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<DIV align=center><STRONG><FONT size=4><U>boletín solidario de 
información</U><BR><FONT color=#800000 size=5>Correspondencia de Prensa</FONT> 
<BR><U>22 de noviembre 2009</U><BR><FONT color=#800000>Colectivo Militante - 
Agenda Radical</FONT><BR>Gaboto 1305 - Teléfono 4003298 - Montevideo - 
Uruguay<BR>redacción y suscripciones: </FONT></STRONG><A 
href="mailto:germain5@chasque.net"><STRONG><FONT 
size=4>germain5@chasque.net</FONT></STRONG></A></DIV>
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<HR>
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<DIV>&nbsp;</DIV>
<DIV><STRONG><FONT size=3>Brasil</FONT></STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial><STRONG></STRONG></FONT>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2><STRONG><FONT size=3>Um passo 
atrás... na direção do abismo</FONT></STRONG>&nbsp;&nbsp;&nbsp; 
<BR></DIV></FONT>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2></FONT>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2></FONT>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2><STRONG>Fernando 
Silva&nbsp;*&nbsp;&nbsp;&nbsp;<BR>Correio da Cidadania</STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2><A 
href="http://www.correiocidadania.com.br/"><STRONG>http://www.correiocidadania.com.br/</STRONG></A></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2><BR>&nbsp;<BR>A deputada federal do 
PSOL, Luciana Genro, divulgou o artigo "Um passo atrás, dois passos à frente!" 
(Folha de Sao Paulo, 18-11-2009). Nele, parte de considerar acertada a decisão 
da Executiva Nacional do PSOL de aprovar, por maioria, uma comissão para abrir 
negociações com a pré-candidata do Partido Verde (PV), Marina Silva. O artigo da 
companheira argumenta que é correto apoiar a candidata do PV, pois essa seria a 
melhor tática do PSOL para as eleições de 2010. <BR>&nbsp;<BR>Com toda 
fraternidade e respeito que merece a companheira Luciana, que foi uma das mais 
expressivas figuras públicas na fundação do PSOL, discordamos de cara do 
enunciado do artigo. <BR>&nbsp;<BR>Para começar, foi um erro importante da 
direção máxima do partido aprovar a abertura de negociações com Marina Silva, 
num momento em que o partido ferve de incertezas e mal inicia um debate a sério 
sobre o que fazer na disputa de 2010. <BR>&nbsp;<BR>Pior ainda: aprovou uma 
plataforma de "condições" que sequer exige da candidata do PV um pronunciamento 
de ruptura para com a política econômica do governo Lula, nem pede um debate 
sobre uma necessária ruptura do seu partido com os tucanos e democratas, direita 
na qual estão hoje abrigados setores expressivos do PV. <BR>&nbsp;<BR>Como 
conseqüência dessa "abertura de porteira", os apoiadores diretos do caminho 
Marina — com franqueza elogiável, registre-se — saem a campo expondo suas 
posições. É o caso da companheira Luciana Genro. <BR>&nbsp;<BR>Nota-se no artigo 
que todos os argumentos são táticos. Trata-se de buscar o melhor atalho possível 
para não ficar na marginalidade, em uma eleição em que as circunstâncias são de 
fato difíceis para a esquerda socialista e revolucionária. O problema dos 
argumentos excessivamente táticos é que, ao abandonarem o horizonte estratégico, 
abandonam também razões que mantiveram até aqui o projeto PSOL. 
<BR>&nbsp;<BR>Uma esquerda anticapitalista não pode estar colada a um processo 
que não rompe com a política econômica, ou com as ilusões de que é possível 
disputar alas progressistas de setores governistas e das entranhas do governo. 
Ou seja, um processo que de fato sequer separou-se pra valer do governo Lula. 
<BR>&nbsp;<BR>Exagero nosso? Basta observar, sobre isso, o que a própria Marina 
Silva está dizendo agora, após a votação da Executiva do PSOL: <BR>&nbsp;<BR>"Na 
semana passada, o governo fez dois anúncios extremamente significativos: a menor 
taxa de desmatamento já registrada na Amazônia e o compromisso de reduzir a 
tendência de crescimento das emissões de gases de efeito estufa entre 36,1% e 
38,9% até 2020. <BR><BR>São resultados importantes, conseguidos, ao longo dos 
anos, com a forte e contínua pressão de diferentes segmentos da sociedade e do 
Ministério do Meio Ambiente na construção de uma política ambiental. Sem isso, o 
compromisso do governo com a redução de emissões simplesmente não teria saído. 
<BR>&nbsp;<BR>Saúdo o governo por isso e lembro que esses anúncios precisam 
fazer parte de uma visão estratégica de país. Aliás, a luta pelo cumprimento de 
tais metas está só começando (...) O Brasil está com tudo a seu favor e pode 
brilhar em Copenhague. <BR>&nbsp;<BR>Só não podemos permitir que setores mais 
atrasados do governo e do agronegócio tenham êxito na desconstrução da 
legislação que sustenta as medidas que levaram a esses resultados. O Brasil deve 
assumir a vocação de líder e deve estar à altura das responsabilidades nacionais 
e globais que isso implica" (Opinião pública e mudança climática, Folha de S. 
Paulo, 16/11/2009). <BR>&nbsp;<BR>Bem, se depender da posição da companheira 
Luciana Genro e da sua corrente no partido, o PSOL pode, em nome de acumular 
melhores condições no futuro, entregar seu patrimônio e sua história de 
coerência para uma candidatura que saúda o governo na sua inaceitável política 
ambiental e compactua com a idéia de que o problema são os "setores atrasados do 
governo e do agronegócio". <BR>&nbsp;<BR>Cabe perguntar se a companheira Luciana 
e sua corrente pensam em mudar de posição no debate feito pelo PSOL, contra a 
maior parte da esquerda desde 2004, sobre a existência ou não de setores 
progressistas no governo Lula, que permitiriam cogitar a possibilidade de que 
este governo estivesse "em disputa" ou algo pelo estilo. <BR>&nbsp;<BR>Se 
Luciana Genro e a sua corrente não mudaram de posição, qual o sentido de 
subordinar o PSOL a esse tipo de perfil nas eleições de 2010? Em nome de um 
espaço maior para dialogar com o povo? Mas isso é de uma incoerência completa. 
Como dialogar com a população trabalhadora dentro de uma coalizão cujo partido 
principal abriga parte da família Sarney? <BR>&nbsp;<BR>O máximo da incoerência 
no argumento do "diálogo com o povo" é que o artigo propõe que abramos mão da 
exposição pública, do tempo de TV e do perfil próprio para falar e dialogar com 
dezenas de milhões de brasileiros, aliás, mais de 130 milhões de eleitores 
(sendo um pouco mais precisos), para nos escondermos nas asas de uma candidatura 
amiga dos setores "progressistas" do governo. E do agronegócio! Além de também 
de governos estaduais e municipais tucanos e democratas. 
<BR>&nbsp;<BR><STRONG>Abrindo mão do projeto PSOL</STRONG> <BR>&nbsp;<BR>Na 
fundação do PSOL compartilhávamos todos da concepção segundo a qual, na atual 
etapa, é imperioso um partido anticapitalista amplo, para reaglutinar forças e 
dissidências da esquerda socialista, sem ultimatos e programas prontos. E 
plural, democrático, que aceitasse o direito de tendências. Por isso, não vimos 
nenhuma possibilidade de um partido comum com o PSTU. E mesmo reconhecendo 
naquele partido uma vertente da esquerda revolucionária brasileira, esta 
impossibilidade continua vigente dadas as grandes diferenças de concepção 
partidária, programáticas e de tarefas na atual etapa da reorganização de forças 
na esquerda. <BR>&nbsp;<BR>Mas não é isso que está em debate agora no partido. 
Chega a ser desleal com a militância e setores do PSOL, e mesmo com o PSTU, 
utilizar aquele partido para mascarar o giro político da deputada e sua 
corrente, como se todos os que não concordam agora em apoiar a Marina fossem 
sectários, avessos ao diálogo com a população etc. e tal. Seja lá qual o for o 
ângulo com que se analise esta argumentação, ela é simplesmente grosseira. 
<BR>&nbsp;<BR>O problema em questão é que Luciana Genro e sua corrente estão 
propondo que o PSOL abra mão de uma de suas razões de ser. E o artigo da 
deputada reconhece essa razão: ser oposição de esquerda ao governo Lula. 
<BR>&nbsp;<BR>É possível acumular posições e inserção de massas em períodos 
defensivos mantendo o perfil próprio e independência política. Se, por exemplo, 
o Bloco de Esquerda em Portugal seguisse os atalhos sugeridos pela companheira, 
em conjunturas ainda mais atrasadas que as vividas no Brasil, talvez não tivesse 
conquistado a inserção no movimento e a bancada parlamentar que tem hoje, após 
dez anos mantendo-se como força independente, sem confundir-se com qualquer 
vertente da social-democracia portuguesa, ainda que a custo de ter tido apenas 
dois parlamentares na maior parte dessa década de vida, com votações que mal 
passavam dos 3% dos votos, em um país então com baixa intensidade da luta de 
classes. <BR>&nbsp;<BR>Mas eis que, quando entra em cena a crise econômica na 
Europa e se evidencia a crise de representação política na classe trabalhadora 
européia, estava lá o Bloco de Esquerda, como uma alternativa coerente aos olhos 
do povo português, para dar o impressionante salto nas últimas eleições 
nacionais, quando obteve 10% dos votos, chegando a 16 parlamentares, alargando e 
nacionalizando sua inserção social. <BR>&nbsp;<BR><STRONG>Três observações 
finais</STRONG> <BR>&nbsp;<BR>Uma conseqüência evidente dessa falta de confiança 
no projeto PSOL é o descaso de Luciana e sua corrente com as reservas do partido 
e suas possibilidades de conseguir outro nome para apresentar um programa de 
demandas da classe trabalhadora, diante da decisão de Heloísa Helena de se 
candidatar ao Senado. <BR>&nbsp;<BR>O ataque gratuito da companheira Luciana ao 
companheiro Plínio Arruda Sampaio, no meio do artigo, beira a pura deselegância, 
visto que sua corrente não fez qualquer gesto, nem esforço sério, para debater 
as alternativas que começaram a aparecer e se consolidar dentro do partido, como 
é o caso da pré-candidatura de Plínio. <BR>&nbsp;<BR>Em um partido de gente 
grande e com relativa experiência política, como já podemos falar que é o PSOL, 
sabemos que a construção de um programa, da linha de campanha e de objetivos 
comuns envolvendo o nome e um patrimônio político como o do companheiro Plínio, 
pode perfeitamente se construir mediante diálogo, debate e boa vontade para 
encontrar soluções unitárias que "dialoguem com o povo". <BR>&nbsp;<BR>Segunda 
observação: o giro da companheira Luciana Genro não é um raio em céu azul. 
Quando candidata a prefeita de Porto Alegre, aceitou, junto com sua corrente, o 
financiamento de campanha de empresas capitalistas de grande porte, como a 
Gerdau e a Taurus. <BR>&nbsp;<BR>Ali, à revelia da maioria da Executiva Nacional 
do partido (pior, à revelia da decisão de consenso da Conferência eleitoral do 
partido sobre esse tema), por cima dos estatutos do partido, abriu-se um 
gravíssimo precedente, que já sinalizava o início de um descompromisso com um 
projeto político independente de classe. Afinal, o financiamento privado de 
campanhas eleitorais foi, é e será uma das principais fontes de domesticação e 
corrupção dos partidos políticos no país, incluindo os de origem na classe 
trabalhadora. <BR>&nbsp;<BR>Quem quis aprender alguma coisa do que aconteceu com 
o PT, quando começou a rebaixar programa e alianças para ganhar eleições e a 
aceitar as regras do jogo do poder econômico, bem, aprendeu. Quem prefere 
insistir nos velhos erros, pedimos apenas, por favor, que levem apenas a si 
mesmos para o abismo, e não todo o partido. <BR>&nbsp;<BR>Por fim e em 
conclusão: o que a companheira Luciana e sua corrente estão propondo não é um 
passo atrás, um recuo tático para acumular forças, mas um passo para o abismo, 
para a dissolução do projeto, se entendemos o projeto PSOL como uma aposta de 
uma ferramenta anticapitalista capaz de reaglutinar forças na esquerda 
socialista e inserir-se nas lutas sociais para dinamizar um projeto de ruptura. 
<BR>&nbsp;<BR>Mas o que parece é que, tragicamente, em tão pouco tempo de vida, 
o PSOL já tem os seus liquidacionistas... <BR>&nbsp;<BR>* Fernando Silva é 
jornalista, membro da Executiva Nacional do PSOL e do Conselho Editorial da 
revista Debate Socialista. 
<HR>
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