<!DOCTYPE HTML PUBLIC "-//W3C//DTD HTML 4.0 Transitional//EN">
<HTML><HEAD>
<META http-equiv=Content-Type content="text/html; charset=iso-8859-1">
<META content="MSHTML 6.00.2900.2523" name=GENERATOR>
<STYLE></STYLE>
</HEAD>
<BODY bgColor=#ffffff background=""><FONT face=Arial size=2>
<DIV align=justify>
<HR>
</DIV>
<DIV align=center><STRONG><FONT size=4><EM>boletín solidario de información - 
edición internacional</EM><BR><FONT color=#800000 size=5><U>Correspondencia de 
Prensa</U><BR>Agenda Radical - Colectivo Militante</FONT><BR><U>26 de julio 
2009</U><BR>suscripciones y redacción: </FONT></STRONG><A 
href="mailto:germain5@chasque.net"><STRONG><FONT 
size=4>germain5@chasque.net</FONT></STRONG></A><BR></DIV>
<DIV align=justify>
<HR>
</DIV>
<DIV align=justify>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><STRONG><FONT size=3>Brasil</FONT></STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial><STRONG></STRONG></FONT>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2><STRONG><FONT size=3>No Brasil, 
metade dos jovens morre à bala <BR><BR>Assassinato é a causa de 46% das mortes 
entre jovens de 12 a 18 anos; a maioria é pobre e 
negra</FONT></STRONG><BR><BR><BR><STRONG>Wilson H. Silva *</STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2><A 
href="http://www.pstu.org.br/"><STRONG>http://www.pstu.org.br/</STRONG></A></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2><BR><BR></FONT><FONT face=Arial 
size=2>Um estudo realizado pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) 
transformou em dados estatísticos uma realidade já conhecida pela maioria das 
famílias que vivem nas periferias do Brasil: o assassinato é a causa de nada 
menos do que 46% das mortes entre jovens de 12 a 18 anos. Para ser uma ideia da 
dimensão exata desta tragédia, se nada for feito para mudar essa situação, de 
2006 – quando os dados foram coletados – até dezembro de 2011, cerca de 33,4 mil 
adolescentes terão sido mortos.<BR><BR>Em termos nacionais e em quase todos os 
setores sociais da juventude, os homicídios estão à frente de todas as demais 
causas de morte nesta mesma faixa etária. As chamadas causas naturais são 
responsáveis pelo óbito de 25% dos jovens. Já os acidentes, correspondem a cerca 
de 23%.<BR><BR>Em tempos de gripe suína e outras epidemias que varrem o mundo, 
os números batem, de longe, a quantidade de mortes causadas pela maioria das 
desgraças que caracterizam a crise do sistema e significam, por exemplo, o 
absurdo que 13 adolescentes morrem, por dia, de forma violenta, Brasil 
afora.<BR><BR><STRONG>Um ranking macabro</STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2><BR>A pesquisa foi realizada pelo 
Laboratório de Análise da Violência da UERJ, junto com a Secretaria de Direitos 
Humanos da Presidência, a ONG Observatório de Favelas e pela Unicef, a partir de 
dados (evidentemente parciais) do Ministério da Saúde, coletados nas 267 cidades 
brasileiras com mais de 100 mil habitantes.<BR><BR>O estudo deu origem a um novo 
e tenebroso indicador social: o Índice de Homicídios na Adolescência (IHA), que 
calcula a probabilidade de morte por assassinato para cada grupo de mil jovens 
nascidos. Em termos nacionais, por exemplo, a média é de dois jovens mortos para 
cada mil.<BR><BR>O número pode até parecer baixo para os atuais padrões sociais, 
mas isso é um enorme engano. Na maioria dos países ditos desenvolvidos, o número 
se aproxima sempre de zero. Comparativamente, o número de menores brasileiros 
mortos é maior do que o de vários países africanos devastados por guerras e pelo 
total descontrole em relação a epidemias como a da Aids ou de regiões em que se 
enfrentam situações de guerra aberta.<BR><BR>Além disso, são muitas as cidades 
em que os números são, inegavelmente, assustadores. A situação mais grave está 
em Foz do Iguaçu (PR), onde quase dez a cada mil jovens morrem antes de 
completar 19 anos, uma situação diretamente relacionada com o tráfico (de 
drogas, armas e produtos importados) na Tríplice Fronteira.<BR><BR>Entre as 
cidades mais violentas, estão as localizadas nas regiões metropolitanas de Minas 
Gerais, Espírito Santo, Pernambuco e Rio de Janeiro, com uma média entre cinco e 
nove mortos por mil. Já nas capitais, as mais violentas são Recife (PE) e Maceió 
(AL), onde a média é de seis assassinatos para cada mil jovens 
nascidos.<BR><BR>Apesar de nacionalmente conhecidas pela violência, duas das 
principais cidades do país, não constam entre as 20 primeiras deste ranking 
macabro. O Rio de Janeiro ocupa o 21º lugar, com 4,9 mortos por mil. São Paulo 
está em 151º lugar (1,2 por mil). Contudo, em termos populacionais, a situação 
do Rio, por exemplo, indica que somente na capital carioca são previstas quase 4 
mil mortes até o início de 2012.<BR><BR><STRONG>Jovens mortos têm raça e 
classe</STRONG></FONT></DIV><FONT face=Arial size=2>
<DIV align=justify><BR>Como também, infelizmente, já era de se esperar, a 
possibilidade de um jovem não chegar à vida adulta, também é determinada por sua 
raça e sua classe social. A maioria dos jovens assassinatos são homens, negros, 
de baixa renda e pouquíssima escolaridade. Um garoto tem 12 vezes mais chance de 
ser assassinado do que uma mulher. Se for negro, a chance de chegar aos 19 anos 
é três vezes menor do que um jovem branco.<BR><BR>Além disso, um dos dados menos 
explorados pela imprensa ao divulgar os números nos parece um dos mais 
significativos para interpretarmos a pesquisa. O estudo revelou que são 
exatamente as regiões tratadas pelo governo e pela burguesia como polos de 
desenvolvimento regional, que concentram os maiores índices de 
assassinatos.<BR><BR>Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo (22/7/2009), a 
coordenadora do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo, 
Nancy Cárdia, destacou que a maioria destas cidades, a exceção das grandes 
capitais, tem algo em comum: são regiões que passaram por processos de expansão 
recentes e caracterizadas pela precária estrutura urbana e de serviços, 
inclusive básicos, como moradia, educação e saúde.<BR><BR>Além disso, 
evidentemente, não podemos esquecer, também, que estes novos polos já nascem 
marcados pela precarização e superexploração do trabalho e têm sua população 
inflada pela contínua migração do campo, tomado pelos latifundiários e pelo 
agronegócio.<BR><BR>Obviamente, toda mídia deu destaque para o fato de que boa 
parte dos assassinados tinha alguma relação com a criminalidade ou consumo de 
drogas. Uma constatação não só tardia como também cínica.<BR><BR>Tardia, porque 
os atuais índices de marginalidade e criminalidade são resultados diretos da 
falência do sistema e das políticas neoliberais. Virar “avião” ou praticar 
pequenos furtos para sobreviver não são opções para um jovem negro de 14 anos de 
idade. Muitas vezes, este é o único lugar que a sociedade lhe 
reserva.<BR><BR>Cínicas, porque desconsideram o grau de envolvimento do próprio 
Estado (particularmente, suas forças repressivas, como as policias) tanto na 
criminalidade quanto diretamente nos assassinatos, através de justiceiros, 
chacinas, milícias, esquadrões da morte.<BR><BR><STRONG>O cinismo criminoso de 
Lula e seus comparsas</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>Em declarações à imprensa diante da divulgação dos dados, 
Lula atuou com seu já característico cinismo, defendendo a necessidade de 
políticas públicas para proteger os jovens da violência no 
país.<BR><BR>Afirmando que o governo federal tem feito sua parte no combate à 
violência, o presidente apontou seus projetos de políticas compensatórias como 
exemplos para estancar a matança. Segundo ele, este é o papel que vem sendo 
cumprido pelo Pronasci, voltado para segurança pública, o PAC e o programa de 
transferência de financiamento público para o ensino privado, o 
ProUni.<BR><BR>Na mesma linha, os representantes dos poderes estaduais 
repassaram a responsabilidade adiante. Na matéria da Folha, por exemplo, a 
secretária de Cidadania e dos Direitos Humanos de Alagoas, Wedna Miranda, 
defendeu a integração dos governos municipal, estadual e federal com uma frase 
que é exemplar do descaso e irresponsabilidade com a qual a burguesia trata a 
morte dos filhos de trabalhadores: “É necessário que cada um saia do seu 
quadrado e faça alguma coisa diferente. A [atual] política falhou”.<BR><BR>Já o 
secretário de Segurança do Paraná, Luiz Fernando Delazari, simplesmente 
contestou a realidade dos números referentes a Foz do Iguaçu, afirmando que as 
mortes já caíram pela metade desde que os dados foram 
coletados.<BR><BR><STRONG>Toque de recolher e outras medidas 
repressivas</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>Os representantes governamentais entre elaboradores da 
pesquisa, como não poderia deixar de ser, praticamente apontam uma única solução 
para o problema: o aumento da repressão à população em geral e aos jovens e 
adolescentes, em particular.<BR><BR>No alto da lista de sugestões, está a 
restrição da circulação de armas, mas o que temos visto país afora é a mais 
simples e absurda repressão, principalmente através do inaceitável toque de 
recolher, imposto em dezenas de cidades brasileiras, proibindo a circulação de 
jovens a partir de determinada hora da noite.<BR><BR>Eficiente na avaliação dos 
órgãos de repressão, a medida é um paliativo ridículo que, na verdade, transfere 
para os jovens a responsabilidade pela violência que se volta contra eles e 
instaura a família como responsável pela segurança de seus filhos.<BR><BR>Essa 
mesma lógica privada que cerca as políticas do Estado é característica, também, 
da atuação dos meios de repressão e o papel que eles cumprem em nossa 
sociedade.<BR><BR>Como destacou o professor Ignácio Cano, responsável pela 
pesquisa, em entrevista à Agência Brasil, um dos problemas centrais da chamada 
violência letal tem a ver com o próprio papel das forças repressivas do Estado, 
que estão voltadas para a violência contra o patrimônio quando deveriam 
priorizar a violência contra a vida.<BR><BR>Lamentavelmente, apenas constatar 
esta realidade não é o suficiente para impedir que dezenas de milhares de 
meninos e meninas morram nos próximos anos. É preciso também apontar o que está 
por trás das balas e punhais de facas: os patrões, os governos que os acobertam 
e o sistema econômico que eles defendem.<BR><BR>* Redação do Opinião Socialista 
e membro da Secretaria Nacional de Negros e Negras dos PSTU.</DIV>
<DIV align=justify>
<HR>
</DIV>
<DIV align=center><STRONG><FONT size=3><FONT color=#800000 
size=4>Correspondencia de Prensa</FONT><BR>boletin solidario de información - 
edición internacional<BR></FONT></STRONG><A 
href="mailto:germain5@chasque.net"><STRONG><FONT 
size=3>germain5@chasque.net</FONT></STRONG></A><BR><STRONG><FONT size=3><FONT 
color=#800000 size=4>Agenda Radical - Colectivo 
Militante</FONT><BR></FONT></STRONG><A 
href="mailto:Agendaradical@egrupos.net"><STRONG><FONT 
size=3>Agendaradical@egrupos.net</FONT></STRONG></A><BR><STRONG><FONT 
size=3>Gaboto 1305 - Teléf: (5982) 4003298 - Montevideo - 
Uruguay</FONT></STRONG><BR></DIV>
<DIV align=justify>
<HR>
</DIV>
<DIV align=justify><BR>&nbsp;</FONT></DIV></BODY></HTML>