Brasil: el gran negocio de los bancos, ganancias excepcionales [J. Carlos de Assis - portugués]

Ernesto Herrera germain en chasque.net
Mar Feb 28 09:37:36 UYT 2006


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Boletín informativo - Red solidaria de la izquierda radical

Año III - Martes 28 de febrero 2006 - Redacción: germain en chasque.net

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Brasil 

Lucro bancario


J. Carlos de Assis * 

Desempregozero
Editoriais
http://www.desempregozero.org.br/


O que distingue o contexto cultural do capitalismo de vanguarda originalmente anglo-saxão, embalado pelo espírito da criação de riqueza, do capitalismo retardatário brasileiro, embalado pelo espírito da rapinagem? A diferença essencial, nesse contexto, é que a sociedade do capitalismo anglo-saxão, e de seus sucedâneos no mundo industrializado, sente-se como parceira do lucro empresarial, enquanto, entre nós, sentimo-nos todos roubados quando empresas e bancos anunciam seus resultados excepcionais. 

Os balanços dos bancos relativos a 2005 acabam de ser publicados. Para um país que tem uma taxa de desemprego e subemprego de mais de 25%, é repugnante saber que, com base em operações fundamentalmente com títulos públicos, portanto descolados do circuito produtivo, o Bradesco teve um lucro de R$ 5,514 bilhões, 80,2% superior ao de 2004; o Itaú lucrou R$ 5,2 bilhões, com crescimento de 39%; e o Unibanco lucrou R$ 1,838 bilhões, com aumento de 43,3% sobre o ano anterior. 

Os bancos públicos, Brasil e Caixa, também tiveram desempenhos excepcionais, o primeiro com um aumento de 37,4%, atingindo um montante de R$ 4,154 bilhões, e o segundo, um banco "social", lucrando R$ 2,073 bilhões, com aumento de 46% sobre 2004. Só o Santander-Banespa, um estrangeiro que engoliu o filé mignon dos bancos estaduais estatizados, acusou redução, de 6%, sobre o lucro do ano anterior. Entretanto, embolsou nada menos que R$ 1,643 bilhões, o que fará a alegria dos acionistas externos. 

É importante fixar a atenção menos nos montantes do que nas taxas de crescimento do lucro. Pois estamos diante de um fato aparentemente extraordinário pelo qual o crescimento do PIB desaba de 4,9% em 2004 para 2,3% em 2005, e assim mesmo os bancos acusam aumentos extraordinários de lucro de até 80%. Há, nisso, evidentemente uma aberração. Os bancos e outras instituições financeiras estão avançando sobre partes crescentes da renda nacional em evidente detrimento do setor produtivo, especialmente do trabalho. 

Os mecanismos de transferência de renda e riqueza para os bancos são de dupla natureza. O menos importante é o spread bancário, isto é, a diferença entre o custo do dinheiro para o banco e a taxa a que ele empresta. Os spreads são pornográficos, mas o negócio da intermediação financeira para o setor privado é o menos relevante dos negócios bancários. Os bancos efetivamente estrangulam financeiramente empresas e famílias quando lhes emprestam, mas por isso mesmo emprestam relativamente pouco. 

O grande negócio bancário é a aplicação ou intermediação de títulos públicos. Enquanto para um banco emprestar a uma empresa ou a uma pessoa física é preciso ocupar um gerente, examinar projetos e papéis, fazer cadastro, avaliar risco, a operação com títulos públicos é limpa e sem custo. Basta a emissão de alguns sinais eletrônicos, e pronto: o dinheiro, em geral reservas bancárias e saldos de caixa de empresas e famílias, é aplicado ou desaplicado no ato. Depois é só embolsar a remuneração garantida pelo Tesouro. 

O mecanismo completo de transferência de renda do conjunto da sociedade para os bancos, no circuito da dívida pública, começa com o aumento ou a sustentação em altos níveis, pelo Banco Central, da taxa básica de juros que remunera os títulos públicos; em seguida, o Tesouro se apropria de bilhões de reais em tributos, sob a forma de superávit primário, e os repassa aos bancos e outras instituições que são proprietárias desses títulos. Evidentemente que nenhum dos barões ladrões do capitalismo primitivo anglo-saxão jamais teve facilidade igual para assaltar os cidadãos. Estamos falando de R$ 157 bilhões em juros sobre a dívida pública no ano passado, e mais de R$ 90 bilhões de superávit primário. 

Marx viu o capitalismo como uma máquina fantástica de produção ancorada no valor-trabalho. O que chamou de mais valia era a parte apropriada pelos capitalistas (lucro) e os banqueiros (juros) criada pela força do trabalho em excesso ao valor dela própria. Ele reconhecia, sobretudo nos primórdios do capitalismo, a existência de formas arcaicas e bizarras de apropriação da riqueza social. Denominou-a acumulação primitiva. Esta era roubo puro, comparado ao complexo mecanismo social de produção de mais valia. Pois bem, sob um rigoroso conceito marxista, o lucro bancário brasileiro, parasitário da dívida pública, não passa de acumulação primitiva. Mesmo que em tempo de capitalismo retardatário! 

* Economista e Professor. 
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