Haití/ colaboración de Brasil con EEUU: la ocupación como campo de entrenamiento [Franck Seguy - entrevista en portugués]

Ernesto Herrera germain5 en chasque.net
Dom Mayo 25 00:35:26 UYT 2014


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Correspondencia de Prensa

boletín informativo – 25 de mayo 2014

germain5 en chasque.net

A l’encontre – La Breche

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Haití

Entrevista a Franck Seguy, pesquisador e sociólogo haitiano

Dez anos da ocupação: "o povo quer que as tropas saiam já"

Os generais brasileiros no Haiti admitem isso, do Haiti como campo de
treinamento. Um comandante de um contingente assumiu que o Haiti serve para
treinar o Exército para atuar nos morros do Rio de Janeiro depois. E isso
está sendo demonstrado agora porque boa parte dos soldados que já passaram
pelo Haiti estão no Rio.

Fábio Nassif, da Carta Maior

Brasil de Fato

http://www.brasildefato.com.br/

A ocupação militar no Haiti, comandada pelas tropas brasileiras do Exército,
completa dez anos no dia 1 de junho. A Minustah (Missão das Nações Unidas
para a estabilização no Haiti) foi iniciada a partir de decisão da
Organização das Nações Unidas em 2004, quando estávamos sob o governo Lula
(PT).

O fato chama a atenção para uma reflexão sobre o papel brasileiro em um país
que conhecidamente foi espoliado durante sua história. A imagem muitas vezes
transmitidas por veículos de mídia oficiais e pela grande mídia empresarial
é de que os soldados brasileiros desempenham um papel de paz e de
solidariedade. Essa não é a opinião do pesquisador haitiano Franck Seguy.
Ele acompanhou de perto a atuação das tropas militares até vir em 2008
estudar no Brasil. Em 2011 voltou a morar lá e acaba de concluir seu
doutorado na Unicamp, com a tese "A catástrofe de janeiro de 2010, a
‘Internacional Comunitária’ e a recolonização do Haiti”. Orientado pelo
sociólogo Ricardo Antunes, Franck pretende lançar a tese em livro.

Na entrevista que nos concedeu, Franck ressalta os interesses do Brasil na
missão militar, destacando a busca por uma cadeira no Conselho de Segurança
da ONU e o aprofundamento de laços comerciais. Em sua visão, o Brasil
desempenha um papel subimperialista no país e colabora com os Estados Unidos
– que passaram a terceirizar a invasão militar no Haiti por interesses
comerciais próprios.

Ele destacou a atuação repressiva e violenta das tropas militares, rejeita o
nome de “missão de paz” e afirmou que o objetivo é “establizar a ordem
existente, que mantém o haitiano na precariedade que ele está hoje”. Sobre a
retirada das tropas, Franck acredita que o cenário mais provável é que a
Minustah saia do país “somente quando eles tiveram garantia de que já existe
uma força nacional capaz de garantir o mesmo papel da Minustah”. Apesar
disso, reforça: o povo haitiano quer a saída imediata.

-Carta Maior - Quais os principais interesses do Brasil no comando da
Minustah?

Franck Seguy - Essa ocupação se deu em decorrência de uma situação social e
política haitiana na qual havia uma possibilidade de mudança social no país,
impedida por uma intervenção militar.

O país estava passando por um processo, onde havia um movimento social
plural mas significativo nas ruas: uma parte da burguesia na rua, os
estudantes da principal universidade – que é a Universidade do Estado do
Haiti – muitos grupos organizados e alguns partidos políticos. Era um
movimento muito plural que não tinha uma única direção, mas que tinha também
uma ala radical.

Houve uma primeira intervenção no dia 29 de fevereiro de 2004, realizada
pelos Estados Unidos, apoiada pelo Canadá e pela França. A intervenção
militar tomou o poder no país e mandou o presidente Jean-Bertrand Aristide
embora – ou seja, foi um golpe de Estado. Ele foi exilado, e essa força
multinacional composta pelos exércitos norte-americano, francês e canadense
tomou conta do país do dia 29 de fevereiro até o dia 31 de maio. A partir de
1 de junho, depois de um voto do Conselho de Segurança da ONU, uma força
multinacional foi enviada ao Haiti para tomar conta da ocupação. Assim foi
criada a Minustah (Missão das Nações Unidas para a estabilização no Haiti),
liderada pelo Brasil.

O primeiro interesse do Brasil é o seguinte: com dois anos e pouco no
primeiro mandato do Lula, ele queria conseguir o que nenhum presidente havia
conseguido antes - uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU.
Mas o imperialismo não dá essa vaga de graça para ninguém. Quer dizer, o
governo brasileiro precisava comprovar ao mundo inteiro que tinha essa
capacidade para lidar com essa vaga. O Haiti foi o laboratório oferecido
para o Brasil comprovar isso. Em um artigo chamado “Haiti: a primeira vítima
da tentação imperial do Brasil”, Joël Léon, da Anistia Internacional, está
corretíssimo em sua análise de que o Brasil está pagando por esta tentação
imperial. Na minha análise, o Brasil está desempenhando um papel
subimperialista na América Latina e o Haiti está pagando por isso.

O segundo ponto é que o Haiti oferece uma extensão para o mercado brasileiro
em alguns sentidos, principalmente na área têxtil. É preciso lembrar que o
Brasil tinha um dos maiores empresários do mundo na questão de vestuários,
que era o José Alencar (ex-vice presidente no governo Lula). E o filho dele
é bastante ativo no Haiti. [veja aqui documento do Wikileaks sobre o lobby
de Josué Gomes da Silva, presidente da Coteminas, no Haiti]. Ele já foi ao
Haiti junto com Bill Clinton – que é hoje o enviado especial do
secretário-geral da ONU e leva regularmente empresários para fazer negócios
no Haiti. Hoje o lema oficial do governo haitiano é: “o Haiti está aberto
aos negócios” e o principal deles é com a indústria têxtil.

Existe um estudo realizado antes do terremoto de 2010 por um economista da
Universidade de Oxford chamado Paul Collier que aponta a criação de zonas
francas no Haiti como única saída para explorar o que ele identifica como a
mão de obra mais barata existente hoje – ele diz que a mão de obra haitiana
é mais barata que a chinesa.

Esses dois fatores são fundamentais para explicar porque o Brasil está
ocupando o Haiti hoje e prestando um serviço ao imperialismo, que precisa do
Haiti não somente para explorar essa mão de obra mas também para produzir
para um mercado norte-americano, muito próximo ao Haiti.

Para explicar um pouco melhor, existe entre o Haiti e os Estados Unidos um
acordo, a partir de uma lei adotada pelo Congresso norte-americano, chamada
HOPE. De acordo com essa lei o produto vestuário feito no Haiti é
comercializado nos Estados Unidos como sendo norte-americano. Ou seja, entra
no mercado norte-americano sem pagar nenhuma taxa. O Paul Collier diz no
relatório dele que o Haiti, localizado próximo ao maior mercado mundial,
tendo mão de obra barata, não exigindo pagamento de taxas de acordo com a
lei HOPE e sendo um país pouco regulamentado – com poucas leis que protegem
direitos trabalhistas – é o lugar mais seguro para produzir. Por isso o
Brasil está desempenhando este papel.

-Carta Maior - Por que você considera que o Brasil desempenha um papel
subimperialista e qual a diferença com um imperialismo no sentido clássico?

Vou responder a partir da realidade haitiana.

Como o imperialismo clássico costuma atuar no Haiti? Se você olhar para a
história do Haiti, no final do século XIX, a batalha era entre quatro
potências: França, Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos. Cada um tinha um
plano de controle. Eles precisavam controlar o Haiti porque o país estava em
processo de liberalização e era necessário disputar quem financiaria isso.
Em segundo lugar, pela localização geográfica, pelo fato do Haiti estar no
caminho do canal do Panamá. Quem controlasse o Haiti controlava quem ia
passar no canal do Panamá. Terceiro que, pelo Haiti, era possível ter
controle de Cuba também. E neste período era muito importante comprovar que
o Haiti, por ser um país negro, era incapaz de ser governado por si mesmo.

Na luta entre essas potências, os norte-americanos, prevalecendo-se da
Doutrina Monroe – segundo a qual a América pertence aos Estados Unidos –
decidiram que não deixariam um país europeu ocupar o Haiti. Por isso em 1915
o imperialismo norte-americano decidiu intervir no Haiti e ocupar o país
militarmente durante 19 anos.

Durante esta primeira ocupação o que eles fizeram? Expropriaram, pegaram as
terras do povo haitiano e mandaram os camponeses para Cuba nas plantações de
cana e para o Panamá, terminar a construção do canal. Nas serras
implementaram algumas empresas, por exemplo de extração de borracha, banana
e algodão, e depois continuaram tomando conta do país. Por exemplo, no
início da década de 80 havia 164 empresas norte-americanas no Haiti. Na
mesma época eles mataram parte da economia haitiana que era baseada no gado
e no rebanho suíno. Eles mataram os porcos para liberar uma mão de obra que
precisavam para trabalhar nas zonas francas e nos parques industriais. Estou
falando isso para exemplificar que o imperialismo norte-americano sempre que
precisava tomava conta do país, econômica, política e militarmente. Ocuparam
também em 1994.

Mas o que aconteceu? A partir de 2004 os norte-americanos fizeram a escolha
de terceirizar as ocupações. Quer dizer, hoje eles não mais ocupam o Haiti
militarmente. Eles fizeram isso por alguns dias só por ocasião do terremoto
em 2010. Enquanto o Exército brasileiro já estava lá, eles interviram com 15
mil soldados e o general brasileiro que comandava a Minustah ameaçou ir
embora. O Exército brasileiro nestes dias distribuía água nas ruas e o
general justificou a ação dizendo que era preciso marcar presença ali. Ou
seja, a “ajuda” ficou explicitamente em segundo plano.

Hoje, a ocupação do Haiti é terceirizada. Os países que têm tropas lá são
todos periféricos em relação aos Estados Unidos e ao imperialismo de um modo
geral. Países como Argentina, Bolívia, Uruguai, Paraguai, Chile, Senegal,
Burkina Faso, Bangladesh, Iêmen, etc. Essa terceirização acontece
militarmente e economicamente porque as zonas francas que estão sendo
implementadas no Haiti são com empresas de países periféricos como Coréia do
Sul e República Dominicana. A produção, porém, é destinada ao mercado
norte-americano a favor do seu próprio capitalismo.

-Carta Maior - Na visão do povo haitiano e dos movimentos sociais, a
Minustah pode ser considerada uma missão de estabilização como o nome
sugere?

O que é uma missão de estabilização? Estabilizar o quê? Establizar a ordem
existente, que mantém o haitiano na precariedade que ele está hoje. Às vezes
eles a chamam de Missão de Paz, e eu acho que não são a mesma coisa. Uma
missão de escravização não é uma missão de paz e vice-versa. A Minustah não
é uma missão de paz e sim de estabilização. Estabilizar o país para que o
trabalhador continue ganhando 4 dólares por dia – que é o salario no Haiti
hoje – enquanto os capitalistas exploram a barata mão de obra haitiana – e
como se esse barateamento fosse uma coisa natural. O papel da Minustah é
exatamente esse: reprimir os movimentos sociais e operários de um modo geral
toda vez que eles procuram mudanças na estrutura social do país.

O Exército brasileiro já deu as provas sobre isso. Em 2009, quando houve um
movimento a favor do reajuste do salario mínimo, as tropas brasileiras,
principalmente em Porto Príncipe, baixaram a mais tremenda repressão no
movimento. Quando o Exército brasileiro chegou no Haiti em 2004, foi
aplaudido como herói. Em agosto a seleção brasileira de futebol foi jogar no
Haiti, ganhou de seis a zero, foi aplaudida pelos haitianos. Os haitianos
são torcedores loucos por futebol, principalmente pelas seleções – muito
mais do que no Brasil – e não seria exagero afirmar que 70% torce pela
seleção brasileira. E gostam do Brasil porque a imprensa fora do seu
território o apresenta como um país que não tem racismo, miscigenado e
integrado.

Em 2004 era muito fácil o Exército brasileiro chegar no Haiti. Como eles
começaram a baixar a repressão nos movimentos sociais e nos bairros
populares, o povo haitiano passou a perceber que o papel da Minustah não era
ajudar aquele povo mas ajudar a estabilizar o Haiti para o imperialismo. Os
haitianos hoje não têm mais essa ilusão. Eles sabem que é uma missão para o
que haitiano fique na dele e seja explorado. Quando não há lutas abertas
para o Exército brasileiro, qual é o papel do Brasil? O povo haitiano usa a
palavra “turistah”. É um jogo de palavras entre “turista” e “Minustah”. Ou
seja, é para o soldado que está fazendo turismo. Ele só tem duas coisas a
fazer: repressão em momentos de luta aberta e passeio nas belas praias
quando não há luta. É isso que faz o soldado brasileiro no Haiti.

Claro que a grande mídia mostra um soldado brasileiro ajudando alguém
individualmente, chorando, para mostrar o soldado brasileiro como um sujeito
simpático e sensível à miséria humana. Claro que a grande mídia faz isso,
para enganar quem não vai analisar com profundidade. Mas quem convive com os
haitianos sabe que o Exército está fazendo um papel muito repressivo em
relação ao povo.

-Carta Maior - Como você enxerga a missão no Haiti sendo utilizada como
argumento para as intervenções das forças armadas nas favelas brasileiras?

Os generais brasileiros no Haiti admitem isso, do Haiti como campo de
treinamento. Um comandante de um contingente assumiu que o Haiti serve para
treinar o Exército para atuar nos morros do Rio de Janeiro depois. E isso
está sendo demonstrado agora porque boa parte dos soldados que já passaram
pelo Haiti estão no Rio.

-Carta Maior - Qual o balanço que você faz desses dez anos, do ponto de
vista da violação dos direitos do povo haitiano?

Deixa eu te contar um evento. Havia um general brasileiro [Urano Teixeira da
Mata Bacelar] no Haiti que foi morto, mas oficialmente foi considerado um
suicídio. Disseram que ele cometeu suicídio e ponto. Mas as pessoas que têm
mais conhecimento do que eu sobre perícia já disseram que não foi suicídio.
Ele não era canhoto e recebeu a bala do lado esquerdo, abaixo da orelha, e
uma série de argumentos que pelo menos colocam em dúvida a tese do suicídio.
É porque naquele período esse general recebeu uma ordem para reprimir o povo
que mora numa favela enorm, chamada Cité Soleil. O general brasileiro, deve
ter esquecido que era general, pensou que era sociólogo, e começou a dizer
que aquele povo não precisava de repressão e sim uma ajuda para sair da
miséria. Um militar que pensa é perigoso. [Veja matéria do The Guardian, com
documentos do Wikileaks, que aponta suspeitas sobre a morte de Bacelar.]

Eu conheço alguns soldados que foram pro Haiti e eles não voltam com o mesmo
ânimo que foram pro Haiti. Alguns voltam e nunca mais falam no Haiti. Porque
eles fazem coisas diferentes do que estavam esperando. Muitos deles vão para
o Haiti pensando que vão pacificar um país em guerra e outros pensam que vão
ajudar um povo em dificuldade. Quando eles chegam não há nenhuma guerra para
pacificar. E não há nenhuma ajuda a favor deste povo. Então eles voltam
muitas vezes desapontados em relação à expectativa inicial.

-Carta Maior - Sobre a retirada das tropas, você acredita que ela deva ser
gradual ou imediata? O que ficará do Haiti depois dessa saída?

O povo haitiano e os movimentos sociais querem que a Minustah saia do país.
E não é amanhã ou depois de amanhã. É sair agora. Esse é o desejo e entre o
desejo e a realidade a diferença é grande. O povo haitiano não é soberano
hoje, não é ele quem decide sobre isso. O Estado haitiano só existe no nome.
É a própria ONU que vai decidir. Como a Minustah está lá para desenvolver
determinado papel, do ponto de vista do imperialismo, a Minustah vai sair
somente quando eles tiverem garantia de que já existe uma força nacional
capaz de garantir o mesmo papel da Minustah. Na minha análise, esse é o
cenário mais provável no Haiti. Esse ano tem eleição legislativa e a
presidencial é no final de 2015 para tomar posse em 2016. Do ponto de vista
do povo, é saída já; do ponto de vista do imperialismo, saída gradual – seja
para colocar outra força ou para treinar as forças haitianas até que seja
tão repressiva quanto a Minustah.

-Carta Maior - Acredita que existe relação entre a presença das tropas
brasileiras no Haiti e a vinda de haitianos para o Brasil?

Eu vejo relação mas tem mais do que isso. Há relação no sentido que o
projeto de zonas francas que está sendo implementado no Haiti hoje – que
prevê a construção de 42 delas – e a mais recente inaugurada pretende
fornecer entre 65 e 75 mil empregos. Mas o salário vai ser de 4 dólares por
dia. Quer dizer, o imperialismo diz que quer criar emprego como forma de
reconstrução do país, mas é um emprego que não garante a sobrevivência do
haitiano. Assim, o haitiano procura saídas e uma delas é a migração.
Portanto, a relação se dá porque o Exército brasileiro está lá para garantir
essa estabilização com um salário de miséria.

Mas é muito mais do que isso, no sentido de que esta obrigação pela migração
não é uma situação que vem de 2004. É de antes porque o país foi destruído
sistematicamente do século XIX pra cá. Em todos os sentidos. As finanças do
país foram roubadas – como verdadeiros assaltos principalmente pela França,
Alemanha e Estados Unidos. Aliás, a primeira medida da ocupação
norte-americana em 1915 foi pegar a reserva do Banco Central do Haiti para
levar a Washington. O imperialismo destruiu sistematicamente o meio ambiente
haitiano fragilizando cada vez mais o país em relação a qualquer fenômeno da
natureza. Por isso um terremoto tão fraco de 7.2 matou 300 mil pessoas no
Haiti enquanto a gente vê um terremoto de 8.9 no Chile matar aproximadamente
100 pessoas. E o país foi fragilizado também pela migração de sua força de
trabalho mais qualificada. Hoje, mais de 80% dos haitianos com diploma de
ensino superior estão fora do Haiti. No Canadá, somente no Quebec, existem
mais médicos haitianos, formados no seu país, do que no próprio Haiti.

A tragédia do Haiti não é o terremoto de 2010. É essa situação que evolui
ano a ano até hoje. A migração do haitiano se coloca como necessidade que
não é do século XXI e é feita em vários sentidos. Mas a migração para o
Brasil é da chamada mão de obra menos qualificada. A mais qualificada também
está migrando mas não para o Brasil. Porque hoje a precariedade é a norma do
cotidiano no Haiti.

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