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<head>
<meta content="text/html;charset=ISO-8859-1" http-equiv="Content-Type">
</head>
<body bgcolor="#ffffff" text="#000000">
Olá a todas e todos,<br>
<br>
Venho socializar nesta lista o debate que temos feito no Brasil sobre
as questões das mulheres na agroecologia através de um Grupo de
Trabalho de Mulheres na Articulação Nacional de Agroecologia, o GT
Mulheres da ANA. A ANA <font color="#333333">é<font color="#000000">
um espaço de convergência de movimentos, redes e organizações da
sociedade civil envolvidas em experiências concretas de promoção da
agroecologia e do desenvolvimento rural sustentável nas diferentes
regiões do Brasil.<br>
<br>
Elisabeth Cardoso<br>
<small>Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata - MG - Brasil<br>
Animadora do GT Mulheres da ANA<br>
</small><br>
<br>
</font></font>
<p class="MsoNormal" style="text-align: center;" align="center"><b
style=""><span
style="font-size: 14pt; font-family: Univers-Black; color: purple;">Mulheres
Construindo Agroecologia no Brasil<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style=""><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;">As mulheres são parte
importante na construção da
Articulação Nacional de Agroecologia - ANA no Brasil. Através do Grupo
de
Trabalho Mulheres da ANA temos realizado momentos de reflexão e
construção de
propostas que foram compartilhadas no II Encontro Nacional de
Agroecologia -
ENA que aconteceu em Recife, em junho de 2006. No caminho para o II ENA
realizamos o Seminário do Grupo de Trabalho Mulheres da ANA - São
Paulo,
novembro de 2005 – e o Encontro Nacional de Mulheres e Agroecologia –
Belém,
maio de 2006 - onde participaram 128 mulheres de todas as regiões do
país. No
II ENA realizamos a oficina Mulheres Construindo Agroecologia com a
participação
de 250 mulheres. Estes foram os espaços onde construímos as reflexões
que
apresentamos a seguir. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;">Nosso próximo passo é
realizar um encontro pra avaliar
o processo de incorporação das questões das mulheres na ANA, avaliar a
participação das mulheres no II ENA, planejar a continuidade das ações
do Grupo
de Trabalho Mulheres da ANA e fazer uma publicação com as nossas
reflexões. Mas
mesmo antes da avaliação já temos motivos para comemorar. A
participação de
mulheres do I ENA para o II ENA aumentou de 29% para 46% e a
visibilidade das
mulheres, através de intervenções em plenárias, também aumentou. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style=""><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style=""><b style=""><span
style="font-family: Times-Roman; color: purple;">Agroecologia para
construir
igualdade<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style=""><b style=""><span
style="font-family: Times-Roman; color: purple;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;">A agroecologia se
propõe a pensar e a trabalhar a
integração entre a maneira de fazer agricultura, a natureza e as formas
das
pessoas organizarem suas vidas e suas relações. As mulheres chamam a
atenção
para uma forma de fragmentar e hierarquizar o trabalho: a divisão
sexual do
trabalho entre o trabalho produtivo e reprodutivo. O trabalho
reprodutivo, ou
seja, todo o trabalho que as mulheres realizam em casa e nos quintais -
cuidando dos filhos, companheiros, pais, garantindo o alimento, a água
e o bem
estar - é invisível ou não é considerado como trabalho. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;">Esta divisão também
acontece na militância quando as
mulheres se ocupam das tarefas de mobilização e organização e os homens
coordenam. Ou nos trabalhos de assessoria quando os técnicos se ocupam
do
produtivo e as técnicas, do social.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;">Às vezes a idéia de
integração é transportada para uma
visão idealista da família, sem conflitos. Mas independente da nossa
vontade os
conflitos existem. Só a igualdade real, o compartilhamento das tarefas
e o
respeito à autonomia podem superar os conflitos existentes nas famílias
e nas
comunidades.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style=""><b><span
style="font-family: Univers-Bold; color: purple;">Agroecologia
para enfrentar o agronegócio<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style=""><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;">A agroecologia só se
afirmará como a melhor forma de
produzir alimentos se formos capazes de rever as formas como
distribuímos,
preparamos e comemos estes alimentos. Mas a cozinha, sendo lugar
considerado
das mulheres, muitas vezes é esquecida. O capital, no entanto, sabe
juntar as pontas
da produção e consumo dos alimentos. No início e no final do circuito,
o poder
se concentra nas transnacionais. Em 2005 as 10 maiores empresas
produtoras de
sementes controlavam quase 50% do mercado, sendo a maior delas a
Monsanto. O
mercado de sementes foi crescendo junto com a agricultura industrial:
primeiro
com as sementes melhoradas e tratadas com fungicidas, agora com as
sementes
transgênicas. O projeto destas empresas é controlar as sementes a tal
ponto que
elas só germinariam se utilizados agroquímicos produzidos por estas
mesmas empresas.
Esta tecnologia é conhecida como “terminator”, as sementes suicidas,
que se
tornam homicidas quando contaminam as sementes cultivadas pelas
camponesas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;">A venda no varejo de
alimentos cada vez mais é
realizada pelos grandes supermercados. Os 10 maiores controlam 24% do
mercado
mundial. O primeiro, a empresa estadunidense Wall Mart controla 8% e já
é o 3º
maior do Brasil.O Wall Mart é conhecido por impor um padrão de relação
de
trabalho sem direitos, sem férias, sem regulamentação de jornada; e de
relação
com os fornecedores, de ritmo e volume de entregas. O Wall Mart compra
seus
produtos em qualquer parte do mundo onde for mais vantajoso. Eles
reforçam um padrão
de divisão internacional do trabalho onde aos países do sul cabe a
produção que
requer uso intensivo de recursos naturais e de força de trabalho, na
sua
maioria das mulheres.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;">Este modelo torna-se
regra nos tratados de livre comércio
e na Organização Mundial do Comércio - OMC. A OMC permite subsídios
diretos aos
preços dos produtos exportados e viabiliza o “dumping”, que é a venda
abaixo do
valor de mercado para afastar os concorrentes. Os Estados Unidos, por
exemplo,
vendem o trigo a preços equivalentes a 35% do custo de produção e sua
distribuição pelo mundo tem forte impacto nos hábitos alimentares.
Vemos isto
aqui no Brasil quando a maioria das pessoas deixou de comer no café da
manhã: mandioca,
cuscuz, tapioca, broa de milho e pão de queijo - que são comidas
típicas de
diversas regiões do Brasil - para comer pão de trigo. A entrada massiva
de
produtos importados destrói os sistemas locais de produção e nossa
cultura
alimentar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style=""><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style=""><b><span
style="font-family: Univers-Bold; color: purple;">Lutas<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style=""><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;">Existem inúmeras
resistências de camponesas e
camponeses no âmbito local e cada vez é maior sua atuação no
enfrentamento ao
sistema internacional que sustenta sua exploração. A ação das mulheres
da Via
Campesina contra a Aracruz Celulose, no 8 de março de 2006, vai neste
sentido. Assim
como a participação da Articulação Mineira de Agroecologia (AMA), junto
com o Movimento
dos Atingidos por Barragens - MAB e o Movimento dos Trabalhadores Sem
Terra - MST
nas ações de protesto contra o Banco Mundial e o Banco Interamericano
de
Desenvolvimento (BID) <st1:PersonName productid="em Belo Horizonte"
w:st="on">em Belo Horizonte</st1:PersonName> em março de 2006. O
importante é construir e
fortalecer alianças entre movimentos sociais para mudar a correlação de
forças,
hoje favoráveis ao agronegócio, para afirmar a soberania alimentar e a
agroecologia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style=""><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style=""><b style=""><span
style="font-family: Univers-Black; color: purple;">Formas de
financiamento<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style=""><b style=""><span
style="font-family: Univers-Black; color: purple;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;">Nas últimas safras vêm
se ampliando os acessos das
mulheres às formas de crédito governamental, em especial o Pronaf
Mulher e o
Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) da Conab. Mas ainda é
insuficiente e
encontram limites na sua realização na prática: desde a discriminação
direta
até as dificuldades para transformar os desejos de produzir das
mulheres na
linguagem de projetos, e sua aceitação pelos bancos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;">Existem projetos de
Fundos Rotativos de ONG´s, a
maioria de microcrédito, e Cooperativas de Crédito que teriam maiores
possibilidades de experimentação e de avaliação com critérios
diferentes dos
bancos. Ainda temos poucas informações, mas nos parece que também
nestes casos
se reproduzem os entraves para o acesso das mulheres.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;">As mulheres querem
crédito para produzir com
autonomia, e querem ir além do microcrédito e do crédito individual.
Mas os
sistemas dos bancos na avaliação da capacidade de pagamento por um lado
consideram o projeto como se fosse destacado da unidade de produção, e
por
outro consideram o interesse dos homens como interesse da família, não
vendo
necessidade num projeto das mulheres.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;">As mulheres são
apresentadas pelo Banco Mundial e
instituições financeiras como boas pagadoras. Elas só têm o seu nome
como
garantia e pagam o empréstimo mesmo a custa de sobre-trabalho ou do
sacrifício
de seu consumo básico. No entanto, as mulheres muitas vezes não têm
informações
e controle sobre o endividamento da família.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;">Quando a mulher tem
acesso a dinheiro, muitas vezes
aparece o conflito sobre como gerenciá-lo. Quando o planejamento e o
uso do
recurso é coletivo, em especial nos grupos de mulheres, elas se sentem
mais fortalecidas
para realizar seus desejos e planos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style=""><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style=""><b style=""><span
style="font-family: Univers-Black; color: purple;">Conservação e Uso
dos Recursos
Naturais e Biodiversidade<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style=""><b style=""><span
style="font-family: Univers-Black; color: purple;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;">O uso sustentável da
biodiversidade que camponesas,
indígenas, quilombolas, ribeirinhas, pescadoras e tantas(os) outros
realizam há
séculos, é nossa resistência à mercantilização da natureza, considerada
como um
recurso inesgotável pelas corporações transnacionais.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;">As mulheres atuam na
domesticação de espécies, na
seleção, guarda e troca de sementes de alimentos, florestais e
medicinais.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;">As mulheres lutam
contra o cercamento da natureza.
Elas lutam para ter acesso livre à água, lenha, aos babaçuais e outras
palmeiras e plantas de onde retiram frutos fundamentais na alimentação
das
famílias e fibras para o artesanato.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;">O patenteamento da
natureza e do conhecimento
associado a seu uso é o interesse das corporações e vira regra nos
tratados
sobre patentes dos acordos de livre comércio. As empresas fazem uma
grande
propaganda e tentam cooptar comunidades tradicionais prometendo
participação
nos lucros, criação de escolas e postos de saúde. As mulheres afirmam
que o
conhecimento e a natureza são patrimônios dos povos a serviço da
humanidade. A
ofensiva das empresas é muito grande e devemos atuar combinando o
seguimento e
proposição no campo das leis com ações diretas que impeçam estas
empresas de
agirem sem questionamentos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style=""><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style=""><b style=""><span
style="font-family: Univers-Black; color: purple;">Direitos
Territoriais e
Reforma Agrária<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style=""><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;">Conquistamos mudanças
no cadastro e na titulação da
terra que nomeiam as mulheres como co-proprietárias. Além disso, nos
casos de
separação, quem fica com os filhos fica com o lote e o outro cônjuge
entra em
outro processo de seleção. Mas ainda hoje, na prática, muitas mulheres
ficam só
com a casa, sem poder seguir trabalhando como agricultoras.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;">Em várias regiões as
populações tradicionais e
indígenas estão lutando pelo reconhecimento de seus territórios como
direito
coletivo. Afirmamos a importância da posse e da gestão coletiva da
terra,
assumindo o desafio de assegurar os direitos das mulheres. Em muitos
lugares
crescem as experiências de implantação de planos de manejo florestal
conduzidos
por grupos de mulheres.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;">No caso da propriedade
familiar a lei assegura o
direito das esposas e companheiras como meeiras e herdeiras, e das
filhas como
herdeiras na mesma condição dos filhos. Mas na prática as filhas são
empurradas
a migrar, a vender bem barato sua parte para seu irmão, casar-se com um
homem
que já tenha terra ou se contentar com a herança de uma vaca ou de uma
máquina
de costura.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;">Além disso, estamos
presenciando a diminuição dos
quintais, espaços geralmente dos cultivos das mulheres, pressionados
pela
diminuição das terras camponesas e pela expansão da monocultura, muitas
vezes
dentro da terra camponesa arrendada ou integrada à dinâmica do
agronegócio.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style=""><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style=""><b style=""><span
style="font-family: Univers-Black; color: purple;">Construção do
Conhecimento
Agroecológico<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style=""><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;">A crítica ao modelo da
revolução verde e do agronegócio
se articula com a crítica das relações desiguais de gênero, onde as
mulheres
estão numa condição de submissão e invisibilidade. A construção do
conhecimento
agroecológico implica em uma visão que vai além da questão técnica. As
diferentes
estratégias e espaços devem considerar as pessoas integralmente,
criando
possibilidades de conversar sobre questões culturais, emocionais, etc.
Os
saberes construídos, não são apenas saberes técnicos das práticas
agroecológicas,
mas saberes construídos no cotidiano de resistência e luta dos
movimentos
organizados de mulheres.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;">O registro e
levantamento de informações sobre a
realidade das mulheres nas diferentes regiões do país é um caminho
necessário
para possibilitar análises, dar visibilidade à realidade de opressão
das mulheres
e subsidiar o trabalho das organizações e movimentos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;">Devemos sistematizar
as experiências de modo a dar
visibilidade ao trabalho das mulheres, considerando também as
experiências de
organização das mulheres e de enfrentamento das dificuldades impostas
pelas
desigualdades de gênero. As diferentes estratégias das organizações
para abordar
a discussão de gênero devem ser socializadas, seja em trabalhos
específicos com
as mulheres, trabalhos que envolvam a família ou com grupos mistos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style=""><b style=""><span
style="font-family: Univers-Black; color: purple;">Relação com os
Mercados</span></b><b style=""><span
style="font-family: Times-Roman; color: purple;"><o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style=""><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;">A agroecologia precisa
pensar em outras formas de se
relacionar com o mercado, para manter como pressuposto o enfoque
sistêmico. As
mulheres, por serem responsabilizadas pela garantia do alimento para a
família,
sabem que não adianta produzir para o mercado e não ter o que comer. É
importante assegurar o auto-consumo e isso tem que ser considerado na
hora da
decisão da venda de produtos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;">As mulheres ainda têm
pouco poder de decisão na
família quando se trata da definição de estratégias de auto-consumo e
comercialização de produtos e isso se reflete na produção da família
como um
todo. É necessário analisar o volume da produção, mas também a
diversidade de
produtos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;">As culturas
alimentares dependem do clima e das
condições de produção e os consumidores(as) precisam ser sensibilizados
pra
isso. As feiras têm se afirmado como um espaço privilegiado para o
contato com
os consumidores(as) e em algumas regiões, é onde as mulheres têm
desempenhado
um papel fundamental neste contato, não só comercializando seus
produtos, mas
também ensinando sobre o seu valor nutricional e sobre a melhor forma
de
consumi-los. Mas apesar deste importante papel desempenhado pelas
mulheres,
ainda existe muito preconceito, na família e na sociedade como um todo,
quanto
às mulheres nas atividades de comercialização e quanto aos produtos das
mulheres, que geralmente têm valor mais baixo e alguns casos, como o
artesanato, não são considerados produtos da agricultura familiar pelas
políticas públicas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;">A questão de obtenção
de melhores preços para os
produtos agroecológicos deve ser trabalhada não só através de
certificação, mas
também se aproximando mais da economia solidária e das organizações de
consumidores.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style=""><b style=""><span
style="font-family: Univers-Black; color: purple;">Segurança e
Soberania
Alimentar<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style=""><b style=""><span
style="font-family: Univers-Black; color: purple;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;">A segurança alimentar
sempre foi vista como papel das
mulheres. Ao mesmo tempo em que é importante o reconhecimento desse
papel que a
mulher vêm exercendo ao longo dos anos, faz-se necessário questionar
essa idéia
de que o cuidado com alimentação é atribuição exclusiva das mulheres. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;">A existência de uma
relação de hierarquia de gêneros
não permite a valorização igual do trabalho de mulheres e homens. Mesmo
desenvolvendo importantes atividades relacionadas à alimentação da
família, à
produção de alimentos e manejo dos recursos naturais, as mulheres não
são
percebidas e nem valorizadas enquanto construtoras da agricultura.
Ainda ocorre
muitas vezes uma distribuição desigual dos alimentos nas famílias. Às
mulheres
e meninas é atribuída uma menor porção ou são excluídos alguns
alimentos
considerados mais “fortes” (carne, por exemplo), uma vez que seu
trabalho é
considerado “leve”, exigindo, pois, menor reposição de energia. Esta
situação
seguramente tem impactos negativos no estado nutricional das mulheres.
As
experiências desenvolvidas pelas mulheres na produção de alimentos e
plantas
medicinais, como os quintais produtivos e o beneficiamento de frutos
nos vários
biomas têm tido papel crucial na valorização da produção para
auto-consumo, no
resgate da cultura alimentar e do valor cultural dos alimentos e a
relação
entre saúde e o consumo de alimentos sadios.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span
style="font-family: Times-Roman; color: black;"><o:p> </o:p></span></p>
<br>
</body>
</html>