<!DOCTYPE HTML PUBLIC "-//W3C//DTD HTML 4.0 Transitional//EN">
<HTML><HEAD>
<META content=text/html;charset=iso-8859-1 http-equiv=Content-Type>
<META name=GENERATOR content="MSHTML 8.00.7600.16385"></HEAD>
<BODY style="PADDING-LEFT: 10px; PADDING-RIGHT: 10px; PADDING-TOP: 15px" 
id=MailContainerBody leftMargin=0 topMargin=0 CanvasTabStop="true" 
name="Compose message area"><FONT size=2 face=Arial>
<DIV align=justify>
<HR>
</DIV>
<DIV align=center><STRONG><FONT size=4><U>boletín solidario de 
información</U><BR><FONT color=#800000 size=5>Correspondencia de 
Prensa</FONT><BR><U>21 de junio 2013<BR></U><FONT color=#800000 size=5>Colectivo 
Militante - Agenda Radical<BR></FONT>Montevideo - Uruguay<BR>redacción y 
suscripciones: <A 
title="mailto:germain5@chasque.net&#10;CTRL + clic para seguir el vínculo" 
href="mailto:germain5@chasque.net">germain5@chasque.net</A></FONT></STRONG><A 
title="mailto:germain5@chasque.net&#10;CTRL + clic para seguir el vínculo" 
href="mailto:germain5@chasque.net"><STRONG><FONT 
title="mailto:germain5@chasque.net&#10;CTRL + clic para seguir el vínculo" 
size=4></FONT></STRONG></A></DIV>
<DIV align=justify>
<HR>
</DIV>
<DIV align=justify>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><STRONG><FONT size=3>Brasil<BR><BR>Não deixem abaixar as 
bandeiras vermelhas</FONT></STRONG>&nbsp;&nbsp; <BR><BR></DIV>
<DIV align=justify><STRONG></STRONG>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><STRONG>Valério Arcary *&nbsp;&nbsp; <BR>Correio da 
Cidadania, 21-6-2013<BR><A 
title="http://www.correiocidadania.com.br/&#10;CTRL + clic para seguir el vínculo" 
href="http://www.correiocidadania.com.br/">http://www.correiocidadania.com.br/</A></STRONG><A 
title="http://www.correiocidadania.com.br/&#10;CTRL + clic para seguir el vínculo" 
href="http://www.correiocidadania.com.br/"><STRONG 
title="http://www.correiocidadania.com.br/&#10;CTRL + clic para seguir el vínculo"></STRONG></A></FONT></DIV><FONT 
size=2 face=Arial>
<DIV align=justify><BR><BR><STRONG>"A liberdade é sempre a liberdade para o que 
pensa diferente". (Rosa Luxemburgo)</STRONG></DIV>
<DIV align=justify><STRONG>"Liberdade é o direito de estar errado, e não de 
fazer errado". (John Diefenbaker) <BR>"Duas coisas são infinitas: o universo e a 
estupidez humana. Mas, no que respeita ao universo, ainda não adquiri a certeza 
absoluta". (Albert Einstein)</STRONG> <BR>&nbsp;<BR></DIV>
<DIV align=justify>De repente, tudo mudou. Nas manifestações de segunda, 17 de 
junho, aconteceu algo excepcional, algo de inusitado e heroico, que remete ao 
extraordinário, ao imprevisto, ao grandioso. Bonita, magnífica, majestosa, em 
São Paulo, no Rio de Janeiro e pelo Brasil afora, a juventude saiu às ruas e fez 
tremer a Avenida Paulista e a Rio Branco, fez tremer os banqueiros, fazendeiros, 
empreiteiros, fez tremer os comandos das Polícias Militares, os governadores, 
prefeitos, deputados e até o último dos vereadores. Ontem, toda a ordem 
econômica, social e política que preserva o Brasil como um dos países mais 
injustos do mundo tremeu. Eles não podiam ir dormir. Tinham que procurar uma 
explicação. Porque eles precisavam entender porque são 
desprezados.<BR>&nbsp;<BR>Foi surpreendente, mas sabíamos que teria que 
acontecer, que estava no horizonte, pelo que esperamos por vinte anos; 
esperamos, alguns, uma vida inteira. O que tinha sido, até então, em quatro 
passeatas corajosas em São Paulo, um protesto contra o aumento das passagens, se 
agigantou em manifestação política nacional e, de repente, tudo mudou. O 
capitalismo brasileiro, que estava comemorando as suas grandes obras, os seus 
estádios, suas hidroelétricas, foi para a cama de olhos arregalados, 
assustados.<BR>&nbsp;<BR>Mudou porque esta geração da juventude, a mais 
escolarizada da história do Brasil, os desaprova, os condena, os odeia. Pior e 
mais importante que tudo, temem que a juventude esteja somente abrindo a porta 
para a entrada em cena da classe trabalhadora. Se os milhões de assalariados, 
que fazem o Brasil ser um dos países periféricos com um dos maiores 
proletariados do mundo, entrarem na briga, o que vai estar em disputa não será 
somente a anulação do aumento das passagens. Esta aliança da classe trabalhadora 
com a juventude é a maior força social que existe. Foi assim nas Diretas. Foi 
assim no Fora Collor.<BR>&nbsp;<BR>Por que mudou? Mudou porque éramos muitos, 
éramos centenas de milhares, e isso faz toda a diferença. Mudou porque eram 
milhões que nos apoiavam. Mudou porque aqueles que não saíram nas ruas nessa 
semana virão nas próximas. Mudou porque nossos inimigos se calaram, silenciaram, 
roendo as unhas. Mudou porque aquilo que é justo merece vencer. A alegria tomou 
conta das ruas e o medo tomou conta dos palácios. Eles gemeram, e nós 
cantamos.<BR>&nbsp;<BR>Andamos, gritamos e cantamos, como deve ser. Aliás, como 
andamos em São Paulo! Muitos cartazes maravilhosos: "Se o povo acordar, eles não 
dormem!", "Não adianta atirar, as ideias são à prova de balas!", "Não é por 
centavos, é por direitos!", "Põe a tarifa na conta da Fifa!", "Verás que um 
filho teu não foge à luta!", "Se seu filho adoecer, leve-o ao estádio!", "Ô 
fardado, você também é explorado!".<BR>&nbsp;<BR>Mas, se apareceu o que existe 
de mais generoso, valente e solidário no coração da juventude, apareceu, também, 
o que existe de ingênuo, confuso e até reacionário. Não foi tudo progressivo. 
Apareceram jovens embriagados de nacionalismo, embrulhados na bandeira nacional, 
e cantando "sou brasileiro com muito orgulho e muito amor". O nacionalismo é uma 
ideologia política perigosa. Só é positivo quando defende o Brasil do 
imperialismo. Acontece que não parecia que os que cantavam o hino estavam de 
acordo em exigir a anulação dos leilões de privatização, portanto, de 
desnacionalização do petróleo do Pré-Sal.<BR>&nbsp;<BR>Alguns destes jovens 
fizeram ainda pior. Avançaram sobre militantes de esquerda e suas bandeiras. 
Atacaram as bandeiras do PSOL, do PCB e do PSTU. Por sorte, não aconteceu uma 
tragédia: porque a militância da esquerda tinha o direito e a disposição de 
defender suas bandeiras, a qualquer custo, e poderia ter se precipitado uma 
pancadaria séria, com feridos.<BR>&nbsp;<BR>Gritar "sem violência" não é o mesmo 
que gritar "sem partidos". Quando gritamos juntos "sem violência" estamos 
denunciando a presença de provocadores infiltrados da polícia que querem 
oferecer um pretexto para a repressão. Não estamos condenando o direito legítimo 
à autodefesa, um direito inalienável, que qualquer um aprendeu no jardim de 
infância.<BR>&nbsp;<BR>Estamos tentando impedir que nossas manifestações sejam 
destruídas pela repressão, e que esta repressão consiga ganhar apoio do povo 
contra a juventude. As televisões usaram e abusaram de imagens de uma estação de 
metrô depredada. O povo que trabalha é contra a destruição do metrô. Foi isso 
que Alckmin tentou fazer, por quatro vezes, manipular a população acusando a 
juventude de vandalismo, e foi derrotado.<BR>&nbsp;<BR>Gritar "sem partidos", 
contra a esquerda, é muito diferente. Que uma parcela de juventude ingênua tenha 
profunda repugnância pela política, que associe toda a esquerda ao PT, o PT à 
corrupção, e o Haddad ao aumento, embora seja superficial, portanto, meia 
verdade e meia mentira, é compreensível. Que grupos reacionários, nacionalistas, 
que estão contra o governo Dilma pela ultradireita, que odeiam a esquerda porque 
ela representa o projeto coletivista e igualitarista da classe operária, 
aproveitem da confusão de uma manifestação com muitos milhares para expressar 
seu ódio de classe, insuflados por Jabor da Rede Globo, é previsível. Que alguns 
pequenos núcleos de inspiração anarquistas - não todos, vale ressalvar! - ainda 
insistam na divisão do movimento, querendo impor pela força dos gritos sua 
ideologia, é antidemocrático, divisionista, portanto, 
lamentável.<BR>&nbsp;<BR>Mas o que aconteceu em São Paulo, no Rio de Janeiro e 
Salvador foi diferente e, muito, muito mais grave. Foi parecido com o Cairo, 
onde a Irmandade Muçulmana tentou impedir a esquerda de se apresentar 
publicamente.<BR>&nbsp;<BR>O que aconteceu foi que jovens de rosto coberto, 
mascarados, alimentando a ilusão de que a intimidação física é o bastante para 
vencer na luta política, foram a linha de frente de um ataque covarde, quando 
estavam, acidentalmente, em maioria, e tentaram derrubar as bandeiras vermelhas. 
Não conseguiram fazê-lo, nem no Rio, nem em São Paulo, mas conseguiram em 
Salvador.<BR>&nbsp;<BR>As lutas são apartidárias, mas não são monolíticas, são 
plurais. À exceção dos reacionários, marchamos todos juntos, não importa a 
ideologia, pelas reivindicações comuns que nos unem. Cada um abraça sua 
ideologia, seu programa e, se quiser, um partido. Sim, porque na vida, é 
preciso, mais cedo ou mais tarde, tomar partido. Mas, dentro do movimento 
ninguém pode impedir os outros de apresentarem sua identidade, ou de expressar 
sua posição.<BR>&nbsp;<BR>O antipartidarismo, mais grave quando se dirige contra 
a esquerda socialista, é uma ideologia reacionária e tem nome: chama-se 
anticomunismo. Foi ela que envenenou o Brasil para justificar o golpe de 1964 e 
vinte anos de ditadura.<BR>&nbsp;<BR>O PSTU vai empunhar suas bandeiras. O PCB e 
o PSOL certamente farão o mesmo. E os honestos anarquistas, aqueles que sabem 
que nenhuma aliança com a direita anticomunista é correta, com certeza terão a 
coragem de desfraldar suas bandeiras libertárias. Não deixem abaixar as 
bandeiras vermelhas. Foram os melhores filhos do povo que derramaram seu sangue 
pela defesa delas.<BR>&nbsp;<BR>* Valerio Arcary, militante do PSTU&nbsp;é 
professor do IF/SP (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia) e 
doutor em História pela USP. 
<HR>
</FONT></DIV></BODY></HTML>