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<DIV align=center><STRONG><FONT size=4><U>boletín solidario de 
información</U><BR><FONT color=#800000 size=5>Correspondencia de 
Prensa<BR></FONT><U>18 de setiembre 2013<BR></U><FONT color=#800000 
size=5>Colectivo Militante - Agenda Radical<BR></FONT>Montevideo - 
Uruguay<BR>redacción y suscripciones: germain5@chasque.net<A 
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<HR>
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<DIV align=justify>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><STRONG><FONT size=3>Brasil</FONT></STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT face=Arial><STRONG></STRONG></FONT>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><FONT size=2 face=Arial><STRONG><FONT size=3>O STF diante do 
mensalão</FONT></STRONG><BR></DIV></FONT>
<DIV align=justify><FONT size=2 face=Arial><STRONG></STRONG></FONT>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><FONT size=2 face=Arial><STRONG></STRONG></FONT>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><FONT size=2 face=Arial><STRONG>Valerio 
Arcary&nbsp;*</STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT size=2><STRONG><FONT face=Arial>Correio da 
Cidadania</FONT></STRONG></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT size=2 face=Arial><A 
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title="http://www.correiocidadania.com.br/&#10;CTRL + clic para seguir el vínculo">http://www.correiocidadania.com.br/</STRONG></A></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT size=2><BR></FONT><FONT size=2 
face=Arial>&nbsp;<BR></FONT><FONT size=2 face=Arial>O STF decidirá, finalmente, 
se deverá ou não acontecer um segundo julgamento do mensalão. O mais provável é 
que se pronuncie a favor dos embargos. A cúpula do PT admite que praticou crime 
eleitoral de Caixa 2, mas adverte que não usou dinheiro público para garantir 
maioria de votos no Congresso para o governo Lula. Reivindicam o benefício da 
dúvida. Esta argumentação é hipotética. É, também, precária, incerta e duvidosa. 
Ou seja, quase insustentável. Tem como objetivo único conseguir uma redução das 
penas para evitar a prisão de alguns de seus líderes em regime fechado, ou seja, 
a máxima humilhação. Que seria uma derrota simbólica 
importante.&nbsp;</FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT size=2 face=Arial></FONT>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><FONT size=2 face=Arial>Paradoxalmente, a decisão de um 
segundo julgamento e a possível redução de penas favoreceria a cúpula do PSDB. 
Estão preocupadíssimos, com razão, com o julgamento do mensalão mineiro, 
articulado em 1998, pelo mesmo Marcos Valério que depois foi o braço direito de 
Delúbio Soares. O julgamento do tucanoduto está previsto para 2014. Deve se 
transformar em um pesadelo para Aécio Neves, o herdeiro político de Eduardo 
Azeredo, que foi presidente nacional do PSDB depois de deixar o Palácio da 
Liberdade em Belo Horizonte.</FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT size=2 face=Arial></FONT>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><FONT size=2 face=Arial>Quando a direção do PT decidiu, por 
iniciativa direta de Lula na campanha de 1994, aceitar dinheiro das grandes 
corporações, o destino do PT estava traçado. O vale tudo eleitoral tinha, desde 
o início, um endereço trágico. Era, no fundo, só uma questão de tempo para que o 
PT evoluísse do financiamento "legal" dos monopólios para um sistema de caixa 
dois - a exemplo dos partidos tradicionais - e, depois, para a transferência de 
recursos arrecadados para os partidos aliados, o sistema de mensalão para 
assegurar maioria no Congresso, culminando com o enriquecimento de alguns de 
seus chefes, o que é sórdido. A direção do PT fez em dez anos um trajeto que a 
social democracia levou cem anos para completar. Mas, tudo isso foi, também, uma 
evolução triste.&nbsp;&nbsp;</FONT></DIV>
<DIV align=justify><BR><FONT size=2 face=Arial>Os líderes do PT que estiveram à 
frente da operação financeira que culminou na fraude organizada por Marcos 
Valério junto aos Bancos, articulada por Delúbio Soares e pilotada por José 
Dirceu não merecem, portanto, solidariedade alguma. Entretanto, ao mesmo tempo, 
é desprezível, abjeta, e repulsiva, a hipocrisia que cercou o circo do 
julgamento do mensalão no STF. Porque a direção do PT não fez nada, 
absolutamente, nada de novo na vida política nacional.<BR></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT size=2><FONT face=Arial><STRONG>Capitalismo e 
corrupção</STRONG><BR></FONT></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT size=2 face=Arial>Recordemos, então, o que a história e 
o marxismo nos deixaram como fundamentos "graníticos" sobre a corrupção. 
Primeiro, o&nbsp; mais importante. Nunca existiu capitalismo sem 
corrupção.&nbsp;<BR></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT size=2 face=Arial>Capital e Estado estiveram sempre 
unidos através das mais variadas cumplicidades. Desde o alvorecer das pioneiras 
Repúblicas italianas, quando a Europa recuperou ao Islã o controle das 
lucrativas rotas comerciais do Mediterrâneo, passando pela conquista da América 
pelas Coroas ibéricas, sem esquecer os quase cento e cinqüenta anos de disputa 
entre Londres e Paris pela supremacia no mercado mundial: a corrupção estava lá, 
em todos os portos, em todos tribunais, em todas as Cortes, em todas as línguas. 
A corrupção nunca foi privilégio dos latinos, nem dos chineses, nem dos árabes. 
Desde o século XIX falou, sobretudo, o latim moderno, o inglês.&nbsp; Comprando 
favores, deslocando concorrentes, driblando as leis, subornando autoridades, 
obtendo cargos. A força do dinheiro abrindo as gavetas do poder, e o domínio do 
Estado favorecendo os cofres da riqueza.<BR></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT size=2 face=Arial>Quando argumentamos que capitalismo e 
corrupção sempre caminharam de mãos dadas, muitos nos perguntam se a corrupção 
não seria inevitável em qualquer sociedade. Porque, afinal, ninguém ignora que 
tanto na URSS, quanto na China, as burocracias estatais se regozijavam em 
privilégios driblando as suas próprias leis.&nbsp; A corrupção não seria 
expressão das incoerências sombrias da natureza humana?&nbsp;</FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT size=2 face=Arial></FONT>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><FONT size=2 face=Arial>Os socialistas defendem que não 
existe fatalismo na condição humana que nos condene a corrupção. Assim como 
existiram sociedades que desconheceram a exploração do homem pelo homem, 
ignoraram, também, a corrupção. A corrupção é uma doença econômico-social, e se 
explica em função de circunstâncias históricas. Ninguém é, naturalmente, 
corruptível ou corruptor. Algumas pessoas transformam-se em corruptos, em função 
de cálculos de risco e benefício.<BR></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT size=2 face=Arial>A percepção de que, no Brasil, a 
apropriação privada do Estado pelo mundo dos negócios teve sempre na sua raiz a 
impressionante desigualdade econômica e social, é chave para mantermos o sentido 
das proporções diante do colapso moral da direção máxima do PT. Ao se 
transformar, a partir de 1988, em um partido que se credenciava para a gestão do 
Estado sem ameaçar o capitalismo, o PT selou o seu destino.&nbsp;</FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT size=2 face=Arial></FONT>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><FONT size=2 face=Arial>Um programa de adaptação à gestão de 
um capitalismo que quase não cresce, ou cresce muito devagar e cheio de 
desproporções, em uma sociedade em que a desigualdade social permanece obscena, 
e na qual a mobilidade social vem diminuindo há um quarto de século, ou seja, um 
reformismo quase sem reformas, não poderia evitar a degeneração ética. Ensina a 
sabedoria oriental que o peixe morre pela boca. Já o Padre Antonio Vieira dizia 
que o peixe apodrece pela cabeça. O marxismo alerta que a cabeça não é imune à 
pressão do chão que os pés pisam.&nbsp;<BR></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT size=2 face=Arial></FONT>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><FONT size=2 face=Arial>O PT escolheu um caminho de 
social-democratização que já tinha sido trilhado na América Latina por muitos 
outros, até por organizações que encabeçaram revoluções democráticas, como os 
sandinistas. Se, mesmo os partidos que se formaram na severidade das condições 
da luta armada contra ditaduras - como a FSLN, os Tupamaros ou a Farabundo Marti 
- quando aceitaram se transformar em partidos eleitorais, se descobriram 
vulneráveis diante da pressão política e social da democracia liberal, parece 
inescapável que o PT, que já nasceu como um partido eleitoral, seria presa fácil 
da corrupção endêmica do Estado brasileiro.&nbsp;</FONT></DIV>
<DIV align=justify>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><FONT size=2 face=Arial>O domínio do Capital sempre foi a 
associação legal e ou ilegal, portanto, sempre ilegítima e imoral, da riqueza 
com o poder. Todos os partidos comprometidos com o regime democrático-eleitoral 
e, por isso, financiados pelo capital, foram aliciados, em todos os tempos e 
lugares, pela força do dinheiro. Nos últimos cem anos, à escala mundial, a 
imensa maioria dos instrumentos da representação política dos trabalhadores, no 
centro ou na periferia, quando se consolidaram regimes democráticos, foram 
absorvidos pela pressão do eleitoralismo.&nbsp;<BR></DIV></FONT>
<DIV align=justify><FONT size=2 face=Arial>A social democracia européia antes da 
I Guerra, ou os partidos eurocomunistas depois dos anos 60, muito antes do PT, 
confirmaram que é difícil, politicamente, e complexa, social e 
organizativamente, a construção de reservas ou filtros de imunidade diante da 
pressão de forças sociais hostis. Degeneraram, absorvendo além dos métodos do 
eleitoralismo, os seus vícios. Seus dirigentes, fossem do SPD na Alemanha e do 
Labour na Inglaterra, ou do PCF na França e do PCI italiano, experimentaram, 
primeiro nos parlamentos, depois com o ministerialismo, um processo de ascensão 
econômica e acomodação social irrecuperável<BR>&nbsp;<BR><STRONG>Adaptação 
política e degeneração burocrática</STRONG><BR></DIV></FONT>
<DIV align=justify><FONT size=2 face=Arial></FONT>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><FONT size=2 face=Arial>Admitamos, contudo, que os 
privilégios dos aparelhos social-democratas foram a ante-sala de aberrações 
ainda mais graves. Não bastassem as desprezíveis excentricidades da burocracia 
russa, como a coleção de automóveis de Brejnev, ou a cômica sucessão de tipo 
monárquico, em nome do socialismo, do regime totalitário na Coréia do Norte, a 
esquerda do século XX viveu a degradação do assalto dos sandinistas às mansões 
na Nicarágua.&nbsp;</FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT size=2 face=Arial></FONT>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><FONT size=2 face=Arial>Pressões sociais em sociedades 
desiguais nunca devem ser, portanto, subestimadas: os que se deixam confundir 
politicamente, assimilam os métodos da política burguesa - em que tudo são 
mercadorias, incluindo o voto - e, finalmente, se rendem a um modo de vida de 
ostentação. É o que confessam os principais líderes petistas quando, de maneira 
até grotesca, invocam absolvição porque estavam agindo de acordo com as "regras 
do jogo".&nbsp;</FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT size=2 face=Arial><BR></FONT><FONT size=2 
face=Arial>Quando o publicitário que criou o "Lulinha paz e amor" confessou seus 
pecados, ironia da história, enfiou uma adaga no coração da direção do PT. O 
enquadramento histórico parece incontornável, sob pena de qualquer análise 
sucumbir aos impressionismos de conjuntura. Só uma perspectiva mais ampla 
permitirá explicar como o partido político que foi a expressão eleitoral do 
movimento operário sindical e da maioria dos movimentos sociais brasileiros nos 
anos oitenta, se transformou, a partir de sua mais alta direção, 
irrecuperavelmente, neste espantoso amálgama de arrivistas e 
vigaristas.<BR></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT size=2 face=Arial>O tema da burocratização dos partidos 
de trabalhadores assalariados em sociedades urbanas permanece um fenômeno 
polêmico. Ao analisar a socialdemocracia de cem anos atrás, Lenin recorreu ao 
conceito de aristocracia operária para tentar explicar a crescente diferenciação 
social no mundo do trabalho na passagem do século XIX para o XX, e tentar 
compreender porque uma maioria das bases sociais e eleitorais da 
socialdemocracia apoiou seus respectivos governos, quando do início da guerra de 
1914.&nbsp;</FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT size=2 face=Arial><BR></FONT><FONT size=2 face=Arial>No 
entanto, é menos lembrado que Lenin previu que esse apoio seria efêmero, mesmo 
entre os setores da classe trabalhadora que obtiveram concessões na etapa 
histórica anterior. A "aristocratização" de um segmento da classe operária era 
compreendida pela esquerda marxista como um fenômeno, essencialmente, econômico 
e social, enquanto o agigantamento do aparelho sindical e das frações 
parlamentares absorvidos pelo Estado, era discutido como um processo, 
essencialmente, político-social.&nbsp;<BR></FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT size=2 face=Arial>Aristocracia operária e burocracia 
sindical-parlamentar não eram identificadas como o mesmo fenômeno social, porque 
a aristocracia, um conceito relativo às condições materiais e culturais de 
existência da classe trabalhadora de cada país, permanecia sendo um setor de 
classe, ainda que privilegiado. Enquanto a burocracia dos aparelhos que se 
apóiam nos trabalhadores seria uma casta exterior ao proletariado. A experiência 
do PT e da CUT é uma confirmação quase caricatural deste 
prognóstico.</FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT size=2 face=Arial></FONT>&nbsp;</DIV>
<DIV align=justify><FONT size=2 face=Arial>* Valerio Arcary é professor do IF/SP 
(Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia) e doutor em História pela 
USP.</FONT></DIV>
<DIV align=justify><FONT size=2 face=Arial>
<HR>
</FONT></DIV></BODY></HTML>