Brasil: represión a campesinos sin tierra [Diego Cruz - portugués]
Ernesto Herrera
germain en chasque.net
Mie Jun 7 07:26:56 UYT 2006
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Boletín informativo - Red solidaria de la izquierda radical
Año III - 7 de junio 2006 - Redacción: germain en chasque.net
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Brasil
Aldo Rebelo manda prender 500 sem-terras do MLST
Criminalização dos movimentos sociais agora conta com a conivência do PCdoB
Líderes serão processados por tentativa de homícidio
Diego Cruz
Redação do Opinião Socialista
http://www.pstu.org.br/
Uma manifestação de cerca de 500 trabalhadores sem-terra do MLST (Movimento de Libertação dos Sem-Terra) acabou em tumulto durante a tarde do dia 6 de junho em Brasília. Os sem-terra aguardavam uma audiência com o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP) na entrada do prédio quando, segundo relatos dos manifestantes, foram agredidos pela segurança do Congresso.
O coordenador do MLST, Marcos Praxedes, informou que a violência partiu dos guardas, que ``partiram para cima da gente. E aí a gente se defendeu``. Segundo ele, o Congresso ouve reivindicações de banqueiros, usineiros e empresários, mas não querem ouvir os trabalhadores. ``Essa é uma casa do povo, construída com dinheiro público, onde todos tem o direito de ir. Mas aqui os trabalhadores não são recebidos``, disse.
Os sem-terras reivindicavam a reforma agrária e o fim da lei que impede a desapropriação de áreas ocupadas. Com a agressão dos seguranças, os manifestantes ocuparam a Câmara, dirigindo-se ao salão verde. O tumulto deixou cerca de 20 feridos, entre seguranças e manifestantes. A sessão da Câmara estava sendo dirigida interinamente pelo deputado do PFL, Inocêncio Oliveira, que não permitiu a entrada da Polícia Militar na casa, a fim de reprimir os manifestantes. No entanto, o deputado chegou a cogitar a mobilização de tropas especiais do Exército.
Tão logo chegou à sessão, Aldo Rebelo mandou prender todo mundo. Segundo o próprio relatou: "A ordem de prisão foi dada por mim tão logo tomei conhecimento do ocorrido. Foi a minha primeira reação. A minha primeira atitude". Ou seja, o deputado não teve nem mesmo a preocupação de saber a origem do conflito. Fazendo coro com o presidente do senado, Renan Calheiros (PMDB), que chamou os sem-terras de "arruaceiros", Rebelo deu ordem de prisão para todos os manifestantes, ou seja, homens, mulheres e crianças que ocupavam a Câmara.
O presidente da Câmara ainda não quis receber em seu gabinete o dirigente do movimento, Bruno Maranhão. "- Não o receberei. Vocês serão presos e autuados pelo que fizeram", chegou a afirmar, demonstrando uma "coragem" que não demonstrou quando impediu a investigação dos deputados sanguessugas no Congresso. Os manifestantes então se retiraram da Câmara e permaneceram do lado de fora.
Além de sofrerem com a miséria no campo, um governo que apenas beneficia latifundiários e não faz reforma agrária, os sem-terra ainda são recebidos a porrete na Câmara e, como se tudo não bastasse, taxados de vândalos pelos deputados corruptos do Congresso e pela imprensa burguesa. Maranhão, além de não ter sido recebido por Aldo, foi violentamente preso pelos policiais da Câmara já na saída do Congresso. O dirigente do MLST, em meio a oitos policiais, recebeu uma gravata e chegou a desmaiar, sendo levado em uma ambulância.
Como se isso não bastasse, devido à insistência de Aldo Rebelo, a polícia interceptou os ônibus que levavam os manifestantes embora, prendendo todos os sem-terras. Alguns parlamentares intercederam para que apenas os líderes fossem detidos, mas Aldo não permitiu. No fim da noite, todos estavam sendo interrogados por policiais em grupos em um ginásio de Brasília. Todos serão processados e os líderes responderão até por tentativa de homicídio.
Seria cômico se não fosse trágico. Após mais de um ano de intensa crise política que jogou na lama todas as intituições do Congresso, os únicos presos são os sem-terras, vítimas desse mesmo Congresso. O PT teve ainda a cara de pau de lançar uma nota pública à imprensa "repudiando os atos de violência na Câmara" e se solidarizando "com o Poder Legislativo e com o presidente da Câmara dos Deputados".
Cai a máscara
O portal Vermelho, do PCdoB, estampava uma notícia cujo título exaltava a atitude fascistóide de seu líder: "Aldo Rebelo manda polícia legislativa prender vândalos do MLST". A deputada federal do mesmo partido, Jandira Feghali, defendeu a repressão. "Baderna, vandalismo, tem que prender mesmo", afirmou, utilizando termos típicos da direita mais reacionária para classificar os movimentos sociais. A Presidência do Planalto e Ministério da Justiça também lançaram nota repudiando os sem-terras.
Não se trata de um `escorregão` dos deputados do partido, mais próximos da instituição e dos corredores palacianos. Ao contrário, a condenação do MLST foi respaldada pela direção nacional do partido, em nota divulgada no fim do dia. Além de apoiar as decisões de Aldo Rebelo ``por suas ações em defesa do Poder Legislativo``, o partido chega a afirmar que os movimentos sociais são ``respeitados pelo atual governo e pelo Congresso Nacional``. É importante dizer que estamos falando do Congresso de picaretas e de um governo que corta verbas da reforma agrária para manter os compromissos com o mercado. São esses que a direção do PCdoB defende hoje.
O episódio demonstrou não só o caráter fascista e autoritário do Estado brasileiro, mas sobretudo o papel que cumprem hoje o PT e o PCdoB na manutenção desse Estado. Se o PT deu uma guinada à direita desde a posse de Lula, seu satélite "comunista", após a posse de Aldo Rebelo na Presidência da Câmara, degenera-se rapidamente.
Expõe também a hipocrisia e cinismo desse Congresso onde predomina a delinqüência, onde vítimas são transformadas em bandidos e os próprios, protegidos com imunidade parlamentar, permanecem impunes.
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