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<DIV align=center><STRONG><FONT size=4><U>boletín solidario de
información</U><BR><FONT color=#800000 size=5>Correspondencia de
Prensa</FONT><BR><U>23 de junio 2013</U><BR><FONT color=#800000 size=5>Colectivo
Militante - Agenda Radical</FONT><BR>Montevideo - Uruguay<BR>redacción y
suscripciones: <A
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href="mailto:germain5@chasque.net">germain5@chasque.net</A></FONT></STRONG><A
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<DIV align=justify><STRONG><FONT size=3>Brasil<BR><BR>Uma rebelião popular
progressiva e o início de uma crise institucional</FONT></STRONG>
<BR><BR></DIV></FONT>
<DIV align=justify><FONT size=2 face=Arial><STRONG></STRONG></FONT> </DIV>
<DIV align=justify><FONT size=2 face=Arial><STRONG>Fernando Silva (Outra
Política)<BR>Revista Habanero, Río de Janeiro<BR><A
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title="http://www.revistahabanero.org/ CTRL + clic para seguir el vínculo"></STRONG></A></FONT></DIV><FONT
size=2 face=Arial>
<DIV align=justify><FONT size=3 face=Calibri></FONT><BR><BR>1) Há um levante
nacional, com eixo na juventude, com adesão de milhares de trabalhadores e
trabalhadoras jovens e dos setores médios contra todo tipo de governo e por
reivindicações no geral justas: contra o aumento das tarifas, contra gastos da
Copa, fora Feliciano, saúde, educação, corrupção e os temas relativos a isso. Em
geral, o signo é muito positivo e claramente colocou, desde ontem, elementos de
crise institucional dado a fúria contra os poderes seja quem for o governo -
contra governos e prefeituras do PT (como São Paulo e várias outras capitais),
contra PSDB (governos do Estados de São Paulo e Minas Gerais), contra ACM Neto
em Salvador, contra uma prefeitura do PSB apoiada pelo Aécio (Campinas) e por aí
vai. Foram mais de um milhão de pessoas se manifestando em pelo menos 400
cidades do país. E agora com características de mobilizações diárias e pautas
variadas.</DIV>
<DIV align=justify><BR>Isto é um ascenso, que está mudando a relação de forças e
questionando tudo, inclusive a institucionalidade tal como ela está instalada.
Por suas características massivas já superam o Fora Collor e pode começar entrar
no bojo das comparações com as diretas já. Estamos falando de uma rebelião sob
democracia burguesa, o que sempre torna o problema do eixo e saída para a crise
mais complexo. Mas é uma revolta contra tudo, uma "revolução da indignação em
andamento."</DIV>
<DIV align=justify><BR>2) Dito isto, não significa que é um passeio, uma via de
mão única para a esquerda ou em direção a um processo revolucionário linear.
Nada disso, é uma situação deste ponto de vista muito diferente das diretas já e
do próprio Fora Collor. Não há uma direção deste processo. E nós já sabíamos e
até elaboramos muito sobre isso (a tese da maratona para reconstruir as
condições subjetivas para as ideias socialistas, por exemplo). A esquerda
reformista tradicional está destroçada nesta massa (PT e PCdoB) - e isso é o que
está por trás do anti-partido que a direita está capitalizando em algumas
capitais. Ou seja, a direita está sim disputando o processo num vazio de
referência e direção, inclusive em alguns locais com espaço para grupos
fascistas que já existiam. Não nos esqueçamos que já existia uma movimento meio
de direita contra a corrupção e anti-partido que fez atos expressivos em 2011,
como em Brasília, que existe o fascismo das milícias no Rio de Janeiro e grupos
de extermínio de São Paulo. Claro que isso pode aparecer em uma situação de
maior enfrentamento. Mas isso não é o tom do processo, o tom é a revolta juvenil
e popular progressiva.</DIV>
<DIV align=justify><BR>Isso reforça o componente de enfrentamento com as
policiais. Ontem, dia 20, o eixo sequer foi São Paulo. Onde tem os jogos da Copa
das Confederações as características de enfrentamento tendem a ser muito mais
fortes e com justas reivindicações do movimento em relação a Copa. Ontem o
Maracanã cantou o hino, mas cantou "o povo unido jamais será vencido" e isto não
tem a ver com eixo de direita, embora fascistas estivessem agindo no Rio.</DIV>
<DIV align=justify><BR>3) Outro tema: é um erro igualar hino nacional e bandeira
nacional com direita. Outra coisa é que a direita pode se valer disso, mas o
sentimento da massa é honesto, de resgate da nação contra quem ela considera que
está usurpando e roubando o país, isto é e sempre foi a simbologia da massa em
relação a bandeira e ao hino. Nos anos 80, com grande peso de massa da esquerda
era muito comum os atos das diretas já e mesmo assembléias operárias de massa no
ABC serem encerradas com o Hino Nacional. Nós temos que disputar essa
consciência da massa para a esquerda, mas entendendo o valor do sentimento
nacionalista anti-regime ou anti-corrupção no caso atual, no caso da minha
geração era uma nacionalismo anti-ditadura do tipo dizer "o hino e a bandeira
são nossos e não da ditadura". Hoje tem isso de fundo "a bandeira, o hino, a
nação são nossos e não dos corruptos". Esquerda que não entender isso vai virar
pó nesse movimento.</DIV>
<DIV align=justify><BR>4) Temos que partir do princípio que o movimento
conseguiu uma enorme vitória que foi a redução das tarifas. Uma enorme e inédita
vitória no estado de São Paulo. Não é um movimento que larga com derrota e
acuado, larga com uma grande vitória e isso impulsionou o crescimento da
mobilização, pois já teve VITÓRIA.</DIV>
<DIV align=justify><BR>5) Não há perigo de golpe de estado ou golpe fascista,
não é essa a linha da grande burguesia e dos seus partidos, e quando falo
partido, falo Globo que é principal partido da direita. Sua linha é
manifestações pacíficas, rechaço contra qualquer tipo de violência, e
moralização e preservação do regime, claro que nesse marco desgastando o PT. E
falo isso porque tá rodando já carta dos movimentos sociais governistas pedindo
governabilidade da Dilma, daqui há pouco vão agitar o fantasma de golpes e
fascismo. Atenção, o governo Dilma é um governo da classe dominante, de direita,
inimigo nosso e esse povo em movimento está furioso com as mazelas oriundas
deste modelo que o PT aplica. Por isso essa coisa difusa na consciência média da
massa sem uma direção clara, mas não vamos igualar essa massa com direita
organizada. E não vamos cair na lorota do petismo sobre golpe, fascismo, que se
explodam com a massa.</DIV>
<DIV align=justify><BR>6) Não temos que compartilhar da ideologia do
anti-partido; sempre defendemos a importância dos partidos políticos. Mas temos
que entender a fundo o que está ocorrendo, porque em relação a PT e PCdoB nós
não temos que brigar com a massa por conta destes vendidos, isto é empurrar a
massa para os braços da direita. Pelo contrário, testaria um "Fora PSDB e fora
PT" das manifestações. Não vamos ceder a pressão petista. Como não ser furioso
contra o PT em Brasília que colocou a tropa de choque para esculachar o povo e
os movimentos? Ou seja, a fúria contra o PT é legítima porque o PT governa e
frustrou e Dilma atacou direitos, fez todas as concessões imagináveis para os
grandes capitalistas por conta da Copa. O governo Dilma é uma inflexão à direita
em relação ao segundo mandato de Lula que fez mais concessões à classe. Com
Dilma, vieram cortes nos gastos, arrocho setor público, bandalheira grande nas
obras da Copa, aliança a fundo com o agronegócio, ataques aos direitos dos povos
indígenas. Em resumo, é uma revolta contra o sistema político e uma revolta
legítima contra o PT.</DIV>
<DIV align=justify><BR>7) Este tipo de revolta e os fenômenos que geram estão
inseridos em uma quadro internacional. Por acaso ontem vi um documentário muito
interessante sobre a situação atual na Turquia. Parecia que estavam falando do
Brasil. 80% dos jovens nas ruas não tem partido e não gostam de partidos, a
esquerda é fragmentada em muitos grupos com pouca inserção social e a direita lá
são os islâmicos fundamentalistas anti-laicos. Na Grécia, mesmo com inúmeras
greves gerais, uma esquerda quase ganhando eleições tem também uma extrema
direita fortíssima e organizada. Ou seja, ascensão e polarização social geram
luta de classes polarizada entre os extremos, tem também a contra-revolução
ganhando espaço. Mas não é isso que está dando o tom no Brasil. A essência do
movimento é progressiva, mas que será disputada à esquerda e à direita.</DIV>
<DIV align=justify><BR>8) O problema é aqui o como disputar. Há uma crise
institucional se gestando, uma multiplicidade de reivindicações e isso nos
conduz para a questão política do poder, a questão da corrupção, a questão de
que democracia precisamos, o que fazer com os desmandos, etc. Não podemos
centrar só na pauta sócio-econômica (digamos assim) das reivindicações e deixar
na mão da direita a pauta do regime, da política, das questões democráticas e da
corrupção, porque tem grande chance disto ganhar peso, basta ver a pauta do
Anônimos, limitadíssima, mas que vai nessa direção e tem e terá apelo popular
(Fora Renan, contra a PEC 37, que a PF investigue as obras da Copa). Isto terá
apelo de massas e temos que entrar no debate até porque é um escândalo se a PEC
37 passar - é acabar com o poder de investigação do Ministério Público (o que o
petismo corrupto adoraria). Não pode ser então que deixemos uma reivindicação
que é anti-bonapartista do ponto de vista da democracia, como é o caso da PEC
37, nas mãos da direita.</DIV>
<DIV align=justify><BR>9) Então temos que combinar a manutenção da pauta das
reivindicações populares: tarifa zero, moradia, educação, contra privatização
com a pauta democrático-política.</DIV>
<DIV align=justify><BR>O que estou querendo dizer: temos que politizar o tema da
corrupção e do regime e rápido. A essência da nossa pauta política é a
democratização do poder e reforma política com controle e participação popular.
Isto tem que se traduzir em medidas como desmilitarização da PM (à qual devemos
dar muito peso), quebra de sigilo de todos os parlamentares e dos grupos que os
financiaram, revogação de mandatos, salário de parlamentar não pode ser maior
que professor. Enfim, vai por aí. Sem se chocar com as medidas anti-corrupção
que estão sendo pautadas porque elas são progressivas. Pior coisa agora é
ficarmos com preconceito com a pauta que se desdobra do repúdio à corrupção. E
outro tema político democrático que temos que entrar é democratização dos meios
de comunicação e controle social da mídia.</DIV>
<DIV align=justify><BR>Nosso programa para essa etapa vai na direção de combinar
a pauta das reivindicações populares (eixo nos direitos e serviços públicos),
desmilitarização da PM, democratização do poder (as bandeiras da reforma
política popular) e democratização da grande mídia.</DIV>
<DIV align=justify><BR>10) Uma opinião sobre como reagir as provocações da
direita ou ao peso da direita nas manifestações. Tudo, tudo, menos o que fez o
MPL hoje, declarar que não vai mais convocar manifestações. Isso é um desastre.
É sair das ruas! É debandar, não é recuar. O MPL tinha que continuar convocando
atos pela pauta do movimento, com eixo tarifa zero- passe livre. E bancar a
pauta do movimento. Tá difícil na Paulista? Puxa pra periferia junto com o MTST:
passe livre para a periferia, transporte público e moradia, por exemplo. Hoje
mesmo enquanto escrevo tem 80 mil pessoas confirmadas para o ato contra a cura
gay, ou seja, tem que manter a pauta do movimento e a capacidade convocatória
dos movimentos.</DIV>
<DIV align=justify><BR>11) Temos que começar a nos organizar de forma mais séria
para os atos, aceitar que não há relação de forças geral pela consciência da
massa para ir com bandeira e partido, mas entrar de forma organizada com outros
setores e movimento com adesivos, faixas, camiseta vermelha, começarmos a
discutir as formas de auto-proteção do movimento. Buscar construir uma proposta
de um fórum e uma reunião nacional dos movimentos da esquerda combativa, buscar
puxar o próprio MPL para esse tipo de política para articular um programa e uma
pauta do movimento. Temos que colocar na agenda a construção de um espaço amplo
da esquerda (sem o PT e sem o PCdoB), proibi-los de estar nos nosso espaços.
Quero insistir: nada de bloco com PT e PCdoB. São inimigos e não aliados. Como
disse o André Ferrari em sua análise que circulou nas redes sociais: "que o PT
pague pela sua traição histórica". Não vamos sair das ruas, nem rebaixar nossas
reivindicações, o que temos é que estar melhor organizados e mais unidos aos
setores de esquerda combativos para disputar a massa e os rumos deste ascenso.
<HR>
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