;<BR>VM: O inverso disso tudo, uma outra maneira de olhar a cidade. 
Construir políticas habitacionais democráticas, projetos em que as classes 
populares sejam protagonistas. <BR>&nbsp;<BR>Não bastam bons projetos para os 
pobres, é preciso que esses setores estejam no centro, que a juventude, ao invés 
de ser criminalizada, seja participante central dos projetos que a libertem 
dessa concepção de muros, cadeias, extermínio. Temos de produzir outro projeto 
brasileiro, que não contenha essas conjugações. <BR>&nbsp;<BR>É complicado 
resolver a violência, ninguém tem a solução. Mas uma cidade democrática é gerida 
de outra forma, e assim produz soluções também democráticas e libertadoras, 
capazes de permitir que todos usufruam a cidade, apesar das diferenças. 
<BR>&nbsp;<BR>Em suma, é o oposto de tudo isso.&nbsp; </DIV>
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<HR>
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size=4>Correspondencia de Prensa</FONT><BR>boletin solidario de información - 
edición internacional<BR></FONT></STRONG><A 
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Militante</FONT><BR></FONT></STRONG><A 
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Uruguay</FONT></STRONG></DIV>
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