Brasil: a propósito de las elecciones municipales 2008 [Colectivo Barlavento - portugués]

Ernesto Herrera germain5 en chasque.net
Sab Ago 23 14:18:03 GMT+3 2008


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correspondencia de prensa - boletín solidario  
Agenda Radical
Edición internacional del Colectivo Militante
23 de agosto 2008
Redacción y suscripciones: germain5 en chasque.net


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Brasil

Notas sobre as eleições municipais de 2008    



Coletivo Barlavento *  
www.barlavento.org


Este texto corresponde a uma tentativa de sistematização dos debates desenvolvidos entre os militantes que impulsionam o sítio www.barlavento.org acerca da disputa eleitoral que se avizinha. É apresentado como contribuição aos debates dos que se colocam como de esquerda, pela transformação da realidade em que vivemos e, propositalmente, não se concentra na definição ou avaliação de nomes e partidos. 

Brevíssimas considerações sobre o quadro político 

1 - O quadro político geral continua a ser marcado pelas peculiaridades estabelecidas a partir do início do governo Lula. Embora não tenhamos a pretensão de apresentar, muito menos neste texto eleitoral, uma caracterização cuidadosa, é possível apontar que este enseja contradições e problemas novos para a esquerda brasileira. De um lado porque continua a não corresponder aos projetos transformadores que os movimentos vinculados aos interesses das maiorias desenharam ao longo das décadas anteriores. De outro porque a relação que se estabeleceu entre esses movimentos e a coalizão governamental é razoavelmente original, vendo-se limitada a utilitade das análises que partem da "mera continuidade". Nem o governo é visto como "inimigo" por grande parte daqueles movimentos (embora também já não o vejam acriticamente), nem é correto ignorar que setores a eles vinculados de fato integram a amplíssima coalizão governamental (que, como todos sabemos, chega sem muito esforço a setores das burguesias financeiras e agro-exportadoras).  

2 - Sobretudo num país com as características do Brasil, corresponde a um erro e até a uma irresponsabilidade, para qualquer posição socialista, substituir o combate à direita política e aos interesses dos grandes grupos econômicos (ambos presentes tanto no governo quanto na oposição) pela denúncia permanente do "governo Lula". Esta posição equivocada tem dado a tônica de uma parte das correntes socialistas de oposição e em alguns casos, de forma muito negativa, não tem excluído aproximações (no plano parlamentar-eleitoral, por exemplo) com aqueles setores que de nós só podem receber o melhor combate.  

3 - A direita política e os setores sociais que representa continuam vinculados, no Brasil, às mais apodrecidas formas de fazer a disputa pelo controle do Estado (e de seu patrimônio) e as mais violentas maneiras de neutralizar o nosso campo (trabalhadores e oprimidos). Não é uma posição consequente abaixar a guarda no combate aos grandes do agronegócio e da banca (que escravizam, matam, produzem barbárie) em nome de uma posição supostamente mais eficaz de "centrar fogo" no denuncismo anti-Lula-PT (posição que, aliás, conta com a aberta simpatia de setores os mais reacionários). 

Sobre a postura que se deve esperar dos candidatos de esquerda 

4 - Neste quadro, e mais ainda considerando-se tratar-se de uma eleição municipal, nos parece claro que a absolutização da dicotomia "governismo versus anti-governismo" na definição de posturas e políticas eleitorais não faz sentido, ao menos não do ponto de vista mais geral dos projetos que abraçamos. Tal absolutização pode resvalar em desvios de diversos matizes, tais como alianças à direita do próprio governismo, despolitização das campanhas em benefício de um "anti-petismo-lulismo" quase sempre conservador, aprofundamento desnecessário do abismo com amplos setores das massas e dos movimentos, despriorização do combate à barbárie que vem sendo imposta como cotidiano das maiorias pelos segmentos mais conservadores (de diferentes localizações frente ao governo). 

5 - Por diversas razões os candidatos de esquerda devem evitar ter como centro de suas intervenções eleitorais - como tem acontecido muitíssimo nas últimas décadas - a mera denúncia dos desvios de conduta, da "corrupção" dos demais segmentos. Em primeiro lugar, porque, no quadro consolidado mais recentemente, o eleitorado percebe que não há segmentos políticos intrinsecamente isentos desse tipo de conduta contra outros intrinsecamente "desonestos" e, assim, tal priorização é, desde logo, ineficaz. Em segundo lugar, porque tal postura ajuda a ocupar uma parte muito grande da oportunidade correspondente às campanhas com temas que dificilmente ajudam a avançar a consciência social e o nível de organização. A "corrupção" deve ser sim rejeitada, mas como parte do sistema de mercantilização da vida e não como patologia inerente "ao outro" grupo político. Não é se colocando como arauto do "bom-mocismo", mas sim como agente transformador, que o candidato dará sua contribuição. 

6 - Um elemento importantíssimo é o que diz respeito ao que podemos chamar de "postura programática", ou seja, mais sobre a relação com a questão do que um "programa de papel" bem articulado. Neste sentido, parece fundamental pelo menos que a/o candidata/o: 


6.1 - Reafirme seu compromisso com o combate e o projeto de superação do capitalismo; que coloque o socialismo como projeto informador decisivo; nem como uma fé quase religiosa que se satisfaz pela sua própria proclamação por grupos isolacionistas; nem como horizonte longínquo de "futuras gerações". Sem colocar esse elemento no "grau" toda luta da esquerda corre o risco de se apresentar sob formas patológicas.  

6.2 - Estabeleça de forma clara a vinculação entre suas propostas, o projeto encarnado pela candidatura, a vida cotidiana das maiorias e o seu âmbito de atuação (no caso, a vereança ou o executivo municipal). O eleitor não deve ser infantilizado pela colocação em prioridade de pontos que estão obviamente completamente distantes do posto em disputa. Isso não ajuda em nada a construir uma direção social e política para mudanças profundas. Lembre-se que o município na estrutura do poder político brasileiro acaba lidando mais diretamente com alguns dos problemas e sintomas mais dramáticos da vigente ordem do capital. Portanto, disputá-lo não pode ser apenas trampolim ou prêmio de consolação por derrotas federais; tratar a disputa assim é jogar contra nossos princípios elementares. 

6.3 - É absolutamente fundamental que a/o candidata/o rompa com o altamente prevalecente discurso do "fazer tudo para todos". Tal discurso corresponde a uma farsa, quase sempre de má fé. Para avançar na disputa de compreensões é preciso falar claramente em prioridades, em setores que deverão receber mais e melhor das esferas estatais para combater de forma decidida as desigualdades historicamente construídas. Isso implica em coragem para assumir que demandas das elites ficarão sem atendimento. Deve romper, conjuntamente, com o discurso equívoco da mera "eficácia" na gestão, infelizmente bastante adotado por candidatos de esquerda nas duas últimas décadas.  


6.4 - É importante que a/o candidata/o proponha inovações nas formas de estar na institucionalidade e de se relacionar com ela. É fácil reconhecer o enorme vetor de acomodação a que corresponde a ocupação de cargos públicos e não seria difícil lembrar exemplos negativos de mandatários originários de movimentos significativos. A democratização do poder não pode ser apenas um discurso vazio, mas um esforço permanente do candidato a representante político. 

6.5 - O compromisso com o combate direto às violências e violações de direitos sofridos por toda a ampla gama de minorias que forma a maioria. Assim, a defesa de políticas - e não só das bandeiras mais gerais e abstratas - que façam face à violência sofrida pelas/os trabalhadoras/es, por negros, mulheres e homossexuais e que ajudem no questionamento da ordem vigente. 


* Nota de Correspondencia de Prensa - Agenda Radical: el Coletivo Barlavento es una nueva iniciativa de jóvenes militantes del movimiento sindical, estudiantil y feminista de Río de Janeiro.

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