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<DIV align=center><STRONG><FONT size=4><U>boletín solidario de 
información</U><BR><FONT color=#800000 size=5>Correspondencia de 
Prensa</FONT><BR><U>21 de junio 2013</U><BR><FONT color=#800000 size=5>Colectivo 
Militante - Agenda Radical</FONT><BR>Montevideo - Uruguay<BR>redacción y 
suscripciones: <A 
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<DIV align=justify><STRONG><FONT size=3>Brasil<BR><BR>A era das imposturas e o 
brado das ruas</FONT></STRONG>&nbsp;&nbsp; <BR><BR></DIV>
<DIV align=justify><STRONG></STRONG>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><STRONG>Paulo Passarinho&nbsp;&nbsp;&nbsp; <BR>Correio da 
Cidadania, 21-6-2013<BR></STRONG><A 
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<DIV align=justify><FONT size=2 face=Arial><BR><BR>No momento em que multidões 
tomam conta das avenidas das cidades brasileiras e conquistam suas primeiras 
vitórias, com reduções no preço das passagens, muitas questões emergem desse 
surpreendente momento.<BR>&nbsp;<BR>Vou me ater ao que considero a questão de 
fundo mais relevante, seja para compreender um pouco das variadas razões do 
descontentamento manifestado com tanta força ou, mais importante, para iniciar 
um debate sobre o que pode significar o "mudar o Brasil", a consigna talvez mais 
abrangente para o formidável movimento.<BR>&nbsp;<BR>Mudar o Brasil é de fato 
necessário.<BR>&nbsp;<BR>Apesar da propalada campanha midiática sobre as 
supostas mudanças estruturais brasileiras, ocorridas a partir do plano real, a 
realidade parece teimosamente mostrar o contrário. Neodesenvolvimentismo, nova 
classe média, ascensão social de milhões de brasileiros, fim da miséria, fim da 
dívida externa, fim da inflação ou o sucesso das privatizações, imposturas 
sustentadas pelas classes dominantes, por seus meios de comunicação e por um 
leque de partidos corrompidos pelo grande capital, parecem não se coadunarem com 
o grito das ruas.<BR>&nbsp;<BR>Desde a eleição de Collor, no início dos anos 90, 
a agenda política de interesse dos bancos e das multinacionais tem ditado os 
rumos do país. A partir do fim do processo de renegociação da dívida externa, do 
início das privatizações e do plano monetário que procurava sustentar a paridade 
de valor da moeda nacional com o dólar, demos início a uma séria mudança no 
modelo econômico do país, extremamente perigoso para o nosso 
futuro.<BR>&nbsp;<BR>Contudo, a forte redução dos índices de inflação, o aumento 
do mercado de consumo e fases de crescimento interno - acompanhando as ondas 
expansionistas da economia internacional - têm dado fôlego econômico e político 
para a consolidação de um modelo de subdesenvolvimento e dependência externa do 
país.<BR>&nbsp;<BR>O fôlego político desse modelo pode ser comprovado pelas duas 
sucessivas eleições de FHC, ambas já no primeiro turno das eleições disputadas 
em 1994 e 1998; e pelas duas eleições disputadas e ganhas pelo PT, em 2006 e 
2010. A exceção foi a eleição em 2002.<BR>&nbsp;<BR>Apesar do produzido Lula 
"paz e amor", sua campanha se sustentava - e se legitimou como alternativa ao 
PSDB - na forte crítica que o PT e seus aliados faziam ao modelo dos bancos e 
multinacionais que, naquele momento, dava mais uma vez sinais de seu 
esgotamento.<BR>&nbsp;<BR>Como sabemos, apesar da vitória eleitoral, a 
identidade crítica do original PT ficou para trás. Entrou em cena paulatinamente 
o dominante lulismo, no comando de um novo centrão conservador. O lulismo deu 
fôlego ao modelo dos bancos e multinacionais, ampliando o seu leque de apoio com 
a crescente cessão de espaços ao agronegócio e também aos fundos de pensão, que, 
desde a fase mais intensa das privatizações, com FHC, já haviam sido cooptados. 
O lulismo, ao mesmo tempo, atraiu e neutralizou as direções de entidades e 
movimentos sociais anteriormente combativas.<BR>&nbsp;<BR>No plano econômico, 
além de manter o tripé da política macroeconômica que se traduz em juros altos, 
arrocho fiscal e câmbio valorizado, o governo Lula aprofundou e fortaleceu a 
política social focalizada, conforme recomendação do Banco Mundial, e manteve e 
ampliou a política de recuperação do valor real do salário-mínimo, iniciada com 
FHC.<BR>&nbsp;<BR>Com a forte expansão e valorização do comércio internacional 
das commodities, entre os anos de 2003 e 2007, as contas externas apresentaram 
saldos em conta-corrente, reduzindo em muito o risco do país no mercado 
internacional de crédito. Grandes empresas e bancos, captando recursos 
financeiros no exterior a um custo reduzido, e encontrando no Brasil aplicações 
financeiras e oportunidades de negócios variadas, ampliaram o mercado de 
crédito, de forma inédita no país.<BR>&nbsp;<BR>A ampliação do consumo das 
classes pobre e média, através do mercado de crédito a altas taxas de juros, 
garantia uma dupla vantagem: alta rentabilidade para o capital e a expansão do 
consumo das famílias, via endividamento. Politicamente, permitiu a apologia de 
uma concepção de cidadania baseada no mercado de consumo mercantil, intensamente 
capitalizado pelos grandes meios de comunicação e pelo governo.<BR>&nbsp;<BR>Ao 
mesmo tempo, o calvário das políticas públicas voltadas à população se 
acentuava. A política de câmbio flutuante, e sobrevalorizado, impõe a política 
monetária de juros reais elevados e crescentes despesas financeiras. Com isso, 
quase metade do orçamento anual da União é consumido com o pagamento de encargos 
financeiros, impondo o constrangimento fiscal que apena, especialmente, as 
despesas sociais sob responsabilidade do Estado.<BR>&nbsp;<BR>A crise 
internacional, que explode a partir de 2007 e 2008, começa por inverter os 
sinais das contas externas brasileiras, a partir da redução dos saldos de 
comércio, pela pressão das crescentes despesas com importações, e da elevação 
sistemática das despesas com remessa de lucros, juros e outros 
serviços.<BR>&nbsp;<BR>O consumo das famílias, por sua vez, em decorrência do 
forte endividamento, ainda conseguiu se sustentar positivamente durante algum 
tempo, mas já demonstra sinais da sua limitação. Por outro lado, as sucessivas 
medidas de incentivo ao consumo, isenções fiscais e facilidades de créditos 
subsidiados para as grandes empresas não foram capazes de reativar o ritmo de 
atividade econômica, em especial as taxas de investimento.<BR>&nbsp;<BR>O 
resultado desse processo começa a se esboçar. Voltamos a ter baixas taxas de 
crescimento, em um ambiente econômico em que dependemos cada vez mais do sucesso 
das exportações de commodities. Mais grave: a desnacionalização da economia; a 
regressão industrial traduzida pelo processo de substituição de peças, 
componentes e insumos nacionais por produção importada; o fortalecimento dos 
oligopólios; o domínio do setor financeiro e a concentração de renda e riqueza 
por um seleto grupo de corporações empresariais são marcas e obstáculos 
gravíssimos que temos à frente. Além disso, o crescente endividamento financeiro 
da União, das empresas e das famílias faz com que haja um claro limite para esse 
tipo de política.<BR>&nbsp;<BR>Todas essas contradições parecem que começam a 
ter as suas consequências. A deterioração dos serviços públicos básicos para a 
população - onde a situação da saúde é dramática - e o brutal encarecimento de 
serviços essenciais, do custo da energia elétrica e da telefonia ao dos 
transportes públicos, são exemplos de problemas que somente se 
agravam.<BR>&nbsp;<BR>Além de tudo isso, a verdadeira farra com recursos 
públicos utilizados para a realização dos jogos da Copa do Mundo, em meio a 
sucessivas denúncias de corrupção de toda ordem, criaram o caldo de cultura que 
agora se mostra transbordando nos gigantescos protestos populares, puxados por 
uma juventude que quer mudanças.<BR>&nbsp;<BR>Tendo como estopim o reajuste nos 
preços das tarifas dos transportes públicos, de péssima qualidade, e de cidades 
onde a mobilidade urbana é cada vez mais um eufemismo, as reivindicações que se 
avolumam nas ruas agora se tornam complexas. Apontam claramente para a 
necessidade de mudanças que há décadas são objeto da reação contrária de nossas 
elites dominantes.<BR>&nbsp;<BR>A pauta que ora se projeta das ruas amplia as 
suas reivindicações, denuncia a transformação de nossas grandes cidades e dos 
governos de plantão em balcões de negócios e coloca a nu contradições evidentes, 
mas que até agora se encontravam represadas.<BR>&nbsp;<BR>Os manifestantes, 
agora, questionam partidos, lideranças e pedem desculpas à população, pois 
sustentam que "estamos mudando o Brasil".<BR>&nbsp;<BR>Este será o grande 
desafio. A indignação popular ganhou expressão nas ruas e tenderá, a partir de 
agora, a adquirir maior radicalidade na exigência de mudanças estruturais 
verdadeiras.<BR>&nbsp;<BR>Ganha espaço a possibilidade de um modelo que 
subordine a lógica econômica às necessidades da maioria da população. Isso 
exigirá maior precisão, especialmente da oposição de esquerda ao governo, na 
definição programática das mudanças que de forma difusa são exigidas nas 
ruas.<BR>&nbsp;<BR>A alteração substantiva da política macroeconômica, a reforma 
do arcabouço jurídico-institucional - com destaque para a reforma política e a 
legislação regulatória dos meios de comunicação de massa -, além de antigas e 
acalentadas reformas econômicas estruturais, podem e devem voltar à ordem do 
dia.<BR>&nbsp;<BR>Um novo tempo aponta no horizonte político e a era das 
imposturas, que marca o país desde os anos 90, pode estar com os seus dias 
contados. As ruas e a juventude serão decisivas para a alvorada de uma nova era. 

<HR>
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