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<DIV align=center><STRONG><FONT size=4><U>boletín solidario de
información</U><BR><FONT color=#800000 size=5>Correspondencia de Prensa</FONT>
<BR><U>2 de agosto 2010</U><BR><FONT color=#800000 size=5>Colectivo Militante -
Agenda Radical</FONT><BR>Gaboto 1305 - Montevideo - Uruguay<BR>redacción y
suscripciones: </FONT></STRONG><A
href="mailto:germain5@chasque.net"><STRONG><FONT
size=4>germain5@chasque.net</FONT></STRONG></A></DIV>
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<HR>
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<DIV> </DIV>
<DIV><STRONG><FONT size=3>Brasil</FONT></STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial><STRONG></STRONG></FONT> </DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2><STRONG><FONT size=3>Carta Final do
III Congresso Nacional da CPT</FONT> <BR><BR>Os cerca de 900
participantes do III Congresso Nacional da CPT aprovaram a proposta de Carta
Final do Congresso, onde se encontram propostas de ações e compromissos que a
CPT irá assumir ou reafirmar, a partir das discussões feitas durante o
evento.</STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2><STRONG></STRONG></FONT> </DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2><STRONG>Comissao Pastoral Da Terra
(CPT)</STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify><A href="http://www.cptnacional.org.br/"><FONT face=Arial
size=2><STRONG>http://www.cptnacional.org.br/</STRONG></FONT></A></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2></FONT><FONT face=Arial
size=2></FONT><BR><FONT face=Arial size=2></FONT> </DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial><STRONG>CARTA FINAL<BR><BR>III CONGRESSO
NACIONAL DA CPT</STRONG></FONT></DIV><FONT face=Arial size=2>
<DIV align=justify><BR><STRONG><FONT size=3>No clamor dos povos da terra, a
memória e a resistência em defesa da vida</FONT></STRONG></DIV>
<DIV align=justify> </DIV>
<DIV align=justify> </DIV>
<DIV align=justify>Neste momento em que a humanidade toda toma consciência do
grito da mãe terra, nossa casa comum, a Comissão Pastoral da Terra reuniu-se em
seu III Congresso Nacional, em Montes Claros, MG, de 17 a 21 de Maio de 2010,
com o tema: “Biomas, Territórios e Diversidade Camponesa”. Trabalhadores e
trabalhadoras, a maioria deste Congresso (376), de diversas categorias –
indígenas, quilombolas, ribeirinhos, posseiros, assentados, acampados entre
outros – tornaram palpável a diversidade camponesa deste Brasil e sua
resistência diante do processo de destruição em curso. Ao todo 760 pessoas - 440
homens e 320 mulheres - fizeram ecoar no semiárido mineiro os clamores do povo
da terra. 272 agentes da CPT – entre eles quatro bispos e 51 entre padres,
religiosos e religiosas e seminaristas – e 112 convidados de movimentos
populares e pastorais, parceiros, puderam sentir a vida que pulsa, nas
comunidades camponesas, cheia de esperança, em meio a dificuldades e
frustrações.</DIV>
<DIV align=justify><BR>A Arquidiocese de Montes Claros, que neste ano completa
seu centenário, e o Colégio São José, dos Irmãos Maristas, nos acolheram de
braços abertos. O calor humano de Montes Claros contrasta com a frieza de
intermináveis plantações de eucalipto e de pastagens que substituíram a rica
biodiversidade do Cerrado pela monotonia do monocultivo predador na paisagem que
circunda a cidade.</DIV>
<DIV align=justify><BR><STRONG>“Vamos lutar porque esse é o nosso lugar”
(cacique Odair Borari, de Santarém – PA)</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>Tivemos a alegria de ouvir e conhecer muitas experiências
de resistência e de luta de camponeses e camponesas de todo Brasil. Na defesa de
seus territórios e de suas culturas, mostraram que é possível e necessário
conviver com os diversos biomas sem destruí-los e alimentar uma relação de
respeito e de fraternidade com a mãe terra e com todos os seres vivos.</DIV>
<DIV align=justify><BR>Estas experiências nos fazem ver, também, a criatividade
com que os camponeses e camponesas sabem responder aos desafios gerados pela
crise ecológica e por um modelo de desenvolvimento que destrói os biomas de
nosso País, de forma cada vez mais violenta e acelerada, concentrando terras e
riquezas para poucos e matando muitas formas de vida.</DIV>
<DIV align=justify><BR><STRONG>“Matam até o querer” (Sabrina, 19 anos, de Montes
Claros – MG)</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>Estas experiências, cheias de vida e de esperança, se
misturam com o clamor diante do poder estarrecedor dos grandes projetos que, em
nome de um equivocado crescimento, assassinam lideranças, expulsam povos
tradicionais de seus territórios e degradam o meio ambiente com suas
hidrelétricas, mineradoras, ferrovias, transposição de águas, irrigação
intensiva, monocultivos, desmatamentos. São projetos impostos com arrogância, de
cima para baixo, ludibriando a legislação agrária e ambiental. Revestem-se de um
legalismo hipócrita com controle e direcionamento de audiências públicas.</DIV>
<DIV align=justify><BR><STRONG>“As leis nós temos que respeitar, mas as leis têm
que respeitar nós” (Joaninha, 58 anos, MG)</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>Ouvimos a denúncia veemente de um Estado que, com uma mão
dá a sua ajuda para mitigar a fome e a miséria imediatas, ou até para libertar
modernos escravos, e que com a outra estimula, promove e financia este modelo
perverso de crescimento que prejudica a sustentabilidade da sociedade e da
própria vida.<BR><BR>São inúmeros os casos em que o poder judiciário se torna o
braço jurídico que executa e legaliza a espoliação, despejando todo ano milhares
de famílias e garantindo a impunidade de assassinos, de grileiros e de empresas
que não respeitam as leis.<BR><BR>Ficamos indignados com a soltura, nestes
mesmos dias em que realizamos nosso Congresso, de quem mandou matar Irmã
Dorothy.<BR><BR>Veementes, também, foram as denúncias contra um legislativo
inoperante e submetido aos interesses da bancada ruralista que quer mudar o
código florestal para favorecer a expansão dos monocultivos, e que engaveta a
Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que propõe o confisco de áreas com
trabalho escravo, e a PEC que reconhece o Cerrado e a Caatinga como patrimônio
nacional. <BR><BR>Também, com indignação, foram denunciadas as tentativas de
criminalização dos movimentos do campo pelo judiciário, pelo Congresso e pelos
grandes meios de comunicação. Enquanto isso o agronegócio que depreda e polui a
natureza, expropria comunidades tradicionais e submete trabalhadores à
escravidão, é apresentado como alavancador do
progresso.<BR><BR><STRONG>“Resistir para existir” (Zacarias,do Fundo de Pasto da
Areia Grande, BA)</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>Ficamos entusiasmados em ouvir o testemunho corajoso da
valentia de muitos companheiros e companheiras que continuam apostando na luta e
na mudança. Alguns deles, ameaçados de morte, não temem continuar lutando por
justiça e vida plena.</DIV>
<DIV align=justify><BR> Maravilhou-nos o número de jovens presentes e a
qualidade de sua participação. Eles e elas nos testemunham, com clareza, que as
novas gerações acreditam que é possível vencer o individualismo mercantilista e
consumista.<BR><BR><STRONG>“Vocês precisam nos ajudar” (Augusto Justiniano de
Souza, sindicalista, 55 anos, GO)</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>Nosso coração ficou apertado ao ouvir o grito de solidão,
desamparo e abandono a que estão submetidos camponeses e camponesas em nosso
País. Eles cobraram o apoio dos sindicatos, dos partidos e dos movimentos
sociais que, outrora, os representavam e acompanhavam. Eles cobraram, também, o
apoio firme da CNBB e sua palavra profética diante da gravidade da situação do
campo.<BR><BR>Esta realidade e o clamor das camponesas e camponeses e dos povos
tradicionais são um chamado para o discipulado e a missão da CPT, no seguimento
de Jesus de Nazaré, na fidelidade aos Deus dos pobres e aos pobres da
terra.<BR><BR><STRONG>Pela força desta missão, a CPT assume:</STRONG><BR><BR>- a
luta pela terra e pelos territórios, combatendo o latifúndio e o agronegócio e
incorporando, na luta pela Reforma Agrária, as exigências atuais de convivência
com os diversos biomas e as diversas culturas dos povos que ali vivem e
resistem, buscando formar comunidades sustentáveis. Como sinal concreto,
compromete-se com a realização do Plebiscito Popular para se colocar um limite à
propriedade da terra a ser realizado em setembro, junto com o Grito dos
Excluídos, durante a semana da Pátria. </DIV>
<DIV align=justify><BR>- o enfrentamento ao modelo predador do ambiente e
escravizador da vida de pessoas e comunidades. Modelo assentado em monocultivos
para exportação, amparado por mega-projetos impostos a toque de caixa.
Emblemáticas desta resistência são as lutas contra a transposição do Rio São
Francisco, contra as hidrelétricas a exemplo da de Belo Monte e de outras,
propostas para a Amazônia, e o combate incansável da CPT contra o trabalho
escravo.</DIV>
<DIV align=justify><BR>- a formação para uma espiritualidade, centrada no
seguimento radical de Jesus que nos dê força para não servir a dois senhores e
que testemunhe os valores do Reino.</DIV>
<DIV align=justify><BR>- a necessidade de contribuir com a articulação e o
fortalecimento das organizações populares, do campo e da cidade, para que sejam
protagonistas da construção de um novo projeto político para o Brasil que
queremos, em união com os outros países da América Latina e Caribe avançando em
direção a uma globalização justa e fraterna.</DIV>
<DIV align=justify><BR>Ao concluir este III Congresso Nacional, a CPT renova seu
compromisso profético-pastoral junto aos pobres da terra até que “o reinado
sobre o mundo pertença ao nosso Senhor e ao seu Cristo e ele reinará para sempre
e chegue o tempo em que serão destruídos os que destroem a terra” (Apoc.
11,15.18).
<HR>
</FONT></DIV></BODY></HTML>