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<HR>
</DIV>
<DIV align=center><FONT face=Calibri><FONT size=4 face=Arial><STRONG><U>boletín 
solidario de información</U><BR><FONT color=#800000 size=5>Correspondencia de 
Prensa</FONT><BR><U>3 de febrero&nbsp;2012</U><BR><FONT color=#800000 
size=5>Colectivo Militante - Agenda Radical<BR></FONT>Montevideo - 
Uruguay<BR>redacción y suscripciones: <A 
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href="mailto:germain5@chasque.net">germain5@chasque.net</A></STRONG></FONT><A 
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href="mailto:germain5@chasque.net"><FONT size=4 face=Arial><STRONG 
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<DIV align=justify>
<HR>
</DIV></FONT>
<DIV align=justify><FONT face=Calibri></FONT><BR><FONT face=Arial><STRONG>Folha 
de São Paulo, 1-2-2012&nbsp;<BR>&nbsp;<BR>Terra sem 
lei<BR></DIV></STRONG></FONT>
<DIV align=justify><FONT face=Arial><STRONG></STRONG></FONT>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial><STRONG>Paraguai está dividido entre os 
produtores rurais brasileiros, os brasiguaios, e sem-terra da base de apoio do 
presidente Lugo<BR></DIV></STRONG></FONT>
<DIV align=justify><FONT size=2 face=Arial><STRONG><FONT size=3>LAURA 
CAPRIGLIONE, ENVIADA ESPECIAL A CIUDAD DEL 
ESTE</FONT></STRONG><BR>&nbsp;<BR></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT size=2 face=Arial></FONT>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><FONT size=2 face=Arial>"É a corrupção de sempre que está 
agora, de novo, dando as cartas. Para aumentar seu cacife político, o presidente 
Fernando Lugo manipula esses bandidos que querem invadir terras", afirma Felino 
Amarilla, 54, advogado da União dos Grêmios da Produção, a UGP, espécie de 
sindicato nacional dos produtores rurais do Paraguai.<BR>&nbsp;<BR>Debaixo de 
uma lona preta, sob o calor sufocante de 42ºC, no meio do acampamento 12 
Apóstolos de trabalhadores sem-terra, perdido em uma pequena faixa inculta no 
meio da imensa plantação de soja, às margens do rio Paraná, o dirigente Rosalino 
Casco, 38, ameaça: "Desta semana não passa. É sim ou sim. Se Lugo disser que as 
terras são deles, nós ocupamos. Se disser que não são deles, ocupamos 
também".<BR>&nbsp;<BR>A um ano e meio das eleições que definirão quem será o 
sucessor do presidente paraguaio esquerdista, Fernando Lugo, o país está 
dividido. De um lado, trabalhadores rurais sem-terra, base histórica do próprio 
Lugo.<BR>&nbsp;<BR>De outro, os produtores de soja, empreendedores rurais em 
grande medida responsáveis pelos espetaculares 15% de crescimento econômico do 
Paraguai em 2010 -exportaram soja para alimentar os porcos que alimentam os 
chineses.<BR>&nbsp;<BR>O trator da economia paraguaia, porém, não é visto com 
bons olhos pelos pequenos produtores rurais do país. Além das acusações de que 
usa sementes geneticamente alteradas, ainda não testadas em seu potencial 
agressivo sobre o ambiente, de que emprega agrotóxicos venenosos para as 
populações e para os animais no entorno, de que concentra a terra e expulsa o 
homem -no caso, paraguaio- do campo, o agronegócio tem um elemento adicional 
explosivo.<BR>&nbsp;<BR>"Os donos dos latifúndios são brasileiros. Tudo o que 
queremos é que os pequenos produtores paraguaios também recebam apoio. A terra 
paraguaia é dos paraguaios", afirma Casco.<BR>&nbsp;<BR>Em todo o acampamento 
localizado na cidadezinha de Ñacunday, podem-se ler faixas com dizeres 
nacionalistas em espanhol e guarani.<BR>&nbsp;<BR>"São xenófobos", acusa 
Amarilla. "Mas trata-se de xenofobia fabricada pelo governo populista de Lugo. É 
tão inconsistente que Lugo, o antibrasileiro, trata seu câncer no hospital 
Sírio-Libanês de São Paulo, o mesmo hospital de Lula, e não em um centro de 
saúde paraguaio. E por quê?", pergunta o dirigente.<BR>&nbsp;<BR>Os sem-terra 
reivindicam 167 mil hectares de terras na região do Alto Paraná, faixa de 
fronteira com o Brasil. Dizem que se trata de apenas uma parte dos quase 300 mil 
hectares de propriedades cuja titularidade nunca saiu das mãos do Estado. Terras 
públicas que teriam sido usurpadas por "grileiros de terras 
brasileiros".<BR>&nbsp;<BR><STRONG>STROESSNER</STRONG><BR>&nbsp;<BR>Segundo os 
produtores rurais, os sem-terra são contra qualquer empreendedor. "Opõem-se aos 
brasiguaios, mas também aos japaguaios e aos polacoguaios", diz, referindo-se à 
forma como os brasileiros que investiram no Paraguai são 
conhecidos.<BR>&nbsp;<BR>Amarilla diz que os produtores têm os registros de 
todas as terras que ocupam. "Que culpa temos se, durante o regime do ditador 
Alfredo Stroessner [1954-1989], ele resolveu vender as terras públicas do leste 
do país pela bagatela de US$ 1 por hectare? Que culpa temos se ele resolveu 
premiar cada soldado que completava o serviço militar com dez hectares de terras 
e que muitos desses soldados tenham optado por vender suas posses para 
empreendedores rurais?"<BR>&nbsp;<BR>Segundo Amarilla, isso foi feito nos anos 
1970-80, e não pode ser desfeito. "Era essa a legalidade de então. Simples 
assim", diz.<BR>&nbsp;<BR>"Ainda que fosse legal, não seria justo", diz o 
dirigente dos sem-terra Victoriano Lopez. "Se dez pessoas infringem a lei, são 
dez criminosos. Mas, se 1 milhão infringe a lei, a lei tem de ser 
mudada."<BR>&nbsp;<BR>O chefe de gabinete civil de Fernando Lugo, Miguel López 
Perito, disse que cabe à Justiça decidir o destino das terras. E ofereceu 
"segurança" para os brasileiros.</DIV>
<DIV align=justify>
<HR>
</DIV>
<DIV align=justify><BR></FONT><FONT size=2 face=Arial><STRONG><FONT size=3>Valor 
Econômico, Sao Paulo, 1-2-2012<BR>&nbsp;<BR>Governo recua e cancela demarcação 
de terras</FONT></STRONG><BR>&nbsp;<BR><BR>O acirramento dos conflitos agrários 
envolvendo produtores brasileiros e grupos de sem-terra no leste do Paraguai 
levou o presidente Fernando Lugo a cancelar o processo de demarcação de terras 
iniciado havia duas semanas, com o apoio do Exército.<BR>&nbsp;<BR>"O trabalho 
que vinha sendo feito pelas Forças Armadas na região foi retirado, a fim de 
pacificar os ânimos", afirmou ao Valor o ministro-chefe do Gabinete Civil, 
Miguel Ángel López Perito.<BR>&nbsp;<BR>Segundo o ministro, o governo ainda 
precisa fazer a demarcação a menos de 50 km da fronteira, segundo uma lei de 
2006 que proíbe a venda de terras para estrangeiros nessa faixa. "Mas nada será 
feito até que se acalme a situação", disse ele.<BR>&nbsp;<BR>Com relação aos 160 
mil hectares ocupados por brasileiros e reivindicados pelos sem-terra como sendo 
de propriedade do Estado paraguaio, López Perito afirma que essa não é uma 
questão de competência do governo. "Quem deve resolver esse conflito é o Poder 
Judiciário."<BR>&nbsp;<BR>O clima esquentou entre os sem-terra e os agricultores 
brasileiros, conhecidos como "brasiguaios", após a chegada do Exército, há duas 
semanas. Isso porque os sem-terra passaram a acompanhar os trabalhos de 
demarcação e a fazer manifestações a favor da expulsão dos estrangeiros. O 
episódio preocupou o governo brasileiro e foi tema de conversa entre o 
embaixador em Assunção, Eduardo dos Santos, e o presidente Fernando Lugo, na 
semana passada.<BR>&nbsp;<BR>O recuo do governo, no entanto, irritou os 
sem-terra paraguaios, conhecidos como "carpeiros" por acampar em barracas de 
lona plástica ("carpas") à beira de estradas. "A decisão do governo não nos 
interessa. Nós não vamos deixar a região porque essas são terras do Estado 
paraguaio", disse ao Valor o presidente da Associação de Carpeiros do Alto 
Paraná, Victoriano López. "Nós vamos recuperar o nosso país, e os brasileiros 
que comprovarem a origem legal de suas terras não têm com o que se preocupar." 
(FM)</DIV>
<DIV align=justify>
<HR>
</DIV>
<DIV align=justify><FONT size=3></FONT></FONT><FONT 
face=Arial></FONT>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial><STRONG>O Globo, Río de Janeiro, 
1-2-2012<BR>&nbsp;<BR>&nbsp;Brasiguaios reforçam segurança contra 
sem-terra<BR>&nbsp;<BR>Tensão entre fazendeiros brasileiros e agricultores do 
Paraguai aumenta, e possibilidade de conflito é iminente<BR>&nbsp;<BR>Flávio 
Freire, SÃO PAULO</STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT size=2 face=Arial></FONT>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><FONT size=2 face=Arial></FONT>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><FONT size=2 face=Arial>A pressão dos sem-terra do Paraguai 
para expulsar os brasiguaios, como são chamados os brasileiros que vivem naquele 
país, levou os empresários rurais brasileiros a reforçar a segurança de suas 
terras nos últimos dias, com a contratação de homens armados. Atualmente, 10 mil 
famílias de sem-terra estão acampadas em Ñacunday, região onde Tranquilo Favero, 
o fazendeiro paranaense naturalizado paraguaio, produz grãos e cria gado. A 
situação criou um clima de tensão nos departamentos daquele país, principalmente 
no Alto Paraná, onde vivem 300 mil brasileiros, que dizem estar prontos para um 
enfrentamento.<BR>&nbsp;<BR>- Estamos nos cuidando, não vamos deixar que esses 
baderneiros atrapalhem nossa vida - disse Favero, ontem, por telefone, ao 
GLOBO.<BR>&nbsp;<BR>Aos 74 anos de idade e há 42 anos vivendo no Paraguai, onde 
se naturalizou em 1990, Favero diz que teme uma possível invasão, mas acredita 
que o governo deve reforçar o número de policiais nos acampamentos. Atualmente, 
cerca de 500 homens foram designados pelo governo para fazer a segurança em 
Ñacunday. O clima pode esquentar nos próximos dias, quando mais 20 mil famílias 
de sem-terra devem chegar ao acampamento para se juntar ao grupo, segundo 
lideranças dos sem-terra.<BR>&nbsp;<BR>- Estamos aqui para reivindicar o que é 
do povo paraguaio por direito. O Favero comprou terras fiscais, que são do 
Estado, não poderiam ser vendidas a estrangeiros. Mais 20 mil famílias vão 
chegar nos próximos dias e estamos prontos, se for preciso, para tomar (invadir) 
a qualquer momento - disse ao GLOBO o líder dos sem-terra, Victoriano Lopez 
Cardoso.<BR>&nbsp;<BR>Favero alega que não comprou terras fiscais e que nos 
últimos 40 anos investiu US$ 50 milhões no país:<BR>&nbsp;<BR>- É por causa de 
brasileiros que estão aqui que o PIB do Paraguai foi o segundo que mais cresceu 
em 2010. O problema é que estamos lidando com bandidos (lideranças dos 
sem-terra) que não têm nada a perder.<BR>&nbsp;<BR>Membro de uma família que há 
anos produz soja na cidade paraguaia de Santa Rita, na região do Alto Paraná, 
Fernando Alonso, de 36 anos, disse ontem que os chamados brasiguaios já voltaram 
a reforçar a segurança de suas terras por conta da tensa negociação entre os sem 
terra e os agricultores brasileiros em Ñacunday.<BR>&nbsp;<BR>- Os sem-terra 
sempre estão de olho em recuperar algo que eles mesmo abandonaram - disse 
Fernando, colocando lenha na disputa que ganha proporções cada vez 
maiores.<BR>&nbsp;<BR>Na segunda-feira, a direção dos sem-terra em Ñacunday 
encaminhou documento à Presidência do Paraguai pedindo a devolução, por parte 
dos brasileiros, de 167.978 hectares de terra. Na nota, alertaram para a 
possibilidade de "enfrentamento, inclusive morte, entre acampados e produtores 
de soja".</DIV>
<DIV align=justify>
<HR>
</DIV>
<DIV align=justify><BR><STRONG><FONT size=3>Zero Hora, Porto Alegre, 
2-2-2012<BR>&nbsp;<BR>Cerco a brasileiros no Paraguai<BR>&nbsp;<BR>Base de apoio 
do presidente Lugo, agricultores sem-terra exigem que produtores abandonem suas 
propriedades na fronteira<BR>&nbsp;<BR>O clima está fervendo no Paraguai e não 
se trata apenas da temperatura de 42ºC que desde ontem inferniza o país vizinho. 
É que os sem-terra paraguaios decidiram encurralar proprietários brasileiros 
instalados lá.</FONT></STRONG><BR>&nbsp;<BR></DIV>
<DIV align=justify>Desde o final de dezembro, os chamados brasiguaios (colonos 
que migraram do Brasil para território paraguaio) enfrentam a pressão para que 
abandonem suas propriedades situadas na fronteira. Os sem-terra, chamados 
carperos (acampados), alegam que a área foi ocupada ilegalmente e que deve ser 
objeto de reforma agrária. Os brasileiros negam 
irregularidade.<BR>&nbsp;<BR>Rosalino Casco, um dos líderes dos carperos, 
definiu assim a situação:<BR>&nbsp;<BR>- Se o presidente Fernando Lugo disser 
que as terras são dos brasileiros, ocupamos. Se disser que não são deles, 
ocupamos também.<BR>&nbsp;<BR>Os sem-terra querem 167 mil hectares situados na 
faixa de fronteira com o Brasil, hoje em mãos de brasiguaios. Os carperos dizem 
que as terras foram griladas, ou seja, os estrangeiros teriam se apossado delas 
e legalizado de forma fraudulenta. Não é o que dizem os 
brasileiros.<BR>&nbsp;<BR>Conforme a União dos Grêmios de Produção (UGP), 
entidade que congrega o agronegócio no Paraguai, nos anos 70 o então ditador 
Alfredo Stroessner vendeu terras públicas fronteiriças a produtores brasileiros, 
com preços baixos (até US$ 1 por hectare). A ideia era povoar a região com 
colonos enfronhados em técnicas agrícolas. Deu tão certo que, hoje, a maior 
parte da produção agrícola paraguaia está em mãos de 
brasileiros.<BR>&nbsp;<BR>Com a derrubada do regime de Stroessner, em 1989, 
surgem os primeiros movimentos de sem-terra paraguaios. O alvo prioritário deles 
é a rica colônia de brasiguaios - dos cerca de 400 mil brasileiros vivendo no 
Paraguai, 250 mil estão na área de fronteira. Os carperos argumentam que, pela 
lei paraguaia, estrangeiros não podem ter terras na faixa de até 50 quilômetros 
do marco internacional. É a chamada Lei de Fronteira, em vigência no país desde 
2007.<BR>&nbsp;<BR>Pois é justamente nessa faixa que a maioria dos brasileiros 
planta. Na época de Stroessner, esta legislação "de segurança nacional" 
(semelhante à existente no Brasil) não existia. Agora, em tempos democráticos, 
os sem-terra paraguaios exigem que a lei seja cumprida. Isso implicaria a 
expulsão de milhares de brasileiros.<BR>&nbsp;<BR>Um dos que tiveram 
propriedades invadidas é Tranquilo Fávero, o maior plantador individual de soja 
no Paraguai. Ele é catarinense e filho de gaúchos. Tem 45 mil hectares de terras 
férteis (uma área do tamanho do território de Porto Alegre) entre os rios Paraná 
e Paraguai, onde colhe de 120 mil a 130 mil toneladas de soja por ano. Isso lhe 
rende cerca de US$ 50 milhões por ano. Tem 3 mil funcionários, parte deles em 
Ñacunday, localidade onde teve uma fazenda ocupada.<BR>&nbsp;<BR>O presidente 
Lugo, que contou com votos dos sem-terra para se eleger, determinou em janeiro a 
demarcação de terras na fronteira, para verificar quantas são ocupadas por 
brasileiros. A medida foi interpretada pelos carperos como sinal de apoio à sua 
pretensão. Eles agora começaram uma onda de invasões de terras, se antecipando 
ao diagnóstico do governo.<BR>&nbsp;<BR><BR><STRONG><FONT size=3>&nbsp;"O 
governo é obrigado a proteger os brasileiros"<BR>&nbsp;<BR>Germán Ruiz, 
vice-presidente da Associação Rural do Paraguai<BR>&nbsp;<BR>Em entrevista a ZH, 
Germán Ruiz, vice-presidente da Associação Rural do Paraguay (ARP), contou como 
os produtores vivem sob ameaça de 
invasões:<BR></FONT></STRONG>&nbsp;<BR><STRONG>Zero Hora - Como o senhor vê esta 
nova onda de invasões?</STRONG><BR>&nbsp;<BR>Germán Ruiz - Com grande 
preocupação. Os carperos dizem que será a maior da história. Até agora, parece 
que só invadiram uma propriedade, de uma viúva brasileira, mas cercaram diversas 
fazendas, quase todas de brasiguaios. Não pode. O governo é obrigado a proteger 
os brasileiros, e estamos negociando de forma permanente para que isso aconteça. 
Hoje mesmo, voltei de Santa Rita, onde falei com muitos brasileiros que estão 
sob ameaça.<BR>&nbsp;<BR><STRONG>ZH - Existe uma lei, desde 2007, que proíbe 
aquisição de terras no Paraguai, por parte de estrangeiros, em áreas situadas a 
até 50 quilômetros da fronteira. Os sem-terra dizem que farão cumprir a lei. Os 
brasileiros terão de ir embora?</STRONG><BR>&nbsp;<BR>Ruiz - De jeito nenhum, os 
brasileiros vão ficar. A lei não vale para anos anteriores a 2007. Lei nenhuma é 
retroativa. Ela só abrange tudo que aconteceu nesses poucos anos, desde que foi 
promulgada. Todos os que compraram terra antes disso têm seu direito garantido, 
e a maioria dos brasiguaios se radicou aqui na época de Stroessner. Tenho muitos 
amigos entre eles.</DIV>
<DIV align=justify>
<HR>
</DIV>
<DIV align=justify><BR><STRONG><FONT size=3>Folha de São Paulo, 
3-2-2012<BR>&nbsp;<BR>&nbsp;Sem-terra paraguaios ameaçam invasão 
hoje<BR>&nbsp;<BR>Grupo quer entrar nas terras do brasileiro Tranquilo Favero, 
maior sojicultor do Paraguai<BR></FONT></STRONG></DIV>
<DIV align=justify><STRONG><FONT size=3>LAURA CAPRIGLIONE, ENVIADA ESPECIAL A 
CIUDAD DEL ESTE</FONT></STRONG><BR>&nbsp;<BR></DIV>
<DIV align=justify>Os 15 mil sem-terra paraguaios (cálculos dos líderes do 
movimento), ou 700 (segundo a Polícia Nacional), que estão acampados diante da 
propriedade do empresário brasileiro Tranquilo Favero dizem que invadirão hoje 
as terras dele, que é considerado o maior produtor individual de soja do 
país.<BR>&nbsp;<BR>Dentro da fazenda Espigão, muito perto do rio Paraná, em 
Ñacunday (a 95 km de Foz do Iguaçu), o comissário de polícia Hector Spinola, à 
frente de 40 soldados, garantia: "Qualquer movimento dos sem-terra, entraremos 
em ação. Viemos para garantir a propriedade privada".<BR>&nbsp;<BR>Para entrar e 
sair da Espigão, o visitante tinha de passar por Sassá, o brasileiro desdentado 
e mal-encarado da porteira, ostentando sua calibre 12. O governo do presidente 
esquerdista Fernando Lugo também espalhou 200 homens da polícia antimotim pela 
vizinhança.<BR>&nbsp;<BR>Ontem, o principal líder dos sem-terra, Victoriano 
Lopez, passou o dia na capital, Assunção, a 335 km de distância do acampamento. 
Tentava negociar com o governo uma desapropriação da Espigão, para dividi-la em 
lotes de 25 a 30 hectares, um para cada família de acampados.<BR>&nbsp;<BR>Os 
sem-terra acusam Favero de haver grilado pelo menos 167 mil hectares de terras 
públicas. Desafiam-no a mostrar seu título de propriedade. Advogados de Favero 
afirmam ter todos os documentos comprobatórios da compra das 
terras.<BR>&nbsp;<BR>No acampamento, a Folha não viu arma de 
fogo.<BR>&nbsp;<BR>A tensão entre os sem-terra paraguaios, os "carperos", e os 
donos de terra brasileiros cresceu nas últimas semanas. Ao todo, os sem-terra 
reivindicam 260 mil hectares ocupados (segundo eles, "usurpados") por 
brasileiros.</DIV>
<DIV align=justify>
<HR>
</DIV>
<DIV align=justify><BR><STRONG><FONT size=3>O Globo, Río de Janeiro, 
3-2-2012&nbsp;<BR>&nbsp;<BR>'Brasiguaios' são desafio ao 
Itamaraty<BR>&nbsp;<BR>Estima-se que cerca de 350 mil brasileiros vivam no 
Paraguai. Boa parte deles são os chamados "brasiguaios", que se dedicam à 
agricultura em regiões próximas à fronteira com o Brasil</FONT></STRONG></DIV>
<DIV align=justify><BR>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify>Crises periódicas envolvem a situação desses brasileiros no 
país vizinho, como agora: milhares de trabalhadores rurais sem terra paraguaios 
acamparam próximo às fazendas dos brasiguaios - em alguns casos dentro delas - 
para exigir a posse de 167 mil hectares que, na opinião deles, deveriam passar 
às mãos dos paraguaios.<BR>&nbsp;<BR>Os agricultores reclamam o cumprimento de 
promessas do presidente Fernando Lugo de se empenhar na solução dos problemas 
fundiários do país. Querem, claro, como primeira providência, a expulsão dos 
brasiguaios. Os chamados carperos (que vivem em carpas, tendas em português) se 
valem de uma lei de 2005, segundo a qual estrangeiros não poderiam comprar 
terras a 50 quilômetros da fronteira. Em 2007, foi aprovada a Lei de Fronteira, 
que agravou a situação ao dispor que quem não estiver dentro de uma área 
definida pode ser expulso da propriedade. Os brasiguaios chegaram muito antes 
dessas leis e são altamente produtivos, grandes cultivadores de soja, e 
contribuem bastante para a economia da nação vizinha. Muitos têm títulos de 
propriedade das terras, filhos nascidos no Paraguai e não pretendem deixar para 
trás tudo o que conquistaram com seu trabalho.<BR>&nbsp;<BR>As autoridades 
paraguaias deslocaram forças policiais para os arredores das áreas ocupadas, mas 
é quase impossível que deem conta do problema, pois os sem-terra continuam 
chegando em massa à região. O encarregado de Negócios do Paraguai no Brasil, 
Didier Olmedo, afirmou que o governo Lugo está empenhado em encontrar uma 
solução, mas reconheceu, corretamente, que o assunto deve passar para a órbita 
dos tribunais.<BR>&nbsp;<BR>Como se trata de brasileiros, a questão envolve o 
Estado nacional e mobiliza o governo num trabalho conjunto com as autoridades 
paraguaias, não só na busca de alternativas para o problema, como para evitar um 
agravamento de uma situação muito tensa que pode evoluir para um indesejável 
conflito na fronteira. O grande problema é a adesão do governo brasileiro, nos 
governos Lula e Dilma, à diplomacia companheira, que trata com deferência 
especial, às vezes em detrimento até dos interesses nacionais, líderes de países 
identificados com causas da esquerda latino-americana, num viés de ultrapassado 
confronto com os Estados Unidos.<BR>&nbsp;<BR>Exemplos não faltam dessa atitude 
brasileira nos últimos anos. No início de seu primeiro governo, Lula tratou com 
brandura o programa de nacionalização do governo boliviano na área do gás, com 
prejuízo para a Petrobras, por identificação ideológica com o companheiro Evo 
Morales. Também o regime cubano tem sido alvo de atenções especiais por parte 
tanto de Lula quanto de Dilma, que acaba de encerrar visita ao país dos Castro, 
quando defendeu enviesadamente a ditadura na questão dos direitos humanos. Que a 
tendência não venha a se manifestar agora em que há brasileiros envolvidos numa 
situação difícil no Paraguai, apenas porque o presidente Lugo é outro 
companheiro. É preciso ser firme na defesa dos direitos dos 
brasiguaios.<BR>&nbsp;<BR><STRONG><FONT size=3>Paraguaios ameaçam invadir terras 
hoje<BR>&nbsp;<BR>Donos de fazendas, brasiguaios contratam seguranças 
particulares armados com escopetas e aguardam 
confronto</FONT></STRONG><BR>&nbsp;<BR><FONT size=3><STRONG>Flávio Freire*, 
ÑACUNDAY, Paraguai</STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify>Pelo rádio transmissor, Rosalino Casco, um dos líderes dos 
sem-terra na região de Ñacunday, no Paraguai, convoca homens, mulheres e 
crianças para a última reunião antes da ocupação de uma das áreas agrícolas em 
poder de brasileiros, prevista para a madrugada de hoje. Aos gritos, com facões 
e machados nas mãos, o grupo mostrava ontem disposição para um possível 
enfrentamento.<BR>&nbsp;<BR>A um quilômetro dali, seguranças particulares com 
escopetas a tiracolo protegem propriedades que, décadas atrás, teriam sido 
adquiridas pelos brasiguaios com títulos falsos, denunciam os sem- terra. Os 
brasileiros contestam e dizem que as propriedades são 
legais.<BR>&nbsp;<BR>Temendo violência no campo, os brasileiros não só 
reforçaram a segurança como tiraram das lavouras boa parte do maquinário pesado. 
Teriam aumentado, no entanto, o volume de munição. O acampamento, por sua vez, 
cresce a cada hora. Carros dos mais variados, incluindo modelos novos de 
caminhonetes e jipes, cruzavam ontem os 40 quilômetros de estrada de terra até a 
área onde a maior parte dos sem-terra vive há 13 anos.<BR>&nbsp;<BR>- Acabou a 
nossa paciência.</DIV>
<DIV align=justify><BR>Como esse governo (do presidente Fernando Lugo) não 
resolveu, nós vamos resolver - disse Casco, pai de seis filhos, todos nascidos 
no acampamento.<BR>&nbsp;<BR>Outro dirigente dos sem-terra, Victoriano Lopez 
Cardoso, teria tentado ontem, em Assunção, uma audiência com Lugo, sem sucesso. 
Ao contrário de Casco, ele evita acirrar os ânimos: - Hoje (ontem) não sei te 
dizer se vai ter ou não ocupação.<BR>&nbsp;<BR>O Paraguai tem hoje 4 milhões de 
terras fiscais, as chamadas áreas públicas, que estariam sendo exploradas pelos 
300 mil brasiguaios que moram do outro lado da fronteira. A região do 
acampamento 12 Apóstolos, onde O GLOBO acompanha a tensa negociação, fincado 
numa área que totaliza 167 mil hectares, é explorada pelo brasileiro Tranquilo 
Favero, maior produtor individual de soja daquele país.<BR></DIV>
<DIV align=justify>- Emprego 3 mil funcionários aqui. O que os sem-terra querem 
é acabar com a maior fonte de renda que o país deles tem - disse Favero, há mais 
de 40 anos vivendo no Paraguai e com propriedades em 13 dos 17 estados daquele 
país.<BR>&nbsp;<BR>Os sem-terra pretendem montar pequenas casas de alvenaria 
onde hoje cresce, principalmente, soja. Um pequeno grupo de sete policiais 
acompanha o movimento à distância.<BR></DIV>
<DIV align=justify>Na pausa das reuniões, os sem-terra protegem-se do sol forte 
enfrentando o calor que pode chegar aos 40 graus dentro das "carpas", como são 
chamadas as barracas em espanhol.<BR></DIV>
<DIV align=justify>Muitos tomam chimarrão, outros passam quase todo o dia dentro 
dos pequenos riachos que cortam o acampamento.<BR>&nbsp;<BR>Outra acusação que 
pesa sobre ombros dos brasileiros é que a falta de fiscalização permitiu, ao 
longo dos anos, a venda e locação indiscriminada de terras, passando de mãos e 
mãos, em sua maioria para brasileiros que deixaram o Sul do Brasil para tentar a 
sorte por ali. Pedindo para não se identificar, um pequeno agricultor brasileiro 
está preocupado.<BR></DIV>
<DIV align=justify>Não quer perder R$ 40 mil que investiu no passado.<BR></DIV>
<DIV align=justify>- Viemos para trabalhar, e não vou deixar paraguaio nenhum 
levar o que consegui com tanto suor.&nbsp; 
<HR>
<BR>&nbsp;<BR>Ruiz - Espero que não. Violência não leva a nada. Confiamos que o 
governo vá proteger as propriedades. A lei não pode ser 
atropelada.</FONT></DIV></BODY></HTML>