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<DIV align=center><STRONG><FONT size=4><U>boletín solidario de 
información</U><BR><FONT color=#800000 size=5>Correspondencia de Prensa</FONT> 
<BR><U>13 de marzo 2010</U><BR><FONT color=#800000 size=5>Colectivo Militante - 
Agenda Radical<BR></FONT>Gaboto 1305 - Montevideo - Uruguay<BR>redacción y 
suscripciones: </FONT></STRONG><A 
href="mailto:germain5@chasque.net"><STRONG><FONT 
size=4>germain5@chasque.net</FONT></STRONG></A></DIV>
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<HR>
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<DIV>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><STRONG><FONT size=3>Brasil</FONT></STRONG></FONT></DIV>
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<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2><STRONG><FONT size=3>Os impasses do 
modelo econômico sob Lula</FONT></STRONG>&nbsp;&nbsp;&nbsp; <BR></DIV></FONT>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2></FONT>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2></FONT>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2><STRONG>Paulo 
Passarinho&nbsp;*<BR>Correio da Cidadania</STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2><A 
href="http://www.correiocidadania.com.br/"><STRONG>http://www.correiocidadania.com.br/</STRONG></A></FONT></DIV><FONT 
face=Arial size=2>
<DIV align=justify><BR>&nbsp;<BR>Tenho defendido com freqüência a necessidade de 
superarmos o atual modelo econômico, em curso no país desde o início dos anos 
90. Esta minha posição, percebo, muitas vezes produz muito mais dúvidas ou 
incompreensões do que eu mesmo poderia supor. <BR>&nbsp;<BR>Já fui até mesmo 
confundido como uma pessoa que, não atentando nem mesmo para o que ocorre na 
China, sob direção de um partido comunista, estivesse defendendo a ruptura do 
Brasil com o sistema capitalista mundial e pregando uma espécie de fechamento do 
nosso país às relações com o sistema global. <BR>&nbsp;<BR>Inicialmente, frente 
a esse tipo de interpretação, imaginei ser apenas uma incompreensão, reflexo do 
rebaixamento da qualidade do debate político e econômico, que de fato também é 
real. Afinal, esse empobrecimento da discussão é cotidianamente alimentado pelos 
meios de comunicação de massa, pelos analistas de plantão desse tipo de mídia e 
pelo próprio mundo da política. <BR>&nbsp;<BR>Vivemos em um país em que 
atualmente a crença difundida é que haveria de certo modo apenas uma maneira de 
se conduzir a economia do país, "de forma responsável" e com o objetivo de não 
se alterar o quadro de "estabilidade macroeconômica", que nos produz os "sólidos 
fundamentos da economia brasileira". <BR>&nbsp;<BR>A conversão do PT e de seus 
aliados à política de juros altos, superávit primário, câmbio flutuante, por 
exemplo, também reforçou a idéia de que o possível de ser feito é o que tem sido 
praticado por sucessivos governos, desde o início do Plano Real, em 1994. 
<BR>&nbsp;<BR>O que naquele momento se consolidava no país, depois de toda a 
instabilidade marcada pelo governo Collor, era a afirmação no Brasil do modelo 
liberal-periférico, em substituição ao chamado modelo desenvolvimentista 
(1930/1980), o qual havia entrado em crise nos anos 80. <BR>&nbsp;<BR>Este 
modelo, em vigor, caracteriza-se pela abertura financeira do país, pela absorção 
da chamada poupança externa e pelo incentivo variado ao capital estrangeiro. A 
concessão de benefícios fiscais, tratamento indiferenciado em relação às 
empresas de capital nacional, privatizações de empresas estatais e concessões de 
serviços públicos, além de uma generosa política de financiamentos, 
especialmente via BNDES, são diferentes exemplos dessa estratégia de priorização 
aos capitais externos. É um modelo que privilegia também as empresas 
transnacionais brasileiras, dentro da perspectiva de geração de mega-superávits 
comerciais, fator fundamental para a garantia do seu funcionamento e 
estabilidade macroeconômica. <BR>&nbsp;<BR>Em termos de política externa, a 
priorização às empresas brasileiras com atuação global, ou mesmo às 
multinacionais aqui instaladas, induz os governos a buscarem novos mercados, 
onde as vendas de produtos, bens e serviços produzidos internamente ampliem as 
nossas exportações. Desse modo, é um equívoco desvincular a política diplomática 
do governo Lula dessa estratégia, de extremo interesse dessas transnacionais. 
<BR>&nbsp;<BR>Lula, como um político vindo da esquerda, sabe explorar muito bem 
esse seu viés e colocá-lo a serviço de uma política agressiva de aproximação 
comercial com países que acumulam tensões com nações como os Estados Unidos, a 
exemplo da Venezuela ou do Irã. <BR>&nbsp;<BR>A política externa brasileira – 
ancorada em uma diplomacia dita progressista – defende uma espécie de livre 
comércio, onde a atual divisão internacional de trabalho, de preferência dos 
países do norte, é reforçada. A idéia defendida por Lula (que nesse sentido 
repete FHC) é a de abertura dos mercados agrícolas dos países da Europa e dos 
Estados Unidos aos nossos produtos, em troca de uma maior tolerância brasileira 
para a abertura dos nossos mercados industrial, de serviços e de compras 
governamentais. <BR>&nbsp;<BR>Esta posição já nos colocou em rota de choque com 
países em desenvolvimento, em mais de uma ocasião. Em Cancun e em Genebra, nas 
reuniões da OMC para se tentar concluir a chamada Rodada de Doha, ficou patente 
a diferença de enfoque dessa questão entre o nosso governo e os interesses de 
países como a Índia, a Malásia, a Indonésia ou a nossa vizinha Argentina. 
<BR>&nbsp;<BR>Destacar, portanto, as virtudes de nossa diplomacia externa, sem 
se dar conta de sua funcionalidade na defesa e fortalecimento de um modelo 
econômico ditado por bancos e transnacionais, é no mínimo uma total ingenuidade. 
Na época da ditadura, em pleno governo Geisel, o Brasil foi o primeiro país no 
mundo a reconhecer o governo de Angola, de orientação marxista-leninista, que 
acabara de vencer a luta anti-colonial contra Portugal. Na época, em 1974, sem 
se deixar de reconhecer a importância da decisão brasileira, especialmente para 
os angolanos, não houve nenhuma margem de dúvida sobre o que de fato estava em 
questão, na lógica dos interesses da ditadura militar-empresarial brasileira. 
<BR>&nbsp;<BR>O modelo periférico-liberal também não se resume apenas a uma 
política. Dependendo da conjuntura, a política econômica deve se adaptar às 
diferentes circunstâncias e contingências que cada momento exige, de acordo 
inclusive com o que já vivenciamos a partir de 1994. <BR>&nbsp;<BR>Do lançamento 
do Plano Real até 1998, tivemos uma política administrada de câmbio fixo. Frente 
à crise cambial que se explicita no segundo semestre daquele ano, essa política 
é substituída, no início de 1999, pelo regime cambial flutuante e a introdução 
de uma política monetária baseada no modelo de metas de inflação, além, na 
política fiscal, da exigência – imposta pelo FMI – de metas de superávit 
primário. <BR>&nbsp;<BR>Esta política não sofre maiores alterações com o governo 
Lula. A exceção fica por conta das metas de superávit primário, elevada pelo 
governo que se inicia em 2003. <BR>&nbsp;<BR>Com a conjuntura internacional 
produzindo uma folga em nossas contas externas, o governo Lula se beneficia de 
taxas de crescimento da economia um pouco maiores a partir de 2004, e ampliam-se 
os mecanismos de financiamento ao consumo – mesmo que com taxas de juros 
exorbitantes. <BR>&nbsp;<BR>Contudo, embora contemple sobremaneira aos bancos e 
transnacionais, este modelo sacrifica a população ao menos em dois 
importantíssimos aspectos. <BR>&nbsp;<BR>Primeiramente, nos condena a taxas de 
crescimento econômico extremamente baixas, frente às nossas potencialidades e 
necessidades. Apesar da propalada diferença dos efeitos do modelo nos governos 
Lula e FHC, a taxa média de crescimento da economia brasileira nesses sete anos 
do atual governo ficou em 3,6%, contra uma média de 2,3% nos oito anos de 
governo FHC. <BR>&nbsp;<BR>Contudo, torna-se forçoso reconhecer que a economia 
mundial teve um crescimento bastante significativo entre os anos de 2003 e 2008. 
E apesar desta elevação média das taxas de crescimento internas, sob o ponto de 
vista internacional, perdemos espaço na economia global, pois praticamente todos 
os países obtiveram taxas de crescimento mais elevadas do que as obtidas por 
nós, nesses últimos anos. <BR>&nbsp;<BR>Conforme dados de um recente estudo do 
professor Reinaldo Gonçalves, a participação do Brasil na produção agregada 
mundial era, em 2002, de 2,81%. Em 2009, essa participação havia praticamente se 
mantida estável, com uma leve queda para 2,79%. Caso, entretanto, levemos em 
conta a participação média do PIB brasileiro no conjunto da produção mundial, o 
resultado é de 2,93%, no governo de FHC, caindo para 2,74%, no governo Lula. 
<BR>&nbsp;<BR>O outro aspecto que evidencia os prejuízos desse modelo se 
relaciona à qualidade desse crescimento e do tipo de atividade econômica que 
temos implementado no país, com fortes impactos no meio-ambiente e uma geração 
de empregos de baixa qualificação. <BR>&nbsp;<BR>Porém, o que quero lembrar como 
mais grave é o galopante endividamento que esse modelo nos impõe, sacrificando 
mais de 30% do Orçamento da União com o pagamento de despesas financeiras. Esse 
fato compromete todas as políticas públicas voltadas para a população, como é o 
caso da Educação, da Saúde, dos Transportes Públicos, da Habitação Popular ou do 
Saneamento. <BR>&nbsp;<BR>* Paulo Passarinho é economista. 
<HR>
</FONT></DIV></BODY></HTML>