<!DOCTYPE HTML PUBLIC "-//W3C//DTD HTML 4.0 Transitional//EN">
<HTML><HEAD>
<META http-equiv=Content-Type content="text/html; charset=iso-8859-1">
<META content="MSHTML 6.00.6002.18278" name=GENERATOR>
<STYLE></STYLE>
</HEAD>
<BODY bgColor=#ffffff background=""><FONT face=Arial size=2>
<DIV align=justify>
<HR>
</DIV>
<DIV align=center><STRONG><FONT size=4><U>boletín solidario de
información</U><BR><FONT color=#800000 size=5>Correspondencia de Prensa</FONT>
<BR><U>14 de octubre 2010</U><BR><FONT color=#800000 size=5>Colectivo Militante
- Agenda Radical</FONT><BR>Gaboto 1305 - Montevideo - Uruguay<BR>redacción y
suscripciones: </FONT></STRONG><A
href="mailto:germain5@chasque.net"><STRONG><FONT
size=4>germain5@chasque.net</FONT></STRONG></A></DIV>
<DIV>
<HR>
</DIV>
<DIV> </DIV>
<DIV><STRONG><FONT size=3>Brasil</FONT></STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial><STRONG></STRONG></FONT> </DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2><STRONG><FONT size=3>No vale tudo
eleitoral, PT abandona as mulheres</FONT></STRONG> <BR></DIV></FONT>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2></FONT> </DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2><STRONG></STRONG></FONT> </DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2><STRONG>Ana Luiza
Figueiredo * <BR>Correio da Cidadania</STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2><A
href="http://www.correiocidadania.com.br/"><STRONG>http://www.correiocidadania.com.br/</STRONG></A></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2></FONT> </DIV><FONT face=Arial
size=2>
<DIV align=justify><BR>Há algum tempo que o Partido dos Trabalhadores abandonou
a luta contra a opressão de mulheres, negros e homossexuais. A defesa já soava
como uma mera saudação à bandeira, já que o governo não teve políticas efetivas
para estes setores. Mas agora, para vencer as eleições, o partido abandona
oficialmente a luta contra a opressão. <BR> <BR>Dilma Rousseff vai fazer
uma ofensiva religiosa, e o PT discute a retirada da legalização do aborto do
programa. O partido avalia que não venceu a eleição no primeiro turno devido ao
voto evangélico e conservador, que teria migrado para a candidatura Marina (PV).
<BR> <BR>O secretário de Comunicação do PT disse que "foi um erro ser
pautado internamente por algumas feministas". Com isso, a decisão do PT poderá
ser um marco da ruptura definitiva com o feminismo, que cumpriu um papel
importantíssimo na história deste partido. E deixa órfãs as organizações
feministas governistas, como a Marcha Mundial de Mulheres.
<BR> <BR><STRONG>Rasgando o programa</STRONG> <BR> <BR>Dias antes das
eleições, o PT já havia percebido a influência que poderiam ter as posições
religiosas. No dia 29 de setembro, a campanha reuniu, em Brasília, padres e
pastores com o objetivo de ganhar o apoio cristão. Agora, o PT busca conter o
que chama de "boataria" contra sua candidatura. <BR> <BR>Dilma colocou-se
contra até mesmo a um plebiscito sobre a descriminalização do aborto.
"Plebiscito divide o país e vai todo mundo perder, seja qual for o resultado",
afirmou. Ela garantiu aos católicos e evangélicos que não irá ampliar a
cobertura do Estado em casos de aborto. <BR> <BR>Muda muita coisa? Não,
apenas oficializa uma posição que já era aplicada. O governo não fez
absolutamente nada para descriminalizar e legalizar o aborto. Tampouco garantiu
atendimento às vítimas de procedimentos mal sucedidos. Ao contrário, desviou
recursos da saúde para pagar juros das dívidas. <BR> <BR>Em 2008, o PT foi
parte da Frente Parlamentar em Defesa da Vida e Contra o Aborto, que instituiu a
CPI do aborto. Esta comissão, até hoje, só serviu para incriminar as mulheres.
Continuando a série de ataques, em 2009, o governo brasileiro assinou um acordo
com o Vaticano em que sinalizou a intenção de investir em ações contrárias à
legalização do aborto. Em 2010, o governo enterrou a possibilidade de debate
sobre o tema: retirou do Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH 3) o apoio à
descriminação do aborto e as cláusulas que permitiam ampliar os casos de aborto
legal. <BR> <BR><STRONG>Matando mulheres</STRONG> <BR> <BR>A proibição
por si só já constitui um ataque à liberdade que a mulher deveria ter sobre seu
próprio corpo. As conseqüências desta arbitrariedade levam a uma situação
desoladora. No Brasil, são realizados, em média, 1,4 milhão de abortos por ano.
A morte por aborto é a terceira causa de mortalidade materna no Brasil, e as
complicações são a quinta causa de internação de mulheres nos serviços públicos.
Os dados são da Sempre Viva Organização Feminista. <BR> <BR>Evidentemente,
as mulheres mais atingidas são as trabalhadoras e pobres, que não podem pagar
para fazer cirurgias em clínicas de qualidade, com a segurança necessária. É
justamente nas regiões mais pobres do país, Norte e Nordeste, onde é registrado
o maior número de mortes. Para as mulheres da burguesia, na prática, o aborto já
é permitido. <BR> <BR>Segundo um estudo divulgado pelo Instituto de
Medicina Social (IMS), de 2007, "a criminalização do aborto não reduziu a sua
incidência, mas sim tem contribuído para aumentar a sua prática em condição de
risco com impactos graves para a saúde e a vida das mulheres". O aborto é um
problema de democracia, de saúde e social. <BR> <BR>Para padres e pastores,
Dilma disse ser a favor da vida. Na prática, ela entrega à morte centenas de
milhares de mulheres trabalhadoras e pobres. Respeitamos imensamente as crenças
individuais, mas não hesitamos em dizer: neste tema, as instituições religiosas
são contra a vida. Sob o argumento de defesa da vida, deixam milhões de mulheres
pobres e trabalhadoras morrerem em função de abortos mal feitos.
<BR> <BR><STRONG>Um Estado laico?</STRONG> <BR> <BR>O que pode parecer
apenas uma disputa eleitoral representa um retrocesso que terá implicações
gravíssimas sobre a consciência dos brasileiros. Subordinar o Estado a preceitos
religiosos é voltar à Idade Média. Só falta queimar as mulheres que abortam numa
fogueira. <BR> <BR>A principal recomendação conclusiva do estudo do IMS foi
justamente "a busca de soluções eficazes no âmbito da saúde pública, sem
interferência de dogmas religiosos". O governo Lula é responsável direto por
este retrocesso. O "respeito às diferentes crenças, liberdade de culto e
garantia da laicidade do Estado" foi uma das cláusulas excluídas do PNDH 3.
<BR> <BR>Quanto a Serra, este nunca teve compromisso com as trabalhadoras.
Antes mesmo de a campanha começar, em maio de 2010, afirmou: "Eu não sou a favor
do aborto. Não sou a favor de mexer na legislação". <BR> <BR>Já Marina
cresceu nas eleições, em parte por ser contra a legalização do aborto. E é
difícil acreditar até mesmo em sua proposta de plebiscito sobre o tema. Marina
historicamente condena o aborto e esta proposta serve como forma de escapar do
debate. <BR> <BR><STRONG>Mulheres e mulheres</STRONG> <BR> <BR>Não
basta ser mulher. Aliás, quem não lembra de Marta Suplicy retirando de seu
programa a união civil homossexual para tentar se eleger prefeita de São Paulo?
Ou sua campanha, num gesto de desespero, questionar a opção sexual do
adversário, Kassab? A campanha foi um divisor de águas e marcou um giro do PT,
que veio se completar com a dobradinha para o Senado com Netinho, agressor de
mulheres, e agora, com o triste abandono da defesa do aborto e do casamento gay.
<BR> <BR>A luta feminista é necessariamente de classe. Às mulheres
burguesas, tudo é permitido, tudo se compra. Nós, mulheres do PSTU, acreditamos
na força das mulheres trabalhadoras unidas, independente de governo e patrões.
Apoiamos e construímos o Movimento Mulheres em Luta. <BR> <BR>Nós nos
orgulhamos de ter em nosso programa a defesa da legalização e descriminalização
do aborto, defendida por nosso candidato à Presidência, Zé Maria, e por todos os
outros candidatos no primeiro turno, como Ana Luiza, candidata ao Senado por São
Paulo. <BR> <BR>Não mudamos de lado. Vamos continuar defendendo o mesmo
programa depois das eleições. Para a defesa dos direitos das mulheres, negros e
homossexuais, nem Serra, nem Dilma. O voto contra o conservadorismo, no segundo
turno, é o voto nulo. <BR> <BR>* Ana Luiza Figueiredo, candidata do
PSTU ao Senado em São Paulo, fez uma campanha contra a violência às mulheres,
conquistando 109 mil votos. </DIV>
<DIV align=justify>
<HR>
</DIV></FONT></BODY></HTML>