Brasil: Conlutas ¿experiencia inconclusa u opción mediocre? [Paulo Diniz Dávila - portugués]

Ernesto Herrera germain en chasque.net
Mar Abr 4 11:11:34 UYT 2006


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Boletín informativo - Red solidaria de la izquierda radical

Año III - 4 de abril 2006 - Redacción: germain en chasque.net

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Brasil

CONLUTAS

Uma experiência inconclusa ou a opção pelo caminho mais medíocre!!


Paulo Diniz Dávila
Diretor de Relações Intersindicais da Fenafisp 

 
Aproxima-se o momento em que será realizado o Congresso da CONLUTAS, quando então será constituída a mais nova Central Sindical/Popular e certamente à esquerda das demais.

A CONLUTAS surgiu em meio ao vácuo criado com o início da administração Lula, quando a CUT e um conjunto de movimentos sociais dirigidos pelo PT e outros partidos da aliança governista, endossam as políticas neoliberais do Governo.

Diante do vazio, da perplexidade e da dispersão, a CONLUTAS era um primeiro passo para começarmos a re- as forças que se opunham às políticas neoliberais.

O grau de definições político-programático assim como a definição organizacional foi determinada pelo ritmo e a truculência com que a nova administração passou a implementar as reformas, com destaque para a reforma da Previdência. Nestas circunstâncias criou-se uma coordenação para as lutas e o programa e as definições que aglutinariam as mais variadas forças sociais foi única e exclusivamente  a unidade na luta, independente de todas as divergências possíveis e imagináveis  que pudesse haver entre seus componentes.

Como uma ironia, foram exatamente as fragilidades conjunturais que potencializaram uma proposta extremamente rica e criativa. Iniciávamos desde o primeiro momento superando a estreiteza e os vícios do movimento sindical e suas centrais. Sendo o denominador comum a unidade na luta, qualquer forma de movimento poderia agregar-se e estes poderiam ter qualquer definição política, ideológica ou religiosa, assim como poderia não ter nenhuma.

Como um corolário dessas premissas, necessariamente teríamos que nos organizar  com base na autonomia de cada movimento ou entidade participante e esta só seria  viável com coordenações locais, regionais e nacionais. Outra estrutura, hierarquizada, centralizada, com direções orientadas por um conjunto de definições programáticas seria completamente incompatível com esta proposta. 

Se esta proposta era rica e criativa, como afirmávamos, ela também não era uma invenção nossa. Os avanços que ocorrem nos mais variados países da América Latina estão sendo potencializados por articulações deste tipo. Isto é o novo. As práticas políticas decorrentes da visão de autoconstrução, onde a partir de uma organização política com seus quadros e suas definições programáticas busca-se instrumentalizar os movimentos sociais, já demonstraram o seu fracasso. 

Estas duas visões estiveram presentes na CONLUTAS desde os primeiros momentos. A visão que se orienta pela autoconstrução não podia explicitar sua proposta contrária a uma articulação aberta e com autonomia dos vários setores. Sinalizava apenas o paradigma de uma Central Sindical, uma alternativa a CUT, uma Central que agregaria outros movimentos sociais etc...

O artifício para respaldar este encaminhamento foram os encontros "democráticos" onde todos são iguais. Não importa que um represente uma entidade com trinta mil filiados e que deve ater-se estritamente as decisões tiradas em congresso da categoria enquanto outros, sejam eles dez, cem ou quinhentos, representam apenas eles mesmos!

Vitorioso este encaminhamento há uma mudança qualitativa na coordenação e esta passa a deliberar e estabelecer definições políticas para o conjunto. Dois exemplos são significativos.

Diante da proposta do governo de criação da Super Receita, duas entidades da CONLUTAS - Unafisco e Fenafisp - diretamente implicadas na proposta, por decisões tomadas em plenárias nacionais de suas categorias tomaram decisões opostas. A CONLUTAS estava plenamente ciente deste impasse, mas, com o argumento de defesa da Previdência, definiu sua posição contrária a Super Receita e passou a assinar manifestos juntamente com outra entidades.

Se o exemplo da Super Receita poderia ser minimizado pela inexperiência para resolver um impasse deste tipo, o caso do plebiscito sobre o desarmamento chegou as raias do ridículo. Em nossa categoria ocorreu um debate informal com artigos e e-mails onde havia três propostas - Sim, Não e uma terceira contra o plebiscito. Nossa entidade nacional e os sindicatos regionais não tomaram nenhuma definição, por entender que não temos delegação para tanto. Contrária a esta prática a CONLUTAS definiu-se contra o desarmamento, redigindo um manifesto. 

O manifesto era tão pobre em argumentos que ao final foi necessário fazer a ressalva de que a posição da CONLUTAS era diferente da posição do Bolssonaro!

Podemos até concordar com a proposta de uma organização política que defende o armamento do povo - embora seja um tanto surrealista imaginar um povo armado com revólveres 38, 22 ou mesmo um calibre 12 - todavia daí a utilizar a CONLUTAS para defender o Não foi um despropósito.

Se antes de sua constituição no Congresso já vemos estas práticas, não é difícil imaginar o que virá depois. Até o Congresso teremos a famosa e bem conhecida corrida para tirar o máximo de delegados. Todos os esforços, inclusive financeiros, são justificados para levar o máximo de delegados, pois temos que aprovar as "nossas" teses e conseguir o maior número de membros na "coordenação".

Quanto às propostas que estão sendo encaminhadas, agora seria um despropósito discuti-las. Todavia é possível explicitar alguns formalismos e malabarismos. Assim, ao mesmo tempo em que é feito o discurso contra a burocratização, implementa-se um conjunto de normas e regras - sobre tirada de delegados, representação, apresentação de teses etc... - para que se tenha o controle do processo, sem perceber que a burocratização é exatamente o instrumento para efetivar os controles. Defende-se a participação de todos os movimentos, mas a coluna vertebral tem que ser sindical, estabelecendo-se cotas diferenciadas para os demais movimentos.

Exclui-se a participação de partidos e organizações políticas, defende-se a autonomia, mas é perfeitamente aceitável que se instrumentalize uma entidade ou movimento para "passar" propostas. 
 
CONCLUSÃO

A proposta da CONLUTAS de criar uma articulação aberta, abarcando a mais ampla gama de movimentos, organizações, partidos, entidades e setores, convivendo com um leque de visões e apostando que será nesta caminhada, que tem como denominador comum a unidade na luta, que superaremos muitas de nossas divergências e potencializaremos nossa resistência, não foi testada. Talvez por medo do desconhecido, talvez por uma preocupação em ter o controle sobre o que estava nascendo, ou simplesmente por vícios arraigados nos comportamentos de seitas, optou-se pela mesmice, pelo caminho mais medíocre. 
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