ࡱ> RTOPQU@ vbjbj .i@@@T8 DX 4Tg& ^ "!!.!u"" "#g%g%g%g%g%g%g$hRkIg@"S""u"""Ig!.!%^gfff"A8!@.!#gf"#gfff(@f.! 6dNf#gtg0gfleRlfTTf0l@f@""f"""""IgIgTTDD 7fdTTO governo Lula assumiu a contra reforma agrria: a violncia do agrobanditismo continua Ariovaldo Umbelino de Oliveira[1] Vocs que fazem parte dessa massa Que passa nos projetos do futuro duro tanto ter que caminhar E dar muito mais do que receber... E ter que demonstrar sua coragem margem do que possa parecer E ver que toda essa engrenagem J sente a ferrugem lhe comer... O povo foge da ignorncia ... E sonham com melhores tempos idos ... Esperam nova possibilidade De verem esse mundo se acabar.[2] Em contrapartida s promessas de democratizao do acesso a terra e de cumprimento das metas de reforma agrria previstas para o campo, o atual governo de Lus Incio da Silva optou pelo aumento do apoio aos grileiros e ao agronegcio mundial. Em detrimento a isso, mesmo com a diminuio dos conflitos em 2008, manteve-se a violncia no campo com a presena de elevado nmero de famlias neles envolvidas. 1. Os nmeros da barbrie O avano do desenvolvimento da agricultura capitalista no campo brasileiro em sua verso moderna do agronegcio continua trazendo consigo igualmente, suas principais caractersticas sociais: a violncia e a barbrie. As aes destas caractersticas fundamentais do agrobanditismo, alm de estar constantemente na mdia, esto relatadas neste volume publicado pela CPT. A anlise indica que mesmo com uma reduo de 23% no nmero total dos conflitos, o nmero total de pessoas envolvidas continua elevado e acima dos indicadores do incio desta dcada, ou seja, 502.390 pessoas. Do ponto de vista geral, cabe destacar que a anlise do perodo do governo atual revela uma queda no nmero de conflitos de terra, nas ocupaes, no nmero de famlias novas acampadas, porm revela tambm, o aumento do nmero de conflitos ligados ao trabalho anlogo ao escravo.  O nmero de famlias envolvidas nos conflitos por terra em 2008 superou 42 mil, revelando que o contingente do campesinato em luta direta contra o agronegcio est longe de diminuir no pas. Muito mais do que isso, ele revelador da face violenta da atuao do agronegcio no campo. So testemunhas desta violncia as mais de 13 mil famlias que sofreram tentativas e ameaas de expulso; as quase 2 mil que foram expulsas da terra; as quase 2 mil que tiveram suas casas destrudas e as mais de mil famlias que viram suas roas serem tambm destrudas. Mas, so tambm testemunhas da violncia praticada contra os camponeses pelo Estado que d proteo ao agronegcio, as quase 4 mil famlias ameaadas de despejo e, sobretudo, as mais de 9 mil famlias que foram despejadas no ano de 2008. Com relao distribuio territorial do nmero de famlias envolvidas nos conflitos por terra cabe destacar que 39% esto na regio Norte (mais de 7 mil no Par e mais de 5 mil em Roraima); 31% no Nordeste (Maranho e Bahia mais de 4 mil e Cear mais de 2 mil); 11% no Sudeste (mais de 2 mil e 1,7 mil em So Paulo); 12% no Sul (2,6 mil no Rio Grande do Sul e 2,2 mil no Paran); e 7% no Centro-Oeste (1,4 em Mato Grosso). O mapa n 2 mostra esta distribuio territorial pelos municpios onde os conflitos ocorreram. Mas, no h duvida que mais da metade das famlias em luta pela terra est na Amaznia Legal (52%). Esta regio destaca-se como a frao do territrio capitalista no Brasil em franca disputa entre o agrobanditismo, o campesinato e os povos indgenas. Mapa n 1  INCLUDEPICTURE "http://www.cptnac.com.br/pub/news/713f4acbc834feac5302f52e8e14b479.jpg" \* MERGEFORMATINET  2. Os sujeitos sociais em luta pela terra em 2008 Uma anlise mais aprofundada dos conflitos no campo em 2008 revela o carter multifacetado da luta pela terra do campesinato brasileiro, dos remanescentes de quilombo e dos povos indgenas. Entre as mais de 42 mil famlias envolvidas nos conflitos de terra, encontram-se mais de 31 mil famlias camponesas, 1,8 mil famlias remanescentes de quilombo e mais de 9,5 mil famlias de diferentes povos indgenas. O campesinato em luta no pas apresenta a maior concentrao dos camponeses posseiros (7,8 mil famlias) e de ribeirinhos (perto de 700 famlias) nos estados do Acre, Amap, Par, Maranho, Piau e aqueles das terras de uso comum dos fundos de pastos (mais de 300 famlias) no serto da Bahia. Os camponeses assentados (mais de 4 mil famlias) travaram lutas principalmente nos estados do Par, Roraima, Amap, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Os camponeses sem terra (16,7 mil famlias) continuaram suas lutas incessantes pelo acesso a terra em grande parte dos estados brasileiros, particularmente no Par e Rondnia, na regio Norte; no Maranho, Cear, Rio Grande do Norte, Paraba, Pernambuco, Alagoas e Bahia, no Nordeste; em Mato Grosso, Gois e Mato Grosso Sul, no Centro-Oeste; em todos os estados da regio Sudeste; e no Paran e Rio Grande do Sul, na regio Sul do pas. Os remanescentes de quilombo lutaram principalmente no ano de 2008, nos estados da Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Maranho e Rio Grande do Sul, mas apareceram tambm, em outros cinco estados. J os povos indgenas travaram lutas pela recuperao de seus territrios em 14 unidades da federao. Mas, foi em Roraima (4,9 mil), Cear (1,6 mil), Mato Grosso (1 mil), Mato Grosso do Sul (485) e Amazonas (430) que concentraram os maiores contingentes de famlias. Nos conflitos deflagrados pela demarcao das Terras Indgenas Raposa/Serra do Sol estiveram envolvidos os povos indgenas Macuxi, Wapichana, Ingaric, Tauirepang e Patamona. Tambm em Roraima ocorreram conflitos envolvendo os Yanomami. No Cear os conflitos ocorreram com os povos indgenas Tapeba e Pitaguary. No Mato Groso estiveram envolvidos em conflitos os Xavante, Enawen-Naw, Nambyqwara, Irantxe, Menku, Bororo e Kayabi. No Mato Grosso do Sul os conflitos atingiram os Guarani e no Amazonas os Kulina. Mapa n3  INCLUDEPICTURE "http://www.cptnac.com.br/pub/news/2ab3effbd9af114f09a4aa25e85c2770.jpg" \* MERGEFORMATINET  3. Fatos relevantes envolvendo os conflitos no campo em 2008 Foram vrios os fatos relevantes envolvendo os conflitos no campo no ano de 2008. O primeiro deles referiu-se absolvio[1] do fazendeiro Vitalmiro Bastos Moura, o Bida, mandante do assassinato da missionria Dorothy Stang em 2005, no segundo julgamento a que foi submetido. Por mais absurdo que possa parecer, o Tribunal do Jri do Par reformou a sentena que o condenava a 30 anos de priso. Embora a promotoria e a Comisso Pastoral da Terra tivessem impetrado junto ao Tribunal de Justia do Estado e conseguido a anulao do julgamento, o fato mostrou que a justia estadual do Par continua protegendo os assassinos. O mesmo procedimento est ocorrendo, tambm, no caso do Padre Josimo Tavares que, mesmo depois de 22 anos de seu assassinato em Imperatriz (MA), em 1986, o ex-juiz Joo Batista de Castro Neto, acusado de ser um dos mandantes deste assassinato, pela quinta vez conseguiu se esquivar de comparecer a interrogatrio que seria realizado no dia 08/05. O segundo fato referiu-se ao episdio da retirada dos arrozeiros da Terra Indgena Raposa/Serra do Sol. Como se j no bastasse a absurda deciso do Supremo de suspender a ao da polcia federal de retirada dos grileiros da terra indgena demarcada, os pistoleiros do prefeito de Pacaraima (RR) atiraram contra os indgenas ferindo 10 deles. O prefeito mandante da ao foi preso e depois solto, e foi acusado de suspeita de tentativa de homicdio, formao de quadrilha e posse de artefatos explosivos em terra indgena. Alm deste episdio, finalmente o Ibama tambm lhe aplicou uma multa de R$ 30,6 milhes, por ter praticado na fazenda Depsito, crimes ambientais tais como: desmatamento ilegal de terras, bombeamento de gua do rio Sururu sem autorizao ambiental e degradao de rea de preservao permanente. Alis, o prefeito de Pacaraima, que possua autorizao do Ibama para desmatar apenas 850 hectares para o cultivo de arroz, entretanto, desmatou 2.500 hectares. Ou seja, estes dois episdios acontecidos na Raposa/Serra do Sol, mostram que exatamente a autoridade pblica que deveria cumprir a lei, quem no a cumpre. Finalmente, o Supremo Tribunal Federal ratificou a demarcao da terra indgena e votou pela retirada dos no ndios da rea. Neste episdio foi marcante a presena no Supremo da advogada ndia Wapixana Jonia Batista de Carvalho: No primeiro dia do julgamento sobre a demarcao da reserva indgena Raposa Serra do Sol (RR), a ndia Wapixana subiu tribuna da mais alta Corte do pas. Foi a primeira vez que um indgena fez uma sustentao oral na histria do tribunal. Com a cara pintada, ela iniciou o discurso usando a lngua de seu povo, para depois explicar o significado de suas palavras: Eu disse que os nossos valores espirituais, nossas terras, nossa mata, nossa gua devem ser considerados necessrios para nossa vida. E que o Supremo coloque definitivamente essas garantias nesse julgamento, que coloque um ponto final nessa violncia. (Correio Brasiliense, 28/07/2008, Brasil, p. 17) Afirmou tambm: No tive medo de subir tribuna. Estou com meus pajs, estou protegida. Meus parentes me do fora onde quer que estejam. E, concluiu Somos acusados de ladres e de invasores dentro da nossa prpria terra. Somos discriminados e caluniados (O Globo, 28/08/2008, O Pas, p. 3). O terceiro fato em 2008 envolvendo os conflitos no campo foi a revelao contundente de que o agronegcio continua mostrando seu lado agrobanditismo, pois, em meio ao episdio das listas de fazendas pecuaristas habilitadas para fornecer gado para os frigorficos exportarem para Unio Europia, veio a pblico mais uma bandidagem, acobertada pelo Ministrio da Agricultura, contra a reforma agrria. Foi o episdio dos bois virtuais ou de papis. Os jornalistas Mauro Zanatta e Bettina Barros escreveram no jornal Valor Econmico que: Nos ltimos seis meses, o Ministrio da Agricultura descredenciou 26 de 71 certificadoras por indcios de fraude nos controles das fazendas aprovadas no Sisbov (Servio de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos). Parte das prejudicadas, contudo, obtiveram liminares e continuam em operao. O descredenciamento foi embasado em flagrantes de fiscais do Ministrio em 2007. Entre elas, havia adulteraes nos cadastros das propriedades com a criao de bois virtuais, segundo uma fonte do governo. Em alguns casos, a empresa registrava um rebanho virtual para ajudar o fazendeiro a driblar as vistorias do INCRA para fins de reforma agrria. Como os ndices de produtividade eram baixos, fabricava-se bois de papel para no entrar em processo de desapropriao de terras. (Valor Econmico - 15, 16 e 17 de fevereiro de 2008, p. B14) O quarto fato relevante em 2008 envolvendo os conflitos no campo foi o resultado da ao proposta pelos procuradores do Incra visando combater a grilagem de terras pblicas na Amaznia. O Jornal Estado de So Paulo de 17 de outubro de 2008 destacou a seguinte notcia: CNJ devolve Unio terras griladas no AM. Sem poder para mandar prender integrantes de uma mfia de grileiros com atuao no Amazonas, o Conselho Nacional de Justia (CNJ) expropriou as terras que eram ilegalmente negociadas pelo grupo. O CNJ devolveu, em setembro, 587 mil hectares de terras griladas na regio ao governo federal, uma rea do tamanho do Distrito Federal. Os imveis, localizados no municpio de Pauini (AM), ficam em rea de segurana nacional e eram grilados num esquema complexo que envolvia cartrios, empresas privadas e, desconfiam procuradores federais, juzes do Amazonas. As terras griladas eram vendidas para empresas, principalmente de Mato Grosso do Sul e So Paulo, que tinham conscincia das [ilegalidade], mas estavam interessadas em usar o terreno para negociar com a Unio o abatimento de dvidas com o INSS. O esquema comeava com a disputa por um terreno menor, nesse caso de 1.400 hectares, localizado no municpio de Pauini (AM). Os grileiros ocupavam a regio, entravam na Justia comum com aes por usucapio e demarcao de terra, registravam a propriedade em diversos cartrios sem nenhum documento que comprovasse a posse da rea e, a partir da, iniciavam um processo de aumento e clonagem das terras. A cada registro novo que faziam da mesma terra em cartrio diferente aumentavam a extenso da propriedade. O terreno que antes media 1.400 hectares chegou, por esse caminho, a 640 mil hectares. Aps toda essa seqncia de ilegalidades, juzes de primeira instncia do Amazonas proferiam decises confirmando a transferncia das terras da Unio para particulares. Era o ltimo passo para coroar o esquema de grilagem. Alm das [ilegalidades] flagrantes do processo, os juzes passavam por cima da legislao para dar ganho de causa aos grileiros. Como as reas eram de segurana nacional, qualquer deciso desse tipo cabia Justia Federal. Os juzes, portanto, no tinham competncia para analisar os casos: Constata-se que, embora houvesse toda a gama de precedentes de prtica de grilagem no Amazonas, o procedimento adotado pelo Conselho da Magistratura do Estado do Amazonas no presente caso foi contrrio lei, merecendo rigorosa interferncia desse Conselho Nacional de Justia, argumentaram no pedido encaminhado em abril ao CNJ. O conselheiro Antonio Umberto, relator do caso no CNJ, confirmou que a Justia do Amazonas cometeu [ilegalidades], determinou o cancelamento da deciso do Conselho da Magistratura e dos registros nos cartrios de ofcio. Porm, nenhum juiz ser investigado ou punido. Em 2001, o Ministrio do Desenvolvimento Agrrio pediu Corregedoria-Geral de Justia do Tribunal de Justia do Amazonas o cancelamento dos registros dos imveis nos cartrios. Uma comisso especial foi criada para investigar e corrigir as [ilegalidades]. Essa comisso cancelou uma das matrculas da terra, que aumentara a extenso da gleba para 640 mil hectares, mas esqueceu-se de anular as inscries anteriores. Com isso, uma matrcula anterior serviu para procriar novas matrculas ilegais que ampliaram as terras para 587 mil hectares. Perdido no cipoal jurdico do Estado, o caso chegou ao CNJ por representao dos procuradores do Instituto Nacional de Colonizao e Reforma Agrria (Incra). O jornal trouxe tambm a forma como os grileiros transformavam uma pequena rea em um latifndio do tamanho do Distrito Federal, ela foi a seguinte: 1. O grileiro ocupa uma pequena poro de terra devoluta da Unio e entra com aes de usucapio ou demarcao. 2. Na primeira fase da grilagem, com a ajuda de um funcionrio do cartrio, a terra registrada sem nenhum ttulo que justifique seu tamanho de 571 mil hectares. 3. Depois dessa fase do processo, o grileiro elabora um novo memorial descritivo da mesma terra. 4. Com esse novo memorial, a terra registrada novamente e com um novo tamanho: 587 mil hectares. 5. Em uma segunda fase, os grileiros apresentam uma certido falsa do Instituto Fundirio do Amazonas (Ifam) para que seja elaborado um novo registro da terra. 6. Do documento, consta que a rea tem 640 mil hectares. Com base nisso, juzes transferiam terras da Unio para grileiros. ( HYPERLINK "http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20081017/not_imp261510,0.php" http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20081017/not_imp261510,0.php) O quinto fato relevante de 2008 foi a continuidade da corrupo praticada pela banda podre dos funcionrios do INCRA ligados grilagem das terras da instituio na Amaznia Legal. A operao Dupla Face desencadeada pela Polcia Federal desmontou um esquema de falsificao de papis para desapropriao de terras e o Jornal O Estado de So Paulo retratou em manchete o seguinte ttulo PF prende cpula do Incra em Mato Grosso. Entre os envolvidos encontravam-se o superintendente do Instituto de Colonizao e Reforma Agrria (Incra) de Mato Grosso, o vice-superintendente, o procurador regional do rgo, e o chefe da Diviso de Obteno de Terras, alm de madeireiros e fazendeiros. O mesmo jornal trouxe tambm a seguinte informao:  HYPERLINK "file:///D:\\Mapa%20e%20Figura\\O%20Estado%20de%20So%20Paulo%20de%2020%20dezembro%202008.pdf" Escndalos ficaram freqentes. Escndalos envolvendo funcionrios do Incra esto se tornando freqentes. Em meados do ano passado, a Justia Federal de Santarm, no Par, promoveu aes para anular a criao de 99 assentamentos, feita sem licena ambiental. Cinco diretores da entidade foram afastados. Em agosto deste ano, a PF prendeu 32 pessoas que, infiltradas no Incra e na Receita Federal, apressavam processos de certificao de imveis. O grupo, pego na Operao Dupla Face, agia em cinco Estados e cobrava propinas dos proprietrios rurais. Em abril, o TCU anulou uma ao de desapropriao de terras em Mato Grosso do Sul, porque os funcionrios do Incra haviam escolhido justamente uma rea de preservao ambiental (Jornal O Estado de So Paulo, 20/12/2008, Caderno Nacional, p. A7). O sexto fato relevante no ano de 2008, foi a edio pelo governo de Lus Incio da Silva da Medida Provisria n 422 em 25 de maro. Ela foi aprovada na Cmara dos Deputados, no dia 13 de maio, no Senado em 9 de julho, e foi sancionada pelo presidente em 1 de agosto transformando-se na Lei n 11.763. Este caminho mostrava a adoo pelo governo atual da regularizao fundiria como poltica pblica em substituio reforma agrria. 4. A contra reforma agrria do governo de Lus Incio da Silva no 2 mandato O II PNRA acabou em 2007, e, o governo no colocou na agenda da reforma agrria a elaborao do III PNRA, logo, se desobrigou de fazer a reforma agrria. Na realidade, o final dos cinco anos das metas do II PNRA acabou to melanclico, que o MDA/INCRA, sequer tem divulgado o nmero oficial de famlias assentadas. Mas, os resultados finais indicam que desagregando as 448.954 relaes de beneficirios emitidas pelo INCRA havia apenas 163 mil famlias referentes aos assentamentos novos, ou seja, a meta 1 do II PNRA, a verdadeira reforma agrria. As demais famlias eram referentes regularizao fundiria (113 mil), reordenao fundiria (171 mil) e reassentamento de atingidos por barragens (2 mil). Como conseqncia direta deste baixo desempenho, oriundo de uma poltica deliberada do MDA/INCRA de no se fazer a reforma agrria prevista no II PNRA, a maior parte dos acampados de 2003 continuam debaixo das lonas pretas. E, eles so mais de 150 mil famlias. Assim, a poltica de reforma agrria do governo do PT est marcada por dois princpios: no faz-la nas reas de domnio do agronegcio e, faz-la apenas nas reas onde ela possa ajudar o agronegcio. Ou seja, a reforma agrria est definitivamente, acoplada expanso do agronegcio no Brasil. Embora a defesa da reforma agrria sempre fosse uma bandeira do pensamento progressista e revolucionrio parece que ela foi arreada. Poucos tm se manifestado sobre este abandono da reforma agrria pelo governo atual do PT. Jos Juliano de Carvalho Filho, escreveu o artigo A nova (velha) questo agrria, publicado no jornal Valor Econmico registrando sua crtica: Do lado do capital, no existe no campo questo a resolver que lhe dificulte a acumulao. Ao contrrio, para as populaes exploradas, a questo existe. No mundo gerado pelo capitalismo financeiro, marcadamente aqui na periferia subordinada do sistema global, no h lugar para a grande maioria dessas pessoas - so consideradas meras sobras do progresso capitalista. Para elas, no entanto, a questo agrria real e significa sobrevivncia e, por isso, resistem. (Valor Econmico de 22/02/2008) Entre as lideranas dos movimentos scio-territoriais, Joo Pedro Stedile afirmou que Nesse campo o governo Lula no avanou nada. Porque reforma agrria acontece quando so tomadas medidas de Estado que democratizem a propriedade da terra. Temos dados que mostram o contrrio: nos ltimos seis anos aumentou a concentrao da propriedade agrria. O que est em curso no Brasil uma contra-reforma. (Estado de So Paulo, 24/02/2008, p. A17) Dom Toms Balduino, da CPT, em entrevista a revista ISTO (n1993, ano 31 de 16/01/2008), tambm registrou sua avaliao crtica: Na luta contra o latifndio, Lula no fez diferena nenhuma. verdade que ele no reprimiu os movimentos sociais, como o Fernando Henrique, e dialogou, no fechou as portas [...] As desapropriaes esto muito aqum das metas que ele mesmo traou. Hoje, reforma agrria um assunto que saiu de pauta, de cogitao. (ISTO n1993, ano 31, 16/01/2008) A anlise deste quadro poltico parece indicar que o refluxo dos movimentos de massas e o fluxo dos recursos financeiros governamentais canalizados para as polticas compensatrias (bolsas de todo tipo e estilo, etc), esto aquietando aqueles que lutaram bravamente pela reforma agrria nos ltimos 30 anos. Tudo indica que os dois processos intercambiaram-se. Segundo os dados da CPT, o nmero de ocupaes de terras que bateu o recorde em 2004, com mais de 76 mil famlias, ficaram em 2006, em 46 mil famlias mobilizadas, em 2007 foram 37 mil, e, em 2008 pouco mais de 25 mil. O nmero de famlias novas que foram para os acampamentos tambm despencou: em 2003, era um total de 59 mil, enquanto que em 2006, foram apenas pouco mais de 10 mil, e, em 2008 foram apenas 2.755 famlias. Mas, o mais importante que nenhuma explicao oficial do governo foi dada sobre o fracasso do cumprimento das metas da reforma agrria que ficaram em apenas 29,6% das 550 mil famlias novas assentadas prometidas em 2003 na festa de lanamento do II PNRA pelo atual presidente da repblica. Ao contrrio, o incio do ano de 2008 revelou a substituio da poltica oficial de reforma agrria garantida pelo II PNRA pela regularizao fundiria como poltica oficial do governo do Presidente Luis Incio da Silva para os trs ltimos anos de seu segundo mandato. Consolidava-se assim, a vitria do agronegcio e a adeso definitiva da poltica agrria e fundiria do MDA/INCRA aos interesses do agrobanditismo dos grileiros de terra pblicas do INCRA e da reforma agrria na Amaznia Legal. A assinatura pelo ministro do MDA e pelo presidente da Repblica da Medida Provisria 422 no ms de maro de 2008, tornada Lei n 11.763 de 1 de agosto de 2008 comeava a refletir a consolidao da contra reforma agrria do governo petista no segundo mandato. Esta aprovao revela que a Constituio Brasileira est sendo mais uma vez revogada na prtica por esta nova lei, pois est claramente expresso nela que a destinao de terras pblicas e devolutas ser compatibilizada com a poltica agrcola e com o plano nacional de reforma agrria. E mais, o artigo 191 afirma que aquele que, no sendo proprietrio de imvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposio, rea de terra, em zona rural, no superior a cinqenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua famlia, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe- a propriedade. Afirma tambm, em pargrafo nico deste mesmo artigo, que os imveis pblicos no sero adquiridos por usucapio. Como a legislao complementar indica que o tamanho mnimo dos imveis rurais adotado pelo Incra tem que ter um mdulo fiscal, e como ele vai at 100 hectares, esta dimenso passa a ser a rea mxima que a legislao federal permite legalizar. Entretanto, o governo petista est, de forma inconstitucional, utilizando-se da Lei 8.666, para dispensar de licitao para alienar os imveis pblicos da Unio at 15 mdulos fiscais, ou seja, at 1500 hectares. Trata-se, pois, de flagrante desrespeito Constituio, uma vez que as terras pblicas do Incra tm que ser destinadas reforma agrria. evidente que os imveis com rea de at 100 hectares onde o mdulo fiscal do municpio permita, devem ser regularizados, pois a reforma agrria pressupe esta ao. Mas, no o que est acontecendo, pois, o prprio Incra passou a tratar de forma diferenciada a verdadeira regularizao fundiria destinada a conceder o ttulo de terra aos igualmente verdadeiros posseiros e a ao ilegal de legalizao das terras dos grileiros. Foi por isso que ele publicou a Resoluo n 11 que aprovou a Instruo Normativa n 45 que "fixa os procedimentos para legitimao de posse em reas de at cem hectares, localizadas em terras pblicas rurais da Unio". E, publicou tambm a Resoluo n 12 que aprovou a Instruo Normativa n 46 que por sua vez, "fixa os procedimentos para regularizao fundiria de posses em reas rurais de propriedade da Unio superiores a 100 hectares e at o limite de 15 mdulos fiscais, localizadas na Amaznia Legal. Dessa forma, com base na MP 422, o governo de Luis Incio da Silva passou a transformar os grileiros de terras pblicas at 1500 hectares em falsos posseiros, mesmo no havendo base legal e muito menos social para tornar iguais, legal e socialmente, quem desigual. Embora a ABRA, Via Campesina, MST, CPT, MAB, MMC, CIMI, CUT entre outras organizaes tivessem encaminhado carta aberta ao Presidente da Repblica e ao Congresso Nacional solicitando a revogao da Medida Provisria 422, ela virou lei e passou a ser implantada pelo MDA/INCRA. Todos estes atos aparentemente legais revelam o esforo do MDA/INCRA em tentar, a todo custo, mudar a legislao para ampliar a rea passvel de regularizao fundiria ou de alienao aos ocupantes ilegais das terras pblicas sob sua responsabilidade: agora eles podero comprar do governo federal as terras que j ocupavam h anos e no vo precisar de concorrer com outros interessados (Assinada MP para regularizao fundiria da Amaznia - Publicado em: 26/03/08 -  HYPERLINK "http://www.incra.gov.br/" http://www.incra.gov.br). Todas estas aes revelam uma grande operao de carter poltico visando entregar o patrimnio pblico para o agrobanditismo da Amaznia. Assim, o agronegcio est vencendo a luta pelo controle da terra destinada reforma agrria e o governo atual implanta a contra reforma agrria para regularizar a grilagem das terras pblicas na Amaznia Legal. E, como comum nas aes polticas onde se procura esconder da sociedade a verdadeira inteno de seus atos, o MDA adianta em afirmar que a regularizao fundiria na Amaznia beneficiar os pequenos posseiros, porm, a legislao j existente permite a legitimao de suas terras. E mais, quando se toma as reas a serem objeto destas aes verifica-se que h nesta regio potencialmente mais de 115 milhes hectares de terras pblicas devolutas, e mais 67,8 milhes de hectares que so de propriedade do Incra e esto griladas. Deste total, a rea ocupada pelos pequenos posseiros (284 mil) de apenas 17 milhes de hectares. Portanto, o objetivo da poltica de contra reforma agrria do governo de Luis Incio da Silva no segundo mandato , na verdade, legalizar a grilagem de mais de 182 milhes de hectares de terras pblicas e devolutas constitucionalmente da reforma agrria, dos povos indgenas, dos remanescentes de quilombolas e da proteo ambiental.  [1] Esse texto foi elaborado antes da anulao da absolvio do Bida, em 7 de abril de 2009, pelo Tribunal de Justia do Par que anulou, tambm, o julgamento que condenou o pistoleiro Rayfran das Neves. No caso do Bida, a Justia entendeu que o julgamento deveria ser anulado devido apresentao de uma prova ilegal e no caso do pistoleiro, os desembargadores concluram que o jri no considerou que ele praticou o crime mediante promessa de recompensa, de forma que a pena definida contra ele deveria ser ainda maior. Logo aps a deciso Bida foi preso. Em seguida foi solto novamente mediante aprovao de pedido dos seus advogados para que ele aguarde o novo julgamento em liberdade. PAGE  PAGE 10 Assim, estes dados mostram de forma cabal que est longe ainda o dia em que a questo agrria no Brasil estar resolvida. Portanto, a continuidade dos conflitos revela, tambm, que o campesinato brasileiro, principalmente sem terra, continua sua marcha histrica de luta pela conquista da terra. Trava desta forma, luta renhida, aberta e direta contra o agronegcio que se revela sempre como agrobanditismo.INCLUDEPICTURE "../ECOLOGIA/por" \* MERGEFORMATINET  12Y[yz}~   ¶zdH,6hPhP0J56CJOJQJaJmHnHsHtH7jhPhP0J56CJOJQJUaJmHsH*hPhP56CJOJQJaJmHsH$hC56CJOJQJaJmHsH+hChP0J5OJQJmHnHsHtH$jhChP0J5OJQJUhChP5OJQJhPhPCJOJQJaJ*hC5B*CJOJQJaJnHphtH0hChP5B*CJOJQJaJnHphtH 2Y[~ % C b     $^`a$gdP$a$gdnz$a$gdC$a$gdP$a$gdPqttv   7 6@A>?@AC߶ϗτ߄τ߄q\)jhPhP0JCJOJQJUaJ%jnhPhPCJOJQJUaJ%jhPhPCJOJQJUaJ<jhPhP5B* CJOJQJUaJmHnHphuh4CJOJQJaJh8W5CJOJQJaJhPhP5CJOJQJaJhPhPCJOJQJaJ"hPhP56CJOJQJaJ 236@~$a$gdP$a$gdP $^a$gdP$^`a$gdP $`a$gdPBCQ#R#((O+P+y,z,11N6O6==Z@@nAA$[$\$`a$gdP$a$gdP$a$gdP $`a$gdP$%%((( *+N+P+a+++S,x,z, .-.6.<.9/~/p0~0.1111p222شؤشŤؤشؔؔ؃ؔؔشp\'hPhP6CJOJQJaJmHsH$hPhPCJOJQJaJmHsH hPhPCJOJPJQJaJhPhP5CJOJQJaJhPhP6CJOJQJaJ hPhPCJOJQJ^JaJ%hPhPB*CJOJQJaJphhPhPCJOJQJaJ0hPhP0JCJOJQJaJmHnHsHtH 2(3*33v4W5L6N6O6P88==Z@PCQCCCCCmEïïÚïÚÃkXkGk hPhP0JCJOJQJaJ%hPhPB*CJOJQJaJph.jhPhPB*CJOJQJUaJph-hPhPB*CJOJQJaJmHphsH(hPhPCJOJQJ^JaJmHsH'hPhP5CJOJQJaJmHsH$hPhPCJOJQJaJmHsH'hPhPCJOJQJ\aJmHsH*hPhP5CJOJQJ\aJmHsHA2BBCZJ[JLL^L_L'P(PRQSQTTuVvV[X\Xn[o[]]$[$\$a$gdP$[$\$`a$gdP $`a$gdP$a$gdPmEEFFF;G'1shK#\ӡ{8m!;0nv?͜`JԈjz>MXuF+8q $6{-1dz{hVunf\ym.Fj^Oᨚ+tMR5F6oʃKlNLmE.-Y^3vaxtLmőM/P}xdzפ@7xxT:<_Q,&[xm>v6cn5̣TR0ɹW8溿ͼ0g1j/CԆk(|C_ \jmM'מm+00$UvN~Rpp {skZ6{lVRjE tY^MM-BkGP Z_I"2JȽOH; .'֮m->4+ߴ+[/^xZ^O?侁*HIO= ӱ=UONtPڂܷy8A.S@|f־>(Kx$)O#U뻜׵Q@Q@Q@Q@Q@Q@Q@Q@|GC?h(zѲI熿k $_ K]QEQEQEQEQEQEQTMNH專8{0Z@\JDs+~#Y@,-hb'[ׯ5ۣ%ÕʃzˠO6RMm&} *qTPi2ҵfXopzG7>ǡH%N/|Lǔ=>k>msYg>鐀}ˑ~UoXVOAZK[ mWGrC0rqs]OFOO[ܬ[$gdϩp5䉢UvPm&[M?Z(":-Lj >"x_POGDHoKG{orpAӥvP{+$ou:m&#i4Ü  i>Ӵtf<֭QEQEQEQEQEQEQEQEQEQEQEWw=?Qk*?-{?xkV)kO<5`_PEPEPEPEPEPEP^Se dFh~WM{I?6fIYG9g%4( ( (=cj73n!]=y_9gk(((((((((((((((?h(zѲ%OT6Z<RA\?xkV)k(((((&%Y#V8-L[;H8WLS<;g]B;P+>KZGǨ} y0r py>h:Ύ\`y1@hv$`A,y8984ʀTTH]*7h r2([vr^^sO/yu0#_)Ѩ((]=QZgĭ='j5&t!|n۟\`֯VTjAC;ɴ4ߘ*55cR(j( ( ( ( ( ( ( ( ( ( *?-}?_0~PGe' *E-tI熿k (((@M-BW#) IFb8sMcto-D2:2:(Q@fZZΪS ҬY-&r[ve$spxhJh4IPa$Sc_ҵmk'yNy!s9 St# l/;䜳EMsëPluoB :U))9CF*8aS+0a Wfg9f,}IXPU<0m$A@ŕV^Y>{JKnV"yA+?M܈{r0A@m.-K.v ySWrGsLҵ*\ 2GOEa"kH`5g9:ԗA6s&t(㙟& \އ4Eb]c MfnG"+`du3yVB혾 JӗSNK)cO $LTK6{nIf,]y}B=Vmo.P=kVZ-x 2QO xd$S >j:Eݴm(pdq? 4-&]N FKfY >ePszS"&%#ea@Q@Q@Q@Q@Q@Q@Q@Q@Q@|GC?h(zѲI熿k $_ K]QEGVy)^&x. ggiz/,(H橨(=s"?%?LX%uQt`~٭4]϶DpJ4d=]UJ&ﷱ +svRC8lSҵ/W.&Z0Zmq)V؜uZ[mfuI|a<dG+^^anϾce}=o5 4xc;r,HhDZvh@|7v>XrYΣX(AeQ@R? sJܬDn4yw]#oj WK䴹ROױYee=RҬ{"G= cڹ94Mu6?(τ v+ys! 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