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<DIV align=center><STRONG><FONT size=4><U>boletín solidario de
información</U><BR><FONT color=#800000 size=5>Correspondencia de
Prensa</FONT><BR><U>21 de junio 2013<BR></U><FONT color=#800000 size=5>Colectivo
Militante - Agenda Radical<BR></FONT>Montevideo - Uruguay<BR>redacción y
suscripciones: <A
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href="mailto:germain5@chasque.net">germain5@chasque.net</A></FONT></STRONG><A
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<DIV align=justify><STRONG><FONT size=3>Brasil<BR><BR>Não deixem abaixar as
bandeiras vermelhas</FONT></STRONG> <BR><BR></DIV>
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<DIV align=justify><STRONG>Valério Arcary * <BR>Correio da
Cidadania, 21-6-2013<BR><A
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href="http://www.correiocidadania.com.br/">http://www.correiocidadania.com.br/</A></STRONG><A
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<DIV align=justify><BR><BR><STRONG>"A liberdade é sempre a liberdade para o que
pensa diferente". (Rosa Luxemburgo)</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><STRONG>"Liberdade é o direito de estar errado, e não de
fazer errado". (John Diefenbaker) <BR>"Duas coisas são infinitas: o universo e a
estupidez humana. Mas, no que respeita ao universo, ainda não adquiri a certeza
absoluta". (Albert Einstein)</STRONG> <BR> <BR></DIV>
<DIV align=justify>De repente, tudo mudou. Nas manifestações de segunda, 17 de
junho, aconteceu algo excepcional, algo de inusitado e heroico, que remete ao
extraordinário, ao imprevisto, ao grandioso. Bonita, magnífica, majestosa, em
São Paulo, no Rio de Janeiro e pelo Brasil afora, a juventude saiu às ruas e fez
tremer a Avenida Paulista e a Rio Branco, fez tremer os banqueiros, fazendeiros,
empreiteiros, fez tremer os comandos das Polícias Militares, os governadores,
prefeitos, deputados e até o último dos vereadores. Ontem, toda a ordem
econômica, social e política que preserva o Brasil como um dos países mais
injustos do mundo tremeu. Eles não podiam ir dormir. Tinham que procurar uma
explicação. Porque eles precisavam entender porque são
desprezados.<BR> <BR>Foi surpreendente, mas sabíamos que teria que
acontecer, que estava no horizonte, pelo que esperamos por vinte anos;
esperamos, alguns, uma vida inteira. O que tinha sido, até então, em quatro
passeatas corajosas em São Paulo, um protesto contra o aumento das passagens, se
agigantou em manifestação política nacional e, de repente, tudo mudou. O
capitalismo brasileiro, que estava comemorando as suas grandes obras, os seus
estádios, suas hidroelétricas, foi para a cama de olhos arregalados,
assustados.<BR> <BR>Mudou porque esta geração da juventude, a mais
escolarizada da história do Brasil, os desaprova, os condena, os odeia. Pior e
mais importante que tudo, temem que a juventude esteja somente abrindo a porta
para a entrada em cena da classe trabalhadora. Se os milhões de assalariados,
que fazem o Brasil ser um dos países periféricos com um dos maiores
proletariados do mundo, entrarem na briga, o que vai estar em disputa não será
somente a anulação do aumento das passagens. Esta aliança da classe trabalhadora
com a juventude é a maior força social que existe. Foi assim nas Diretas. Foi
assim no Fora Collor.<BR> <BR>Por que mudou? Mudou porque éramos muitos,
éramos centenas de milhares, e isso faz toda a diferença. Mudou porque eram
milhões que nos apoiavam. Mudou porque aqueles que não saíram nas ruas nessa
semana virão nas próximas. Mudou porque nossos inimigos se calaram, silenciaram,
roendo as unhas. Mudou porque aquilo que é justo merece vencer. A alegria tomou
conta das ruas e o medo tomou conta dos palácios. Eles gemeram, e nós
cantamos.<BR> <BR>Andamos, gritamos e cantamos, como deve ser. Aliás, como
andamos em São Paulo! Muitos cartazes maravilhosos: "Se o povo acordar, eles não
dormem!", "Não adianta atirar, as ideias são à prova de balas!", "Não é por
centavos, é por direitos!", "Põe a tarifa na conta da Fifa!", "Verás que um
filho teu não foge à luta!", "Se seu filho adoecer, leve-o ao estádio!", "Ô
fardado, você também é explorado!".<BR> <BR>Mas, se apareceu o que existe
de mais generoso, valente e solidário no coração da juventude, apareceu, também,
o que existe de ingênuo, confuso e até reacionário. Não foi tudo progressivo.
Apareceram jovens embriagados de nacionalismo, embrulhados na bandeira nacional,
e cantando "sou brasileiro com muito orgulho e muito amor". O nacionalismo é uma
ideologia política perigosa. Só é positivo quando defende o Brasil do
imperialismo. Acontece que não parecia que os que cantavam o hino estavam de
acordo em exigir a anulação dos leilões de privatização, portanto, de
desnacionalização do petróleo do Pré-Sal.<BR> <BR>Alguns destes jovens
fizeram ainda pior. Avançaram sobre militantes de esquerda e suas bandeiras.
Atacaram as bandeiras do PSOL, do PCB e do PSTU. Por sorte, não aconteceu uma
tragédia: porque a militância da esquerda tinha o direito e a disposição de
defender suas bandeiras, a qualquer custo, e poderia ter se precipitado uma
pancadaria séria, com feridos.<BR> <BR>Gritar "sem violência" não é o mesmo
que gritar "sem partidos". Quando gritamos juntos "sem violência" estamos
denunciando a presença de provocadores infiltrados da polícia que querem
oferecer um pretexto para a repressão. Não estamos condenando o direito legítimo
à autodefesa, um direito inalienável, que qualquer um aprendeu no jardim de
infância.<BR> <BR>Estamos tentando impedir que nossas manifestações sejam
destruídas pela repressão, e que esta repressão consiga ganhar apoio do povo
contra a juventude. As televisões usaram e abusaram de imagens de uma estação de
metrô depredada. O povo que trabalha é contra a destruição do metrô. Foi isso
que Alckmin tentou fazer, por quatro vezes, manipular a população acusando a
juventude de vandalismo, e foi derrotado.<BR> <BR>Gritar "sem partidos",
contra a esquerda, é muito diferente. Que uma parcela de juventude ingênua tenha
profunda repugnância pela política, que associe toda a esquerda ao PT, o PT à
corrupção, e o Haddad ao aumento, embora seja superficial, portanto, meia
verdade e meia mentira, é compreensível. Que grupos reacionários, nacionalistas,
que estão contra o governo Dilma pela ultradireita, que odeiam a esquerda porque
ela representa o projeto coletivista e igualitarista da classe operária,
aproveitem da confusão de uma manifestação com muitos milhares para expressar
seu ódio de classe, insuflados por Jabor da Rede Globo, é previsível. Que alguns
pequenos núcleos de inspiração anarquistas - não todos, vale ressalvar! - ainda
insistam na divisão do movimento, querendo impor pela força dos gritos sua
ideologia, é antidemocrático, divisionista, portanto,
lamentável.<BR> <BR>Mas o que aconteceu em São Paulo, no Rio de Janeiro e
Salvador foi diferente e, muito, muito mais grave. Foi parecido com o Cairo,
onde a Irmandade Muçulmana tentou impedir a esquerda de se apresentar
publicamente.<BR> <BR>O que aconteceu foi que jovens de rosto coberto,
mascarados, alimentando a ilusão de que a intimidação física é o bastante para
vencer na luta política, foram a linha de frente de um ataque covarde, quando
estavam, acidentalmente, em maioria, e tentaram derrubar as bandeiras vermelhas.
Não conseguiram fazê-lo, nem no Rio, nem em São Paulo, mas conseguiram em
Salvador.<BR> <BR>As lutas são apartidárias, mas não são monolíticas, são
plurais. À exceção dos reacionários, marchamos todos juntos, não importa a
ideologia, pelas reivindicações comuns que nos unem. Cada um abraça sua
ideologia, seu programa e, se quiser, um partido. Sim, porque na vida, é
preciso, mais cedo ou mais tarde, tomar partido. Mas, dentro do movimento
ninguém pode impedir os outros de apresentarem sua identidade, ou de expressar
sua posição.<BR> <BR>O antipartidarismo, mais grave quando se dirige contra
a esquerda socialista, é uma ideologia reacionária e tem nome: chama-se
anticomunismo. Foi ela que envenenou o Brasil para justificar o golpe de 1964 e
vinte anos de ditadura.<BR> <BR>O PSTU vai empunhar suas bandeiras. O PCB e
o PSOL certamente farão o mesmo. E os honestos anarquistas, aqueles que sabem
que nenhuma aliança com a direita anticomunista é correta, com certeza terão a
coragem de desfraldar suas bandeiras libertárias. Não deixem abaixar as
bandeiras vermelhas. Foram os melhores filhos do povo que derramaram seu sangue
pela defesa delas.<BR> <BR>* Valerio Arcary, militante do PSTU é
professor do IF/SP (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia) e
doutor em História pela USP.
<HR>
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