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<HR>
</DIV>
<DIV align=center><STRONG><FONT size=4><U>boletín solidario de 
información<BR></U><FONT color=#800000 size=5>Correspondencia de Prensa 
<BR></FONT><U>16 de octubre 2010<BR></U><FONT color=#800000 size=5>Colectivo 
Militante - Agenda Radical<BR></FONT>Gaboto 1305 - Montevideo - 
Uruguay<BR>redacción y suscripciones: </FONT></STRONG><A 
href="mailto:germain5@chasque.net"><STRONG><FONT 
size=4>germain5@chasque.net</FONT></STRONG></A></DIV>
<DIV>
<HR>
</DIV>
<DIV align=justify>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><STRONG><FONT size=3>Brasil</FONT></STRONG></DIV>
<DIV align=justify><STRONG><FONT size=3></FONT></STRONG>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><STRONG><FONT size=3>Entrevista a Reinaldo Gonçalves, 
economista da UFRJ (Universidad Federal de Río de Janeiro)</FONT></STRONG></DIV>
<DIV align=justify><STRONG><FONT size=3></FONT></STRONG>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><STRONG><FONT size=3>BNDES financia retrocesso do aparelho 
produtivo, que deve prosseguir no proximo governo</FONT></STRONG></DIV>
<DIV align=justify><STRONG></STRONG></FONT>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2></FONT>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2><STRONG>Em sua origem o BNDES 
(</STRONG><SPAN lang=ES-TRAD 
style="FONT-SIZE: 11pt; FONT-FAMILY: 'Arial','sans-serif'"><FONT 
size=2><STRONG>Banco Nacional de Desarrollo Económico y Social)</STRONG></FONT> 
</SPAN><STRONG>financiava o desenvolvimento, uma mudança estrutural na produção, 
o banco de hoje vai no sentido contrário, estimulando os interesses de 
reprimarização da economia e o modelo liberal-periférico implantando 
especialmente nos últimos dois períodos presidenciais.&nbsp;Nesse sentido, 
tampouco há diferença entre os candidatos do PT e do PSDB, tanto em relação às 
políticas econômicas como a projetos implícitos de desenvolvimento, que de uma 
forma ou outra se deduz serem do mesmo tipo. Não faz a menor diferença votar em 
um ou outro nesse aspecto.</STRONG>&nbsp; <BR></DIV></FONT>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2><STRONG></STRONG></FONT>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2><STRONG></STRONG></FONT>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2><STRONG>Valéria Nader e Gabriel 
Brito&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;<BR>Correio da 
Cidadania&nbsp;</STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2><STRONG>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2><A 
href="http://www.correiocidadania.com.br/"><STRONG>http://www.correiocidadania.com.br/</STRONG></A></FONT></DIV><BR></STRONG>&nbsp;<BR></FONT><FONT 
face=Arial size=2>Contrastando com a notável indiferença e apatia popular no 
atual cenário pré-eleitoral, o aparente êxito de nossa economia tem provocado 
exaltadas análises de membros do governo e de parte da mídia associada. O 
Correio da Cidadania conversou com o economista e professor da UFRJ Reinaldo 
Gonçalves, que vai na contramão da homogeneidade das análises mais difundidas, 
satisfeitas com os atuais resultados macroeconômicos. </FONT></DIV><FONT 
face=Arial size=2>
<DIV align=justify><BR>Para o economista, a visão econômica unipolar deverá 
prevalecer, com prioridade aos 'vencedores' do pacto lulista de governo: bancos, 
agronegócio e o setor de infra-estrutura. Está claro, ademais, que nenhum 
candidato da ordem discorda de tais diretrizes.</DIV>
<DIV align=justify><BR>Quanto ao BNDES, tão em alta nos últimos anos por conta 
de sua atuação decisiva na concessão de financiamentos para a consecução de 
inúmeras fusões em diversas áreas do setor produtivo nacional, Gonçalves faz 
importantes ressalvas. Acredita que o banco vai no sentido oposto ao da época de 
sua criação, pois "não financia um processo de acumulação com progresso técnico, 
nem uma mudança estrutural no modelo produtivo, e sim um retrocesso do aparelho 
produtivo". Concentra sua atuação naquilo que o próprio economista já 
caracterizara como 'reprimarização' da economia nacional.</DIV>
<DIV align=justify><BR>A considerar o que vêm declarando os candidatos com 
maiores chances de vencer o pleito de outubro, e à luz das interpretações de 
Gonçalves, o que menos podemos projetar para o ano que vem é um novo 'modus 
operandi' em nossa economia. Não há, portanto, muito a se esperar para aqueles 
que almejam uma reversão na indigente posição ocupada pelo Brasil nos rankings 
de igualdade social e distribuição de renda. No próximo período presidencial, 
serão os vencedores da era Lula/FHC a escrever, ou pelo menos delinear, a 
história.</DIV>
<DIV align=justify><BR><STRONG>Correio da Cidadania: Como você avalia o cenário 
pré-eleitoral, no que diz respeito às propostas dos principais candidatos, 
Serra, Dilma e Marina, para a condução da economia do país? Há alguma diferença 
substancial entre esses candidatos?</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>Reinaldo Gonçalves: Não há nenhuma diferença marcante. 
Existe muita ausência de identificação de propósitos, ou seja, os candidatos se 
comprometem o mínimo possível com pontos fundamentais.<BR>Outra coisa é que não 
há um projeto claro de desenvolvimento do país por parte dos candidatos.</DIV>
<DIV align=justify><BR><STRONG>Correio da Cidadania: Quanto especificamente ao 
PT e ao PSDB, você enxerga retrocesso maior em algum desses partidos 
relativamente ao outro, no que diz respeito ao reforço do agronegócio, 
reprimarização de nossa economia, bem como retomada das privatizações 
tradicionais, com a venda do que resta do patrimônio público?</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>Reinaldo Gonçalves: Nesse sentido, tampouco há diferença 
entre os candidatos do PT e do PSDB, tanto em relação às políticas econômicas 
como a projetos implícitos de desenvolvimento, que de uma forma ou outra se 
deduz serem do mesmo tipo. Não faz a menor diferença votar em um ou outro nesse 
aspecto.</DIV>
<DIV align=justify><BR><STRONG>Correio da Cidadania: A candidata Marina 
representa, a seu ver, uma alternativa aos projetos tucanos e petistas? O 
caráter ambiental da candidatura poderia inspirar novos paradigmas econômicos, a 
partir, dentre outros, de uma reavaliação do papel do agronegócio em nosso 
país?</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>Reinaldo Gonçalves: De forma nenhuma. Na verdade, ela tem 
os defeitos de todos os outros e nenhuma qualidade que a diferencie dos demais. 
Eu diria que é uma candidatura fraca e absolutamente inexpressiva.</DIV>
<DIV align=justify><BR>A candidata Marina ficou vários anos no governo Lula e, 
em momento algum, se posicionou de forma clara e aguda contra a promoção do 
modelo de reprimarização da economia brasileira, que tem impactos negativos no 
meio ambiente. Em nenhum momento marcou posição nos assuntos de agronegócio, 
pecuária, pré-sal, ou seja, o período dela foi de atuação fraca e apagada, por 
isso a candidatura é inexpressiva.</DIV>
<DIV align=justify><BR><STRONG>Correio da Cidadania: O papel do BNDES, sob 
direção do economista Luciano Coutinho, tem sido muito criticado pela oposição e 
alguns veículos de comunicação, sob o argumento de estar recebendo vultosos 
recursos do Tesouro para privilegiar alguns poucos grupos e setores econômicos, 
reforçando sua atuação monopolista. O que pensa da atuação do banco e respectiva 
crítica?</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>Reinaldo Gonçalves: A crítica é merecida e deve ir além. 
Em primeiro lugar, o BNDES deu andamento a um processo agudo de concentração e 
centralização de capital, cuja conseqüência é mais poder econômico nas mãos de 
um número menor de grandes empresas, afetando o emprego, empresas, especialmente 
familiares, e até o poder político, ou seja, as políticas do banco caminham no 
sentido de enfraquecer a democracia no país.</DIV>
<DIV align=justify><BR>Além dessa questão da concentração de capital, a maior 
parte dos investimentos do BNDES foi focada na exportação de produtos primários, 
reforçando o projeto de reprimarização, com o modelo de crescimento que traz 
empobrecimento, leva a população aos grandes centros e cria dependência de 
commodities.</DIV>
<DIV align=justify><BR>A terceira crítica é sobre o fato de transferir fundos 
dos trabalhadores para financiar projetos do grande capital, através do FAT - 
Fundo de Amparo ao Trabalhador -, por exemplo.</DIV>
<DIV align=justify><BR>A quarta crítica que faço é sobre o banco financiar a 
internacionalização de empresas no Brasil, o que na verdade caracteriza fuga de 
capitais. Ou seja, boa parte dos grupos que entram no Brasil conta com 
financiamento do BNDES para exportar capital, o que não traz nada ao país. É 
muito mais uma estratégia de diversificação do patrimônio, repetindo um fenômeno 
muito conhecido na América latina, com grupos familiares mandando seu dinheiro 
para o exterior a fim de ter mais proteção, já que alguns locais têm regras 
diferentes do Brasil.</DIV>
<DIV align=justify><BR>Portanto, momentaneamente, o BNDES está suprindo essa 
internacionalização, leia-se, diversificação geográfica do patrimônio das 
famílias e grupos mais ricos, que controlam as maiores empresas. Enquanto alguns 
setores, como a pecuária, o agronegócio, a infra-estrutura, são privilegiados, 
outros setores são negligenciados.</DIV>
<DIV align=justify><BR>Dessa forma, temos críticas contundentes a essa gestão do 
BNDES e o papel que a instituição tem desempenhado. Ou seja, os problemas vão 
muito além do que foi colocado inicialmente. Quanto a este financiamento a 
empresas estrangeiras que operam no Brasil, as vantagens que lhes são oferecidas 
para atender suas vontades específicas são um absurdo. O governo Lula, assim 
como o de FHC, lhes deu uma mão muito grande através do BNDES.</DIV>
<DIV align=justify><BR><STRONG>Correio da Cidadania: Ao mesmo tempo, o atual 
governo defende a atuação do banco como muito relevante, na medida em que 
estaria reforçando o papel indutor do Estado no desenvolvimento, retomando a 
função original dessa instituição financeira - função esta que é inclusive um 
dos alvos de crítica da oposição mais conservadora. Como você enxerga este 
'paradoxo'?</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>Reinaldo Gonçalves: Na verdade, o grande contraste é que, 
na origem do banco, nos anos 50, 60 e 70, o que o governo financiou foi uma 
mudança estrutural na economia brasileira, no sentido de dar uma 'subida na 
escala', ou seja, alcançando um modelo que beneficiasse exportações e 
preenchesse nossa matriz com produtos mais elaborados, tornando nossa economia 
mais sofisticada e competitiva.</DIV>
<DIV align=justify><BR>O BNDES de hoje faz exatamente o contrário. Ele não 
financia um processo de acumulação com progresso técnico, nem mudança estrutural 
no modelo produtivo, e sim um retrocesso do aparelho produtivo.</DIV>
<DIV align=justify><BR>Portanto, enquanto em sua origem o BNDES financiava o 
desenvolvimento, uma mudança estrutural na produção, o banco de hoje vai no 
sentido contrário, estimulando os interesses de reprimarização da economia e o 
modelo liberal-periférico implantando especialmente nos últimos dois períodos 
presidenciais.</DIV>
<DIV align=justify><BR>Assim, além de financiar grupos econômicos retrógrados, o 
banco vai na direção contrária àquela que o impulsionava nas décadas de 50 e 60, 
no que se refere ao incentivo ao capital produtivo brasileiro. Essa é uma 
crítica contundente que não pode ser esquecida.</DIV>
<DIV align=justify><BR><STRONG>Correio da Cidadania: Qual seria a diferença na 
gestão do BNDES entre eventuais gestões Serra ou Dilma, a seu 
ver?</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>Reinaldo Gonçalves: Tenho a impressão de que, com o 
Serra, seria impossível segurar a pressão de grandes grupos brasileiros; seria 
tão sensível quanto o governo atual. Não tenho razão para imaginar por que um 
governo atenderia menos que outro a tais pressões.</DIV>
<DIV align=justify><BR><STRONG>Correio da Cidadania: Com uma tendência eleitoral 
nitidamente mais favorável à candidata petista, esta já saiu a campo com 
declarações de que fará novos ajustes na economia em um eventual governo, com 
aperto fiscal e arrocho salarial para o funcionalismo público. Como encara esta 
postura? Trata-se da 'Carta aos Brasileiros' de Dilma?</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>Reinaldo Gonçalves: Exato. Na realidade, seria um bilhete 
aos brasileiros, não uma carta, pois se trata de uma candidatura muito frágil. 
Trata-se, ademais, de candidatura que está entre as forças que, sob orientação 
do Lula, fizeram essa capitulação em 2002, com a Carta aos Brasileiros, agora 
reescrita em forma de bilhete, de modo a transmitir que temos pela frente a 
continuidade do modelo liberal-periférico, com a consolidação dos setores 
dominantes, como o agronegócio, os bancos, e agora os grupos estrangeiros.</DIV>
<DIV align=justify><BR>Prova disso é que essa candidatura não registra nenhum 
problema de financiamento.</DIV>
<DIV align=justify><BR><STRONG>Correio da Cidadania: Finalmente, o que pensa do 
atual cenário internacional? Após os últimos episódios de crise em países 
europeus, não estamos na iminência de uma nova crise? Como o Brasil seria 
impactado neste momento?</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>Reinaldo Gonçalves: O cenário internacional está marcado 
por incertezas, ficando difícil fazer previsões críticas. Houve um certo 
otimismo até maio, mas, com os acontecimentos na Europa, EUA e a desaceleração 
da China (a locomotiva), tivemos resultados inferiores ao esperado, contrastando 
com um quadro que se desenhou no final do ano passado e primeiro trimestre deste 
ano.</DIV>
<DIV align=justify><BR>O fato concreto é que a economia internacional caiu em 
recessão profunda desde 2008, e a recuperação não está garantida e nem 
consolidada. Portanto, seguirão várias turbulências e incertezas quanto à renda, 
ao comércio, aos mercados financeiros, em toda a economia internacional.</DIV>
<DIV align=justify><BR>No ano passado, o Brasil já teve uma queda de renda, 
grandes grupos econômicos faliram, e isso certamente pode ocorrer em proporção 
maior se a crise voltar. Pela simples razão de que a vulnerabilidade externa 
aumentou no período; nosso passivo externo aumentou, nossas reservas 
baixaram.</DIV>
<DIV align=justify><BR>Ou seja, estamos muito desprotegidos. Com essa 
reprimarização, ficamos muito mais dependentes estruturalmente da economia 
mundial. E com a globalização financeira - por exemplo, os estrangeiros têm a 
posse de 40% da bolsa -, o investidor estrangeiro compra títulos de curto prazo 
e o Brasil fica vulnerável, como mostra o passado recente, com menos capacidade 
de resistência a fatores externos. 
<HR>
</FONT></DIV></BODY></HTML>