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<DIV align=center><STRONG><FONT size=4><U>boletín solidario de 
información<BR></U><FONT color=#800000 size=5>Correspondencia de Prensa 
<BR></FONT><U>5 de enero 2011<BR></U><FONT color=#800000 size=5>Colectivo 
Militante - Agenda Radical<BR></FONT>Gaboto 1305 - Montevideo - 
Uruguay<BR>redacción y suscripciones: </FONT></STRONG><A 
href="mailto:germain5@chasque.net"><STRONG><FONT 
size=4>germain5@chasque.net</FONT></STRONG></A></FONT></DIV><FONT face=Arial 
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<HR>
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<DIV>&nbsp;</DIV>
<DIV><STRONG><FONT size=3>Brasil</FONT></STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial><STRONG></STRONG></FONT>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial><STRONG>Assim, devemos esperar um governo 
ainda mais comprometido com os interesses da burguesia</STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial><STRONG></STRONG></FONT>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2><STRONG><FONT size=3>Dilma 
presidente: O que vem pela frente?<BR></FONT></STRONG></DIV></FONT><FONT 
face=Arial size=2></FONT>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2></FONT>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2></FONT>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial size=2><STRONG>Juliano Medeiros 
*<BR></STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify>"Nós não somos aqueles que gostam de falar que vamos rever 
contratos.<BR>A gente respeita contratos" <BR>Dilma Roussef (Debate da TV Globo, 
Primeiro Turno)<BR>&nbsp;<BR></DIV>
<DIV align=justify>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify>Analisar as perspectivas de um novo governo nunca é tarefa 
fácil. Mesmo que este governo seja resultado da reeleição de um projeto que já 
dura oito anos, arriscar palpites é sempre uma tarefa difícil. Segundo Antônio 
Gramsci, o pensador italiano que atualizou o conceito de hegemonia, não há 
previsão meramente objetiva. Toda previsão carrega consigo um programa, o que da 
à idéia de prever sempre um caráter arbitrário ou tendencioso. Porém, é este 
programa, este ponto de vista de onde se parte que pode garantir algum nível de 
objetividade. Como afirma Gramsci, "somente a paixão aguça o intelecto e ajuda a 
tornar mais clara a intenção. (...) Somente quem deseja fortemente identifica os 
elementos necessários para a realização de sua vontade". Assim, é partindo do 
pressuposto de que é possível combinar previsão e análise crítica que devemos 
buscar identificar os sinais do que será o governo de Dilma. </DIV>
<DIV align=justify><BR>Mas se toda análise parte de uma leitura subjetiva a 
priori – o programa como sujeito – quais os parâmetros para se pensar o novo 
governo? Antes de mais nada é preciso determinar de que perspectiva se parte: 
para os que defendem a necessidade de uma profunda transformação da ordem 
econômica e social brasileira, o parâmetro central não pode ser outro senão o da 
luta de classes, desde a perspectiva dos trabalhadores. Por isso, o que para uns 
pode significar grandes avanços sociais, para outros significa apenas políticas 
compensatórias. Em outras palavras, o lugar de onde se fala afeta o que se diz. 
Por isso, inadvertidamente, devemos analisar o perfil do novo governo à luz 
desta perspectiva, antiquada para a maioria, mas atual se levarmos em conta que 
para construirmos um país justo, livre e soberano é necessário enfraquecer os 
interesses da burguesia. </DIV>
<DIV align=justify><BR>Desse ponto de vista, não há qualquer sinalização 
convincente de que Dilma liderará uma guinada à esquerda em seu governo. Seja 
pelo papel central cumprido por ela na gestão do atual modelo econômico e dos 
principais projetos do governo, seja pelo visível fortalecimento dos setores 
mais conservadores do petismo durante sua campanha, Dilma parece estar bastante 
afinada com o pacto firmado com as elites em 2002. </DIV>
<DIV align=justify><BR>Além disso, é possível antever que a composição do novo 
governo deve confirmar essa tese. A coligação que elegeu Lula em 2002 reunia 
cinco partidos (PT, PCdoB, PCB, PL e PMN). Em 2006, a coligação que reelegeu o 
presidente reuniu apenas três siglas: PT, PCdoB e PRB. Nestas eleições, Dilma 
contou com nada menos que 10 partidos, e ainda recebeu no segundo turno apoio de 
setores de PV, PP e PTB. Destaque para o PMDB, maior partido conservador do país 
e fiel escudeiro das duas gestões de Fernando Henrique Cardoso nos anos noventa, 
agora à frente da vice-presidência do país na figura do ilustríssimo Michel 
Temer. </DIV>
<DIV align=justify><BR>No primeiro turno, seguindo o script das últimas duas 
eleições presidenciais, a candidata petista buscou mostrar-se confiável. 
Primeiro para os interesses do capital financeiro e o agronegócio. Depois, para 
os setores mais conservadores da sociedade, renegando as principais bandeiras 
dos movimentos sociais, como a redução da jornada de trabalho para 40 horas 
semanais, a lei que prevê o estabelecimento do limite de propriedade no Brasil e 
o controle social sobre os grandes meios de comunicação. </DIV>
<DIV align=justify><BR>No segundo turno, Dilma protagonizou o mais deprimente 
espetáculo de capitulação às posições mais atrasadas presentes na sociedade 
brasileira. Para conter a queda nas pesquisas diante das acusações de que seria 
favorável à descriminalização do aborto e à união civil entre pessoas do mesmo 
sexo, Dilma deu início a uma campanha de contra-propaganda voltada a afirmar seu 
compromisso com a manutenção da legislação, contrariando as principais bandeiras 
do movimento feminista e LGBT. Para isso, mobilizou os setores conservadores que 
a apoiavam e reafirmou diariamente uma posição contrária a ambas as questões. 
Isso, efetivamente, deslocou a média das intervenções de ambas às candidaturas à 
direita. Em comparação com as eleições de 2006, percebe-se o quanto o segundo 
turno neste ano foi pautado pela agenda ultraconservadora, introduzida e 
alimentada pela candidatura de José Serra. </DIV>
<DIV align=justify><BR>Mas nada melhor para compreender o que será o futuro 
governo, que o discurso de Dilma como candidata eleita. Se durante a campanha 
eleitoral, a petista desenterrou novamente o mito da imprensa golpista para 
mobilizar a militância petista, seu discurso como candidata eleita foi recheado 
de afagos à grande mídia monopolista, descrito por Dilma como "comprometida com 
a democracia". Ao longo de seu discurso como candidata eleita ela se referiu 
quatro vezes à imprensa, sempre a elevando à condição de expressão da vontade 
geral do povo e guardiã da democracia. Um sinal de que Dilma quer a mídia 
monopolista ao lado do novo governo e manterá os privilégios dos grandes meios 
de comunicação. </DIV>
<DIV align=justify><BR>No mesmo discurso, a petista fez questão de afirmar que 
as medidas para&nbsp;enfrentar a crise econômica não recairão sobre as políticas 
sociais. Nada mais falacioso: basta lembrar que em 2009, seu governo cortou mais 
de 1 bilhão de reais da educação. Além disso, os recursos oriundos da 
valorização da Petrobrás este ano foram diretamente para engordar o famigerado 
superávit primário. </DIV>
<DIV align=justify><BR>Aliás, em relação à política econômica Dilma também 
destacou que a prioridade é controlar a inflação e manter a poupança interna. 
Leia-se, mais contingenciamento e arrocho no orçamento das áreas sociais. Em 
relação ao mercado financeiro, a nova presidente também deixou claro: isso é 
assunto para os organismos internacionais, renegando qualquer ação mais firme 
por parte do governo para controlar o que ela própria classificou de 
"especulação desmedida". As agências reguladoras, um dos mais nefastos 
mecanismos introduzidos pela onda de privatizações dos anos noventa, terão, nas 
palavras de Dilma "todo respaldo para atuar com determinação e autonomia", ou 
seja, contarão com a anuência do governo para seguir garantindo os lucros das 
grandes corporações que controlam setores estratégicos da economia nacional. 
</DIV>
<DIV align=justify><BR>Quanto à dívida pública, que estrangula o investimento e 
impede que o Brasil amplie os recursos para saúde e educação, não devemos 
esperar nenhuma novidade em relação ao governo Lula. Como afirmou a nova 
presidente em seu discurso, o novo governo manterá o "compromisso com a 
estabilidade da economia e das regras econômicas, dos contratos firmados". 
</DIV>
<DIV align=justify><BR>Mas se por um lado, o governo de Dilma deve ser 
essencialmente um governo de continuidade, por outro se faz notar a ênfase dada 
por ela ao controle das contas públicas. Dilma defendeu em seu discurso de 
vitória e em toda a campanha a melhoria da "qualidade do gasto público" tendo 
como meta a preservação da poupança interna. Para tanto, fala-se de uma nova 
reforma da previdência, do fortalecimento de métodos gerenciais no serviço 
público que valorizem a meritocracia, conceito tão fortemente combatido pelos 
setores progressistas do funcionalismo público, e de congelamento de salários 
dos servidores. </DIV>
<DIV align=justify><BR>Enfim, analisando as primeiras declarações de Dilma, 
percebe-se qual deve ser o centro da agenda: controle dos gastos, busca da 
estabilidade econômica e do "desenvolvimento". Com essas prioridades, promessas 
como "fim da miséria" soam tão demagógicas quanto a promessa de acabar com a 
fome em quatro anos, como prometeu Lula em 2002. Assim, devemos esperar um 
governo ainda mais comprometido com os interesses da burguesia. Até por que, de 
lá para cá, pouca coisa mudou realmente. <BR>&nbsp;<BR>* Juliano Medeiros é 
membro da Direção Nacional do PSOL. 
<HR>
</FONT></DIV></BODY></HTML>