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<DIV align=center><STRONG><FONT size=4><U>boletín solidario de 
información<BR></U><FONT color=#800000 size=5>Correspondencia de Prensa 
<BR></FONT><U>29 octubre 2010<BR></U><FONT color=#800000 size=5>Colectivo 
Militante - Agenda Radical<BR></FONT>Gaboto 1305 - Montevideo - 
Uruguay<BR>redacción y suscripciones: </FONT></STRONG><A 
href="mailto:germain5@chasque.net"><STRONG><FONT 
size=4>germain5@chasque.net</FONT></STRONG></A></DIV>
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<DIV>&nbsp;</DIV>
<DIV><STRONG><FONT size=3>Brasil<BR><BR>1989, 2002, 2006, 2010 <BR><BR>"No 
elegimos el mal menor" <BR></FONT></STRONG><BR><STRONG><FONT size=3>Valério 
Arcary *<BR></FONT></STRONG></DIV></FONT><FONT face=Arial size=2>
<DIV align=justify><STRONG></STRONG><BR>Poucos dias nos separam do segundo turno 
das eleições presidenciais de 2010. Pela quarta vez, desde o fim da ditadura, 
haverá segundo turno. A campanha pelo voto útil em Dilma Rousseff aumenta sobre 
os militantes e eleitores da esquerda anticapitalista. Sob a pressão de uma 
eleição ainda apertada, a direção do PT abraçou um discurso catastrofista que 
quer apresentar a disputa entre Serra e Dilma como um armagedon político. Serra 
seria do mal, Dilma seria do bem. Uma análise marxista abraça um método menos 
emocional: é uma interpretação da realidade orientada por um critério de classe. 
Muitas vezes na história os governos dos partidos operários reformistas foram 
mais úteis para a defesa da ordem que os partidos da própria burguesia: 
protegiam o capitalismo dos capitalistas. Não indicamos aos trabalhadores a 
escolha do carrasco menos cruel.<BR><BR>Em 1989 os militantes que se organizam 
na corrente histórica que constituiu o PSTU chamaram a votar em Lula e o fizeram 
novamente em 2002. Já em 2006 e agora, convocam ao voto nulo. Duas indicações de 
voto diferentes. Por quê? Votamos em Lula em 1989, e em 2002, apesar de nossa 
discordância do programa do PT, porque a maioria dos trabalhadores confiava em 
Lula e não queríamos ser um obstáculo à sua eleição. Não tínhamos qualquer 
ilusão em um governo do PT, mas acompanhamos no voto, e somente no voto, a 
vontade do movimento da classe trabalhadora de levar Lula ao poder, depois de 
uma espera de vinte anos, alertando que estavam iludidos aqueles que tinham 
esperança que o governo iria romper com o programa neoliberal de ajuste dos 
governos de Fernando Henrique. O brutal ajuste de 2003/2004 nos deu razão. A 
manutenção da taxa de juros mais alta do mundo em 2010, ou seja, a remuneração 
fácil das aplicações dos rentistas, continua confirmando nosso 
prognóstico.<BR><BR>E agora, como em 2006, porquê não votaremos em Dilma, se a 
maioria do movimento organizado dos trabalhadores deseja derrotar Serra? Porque 
nos últimos oito anos o PT governou o Brasil ao serviço do capitalismo. Os 
trabalhadores sabem, também, que Lula governou ao serviço dos banqueiros, mas 
acham que não era possível uma política de ruptura. Os trabalhadores, em 
situações políticas de estabilidade da dominação capitalista, não têm 
expectativas elevadas, ou seja, não acreditam senão em reformas nos limites da 
ordem existente. Não acreditam que é possível porque perderam a confiança em si 
mesmos, portanto, na força de sua união e de sua luta. <BR><BR>O papel dos 
socialistas não pode ser o de reforçar essa prostração político-social, mas, ao 
contrário, o de incendiar os ânimos, inflamar a esperança, e combater a perigosa 
ilusão de que é possível regular o capitalismo. A tarefa daqueles que defendem o 
programa socialista consiste em demonstrar para os trabalhadores que era e é 
possível ir além. Era e continua sendo possível desafiar a ordem do capital. Nas 
ruas da França milhões de pessoas estão nestes dias impedindo Sarkozy de 
governar, e provando que a força da mobilização popular pode derrotar o 
capital.<BR><BR>O argumento simples da direção do PT é o mais eficaz, mas, 
também, politicamente, o mais infantil: Serra e Dilma são diferentes. É verdade. 
São, também diferentes do que eram décadas atrás. Muito diferentes. A Dilma que 
se uniu à resistência armada à ditadura merece respeito. O Serra presidente da 
UNE que foi para o Chile viver o exílio, também. Mas mudaram e para muito pior. 
São hoje, cada um à sua maneira, irreconhecíveis com o que foram na juventude. 
<BR><BR>Nos dizem que, apesar de tudo, Serra e Dilma não são iguais. Não 
obstante, isso não demonstra que Dilma mereça confiança. Essa opinião não é 
somente nossa. Não pode ser ignorado que as diferentes frações burguesas 
financiaram os dois no primeiro turno. Os instintos de classe dos banqueiros, 
industriais, fazendeiros, rentistas são certeiros. Não por acaso foram, também, 
generosos com Marina. E nos ajudam a lembrar que não é um bom critério envenenar 
a polêmica política com a pressão dos curtos prazos. É sempre no tempo de um 
presente imediato, às vésperas de mais uma eleição, que se agigantam as 
diferenças entre os candidatos, para encorajar o voto no mal menor, encorajando 
uma amnésia coletiva.<BR><BR>Que sejam diferentes entre si, portanto, não prova 
que Dilma mereça um voto sequer de socialistas conscientes. Qual deve ser o 
critério para aferir as diferenças? A direção do PT e até os camaradas do MST 
argumentam que as posições sobre privatizações, ou sobre as políticas 
assistencialistas, ou sobre a repressão às lutas operárias e populares, ou até 
sobre a relação internacional com os EUA e as outras potências imperialistas 
justificam o voto em Dilma. Não estamos de acordo com estes critérios. Não 
entendemos porque é necessário escolher entre um projeto burguês mais estatista 
e outro mais privatista, se ambos são anti-operários. Esse é um bom critério 
para quem aposta em um projeto nacional desenvolvimentista, portanto, 
capitalista, mas não deveria orientar o voto de socialistas. Não entendemos 
porque é necessário escolher entre um projeto capitalista com mais ou menos 
políticas públicas assistencialistas. Esse é um bom critério para quem aposta em 
um projeto de reformas de estabilização do regime democrático-liberal em países 
de aberrante desigualdade social. Para socialistas inspirados no marxismo o 
critério na hora de eleições é um critério de classe. Isso não é maximalismo, 
nem doutrinarismo, é somente classismo. Não precisamos escolher quem será o mal 
menor. Podemos anular o voto.<BR><BR>É até paradoxal que haja tanta pressão por 
parte das direções do PT e PCdB e de uma parcela da intelectualidade porque no 
recente primeiro turno de 2010, os menos de 1% foram os piores resultados da 
esquerda radical desde o final da ditadura. Esse paradoxo merece uma explicação. 
Na verdade, os votos somados entregues ao PSOL, PSTU e PCB não farão diferença, 
e os defensores de Dilma sabem muito bem disso. A audiência conquistada pelas 
propostas da esquerda socialista foi muito superior aos seus menos de 1 milhão 
de votos, em especial, nas grandes fábricas e entre a juventude, onde o respeito 
pelo empenho da militância tem se expressado nos últimos anos em vitórias 
sindicais, que demonstram que está em curso nos movimentos sindical, estudantil 
e popular um processo de reorganização significativo, superando as ilusões no 
bloco PT/PCdB. Acontece que a maioria dos votos que poderiam ter sido entregues 
à oposição de esquerda já foram capturados pelo PT no 1º Turno. A pressão pelo 
voto para derrotar o retorno do PSDB ao poder entre os trabalhadores, e a 
simpatia pelas propostas de regulação ambiental nas universidades, deslocando 
votos para Marina, foram, eleitoralmente, devastadoras. Uma parcela importante 
da classe trabalhadora em setores estratégicos – como entre os metalúrgicos, 
petroleiros, metroviários, construção civil, professores, bancários, e outros - 
quer os revolucionários à frente dos seus sindicatos, mas ainda não sente 
segurança em votar nas eleições nos partidos anticapitalistas. <BR><BR>Votações 
em segundo turno foram sempre uma escolha tática difícil. Táticas são táticas, 
isto é, são opções conjunturais e somente isso. A mesma aposta estratégica pode 
traduzir-se em diferentes opções táticas, dependendo das circunstâncias. A 
maioria da esquerda socialista, por exemplo, chamou ao voto em Lula em 2002. 
Compreendemos, porém, que seria a melhor alternativa o voto em Lula, porque essa 
era a vontade da maioria da classe trabalhadora e, depois de duas décadas de 
lutas, não queríamos colocar qualquer obstáculo à chegada de Lula à presidência. 
Oito anos depois, o mesmo critério não faz qualquer sentido.<BR><BR>Não serão, 
portanto, os 1% que definirão quem será o próximo presidente. Na verdade, o que 
está em disputa não é o apoio eleitoral a Dilma, mas a atitude que a oposição de 
esquerda terá diante do novo governo: um voto crítico em Dilma sinaliza uma 
disposição de apoio crítico ao futuro governo da coligação PT/PMDB. Oxalá esse 
não seja o caminho daqueles, como os deputados eleitos pelo PSOL, que já 
anunciaram o voto em Dilma. Mas, esse é o perigo. Ilusões perigosas se 
disseminam nas bases eleitorais da oposição de esquerda quando se decide pelo 
mal menor. Por isso, tem muito valor a declaração de Plínio de Arruda Sampaio 
pela anulação do voto no segundo turno. Tem igual mérito a mensagem de Heloísa 
Helena. A esquerda anticapitalista não pode ter como estratégia ser uma fração 
externa do PT que exerce pressão pela esquerda. Sua estratégia deve ser a 
construção de uma oposição revolucionária ao governo Dilma.<BR><BR><STRONG>* 
Nota de Correspondencia de Prensa:</STRONG> Valério Arcary es historiador, 
profesor del Cefet/SP, miembro del consejo editorial de la revista Outubro y 
militante del PSTU. 
<HR>
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