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<DIV align=center><STRONG><FONT size=4><U>boletín solidario de
información</U><BR><FONT color=#800000 size=5>Correspondencia de
Prensa</FONT><BR><U>28 de junio 2013</U><BR><FONT color=#800000 size=5>Colectivo
Militante - Agenda Radical</FONT><BR>Montevideo - Uruguay<BR>redacción y
suscripciones: <A
title="mailto:germain5@chasque.net CTRL + clic para seguir el vínculo"
href="mailto:germain5@chasque.net">germain5@chasque.net</A></FONT></STRONG><A
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<DIV align=justify><STRONG><FONT size=3>Brasil<BR><BR>Nunca foi só por centavos!
Nunca foi só por uma bandeira!</FONT></STRONG> <BR></DIV></FONT>
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<DIV align=justify><FONT size=2 face=Arial><STRONG></STRONG></FONT> </DIV>
<DIV align=justify><FONT size=2 face=Arial><STRONG>Valerio
Arcary <BR>Correio da Cidadania, Sao Paulo,
25-6-2013</STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT size=2 face=Arial><A
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title="http://www.correiocidadania.com.br/ CTRL + clic para seguir el vínculo">http://www.correiocidadania.com.br/</STRONG></A></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT size=2 face=Arial><FONT size=3
face=Calibri></FONT><BR><BR></FONT><FONT size=2 face=Arial>Na última
quinta-feira, dia 20 de junho, durante as manifestações na Avenida Paulista, em
São Paulo, e no Rio de Janeiro, as colunas de militantes da esquerda foram
atacadas por grupos de indescritível boçalidade, que queimaram as faixas. As
bandeiras vermelhas foram perseguidas com ferocidade fascista. Dezenas de
militantes foram agredidos, violentamente, e, para evitar um confronto físico
que poderia ter sido muito mais grave, em condições imensamente desfavoráveis,
porque os agressores fascistas eram apoiados por uma parcela da manifestação que
gritava sem partido, sem partido, a esquerda decidiu se retirar da
manifestação.<BR> <BR>O que aconteceu foi uma tragédia. Militantes de todos
os partidos estão revoltados e perplexos. Com razão, porque o que aconteceu foi
terrível. Tivemos que enfrentar a repressão policial, incontáveis vezes, é
verdade. Mas há décadas que não tínhamos que disputar o direito de marchar nas
ruas contra os fascistas. A esquerda ocupou as ruas depois do final dos anos
setenta, 35 anos atrás.<BR> <BR>No entanto, é bom lembrar que não foi a
primeira vez que os militantes, que hoje se organizam no PSTU, se viram
obrigados a defender, vigorosamente, o direito de se apresentar publicamente com
suas bandeiras. Por exemplo, em 1984, quando da campanha das Diretas Já, uma
campanha de unidade na ação democrática contra o último governo da ditadura, que
uniu os partidos da classe trabalhadora com partidos burgueses, como o então MDB
de Tancredo, e o PDT, foi Brizola quem atacou o nosso direito de levantar uma
faixa na Presidente Vargas, com a palavra de ordem Um dia de Greve Geral no 25
de Abril pelas diretas Já! Do palanque, diante de um milhão de pessoas, Brizola
fez uma agitação para legitimar um ataque que levou a que a faixa fosse
derrubada.<BR> <BR>Na luta política pelos destinos da campanha das Diretas
contra os partidos burgueses, Brizola, então governador do Rio, e um dos
principais oradores do comício, queria impedir que as massas nas ruas vissem
aquilo que os revolucionários não podiam dizer no palanque. Na luta pela
democracia, usou os métodos mais antidemocráticos, próprios do que existe de
mais podre: apoiou-se na autoridade que tinha para impedir que uma tendência
minoritária no PT, a Convergência Socialista, pudesse apresentar a sua proposta.
Não teve a honestidade política de confrontá-la com argumentos, mas,
covardemente, à paulada.<BR> <BR>Os símbolos são menos importantes que as
ideias. É verdade. Não é uma questão de princípios levantar bandeiras em todos
os atos. É uma escolha tática, portanto, em última análise, depende da relação
de forças. Debaixo de uma ditadura não levantamos bandeiras, senão vamos presos.
E só idiotas agem sem medir a consequência de seus atos. Não somos nem gente
teimosa, nem obtusa. Mas há uma questão de princípios envolvida na polêmica
sobre baixar ou não as bandeiras.<BR> <BR>Queremos apresentar nossa
opinião, com franqueza, para toda a esquerda e, em especial, para os mais
jovens. Sabemos que têm dúvidas. É razoável ter dúvidas. Afinal, são milhares
gritando sem partido e isso impressiona. Mas é bom saber que a luta política é
quase sempre assim, difícil, porque é contra a maioria. Se fôssemos maioria, não
seria difícil. Ser leninista, no centenário da publicação do livro O Que fazer?,
é isso. Ter a compreensão que não podemos fugir da luta política contra as
ilusões da juventude e dos trabalhadores. É uma luta contra a falsa consciência
das massas.<BR> <BR>Vamos ao ponto. Quando estamos diante de grandes
mobilizações de massas, com milhares de pessoas, em condições de liberdades
democráticas, em que não seremos presos pela polícia, não é somente um direito,
mas, também, um dever dos socialistas levantarem as suas bandeiras. Muitos
concordam conosco que é um direito, o direito elementar à liberdade de
expressão, mas discordam que é um dever. Queremos explicar por que é um dever.
Nossa opinião é que oportunismo não é levantar as bandeiras, mas o contrário,
escondê-las.<BR> <BR>Os revolucionários podem e devem usar os métodos
conspirativos contra a polícia, os patrões e todos os inimigos para se proteger.
Em condições adversas, entramos na clandestinidade, se necessário. Mas, ainda
nessas condições extremamente difíceis, com as mediações de segurança
necessárias, não escondemos quem somos e pelo que lutamos, diante dos ativistas.
E o fazemos porque os socialistas têm o dever de não se esconder do
proletariado.<BR> <BR>O que nos faz agir assim é simples: a honestidade
política nos obriga a dizer quem somos, e qual é o nosso programa. Sabemos que o
proletariado não concorda com o projeto da revolução brasileira. Sabemos que
hoje estamos em minoria. Mas só poderemos ser maioria, um dia, quando se abrir
uma situação revolucionária, se tivermos a coerência e honradez de defender o
programa enquanto formos, paciente, porém, corajosamente, uma minoria. Confiamos
no proletariado e na sua vanguarda, porque é com eles que queremos fazer a
revolução brasileira.<BR> <BR>Confiamos nos trabalhadores. Até quando eles
mesmos não confiam em si próprios. Queremos mudar o mundo, mas para isso é
preciso mudar as pessoas. A luta política é uma luta
educativa.<BR> <BR>Somos honestos, e dizemos quem somos e pelo que lutamos.
E isso não é fácil. Porque, a maior parte do tempo, defendemos ideias
revolucionárias em situações políticas em que a maior parte dos trabalhadores
não concorda conosco. Seria mais fácil nos adaptarmos, e dizer somente aquilo
que a maioria, nas fábricas e escolas, quer ouvir, porque já
concordam.<BR> <BR>Queremos ser um instrumento de organização para que
eles, trabalhadores e jovens, possam lutar e vencer contra o capitalismo. Não
escondemos nossa identidade, não nos mascaramos atrás de siglas obscuras e
mutantes, não apresentamos nossas ideias pela metade. Não queremos o apoio
fácil, não queremos ser votados sem que os trabalhadores saibam em quem estão
votando. Não somos oportunistas, somos honestos.<BR> <BR>Não o fazemos
porque queremos "aparecer". Não somos uma marca que precisa de publicidade. Não
estamos vendendo nada. Estamos defendendo um programa. Não somos surfistas das
lutas, somos parte, lado a lado, dos agitadores e organizadores das lutas. Quem
esteve nas greves e lutas dos últimos quarenta anos pode não concordar conosco,
mas não pode negá-lo.<BR> <BR>Nas passeatas da quinta, dia 20 de junho,
estávamos defendendo uma faixa enorme com a proposta de estatização dos
transportes, para garantir o passe livre. E tínhamos a obrigação de assiná-la
como PSTU, porque não somos anônimos, não saímos mascarados. Saímos de rosto
exposto, porque somos gente responsável e honesta. Qualquer um na manifestação
tinha o direito de não concordar. Mas não tinha o direito de queimá-la, não
tinha o direito de impedir que a apresentássemos publicamente. Quem defende que
os socialistas não podem se expressar, na verdade, defende a nossa destruição,
são os fascistas. Sabemos, evidentemente, que a maioria dos que gritavam atrás
dos fascistas, sem partido, sem partido, não era de fascistas. Mas a posição que
defenderam foi, na prática, a mesma, e isso merece ser
discutido.<BR> <BR>Muitos se perguntam se o PSTU não deveria ter baixado as
bandeiras, já que a maioria pediu que as bandeiras fossem retiradas. Este
argumento parece democrático. Mas não é. É super, hiper, mega-autoritário. Não
era permitido partido? Quem decidiu? Quando decidiu? Houve algum debate? A
maioria não tem o direito de impedir a minoria de se expressar. Porque, senão,
teremos monolitismo da maioria, e ainda por cima, sem a possibilidade de
reversão da posição majoritária, porque a minoria nunca poderá lutar para ser
maioria. Sem liberdade, não haverá disputa de ideias. A disputa de ideias é a
essência da liberdade. Um mundo melhor será um mundo mais livre e mais
igualitário. Não haverá nunca liberdade entre desiguais. Mas não haverá
igualdade sem liberdade.<BR> <BR>Não haverá democracia no movimento sem a
tolerância da maioria com a minoria. A maioria tem muitos direitos, mas não o de
impedir a expressão da minoria. A maioria tem o direito de votar quais são as
reivindicações, mas após um debate em que as minorias devem poder se expressar.
A maioria tem o direito de decidir o que vai ser feito e quando vai ser feito,
mas as minorias têm o direito de apresentarem propostas alternativas. Ninguém
tem o direito de considerar que é infalível.<BR> <BR>A maioria tem o
direito de votar, por exemplo, que não se deve tolerar o vandalismo. A maioria
tem o direito de impedir as depredações. A maioria tem o direito de impedir a
destruição dos prédios públicos e impedir quem tentar agir de forma
provocatória, o que só pode ajudar a legitimação da repressão. A maioria tem o
direito de impedir as tentativas de invasão, como a do Palácio dos Bandeirantes
em São Paulo e do Itamaraty em Brasília. Mas não tem o direito de queimar as
faixas e símbolos das minorias que respeitam a vontade da
maioria.<BR> <BR>Alguns jovens argumentam que partido é tudo igual. Dizem
que ninguém aguenta mais partido. Defendem que partidos são inúteis. Que toda a
esquerda é igual ao PT. Atenção, que a desilusão com o PT tenha se transformado
em desprezo é compreensível, mas não é verdade que todos os partidos sejam
iguais, e muito menos que sejam inúteis. Há várias formas de organização na
sociedade. Sindicatos devem representar categorias. Movimentos sociais
representam a luta por um programa específico. O MPL luta contra o aumento das
passagens, por um programa em defesa dos transportes públicos, pelo passe livre.
O movimento estudantil luta pela defesa do ensino público. São lutas parciais.
Para elaborar um programa para o Brasil precisamos de outro tipo de ferramenta
de luta e representação.<BR> <BR>Cada partido representa os interesses de
cada uma das classes sociais em que se divide a nação. Há muitos partidos que
defendem programas alternativos que respondem, quase todos eles, aos interesses
da burguesia, porque ela é a classe dominante. No Brasil, em sua maioria, são
máquinas eleitorais corrompidas. Corrompidas pelo financiamento dos caixas dois
nas campanhas eleitorais, e pela manipulação das verbas públicas. Representam as
poucas centenas de grandes corporações que elegem quase todos os deputados e
senadores. Merecem ser repudiados. Até o PT se transformou em um partido da
ordem do capital. Mas o problema não são os partidos, mas os capitalistas que os
compraram. Não vamos mudar o Brasil se não derrotarmos o
capitalismo.<BR> <BR>Não há forma de defender um programa político que não
seja a organização, ou seja, a união voluntária de militantes. Isso é um partido
mesmo que não tenha nome de partido. Não precisa estar legalizado para que seja
um partido. Há muitos grupos políticos na internet que são partidos. Somente
evitam denominar-se assim. Marina Silva resolveu aderir à moda denominando o seu
partido de Rede, porque acredita que, com essa camuflagem, seria mais fácil de
dialogar com a juventude. Isso é que é oportunismo, mascarar-se para evitar o
atrito.<BR> <BR>Não será um líder iluminado que poderá resolver a crise
brasileira. Acabou a época dos líderes carismáticos. Janio fez uma carreira
trocando de partido. Collor também o fez. A luta de partidos é inevitável. A
pluralidade de partidos é inevitável. Quem defende que não haja a luta de
partidos são os fascistas. Eles defendem que uma só bandeira pode ser hasteada,
a nacional.<BR> <BR>Um só programa pode ser defendido, o deles. Um só
líder, o deles. Salazar, Franco, Mussolini, Hitler. A esquerda não é toda igual
ao PT. Há uma esquerda que apoia o governo, e uma esquerda que foi contra os
governos do PT. O PSTU esteve sempre ao lado das causas mais justas, e das lutas
populares.<BR> <BR>Duas armadilhas estão no caminho da luta. Três campos,
pelo menos, irão se definir, nas próximas semanas, ou dias. A burguesia vai
tentar dirigir a mobilização para desgastar o governo do PT e canalizar o mal
estar para as eleições do próximo ano. Terá dificuldade em desviar as massas
juvenis e populares da luta pelas reivindicações concretas, entre outras muitas
razões, porque são governo em São Paulo, Minas Gerais e outros estados. Mas está
na disputa.<BR> <BR>Foi Alckmin quem mandou atirar, e não disse uma palavra
de arrependimento, porque está esperando a hora para voltar a usar a repressão.
O PT e seus satélites vão tentar, também, desviar a mobilização. Vão deslocar a
luta das reivindicações para a defesa da "democracia", ou seja, para conseguir
uma trégua nas ruas, para ganhar tempo para que a energia que nasceu das ruas se
perca pela confusão e o cansaço. Já há quem fale em ofensiva da direita, perigo
de golpe, frente democrática dos movimentos sociais, da esquerda, contra o
golpe. Há também um probleminha. Foi Haddad quem mandou atirar. E, tampouco,
admitiu qualquer arrependimento. E Dilma foi à TV para dizer que pode colocar as
Forças Armadas nas ruas.<BR> <BR>O terceiro campo será o da unidade da
juventude com os trabalhadores. Essa é a força social mais poderosa que há no
Brasil. A juventude abriu uma janela de esperança. Se olharmos bem por ela,
veremos que nas fábricas e empresas de todo o país há milhões de trabalhadores
que estão há muito tempo querendo acreditar que é preciso lutar. Agora ficou
provado que, se lutarmos, é possível vencer. Nunca foi só por centavos. Nunca
foi só por uma bandeira.
<HR>
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