Brasil/ la crisis del PSOL y la candidatura de Marina Silva [Eduardo Almeida Neto y Gustavo Sixel - portugués]

Ernesto Herrera germain5 en chasque.net
Vie Ago 28 08:49:37 UYT 2009


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28 de agosto 2009
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Brasil 

A crise no 2º Congresso do PSOL é expressão de um retrocesso que pode se agravar mais ainda

A crise do PSOL e a necessidade de uma frente socialista e classista 


Eduardo Almeida Neto * 
PSTU
www.pstu.org.br/


O PSOL terminou seu segundo congresso evidenciando uma crise que se refletiu duramente na imprensa. A Folha de S.Paulo noticiou que "após três dias de debates em São Paulo, o 2º Congresso da agremiação foi encerrado sem conseguir convencer Heloísa Helena a se lançar candidata". Segundo o jornal, "Heloísa não esconde que tem entre as possibilidades a serem analisadas a candidatura ao Senado por Alagoas".

A matéria reflete a polêmica em curso no PSOL, em que Heloísa (com apoio de uma parte do partido) defende deixar de lado a candidatura à presidência e se dedicar à disputa pelo Senado em Alagoas, onde está na frente nas pesquisas eleitorais. Outro setor é contrário a essa iniciativa. A saída foi adiar a decisão para uma conferência daqui a 60 dias.

Mas a polêmica se estendeu, abrangendo outro tema ainda mais complicado: o apoio ou não à candidatura de Marina Silva. Este debate já está presente no PSOL de forma aberta ou reservada nos bastidores.

A matéria da FSP registra a declaração de Heloísa sobre o tema: "Eu não aceito ser obrigada a não respeitar Marina Silva nas minhas declarações públicas. Isso gera um dissenso partidário. O partido deve construir o seu programa, apresentar as alternativas concretas para o Brasil e só então discutir qual o melhor quadro partidário para representar esse projeto". "Eu tenho a dizer que Marina Silva é uma das mais valorosas militantes que a esquerda já produziu. E eu não vou aceitar que queiram me proibir de dar essas declarações públicas."

Crise na indicação da presidência do partido

A matéria segue: " O descontentamento de Heloísa com o PSOL já era evidente no início dos debates (ela chegou a denunciar que estaria sendo vítima de uma campanha de calúnias pela internet, movida por seus 'camaradas'). Ficou pior. O último ponto da pauta do congresso, a eleição da direção, terminou com a derrota da chapa apoiada por ela e encabeçada pela deputada Luciana Genro (PSOL-RS). Venceu a chapa liderada pelo deputado federal Ivan Valente (SP)."

Na verdade, não foi aceito pelo setor majoritário no congresso que Heloísa fosse candidata à presidência do partido por fora das chapas que concorriam à direção. Esse setor, capitaneado pela APS do deputado Ivan Valente, chegou a baralhar a possibilidade de lançar outro candidato à presidência, recuando depois. Heloísa foi obrigada a concorrer como parte da chapa minoritária apoiada pelo MES (de Luciana Genro), MTL e o grupo de parlamentares do Rio (Chico Alencar, Marcelo Freixo). Só depois de ser derrotada, foi encaminhada por um acordo negociado, para a presidência. Foi uma demonstração do desgaste já causado na figura de Heloísa pela crise interna do partido.

É possível dar um passo adiante e não vinte para tras

Queremos fazer um chamado a todas as correntes e militantes do PSOL. A crise do congresso é expressão de um retrocesso evidente, que pode se agravar. Existem milhares de companheiros do PSOL com quem militamos no dia-a-dia no movimento sindical, estudantil e popular. Apesar das inúmeras diferenças que temos com o partido, tivemos uma frente eleitoral em 2006, através da candidatura de Heloísa Helena, com 6,5 milhões de votos.

Nós fizemos ao PSOL e ao PCB uma proposta de frente socialista e classista para as eleições de 2010, que queremos refazer neste momento. A candidatura Marina Silva é uma tentativa da oposição burguesa de ocupar o espaço não só de Dilma Rousseff (pela origem petista de Marina, por ser mulher), mas também da oposição de esquerda. Se o governo está nervoso com o lançamento da candidatura de Marina Silva, é necessário dizer com todas as letras que a oposição de esquerda também deve estar.

Existe uma crise que começa a se abrir no projeto governista para 2010. A candidatura de Dilma Rousseff começa a manifestar suas fragilidades desde já. Uma série de crises (Sarney, a famosa reunião com Lina Vieira) se soma às incertezas de sempre sobre a evolução da crise econômica em 2010, e agora ao problema Marina. A confiança alardeada da transmissão dos votos de Lula para Dilma já não existe.

É necessário articular imediatamente uma resposta política da oposição de esquerda. Nos próximos dias, Marina Silva vai começar a construir sua candidatura como suposta alternativa ao PT e ao PSDB, com todo o apoio da mídia. O PSDB e o DEM não vão se queixar se Marina, para viabilizar sua candidatura, fizer críticas às oligarquias políticas e sobrar para eles. Afinal, se ela desde o início aparecer como um acessório da candidatura Serra, terá morrido no berço uma grande jogada política.

A resposta verdadeira à Marina não pode ser outra senão uma Frente Socialista e Classista. Esta resposta tem de ser, em primeiro lugar, programática. Não se pode combater a candidatura Marina, defendendo o mesmo programa de um desenvolvimento sustentável, por dentro do capitalismo. É preciso apresentar uma resposta à crise econômica, com um programa de ruptura com o capitalismo, que inclua a expropriação dos bancos, além do não-pagamento das dívidas externa e interna para garantir a reforma agrária, aumentos salariais e emprego para todos.

Em segundo lugar, não se pode combater a candidatura Marina e suas alianças com a burguesia, propondo também alianças com partidos burgueses como PV em Porto Alegre (RS) e PSB de Capiberibe (AP). Pior ainda, aceitando dinheiro das grandes empresas como a Gerdau em Porto Alegre. Só assim denunciaremos com clareza as alianças do PV com o PSDB e DEM.

Em terceiro lugar, não se pode prescindir da candidatura de Heloísa. Ela tem um capital eleitoral que foi construído não só por sua ação pessoal, mas pelo trabalho militante de milhares de pessoas nas eleições de 2006, assim como dos militantes do PSOL nesses anos. É necessário ocupar este espaço, evitando que ele seja capitalizado em boa parte por Marina Silva.

Não existe qualquer comparação política entre a importância deste projeto político e a disputa de uma cadeira do Senado por Alagoas. Mais ainda com o grau de desgaste acumulado pelo Senado com a última crise. O aparato de uma cadeira do Senado não compensa, de forma alguma, o desgaste que será causado pelo abandono deste projeto. Os incidentes do congresso do PSOL falam por si mesmos.

Nós propomos uma coligação que inclua Heloísa e a candidatura de Zé Maria, pelo PSTU, à vice-presidência.

Todos estes argumentos só servem para aqueles que, junto conosco, acreditam que a candidatura de Marina Silva é uma ameaça para a esquerda. Mas pode ser que exista, realmente, um risco maior ainda de que o PSOL se renda à candidatura de Marina. Aí sim seriam vinte passos atrás. Um erro gravíssimo.

Por isso, queremos fazer um chamado a todas as correntes e militantes do PSOL. Vamos utilizar esses 60 dias que vocês se deram para decidir o que fazer para construir uma Frente Socialista e Classista, com as candidaturas de Heloísa Helena e Zé Maria.

* Da Direção Nacional do PSTU e editor do Opinião Socialista.  

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O significado da candidatura Marina Silva 


Gustavo Sixel 
PSTU
www.pstu.org.br/


O tabuleiro das eleições de 2010 se alterou drasticamente, com o convite do Partido Verde (PV) à ex-ministra Marina Silva para disputar a Presidência da República. O PT e o governo reagiram rapidamente. Senadores petistas tentaram fazer com que ela permanecesse no partido, sem sucesso. Em pouco tempo, todos já davam como certa sua candidatura a presidente. A novidade altera a eleição, polarizada entre José Serra (PSDB), pela oposição de direita, e Dilma Rousseff, como herdeira de Lula.

Com uma trajetória de esquerda e defendendo a causa ambiental, Marina pode ocupar um espaço decisivo. O PV estima obter ao menos 10% dos votos, grande parte no eleitorado de esquerda. Entre os que se desapontaram com Lula e os que apoiam o governo. Assim, a candidatura é um obstáculo para Dilma e um presente para a oposição de direita.

Para a ex-ministra do Meio Ambiente, a tese de interferência do PSDB é teoria da conspiração. O certo é que sua entrada contribui para garantir ao tucano um segundo turno. O PSDB agradece. Aécio Neves afirmou à imprensa que não descarta uma aliança com Marina: "se não for possível no primeiro turno, como nós gostaríamos, com certeza, no segundo".

Ensaio geral

Há antecedentes na manobra tucana. Nas eleições municipais no Rio e em São Paulo, candidaturas alternativas foram impulsionadas diretamente pelo PSDB. Em comum, posições ou trajetórias de esquerda, um perfil ético e independente, desvinculado de políticos tradicionais. Ocuparam espaço entre setores desiludidos com a política. Pela internet, conquistaram segmentos da juventude que provavelmente ignorariam a eleição.

Em São Paulo, a vereadora Soninha Francine deixou o PT e se lançou pelo PPS. Com posições avançadas sobre drogas e aborto, retirou votos de Marta Suplicy (PT), derrotada por Gilberto Kassab (DEM). Admiradora de Serra, Soninha obteve 4% dos votos válidos.

Mas foi no Rio onde a fórmula tucana teve mais sucesso. Fernando Gabeira (PV) polarizou a cidade. Nem mesmo a coalizão com o PPS e o PSDB e o apoio do DEM no segundo turno impediram que fosse visto como representante da "esquerda". Por muito pouco não derrotou Eduardo Paes (PMDB), apoiado por Lula.

A trajetória de Gabeira confunde. Ex-guerrilheiro, fundador do PV, ex-petista, famoso por ousadias de comportamento e política, cultiva uma imagem de independência, que se encaixa como luva na estratégia tucana. É como se flutuasse acima das estruturas dos partidos, sem se submeter aos caciques ou aos que financiam as candidaturas. Ilusão. Candidato ao governo do Rio, estará com Serra, mesmo com Marina candidata pelo PV. É o preço do apoio tucano. Em São Paulo, Soninha integra a coalizão DEM-PSDB em uma subprefeitura.

Ilusões

Esse fenômeno é ainda maior com Marina, dona de uma trajetória de luta na floresta, ainda com Chico Mendes. É tida como honesta, íntegra. É mulher e disputa a Presidência, universo de ampla maioria masculina.

Possui ainda história de vida semelhante à de Lula: filha de retirantes, nascida no seringal no Acre, de infância pobre. Também de sobrenome "Silva", como Lula gosta de realçar.

É provável que muitos trabalhadores olhem com expectativa para a ex-ministra. Que se agarrem a sua biografia, ignorando o restante. 

Limites

Há enormes contradições, a começar pelo PV. O partido usa a defesa do meio ambiente para apresentar-se acima das classes, imune aos podres poderes da espécie humana. Todo partido está a serviço de uma das classes sociais. O PV está longe de ser um partido operário, de trabalhadores.

É um partido burguês, que em cada estado serve a outro partido maior, como se fosse uma legenda de aluguel. E tem em sua direção Zequinha Sarney, filho do presidente do Senado, uma ligação direta com o mais repudiado político brasileiro. Na Bahia, está com o PT. É aliado ao DEM, com Kassab, e ao PSDB, nos governos de Serra e Aécio.

Lideranças do PV, como Alfredo Sirkis, ex-secretário de Cesar Maia, já falam em alianças para aumentar o tempo de TV. O nome para vice é o de Cristovam Buarque, do PDT, outro partido dos patrões e da Força Sindical.

Marina ministra

A imagem de Marina ao deixar o governo foi de alguém coerente, que não aceitou acordos com os que destroem a natureza. Mas não foi isso. Ela foi ministra durante as maiores agressões ao meio ambiente. O Brasil liberou os transgênicos e aprovou a transposição do rio São Francisco, o que nenhum governo de direita tinha conseguido. Permitiu usinas no rio Madeira. O desmatamento na Amazônia foi recorde, com ampliação da soja e do gado. As florestas foram privatizadas. Esses ataques à ecologia foram justificados e legitimados sob a tese do governo em disputa.

Não havia disputa. Ao permanecer como ministra, desde 2002, Marina prestou um papel lamentável - emprestou sua biografia, seu prestígio internacional a um governo que sempre esteve ao lado do agronegócio.

Seu balanço foi o de ter participado de ataques históricos ao meio ambiente e de um governo que destruiu a Amazônia como poucos. Ao ter permanecido tanto tempo, tornou-se cúmplice.

Utopia

A atuação de Marina como ministra foi consequência de uma tese, a do desenvolvimento sustentável. Supõe um modelo em que as empresas respeitem os limites da natureza. Significa, na prática, limitar os lucros. Essa tese foi o carro-chefe de Lula. Eleito, prevaleceram os interesses das empresas.

A natureza do capitalismo, do lucro, se acentua na crise econômica. Da mesma forma que as empresas aumentaram a exploração para manter a taxa de lucro, também aceleram a destruição da natureza.

Há outras razões que tornam ainda mais utópica essa defesa - a forte presença das multinacionais e a dependência da economia brasileira. Essa é também a causa da pressa nas licenças das obras do PAC.

A defesa do mesmo programa do PT e do governo Lula, apostando na boa fé capitalista, levará a derrotas. Insistir nessa tese é enganar os trabalhadores. Os que falavam em ética hoje defendem Sarney como mal menor. Os que erguiam bandeiras ecológicas são os pragmáticos de hoje.

As empresas se apropriam da ecologia como marketing. A saída para a crise ambiental está nas mãos dos trabalhadores, com um programa socialista, contra empresas e governos. Sem um programa assim, o resto é utopia reacionária.

Por uma verdadeira alternativa em 2010

Neste momento em que velhas ideias são recicladas e oferecidas como novidades aos trabalhadores, é preciso reafirmar o chamado a unir os trabalhadores e os socialistas na eleição de 2010. Uma frente classista e socialista, com PSOL, PSTU e PCB. Não nos enganemos: a manobra da candidatura do PV também disputará os votos da frente, caso esta não apresente um programa e um perfil claro de esquerda e opte por trilhar apenas o caminho ético.

A entrada de Marina reforça a necessidade de ter nossos principais nomes na disputa. Seria um erro não apresentar, nesta conjuntura, a candidatura de Heloísa Helena, com uma trajetória militante e um legado da eleição de 2006. É preciso uma candidatura que reúna os principais nomes como Heloísa e Zé Maria, sem alianças com partidos burgueses e financiamento das empresas, para combater o governo Lula, a oposição de direita e as ilusões em candidaturas como a de Marina.

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